2²+3 cereja
— Está mais calma?
Levanto o nariz quando a pergunta do Sr. Blake insiste em me ofender. Ele fala como se eu fosse uma adolescente mimada fazendo birra, e apesar de eu saber que posso, sim, ser um pouco disso, não me deixo ser rebaixada. O espetáculo da escola é importante demais para que um homem com uma paixão tão ridícula por coletes tome o controle de tudo e arruíne a única coisa que vem dando certo na minha vida.
— Isso foi ofensivo — respondo. — Quase tão ofensivo quanto a sua sugestão de fazer mashups! Isso está completamente fora de questão.
Ele parece achar que é uma afronta, e é mesmo.
— Desculpe, Srta. Westland, mas eu sou o diretor da peça.
— Susan é a diretora da peça.
— E ela concordou com as minhas sugestões.
— Ela... O quê?!
Posso s
— Sim, eu mostrei as ideias para ela e Susan adorou! Vamos mesclar música atuais com as músicas antigas, assim tudo fica mais acessível. Imagina só se colocarmos Olivia Newton-John e Beyoncé em uma única apresentação, por exemplo? Ficaria incrível!
— Eu discordo — rebato, mas não acho nenhum outro argumento porque só de pensar em um dueto dessas duas eu sinto vontade de pular.
Mesmo assim, é uma péssima ideia para o musical da escola. Isso aqui é algo sério e é um clássico!
Dou as costas a ele, passando por Munique e a sua postura ainda decadente sobre o piano para entrar no camarim e encontrar John e Nancy ensaiando. Puxo-os pelo braço para uma reunião de emergência, e quando Nancy reclama e me olha com uma cara nojenta demais, começo a falar sem nem respirar:
— Eu sei que é óbvio que eu não gosto de nenhum de vocês dois, mas precisamos nos unir para impedir que o Sr. Blake e a sua crise de meia idade acabem de vez com a nossa tradição e com o musical mais icônico do cinema. Eu sei que vocês não acham algo tão alarmante assim, mas acredite, John, quando eu digo que você não quer dançar Beyoncé para toda a escola; assim como você, Nancy, não quer ter que redecorar todas as coreografias já ensaiadas para conseguir dançar algo da Lady Gaga.
Quando termino, os dois me olham confusos.
— E o que quer que façamos? — pergunta Nancy.
— Vocês são as estrelas do show! Eu duvido que o Sr. Blake ache outro bad boy sem noção e outra vadia dissimulada para substituir vocês tão rápido, então devem protestar contra as mudanças e garantir que tudo permaneça do mesmo jeito.
— Eu acho que não vai fazer diferença — diz John.
— Você me chamou do quê?! — Nancy pergunta.
— Bem, eu sou só a figurinista, então para mim tanto faz! Vocês que devem pensar bem no que vão fazer — digo, e os deixo pensando para voltar ao palco principal, onde o pessoal do Clube de Artes monta o cenário.
Sento em um canto distante com o novo roteiro e começo a ler todas as atrocidades que o Sr. Blake escreveu, até que algo me faz desviar a atenção do texto: tem uma pessoa sentada na última fileira de cadeiras do teatro, observando tudo acontecer, e é Victória. Eu não sei o que ela está fazendo aqui, mas fico curiosa porque tenho certeza de que ela está matando alguma aula, e Vic não é de fazer isso. Apesar de eu casualmente também fugir da sala para pintar as unhas ou terminar um livro, não ligo tanto para as minhas notas como ela. Victória deve estar precisando de alguma coisa daqui...
Então finalmente noto: há um certo brilho em seu olhar. Algo como... Admiração? Inveja?
Oh, céus, é claro! Ela quer fazer parte do teatro! É óbvio, afinal quem não gostaria de encenar Grease? Ainda mais depois de todos os meus comentários sobre a peça. Acho que os figurinos que desenhei acabaram fazendo com que Vic tenha ficado com vontade de participar! Eu também ficaria, já que tá tudo incrível. Será que ela sentou ali porque está com vergonha de pedir, tomando coragem para tentar uma vaga? Seria totalmente sem sentido se fosse, porque Vic sabe cantar como ninguém e ficaria perfeita em qualquer papel que lhe dessem.
Eu preciso ajudá-la a conseguir um espaço na peça. Ela pode ser uma das amigas de Sandy ou... A própria Sandy! Isso seria perfeito. Eu conseguiria tirar a maluca da Nancy e ainda deixar Victoria feliz. Posso até convencer Mike a entrar, e aí os dois contracenariam e seria tudo mágico, como em um musical de verdade.
Bato palminhas, animada. Eu sou um gênio!
Quando conto a minha ideia para John e peço para que saia da peça, a primeira coisa que ele faz é rir.
— O quê?!
— Não seja egoísta! Eu sei que você não gosta de estar na peça e que odeia aquela camiseta apertada do Danny. Se sair, Nancy sai e aí Mike e Victória podem ficar com os papéis.
Posso ver na sua cara o quanto ele acha tudo um absurdo. Parece me julgar como uma completa maluca enquanto abre e fecha a boca várias vezes, até dizer:
— Nina, eu não posso deixar a peça.
— Por que não?
John respira fundo. Então se levanta da cama e começa a andar em círculos pelo meu quarto, me deixando nervosa. Eu nunca o vi desse jeito e começo até a pensar que ele é um robô e o seu sistema deu pane.
— Bem, eu preciso dela. É o complemento para a minha nota em geometria e para o meu currículo escolar. Logo estou me formando e não fiz absolutamente nada chamativo além de reprovar em matérias com muitos números.
— Você... Quer entrar em uma faculdade? — pergunto. O meu tom de voz sai tão surpreso que me sinto até mal por John, que me olha quase... Desapontado.
Eu deveria acreditar nele ou algo do tipo, não é? Somos amigos.
— Sim, eu quero — confessa, sentando ao meu lado — Um espetáculo como Grease me ajudaria a entrar em uma escola de artes.
— Artes? — repito — Você quer ser ator?
— Não — ri, então fica em silêncio e eu o encaro continuamente até que ele me diga o que quero saber: — Eu gosto de pintar. Desde os onze anos faço isso e não sou tão ruim. Muitas pessoas são boas com números, como você, ou com textos, como o Mike. Mas eu gosto de figuras. Faz mais sentido para mim.
Balanço a cabeça, concordando. Penso sobre como venho sendo egoísta e totalmente controladora. Eu não pensei nem por um segundo em como Danny poderia ser importante para John! Sou um ser humano horrível, mas posso compensar. O ajudarei a se sair maravilhosamente bem na apresentação, e farei isso até mesmo se eu precisar conversar ou olhar para a cara da Nancy.
— Ok, eu vou arrumar outro jeito de fazer a aventura romântica de Mike e Vic virar realidade. — digo, e John parece achar graça na minha insistência no assunto — Enquanto isso, quero te ajudar. Na peça e em geometria.
John não parece muito animado.
— Eu já li todas as anotações daquela sua agenda e a única coisa que entendi é que você é realmente viciada em desenhar corações nos cantos das páginas.
Reviro os olhos.
— Tudo bem, estou pensando em outra coisa — digo, levantando da cama. Raciocino melhor quando estou em movimento. — Temos uma prova na semana que vem e a impressora da escola tá quebrada, então os nomes serão escritos por nós, manualmente. Podemos trocar os papeis! Eu faço e coloco o seu nome; você coloca o meu.
— Parece ótimo, mas você ainda vai ficar com uma nota baixa.
— Tudo bem, minha média é espetacular e uma prova não fará mal. Depois dela vamos trabalhar no seu aprendizado e você não precisará de mim para te ajudar.
Ele concorda com a cabeça. Eu volto a me sentar porque estou cansada e já arrumei a solução dos nossos problemas.
Bem, quase todos.
— E qual é a minha parte do acordo? — John pergunta.
— Nenhuma. Você já fez Mike e Victória ficarem juntos e isso é mais do que o suficiente.
Estendo a mão para ele, e Hallister fecha um acordo comigo. Estou sorridente e animada quando alguém bate na porta do meu quarto, me fazendo levar um susto. Eu congelo ainda apertando a mão de John e só percebo a força que estou depositando quando a voz dele me acorda e me faz ver que seus dedos estão roxos:
— O que foi? — ele parece preocupado.
— Eu acho que é Mike. — digo, e a suspeita passa para certeza quando penso em mais uma coisa: — Droga! Esqueci que tínhamos combinado de ajudar a minha mãe com a sua nova coleção — levanto, em desespero, e puxo John, sem saber o que fazer.
Dou algumas voltas no mesmo lugar enquanto ele me olha confuso. Então olho para a porta aberta do meu closet e tenho uma ideia, puxando John para dentro dele:
— Fique aí até ser seguro. Ele não pode te ver ou vai desconfiar do plano. Imagina só? Mike e Vic não podem terminar agora!
John está prestes a falar algo quando fecho a porta na sua cara. Sinto até mesmo uma pontada de remorso pelo casaco felpudo de penas rosa que estava preso no cabide e provavelmente o acertou em cheio. Juro que depois peço desculpas.
Arrumo as almofadas da cama e corro até a porta, sentindo um alivio quase inumano ao perceber que quem batia na minha porta era a minha mãe. Ela geralmente não tem tempo de passar mais de dois minutos comigo ou com Mike, então não preciso me preocupar. Provavelmente quer me dar algum recado rápido antes de voltar ao seu escritório.
— O que aconteceu? — ela pergunta — Eu e seu irmão escolhemos tudo sozinhos. Sabe que eu preciso da sua opinião.
Abro a boca para responder, mas não encontro uma justificativa. Minha mãe está usando seu terninho branco com detalhes em vermelho, um que tem as iniciais do seu nome bordado acima do peito. É muito chique, mas me deixa triste porque sei que ela só usa terninhos quando está sem inspiração para criar.
Como pude esquecer do nosso combinado? Sempre a ajudei nessas coisas, é o nosso programa de mãe, filha e... Mike! Será que ela está muito magoada?
— Desculpe, mãe — começo, mas não sei mentir para ela, então digo a metade da verdade: — É que a peça da escola está me deixando maluca! Estou cuidando da maior parte da produção.
— Tudo bem — ela diz, entrando no quarto.
Já eu entro em desespero. Achei que seria ruim se Mike encontrasse John aqui, mas imagina a minha mãe? Eu nunca mais poderia ficar de porta fechada, e eu realmente preciso disso se vou começar a namorar Edward.
A sigo de perto, fazendo perguntas que a distraia e dando algumas indiretas sobre como tenho muitas coisas para fazer, esperando que ela vá embora. Sei que é algo horrível e que não há nada acontecendo entre mim e John, mas ela pode surtar. Minha mãe nunca ditou regras a respeito disso e eu sei que ficaria decepcionada de cogitar a ideia de eu não ser tão responsável quanto ela havia julgado.
— Nina... — ela interrompe uma das minhas falas desesperadas sobre como o tapete do meu quarto deveria ser branco ao invés de rosa — Eu queria conversar com você.
Com isso minha mãe se senta na minha cama, fazendo um sinal para que eu a siga. Obedeço, e ela começa a falar:
— Eu estava pensando nessa nova coleção — explica — E eu queria algo mais... Jovem. Achei que poderia me ajudar.
Eu estava em total estado de choque, achando que ela me daria alguma bronca ou que começaria a dizer que sou uma péssima filha por tê-la abandoado. Então, por um momento, sinto que posso explodir de felicidade, abandonando completamente a sensação ruim anterior. Ela está propondo que eu desenhe modelos junto com ela? Minha quase própria coleção?! Isso é incrível!
— Mãe, eu adoraria te ajudar... — começo, já quase chorando. Sonhei com isso por anos, desde que era pequena, e agora, vendo que posso realizar, começo a colocar para fora todas as ideias que tive ao longo da vida: — Já pensou em casacos para o verão? Uns não tão quentes, assim as pessoas podem usar em dias de calor...
Enquanto falo, levanto e vou até a minha penteadeira. Pego o meu batom cereja porque é a cor que uso quando estou me sentindo criativa. Sempre achei incrível como uma simples cereja poderia mudar completamente a aparência de um bolo, o que me faz pensar que, quando estou com esse batom, penso melhor em detalhes como a cereja.
— Nina — ela me interrompe, franzindo o cenho e olhando para algo às minhas costas — O que...
Paro com o batom passando pelo lábio inferior, a boca aberta, olhando-a um tanto decepcionada por não estar pulando comigo. Então deixo a penteadeira e vou me sentar na cama para entender o que está acontecendo, e só então sinto o impacto do desastre iminente que no momento parece o maior erro da minha existência: a jaqueta de John. Ele a deixou sobre a minha cama, e agora eu não sei como explicar para a minha mãe o que isso significa.
Ela olha para a peça e então para mim. É uma estilista e conhece roupas como ninguém, então sabe que não é minha e que eu odeio couro! Sempre disse que não me deixa mexer os braços direito e que é muito pesado para a minha postura sempre ereta... Se é que faz algum sentido. Eu acho que faz!
— Nina, de quem é essa jaqueta? — pergunta com calma, puxando a jaqueta para matar a curiosidade e vendo que é masculina — Você está namorando?
Eu fico parada por um tempo só a encarando, pensando na resposta. Então percebo que nunca apresentei um namorado a ela formalmente. Sempre tive medo de seu julgamento e escondi minhas escolhas, por mais que elas fossem boas — afinal eu tenho um gosto incrível.
— Não... — começo, mas ela me interrompe.
— Não precisa esconder nada de mim, filha. Sou sua mãe, mas acima de tudo sou sua amiga — diz, então volta a atenção para a jaqueta — Ele parece forte — comenta com um sorriso cheio de significados — E cheiroso! — conclui — Mas... Cigarro? — lamenta ao encontrar um maço no bolso interno.
— Mãe! — a repreendo, tirando a jaqueta das suas mãos.
Até este momento eu poderia dizer que a jaqueta era minha ou de Mike e que havíamos mudado de estilo para entrar no Moto Club do nosso bairro, mas depois disso eu tenho que concordar que é de outra pessoa, senão terei uma morte prematura por conta dos cigarros. Eu não posso morrer antes dos 30, porque vi em um filme que é a idade do sucesso e eu preciso aproveitar todo o glamour da vida adulta antes de partir dessa para melhor.
— Ele não é meu namorado — digo. — Isso é parte do figurino de Grease! — me empolgo ao achar uma solução — Eu trouxe para casa para dar alguns ajustes. Precisa estar perfeita no nosso Danny!
— Ele... Está aqui? — pergunta, desconfiada. Parece que mães têm esse poder de ler mentes ou de adivinhar coisas erradas.
— Não! — respondo rápido demais — E eu já disse que ele não é o meu namorado — garanto.
Quase posso visualizar a imagem de John Hallister se acabando de rir da minha situação, dentro do armário.
— E você não está... De olho em ninguém? — pergunta sugestivamente. Parece querer aproveitar a oportunidade para ter todas as conversas que não tivemos nos últimos meses.
Mamãe faz isso sempre. Fica um tempo distante desenhando o cuidando de negócios e, quando volta, quer saber de tudo o que mudou na minha vida. Geralmente eu fico feliz e adoro conversar, mas não agora.
— Credo, mãe! Quando você fala assim eu me sinto uma psicopata.
Ela ri.
— Tudo bem. Você gosta de alguém? Um menino... uma... Menina? — arrisca.
Eu não deixo de dar risada. Então mordo o lábio e dou um pulinho animado.
— Há um garoto no meu colégio — digo. Adoro toda oportunidade de falar de Edward e do nosso futuro juntos. — Ele é novo e nós vamos nos ver na festa de um amigo.
— Isso é ótimo! — ela sorri, mas logo para — Não é o dos cigarros, é?
— Não!
Ela parece feliz e continua com a conversa. Eu gosto de falar com a minha mãe, mas cada segundo é um segundo a mais para John fazer algum estrago nas minhas roupas. Eu não confio nele desde que Hallister cortou pedaços das calcas de Mike em uma pegadinha do nono ano.
— E... Vocês já ficaram?
Com essa pergunta, o terror toma todos os cantos da minha alma. Ela não pode estar querendo ter essa conversa agora! Tivemos anos para isso, e ela decide falar de sexo comigo no exato dia em que tenho John Hallister preso no meu armário, escutando tudo! Como se já não fosse suficientemente constrangedor.
— Não, mãe, não precisa se preocupar — me levanto, querendo levá-la para a porta. Por algum desastre ela continua querendo conversar e, apesar de se levantar, não se move.
— É só que quando tive a minha primeira vez, conversei com a minha mãe — diz de forma doce. Eu a agradeceria se não fosse tão vergonhoso para o meu lado da situação. — Queria que também tivesse a oportunidade.
— Aposto que foi bem constrangedor — insinuo.
Ela finalmente percebe o absurdo da situação e exclama algum "Oh" educado demais. Então sorri, me dá um beijo na testa e diz que vai fazer outra reunião comigo e com o meu irmão, assim poderemos escolher os modelos da nova coleção.
Quando ela sai do quarto me sinto como um daqueles caras em filmes de ação que suspiram após desarmar uma bomba. Eu estava suando sem nem perceber, extremamente nervosa. Acho que essa foi situação mais estranha que passei na vida!
A porta do meu closet se abre e John sai andando nas pontas dos pés. Ele pega a sua jaqueta sobre a cama e finge não ver o meu olhar assassino julgando-o por tê-la esquecido ali.
— Então... — limpou a garganta, sentando ao meu lado — Primeira vez? Você não contou a ela que perdeu a virgindade? Achei que garotas fizessem isso.
Coloco uma mecha do cabelo atrás da orelha, mordendo o lábio inferior. Eu sou uma péssima mentirosa para algumas situações, principalmente quando tenho que enganar alguém conhecido. John está muito próximo, e isso me deixa nervosa. Tão nervosa que não penso no quão superior ele vai se sentir em relação a mim se souber a verdade. Eu apenas limpo a garganta e falo, envergonhada:
— É que eu sou virgem.
Espero um sorriso ou até mesmo um olhar presunçoso, qualquer coisa que indique que ele me ache ingênua ou inocente, mas tudo o que ele faz é balançar a cabeça e dizer:
— É por isso que você está maluca com essa história de festa e Edward — conclui. — Você quer perder com ele.
Balanço a cabeça.
— Eu queria que fosse especial e ele é perfeito!
John faz uma careta, e eu lhe dou um empurrão. Ele claramente não vai com a cara de Edward e discorda da minha afirmação. Apesar disso, rimos da situação como um todo e eu me sinto melhor, apesar de ainda querer me enterrar em um buraco.
— Bem, então encontramos a minha parte do acordo — diz.
— Que parte?
— Vou te ajudar com... Isso.
Reviro os olhos.
— Eu não vou transar com você, John.
Ele ri.
— Apesar de tentador, não é isso o que eu estava sugerindo. A questão é: eu sou burro e preciso de ajuda em geometria; você é virgem e precisa de ajuda com sexo. Enxerga a troca?
— Mais ou menos.
— Eu te dou dicas, você me dá dicas — levanta da cama, pegando um cigarro do maço. — Como naquele filme que você gosta.
— Tudo bem, parece justo — concordo, me levantando e tirando o cigarro de seus lábios.
John rola os olhos e o pega de volta.
— Primeira dica: pare de matar pandas. Fumar é sexy.
— E mata.
— Ainda assim é sexy. Venha.
Ele me puxa para perto do espelho de corpo inteiro que tenho ao lado da cortina da sacada. Então apaga uma das luzes do quarto, coloca um cigarro nos seus lábios, um nos meus, e diz:
— Não precisa acender, já que não quer e não deve fumar. A questão aqui não é o cigarro, mas o que faz com ele. Ninguém olha um maço e fica excitado — sorri -, mas o modo como você o coloca nos lábios pode fazer qualquer pessoa enlouquecer. Depois, se quiser, use uma caneta ou sei lá.
Ele se coloca atrás de mim, endireitando-me na frente do espelho de uma maneira que a luz ilumina apenas metade do meu rosto. Mal posso acreditar que isso está acontecendo! Uma vez vi algo parecido em uma fanfic e é como uma fantasia virando realidade, só que com John, o que não é tão legal — além de eu não me sair tão bem quanto a protagonista do livro, ficando olhando para o meu reflexo sem saber exatamente o que fazer.
— Isso é ridículo — reclamo.
John ri, então para na minha frente, tira o cigarro dos lábios e os coloca de volta. A luz está batendo em seus ombros porque ele é um pouco mais alto, mas posso ver com clareza quando ele morde discretamente o lábio inferior.
Ah, droga. Ele é sexy.
— Pela sua cara, funcionou — diz, e eu sinto meu rosto queimar. — Fique treinando e será como aquelas meninas do Instagram. Você é gostosa e não precisará se esforçar muito.
Enquanto fala, John se dirige para a sacada do meu quarto e se prepara para pular. Não me dá a mínima chance de perguntar mais alguma coisa ou de até mesmo tentar recuperar um pouco da minha dignidade perdida. Ele simplesmente diz um 'se mudar de ideia e quiser transar comigo, é só me ligar' antes de ir embora e me deixar aqui, com um cigarro apagado nos lábios e a certeza de que, se eu não estava perdida antes, estou completamente agora.
N/A: NÃO SEI LIDAR COM O JOHN. é isto.
bjs e até a próxima, se todo mundo estiver psicologicamente recuperado rs
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