Ato IV

Ato IV

Cena I

Entram o tenente Gordon e Montoya.

MONTOYA – Tenente, acha mesmo que nós podemos confiar nesse vigilante mascarado?

GORDON – Você sabe como anda o Departamento, precisamos de toda ajuda necessária. E ele parece realmente disposto a mudar as coisas em Gotham. Infelizmente, nós policiais já não conseguimos impor tanto respeito perante os mafiosos e chefes do crime organizado... Talvez ele consiga!

MONTOYA – Espero que esteja mesmo certo, tenente... Esta cidade já tem maníacos suficientes!

GORDON – O estranho é que ele parece ter ficado um pouco atordoado quando viu o Chill ontem... Deve ir contra os princípios dele cooperar com qualquer tipo de criminoso, como o próprio Joe disse...

MONTOYA – Se for assim, eu até concordo. Não gosto muito desses acordos que a promotoria faz com os bandidos, ainda mais se tratando de um sujeito tão desprezível como o Chill.

GORDON – Não estamos em posição de fazer muitas escolhas, Renee... (Saem).

Cena II

Entra Bruce Wayne cabisbaixo, trazendo duas rosas como antes.

BRUCE, só – Mãe, pai... Finalmente o momento de honrar definitivamente a memória de vocês chegou. Eu encontrei o assassino daquela noite, o homem que os assassinou. Farei com que ele pague, eu juro que farei com que ele pague! (Deposita as rosas no chão). Não se preocupem, em breve tudo estará acabado... Foi para isso que vivi os últimos vinte anos da minha vida... Para me tornar o que me tornei!

Cena III

Entra Selina Kyle, distraída, carregando uma bolsa.

SELINA – Ora, será que eu já perdi o ônibus? Preciso me apressar, ou... Oh! (Dá trombada com Bruce Wayne).

BRUCE – Cuidado, senhorita!

SELINA – Oh, me perdoe, sou uma estabanada mesmo... Sinto muito...

BRUCE – Esqueça, não foi nada. Qual é o nome da senhorita?

SELINA – Selina, Selina Kyle.

BRUCE – Prazer, sou Bruce Wayne! (Aperta uma das mãos da jovem).

SELINA, incrédula, sem largar a mão do rapaz – Bru-Bruce Wayne? O grande bilionário?

BRUCE – Sim, sim. Surpreso em me ver?

SELINA – Eu nunca pensei que o veria andando pelas ruas de Gotham sem no mínimo uma dúzia de guarda-costas!

BRUCE, rindo – Bem, digamos... Que eu consigo me defender sozinho!

SELINA – Hum... Eu também. E essa é uma habilidade cada vez mais preciosa aqui nesta cidade...

BRUCE – Gotham nunca esteve pior, é verdade, mas eu ainda tenho esperanças nos moradores daqui. Há pessoas honestas, gente decente.

SELINA – O senhor deve se achar muito íntegro, não é, senhor Wayne?

BRUCE – Eu faço o que posso, senhorita Kyle. E me chame apenas de Bruce.

SELINA – Chame-me de Selina... E sabe, Bruce, você parece ser o tipo de pessoa que tem algo a esconder!

BRUCE – Todos nós temos algo a esconder.

SELINA – Alguns mais do que outros, porém... (Olha discretamente para as flores no chão e sai).

BRUCE – Ah... Mulheres!

Cena IV

Entra Alfred, trazendo uma pasta.

ALFRED – Íntegros são aqueles cujos corações não se deixam dominar pela vingança, patrão Bruce.

BRUCE – Você veio tentar fazer com que eu desista do que pretendo justo no lugar onde meus pais morreram?

ALFRED – De modo algum, senhor. Apenas trouxe a ficha criminal de Joe Chill, conforme o senhor pediu.

BRUCE – Dê-me aqui! (Wayne apanha a pasta, abre-a e começa a examinar os papéis em seu interior).

ALFRED – Algo de interessante, patrão Bruce, se me permite perguntar?

BRUCE – Não é possível... Segundo estes documentos, Chill estava desempregado e tinha que sustentar uma esposa e três filhos na época em que assassinou meus pais... E foi seu primeiro crime!

ALFRED – Gotham já passou por momentos tão difíceis, senão piores, do que o atual, senhor. Muitas pessoas simplesmente não sabiam o que fazer para colocar comida em suas mesas e dar o mínimo de conforto às suas famílias. Algumas recorreram à criminalidade, como Joe...

BRUCE – Ele devia estar nervoso aquela noite... Por isso acabou pressionando o gatilho, num ato de desespero...

ALFRED – Chill entrou de cabeça no submundo da cidade após ter se envolvido com gangsteres. Sua mulher abandonou-o, levando os filhos. Mas no início ele era apenas um homem sem esperanças, impulsionado pelo terror.

BRUCE – Mas... Não, não... Ele pôde fazer uma escolha, Alfred. Ele não precisaria ter atirado nos meus pais se não quisesse. E ele ainda atirou nos dois, primeiro em meu pai, depois em minha mãe. Chill poderia ter simplesmente apanhado o dinheiro e as jóias, e então ido embora. Ele não precisava ter atirado!

ALFRED – Mas patrão Bruce...

BRUCE – Alfred, tente visualizar como poderia ter sido minha vida se esse homem não houvesse interferido. Imagine meus pais ainda vivos, aqui comigo. O que Joe Chill fez é injustificável, e ele tem de morrer!

ALFRED – E você acha que isso vai resolver seu problema? Acredita mesmo que tirar uma vida vai fazer com que se sinta melhor?

BRUCE – Eu nunca saberei se não tentar.

ALFRED – Então me procure de novo somente quando houver terminado, senhor, pois não quero que o sangue que sujará suas mãos respingue em mim! (Sai).

Cena V

BRUCE, só – Alfred não entende... Joe Chill tem de pagar pelo que fez. Meu caminho leva até ele, e não fugirei disso. Esta será a noite da minha revanche, aquele maldito pagará com seu próprio sangue pelo sangue derramado de meus pais. Esta noite... Batman terá um acerto de contas com o responsável por seu surgimento! (Sai).

Cena VI

Entram Coringa e sua gangue. Depois Mulher-Gato.

CORINGA – Ah, esta cidade me deixa entediado! É preciso agitar um pouco as coisas!

CAPANGA UM – Que tipo de agitação, chefe?

CORINGA – Não sei... Quem sabe algumas bananas de dinamite, pólvora... Sabe, a destruição combina com a comédia. Nesta última, você está destruindo o mau-humor alheio. Com um pouco de poder de fogo e sadismo, pode-se acabar conseguindo destruir algo mais!

CAPANGA DOIS – E aquela sua amiga vestida de gato, não vai mais ajudar o senhor?

CORINGA – Ela anda meio ausente... Quem sabe se eu usar alguns passarinhos ou uma caixinha de areia para atraí-la...

MULHER-GATO, entrando – Falavam de mim?

CORINGA – Sim, minha cara. Já sentíamos falta de sua companhia felina.

MULHER-GATO – Em que pé está nosso plano contra o Batman?

CORINGA – Alguns de meus homens andaram espreitando o Morcego. Ele aliou-se à polícia, quer a ajuda da lei para limpar a cidade.

MULHER-GATO – Será que agora ele vai fazer suas rondas junto com os tiras?

CORINGA – Eu duvido muito. Batman prefere trabalhar sozinho, e isso torna mais fácil segui-lo. Estarei na cola dele hoje à noite. Ao mínimo descuido que ele cometer, entrarei em ação!

MULHER-GATO – Duvido que você consiga dar cabo do Batman sozinho... Acho melhor estar nas redondezas para salvar seu traseiro se necessário...

CORINGA – Faça como quiser, querida. Mas acredite: vai apenas assistir ao espetáculo. A atração principal aqui vai realizar sua função sem problemas! (Mostra sua arma).

MULHER-GATO – Espero que seja tão bom em matar quanto é em ser palhaço! (Sai).

CORINGA – Eu faço o que posso! Homens, vamos! Precisamos nos preparar! E não posso me esquecer de reler mais uma vez as minhas piadas! Já pensaram no que pode acontecer se eu ficar sem o que falar? (Sai com seus capangas).

Cena VII

Entra Alfred.

ALFRED – Esta noite promete ser decisiva, por inúmeras razões... O patrão Bruce fará a escolha definitiva entre ser um combatente do crime ou um assassino, e isso definirá sua vida para sempre. O que vai acontecer? Será que outras pessoas tentarão tirar proveito da situação? Estará mais uma tragédia prestes a ocorrer num dos escuros becos de Gotham City? Tudo isso será respondido a seguir, no quinto e último ato desta história! (Sai).

Continua...


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