BATMAN

O Musical

Musical em cinco atos.

Personagens:

BRUCE WAYNE, bilionário órfão de Gotham City e seu alter-ego justiceiro, BATMAN.

ALFRED PENNYWORTH, leal mordomo da família Wayne.

THOMAS e MARTHA WAYNE, pais de Bruce Wayne.

JOE CHILL, assaltante de rua.

TENENTE JIM GORDON, policial de Gotham, um dos poucos não-corruptos.

RENEE MONTOYA, detetive da polícia.

CORINGA, psicopata de alta periculosidade, cuja real identidade é desconhecida.

SELINA KYLE, ladra profissional que atende por MULHER-GATO.

Policiais.

Jornalistas.

Capangas do Coringa.

Bandidos em geral.

Cidadãos de Gotham.

A cena se passa em Gotham City, a "Cidade das Sombras".

Batman criado por Bob Kane.

Ato I

Uma rua de Gotham City, onde se desenrolará toda a ação. O cenário ao fundo representa portas e vitrines de lojas, muros pichados e placas. No canto direito há o letreiro iluminado de um cinema, com o cartaz do filme em exibição: "A Marca do Zorro".

Cena I

Entra Alfred Pennyworth, carregando duas sacolas de compras. Caminha até o meio do palco e só então percebe a platéia.

ALFRED – Oh, perdoem minha distração. Boa noite, sou Alfred Pennyworth. Venho servindo a família Wayne como mordomo há décadas. Mas não estou aqui hoje para falar de mim, e sim com o intuito de contar-lhes uma história. Muitas pessoas ficam maravilhadas com relatos sobre super-heróis. Eles nos dão esperança e entusiasmo. Não falarei, todavia, a respeito do Superman e sua fenomenal habilidade de vôo, ou sobre como o Homem-Aranha se esgueira pelas paredes dos prédios. Meu conto foca um homem comum, sem qualquer superpoder, que resolveu abrir mão de sua vida em nome de um ideal. Esta, senhoras e senhores, é a lenda do Batman! (Sai).

Cena II

O cenário é tomado por fumaça, formando uma sombria névoa. Thomas e Martha Wayne, junto com Bruce Wayne ainda criança, entram pela direita do palco, saindo do cinema.

THOMAS, rindo – Foi um belo filme, não acham?

BRUCE, fazendo acrobacias conforme anda – Sim, o Zorro é demais! Pegou todos os bandidos!

MARTHA, apontando para frente – Hei, quem vem vindo ali? (Joe Chill entra pela esquerda, mãos nos bolsos. A pouca distância da família, saca um revólver, apontando-o para seus membros).

JOE – Quero dinheiro e jóias, rápido!

THOMAS – Calma! Está tudo bem, nós vamos entregar! (O pai de Bruce joga sua carteira aos pés do ladrão).

JOE, mirando em Martha – Eu disse jóias!

THOMAS, entrando na frente da esposa – Não toque nela! (Chill dispara. Thomas Wayne cai fulminado).

MARTHA, gritando desesperada – Thomas! (Joe atira de novo, agora matando a mulher. Em seguida sai correndo por onde veio, desaparecendo em meio à platéia. O menino Bruce se ajoelha diante dos pais assassinados).

Canção I

"Tema do Batman"

(Melodia: "Batman Theme", de Danny Elfman).

BRUCE, adulto, ao fundo:

Meus pais morreram...
Que cometeram?
(Coro: Assassinados em Gotham City)
Meus pais morreram
(Coro: Baleados a sangue frio)
Que cometeram?
Irei me vingar!

(Batman desce sobre o palco com a capa aberta, envolto por fumaça).

BATMAN:

Nascido das trevas
O Batman agora sou!
Tornei-me um morcego
Espectro da noite
O Batman agora sou!
Sou o terror
Dos criminosos de Gotham
Cavaleiro das Trevas!
O Batman agora sou!
Dedicarei a minha vida...
Justiça eu farei!
(Coro: Eu farei, eu farei, eu farei...)
Justiça eu farei!
(Coro: Retomar Gotham, pacificar Gotham)
O Batman agora sou!
Minha dor jamais findou!
Batman, não Bruce Wayne
É quem sou e serei!
Meus pais morreram...
Que cometeram?
Meus pais morreram...
Eu vou lutar, pois
Um vigilante é o que me tornei!

(Saem todos).

Cena III

Entra Selina Kyle e pára diante de uma das vitrines, admirando-a. Depois um bandido.

SELINA – Oh, como eu gostaria de comprar essas jóias... Aquele lindo casaco de pele... Ao menos algumas dessas vistosas roupas... Mas não tenho dinheiro algum. Uma mísera moeda para pagar um café nesta cidade fria!

BANDIDO UM, entrando – Realmente são tempos difíceis para todos em Gotham, senhorita...

SELINA – Kyle. Selina Kyle.

BANDIDO UM, sacando um revólver – Bem, senhorita Kyle, acho que sua sorte acaba de piorar ainda mais. Passe-me todo o seu dinheiro, agora!

SELINA, sorrindo – Ah, eu acho que não... (Num ágil movimento, Selina arranca a arma das mãos do criminoso com um chute).

BANDIDO UM – Mas... O quê?

SELINA – Vamos ver se é tão valente sem seu tambor de seis balas, amigo!

BANDIDO UM – Maldita! (Sai correndo).

Cena IV

SELINA, só – Ah, Gotham continua a mesma... A mesma miséria, os mesmos bandidos mequetrefes! É uma verdadeira selva: apenas os mais fortes sobrevivem. E ser forte, aqui, conseqüentemente é não ser honesto! Ah, colar de pérolas... Aguarde por Selina Kyle assim que a noite cair! (Sai).

Cena V

Entra Bruce Wayne, cercado de jornalistas, que fazem perguntas conforme anotam em seus caderninhos.

JORNALISTA UM – Senhor Wayne, como funciona seu plano para reduzir a criminalidade em Gotham?

BRUCE – É bem simples, meu rapaz. As Indústrias Wayne farão doações constantes em dinheiro para melhor equipar a polícia de Gotham, além de contribuir para o aumento do salário dos oficiais. Todos sabem que a intensa onda de corrupção que tomou o Departamento é em parte devida ao mau pagamento de seus homens. Também apoio a política de denúncia de policiais infratores e a candidatura de Harvey Dent à promotoria...

JORNALISTA DOIS – Alguma razão em particular para todas essas medidas, senhor Wayne?

BRUCE – Como sabem, meus pais foram assassinados aqui mesmo neste beco anos atrás. Eu faço isso não somente em memória deles, mas por todo o povo de Gotham. Nós podemos ter nossa cidade de volta, basta querermos.

JORNALISTA TRÊS, apontando para fora do palco – Olhem lá, é o prefeito!

JORNALISTA UM – Vamos ver o que ele tem a declarar! (Saem os jornalistas).

Cena VI

BRUCE, só – Sim, pai e mãe... Já faz um longo tempo, porém a dor persiste, cada dia mais intensa. Pensei em desistir do meu intento, mas não há caminho de volta. Minha cruzada está apenas começando... E precisarei de todo o apoio de vocês, mesmo não estando mais aqui. (Bruce retira duas rosas de dentro do terno, depositando-as no chão).

Canção II

"Gotham"

(Melodia: "Macrotus", de Hans Zimmer e James Newton Howard).

BRUCE:

Oh, Gotham
Oh, Gotham
Oh, Gotham City
Oh, Gotham
Por ti
Abro mão de ser feliz
Oh, Gotham...
(Coro: Oh pobre Gotham City
Dominada pelo crime
Oh infeliz Gotham City)
Oh, Gotham
Onde eu me fiz
Oh, Gotham
Ver-te feliz!
Oh, Gotham
Salvar-te eu quis
Oh, Gotham
Minha garganta diz:
Gotham!
Oh, Gotham!

(Sai).

Cena VII

Entra o Coringa.

CORINGA, para a platéia – Boa noite! (Vai até o centro do palco e apanha as rosas que Bruce Wayne deixou). – Nossa, que mau gosto! (Cheira-as e depois as atira longe). – O que foi gente? Está todo mundo branco, parece até que viram um fantasma! (Gargalha). Esta cidade urge por um melhor tipo de criminoso! E eu darei isso a ela! Chega de mafiosos, assaltantes e batedores de carteira! Aguarde, Gotham City... Porque eu sou o Coringa, ha, ha, ha! (Retira do terno roxo uma carta de coringa, deixa-a no chão e sai gargalhando).

Continua...