Capitulo Vinte e Oito(Final)

Charles Griffin:

Oito meses depois...

Eu estava sentado em minha sala no hospital, revisando alguns documentos importantes, mas com a mente distraída, ocasionalmente desviando o olhar para o relógio no canto da tela do computador. O tempo parecia escorrer lentamente, embora tudo estivesse indo bem nos últimos meses, tanto no trabalho quanto em minha vida pessoal. As coisas no hospital estavam estáveis, e eu conseguia equilibrar as responsabilidades diárias sem maiores problemas. Mas o que realmente me ocupava o pensamento, mais do que qualquer papel ou prazo, era a gravidez de Derick. Ela estava quase no fim, e logo nossa filha estaria entre nós. Cada vez que eu pensava nisso, um sorriso inevitável surgia no meu rosto, misturado com a ansiedade e a emoção de nos tornarmos pais.

Os meses tinham passado como um borrão. Era incrível pensar que, em breve, eu estaria segurando nossa filha nos braços. Eu me pegava imaginando seu rostinho, como seriam os traços dela, e como nossa vida mudaria a partir do momento em que ela chegasse. Era um misto de medo e empolgação, uma expectativa doce e ao mesmo tempo avassaladora.

Além disso, havia Ronald e Erick. Quando eles nos contaram que estavam namorando, não foi exatamente uma surpresa para ninguém. Havia uma cumplicidade entre eles que já era visível há algum tempo. A verdade é que, de certa forma, todos esperávamos por esse momento. Eles estavam tão focados em seus negócios, apoiando-se mutuamente em todas as decisões e dificuldades que enfrentavam com suas empresas. Era bonito ver como se ajudavam, como cuidavam um do outro, tanto nos aspectos profissionais quanto pessoais. Eu admirava isso, aquela união que transcendia qualquer tipo de expectativa.

Enquanto meus pensamentos vagueavam entre os papéis na minha frente e a iminente chegada de nossa filha, eu sentia uma onda de gratidão por tudo o que estava acontecendo ao meu redor. Minha vida parecia estar tomando um rumo tão diferente do que eu tinha imaginado, mas, ao mesmo tempo, exatamente como deveria ser. Cada detalhe, cada relação que construí ao longo dos últimos meses, tudo me levava para este momento. A espera. O desconhecido. O novo.

Eu não sabia ao certo quando seria o nascimento, e essa incerteza me deixava ainda mais ansioso. Derick estava em casa, já de licença, descansando e se preparando para o momento em que nossa filha chegaria ao mundo. E isso me deixava nervoso. Cada vez que eu saía para trabalhar no hospital, uma pontada de culpa me atingia. Sentia que deveria estar ao lado dele, apoiando-o, segurando sua mão, ajudando a passar pelas últimas semanas da gravidez. Mas, em vez disso, eu estava aqui, no hospital, dividido entre a administração e as responsabilidades que não podiam ser ignoradas.

Era um dilema interno constante: meu dever profissional versus meu desejo desesperado de estar presente com meu esposo. Cada ligação que recebia durante o expediente fazia meu coração acelerar. Será que era a hora? Será que eu deveria correr para casa e largar tudo? A ideia de não estar ao lado de Derick no momento em que ele precisasse me atormentava. Eu queria ser a primeira pessoa a segurar sua mão quando as primeiras contrações começassem, queria ser quem o acalmaria, quem o lembraria de respirar, de que tudo daria certo.

A distância entre nós, ainda que temporária e física, parecia ampliar o turbilhão de emoções que eu já estava sentindo. Derick sempre foi a rocha da nossa relação, mas agora, com ele em casa e eu preso no trabalho, me sentia impotente, como se estivesse falhando em minha função mais importante: estar ao lado do homem que amo enquanto ele carrega nossa filha. Eu sabia que não podia largar tudo, mas, a cada dia, o desejo de estar com ele crescia, como uma maré incontrolável, me arrastando mais para a incerteza e a ansiedade.

Olhei mais uma vez para o relógio. As horas pareciam passar lentamente, como se o universo quisesse me testar, me fazer esperar mais um pouco, aumentar ainda mais minha aflição. Sabia que, quando o momento chegasse, tudo mudaria, e eu queria estar pronto para isso. Mas, até lá, cada segundo sem estar ao lado de Derick parecia um teste cruel da minha paciência e do meu amor por ele.

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Meu celular começou a tocar. Olhei rapidamente para a tela e vi o nome de Ronald piscando, mas antes que pudesse atender, a porta da minha sala se abriu com tudo. O barulho me fez saltar da cadeira, e lá estava Débora, completamente sem fôlego, com os olhos arregalados, como se tivesse corrido uma maratona.

— Um carro com o Derick acabou de chegar... e a bolsa estourou! — disse ela, a voz entrecortada pela falta de ar.

Meu coração parou por um segundo, e então disparou. Não esperei mais nada. Levantei tão rápido que a cadeira quase tombou para trás. Ronald ainda estava na linha, mas eu não conseguia prestar atenção em mais nada além das palavras de Débora ecoando na minha cabeça. A bolsa estourou.

Nossa filha estava vindo.

Saí correndo da sala, quase sem me importar em pegar minhas coisas. O agradecimento a Débora foi um murmúrio apressado enquanto minha mente já estava a quilômetros dali, com Derick. Meu único consolo naquele momento era que, por sorte, ele tinha vindo para este hospital. Estava a poucos metros de mim, e eu só conseguia pensar em uma coisa: chegar até ele.

No caminho, meu corpo parecia agir sozinho, as pernas se movendo tão rápido quanto podiam, enquanto meu coração pulsava em um ritmo frenético. Me perguntei como ele estava, se sentia dor, se estava assustado. Uma avalanche de emoções me atingiu de uma vez, e tudo o que eu queria era estar ao lado dele o mais rápido possível.

Ao virar o corredor apressadamente, meus olhos finalmente encontraram Derick e seu tio passando pela recepção. Ele estava sentado em uma cadeira de rodas, claramente desconfortável, com o rosto pálido e a testa suada. A visão me atingiu como um soco no estômago, mas ao mesmo tempo me encheu de alívio ao vê-lo ali, bem à minha frente.

Sem perder tempo, fui até eles e, com a voz apressada, mas tentando manter a calma, disse:

— Vamos direto para o quarto. Já está tudo reservado.

O tio de Derick, que o acompanhava com uma expressão preocupada, assentiu rapidamente, e eu o ajudei a guiar a cadeira de rodas pelos corredores. Minha mão tremia levemente enquanto empurrava a cadeira, mas tentava não deixar que o nervosismo transparecesse. Tudo o que importava agora era chegar ao quarto, garantir que Derick estivesse confortável e que ele soubesse que eu estava ali, ao seu lado, para o que fosse necessário.

Enquanto nos dirigíamos ao quarto, olhei para Derick. Nossos olhares se encontraram, e pude ver uma mistura de ansiedade e dor nos olhos dele. Apertei suavemente seu ombro, tentando passar o máximo de segurança e carinho naquele gesto.

— Vai ficar tudo bem — murmurei, embora as palavras parecessem tão pequenas diante do turbilhão de emoções que nos cercava.

Finalmente chegamos ao quarto reservado. O ambiente era acolhedor, calmo, uma ilha de tranquilidade em meio ao caos do hospital. A enfermeira já estava nos esperando, e assim que ajudamos Derick a se acomodar na cama, senti uma leve onda de alívio. Eu estava onde deveria estar: ao lado dele, exatamente como sempre quis.

O ambiente do quarto parecia mais apertado do que realmente era. O som suave dos aparelhos médicos, o leve zumbido do ar-condicionado e o murmúrio das enfermeiras criando uma atmosfera de tensão controlada. A enfermeira se aproximou para verificar os sinais vitais de Derick, enquanto ele se mexia desconfortavelmente na cama. As contrações haviam começado, e cada uma parecia mais intensa do que a anterior. Eu podia ver no rosto dele — o aperto de seus olhos, a maneira como ele respirava pesadamente, tentando manter a calma.

Eu estava ao lado da cama, segurando sua mão. Ele apertava a minha com força a cada contração, e eu sentia o peso da dor que ele estava suportando, mesmo que apenas como um eco distante. O relógio na parede parecia se mover em câmera lenta, e cada segundo se arrastava como se o tempo estivesse nos testando. Cada intervalo entre as contrações parecia curto demais, e o tempo entre elas parecia interminável.

— Respira comigo — sussurrei, tentando manter minha própria calma enquanto ele gemia de dor. — Estamos quase lá, amor.

Derick me olhou, o rosto contorcido em dor, mas ele tentou sorrir, como se quisesse me acalmar também. Era típico dele, sempre tentando ser forte, mesmo quando estava vulnerável. Mas, naquele momento, era eu que precisava ser a rocha. Apertei sua mão mais forte, sentindo o suor frio se formar em minha própria palma.

As horas se arrastavam. As contrações ficavam cada vez mais próximas, mais violentas, como ondas gigantes quebrando contra a costa, sem dar tempo para respirar entre uma e outra. Eu assistia impotente enquanto Derick se contorcia de dor, a cada espasmo mais intenso que o anterior. O som dos gemidos dele, por mais que tentasse abafá-los, perfurava meu coração. Eu queria, mais do que tudo, poder tirar aquela dor dele, carregar parte daquele fardo.

As enfermeiras iam e vinham, murmurando coisas que eu mal conseguia processar, mas sempre mantendo aquele ar de urgência silenciosa. O médico entrou para examinar Derick, e a expressão no rosto dele não me deu respostas imediatas. Ele explicou rapidamente que estava tudo progredindo, mas seria um parto longo. As palavras "longo" e "demorado" ficaram ecoando na minha cabeça. Meu corpo todo parecia rígido, como se estivesse em alerta constante.

O tempo parecia parar, cada segundo uma eternidade. O suor escorria pela testa de Derick, e ele começava a perder as forças. Eu enxugava sua testa com um pano, sussurrando palavras de encorajamento, mesmo sem saber se ele conseguia ouvir. Ele apertava minha mão a cada contração, e eu sentia a força dele diminuir pouco a pouco, mas o espírito de luta em seus olhos continuava firme. Derick era forte, e eu sabia que ele aguentaria até o fim, mas vê-lo naquele estado partia meu coração.

Em um momento, ele virou a cabeça para mim, os olhos cheios de lágrimas, e disse com a voz trêmula:

— Eu... não sei se consigo...

Aquilo me pegou de surpresa, e eu senti uma onda de emoção me invadir. Me abaixei, trazendo meu rosto mais perto do dele, e falei com firmeza, embora minha própria voz estivesse quebrando:

— Você consegue. Nós conseguimos. Estou aqui com você, e vamos passar por isso juntos.

Derick assentiu, respirando com dificuldade, e outro gemido escapou de seus lábios enquanto mais uma contração o atingia como uma onda feroz. Cada uma parecia pior que a anterior, como se o corpo dele estivesse sendo testado até o limite.

O médico voltou e se aproximou da cama, desta vez com um tom mais firme. As palavras que saíram de sua boca foram como uma faísca de esperança no meio do caos.

— Está quase na hora. Vamos começar a empurrar.

Derick me olhou com uma mistura de alívio e terror, mas eu sorri, tentando transmitir confiança. Segurei sua mão com mais força, e a enfermeira o orientou sobre como deveria empurrar.

— Agora, Derick, na próxima contração, quero que você empurre com tudo o que tem, está bem? — disse a enfermeira, com um tom encorajador.

A contração veio, e Derick empurrou com força, gritando, seu rosto vermelho de esforço. O som que saiu da garganta dele foi dilacerante, e meu coração pareceu parar por um momento. Ele estava dando tudo de si, e eu queria tanto estar ali para aliviar sua dor.

O tempo continuava a se arrastar. Cada empurrão era um novo teste de resistência, um novo limiar de dor. Eu enxugava o suor de seu rosto, murmurando palavras de encorajamento que mal conseguia formar enquanto assistia, impotente, ao esforço heroico de Derick.

— Você está indo tão bem, Derick — sussurrei, minha voz embargada. — Ela já está quase aqui.

E então, finalmente, veio aquele momento. O grito do esforço final. O empurrão que parecia nunca acabar. E, de repente, o choro agudo e inconfundível de um bebê preencheu o ar.

Meu coração disparou, minhas pernas quase cederam, e as lágrimas vieram imediatamente aos meus olhos. A enfermeira levantou nossa filha, ainda coberta, mas com aquele som maravilhoso e frágil que significava vida, e a colocou nos braços de Derick.

Eu me aproximei, com os olhos ainda marejados, e beijei a testa de Derick, sussurrando:

— Você conseguiu... nós conseguimos.

Ele sorriu, exausto, as lágrimas rolando livremente pelo rosto. Olhamos para nossa filha, que se aconchegava nos braços dele, ainda chorando suavemente, mas tão perfeita. Naquele momento, o mundo inteiro se resumia àquela sala, àquele momento. Tudo havia mudado, e nada mais importava.

— Bem-vinda ao mundo, Giovanna — Derick murmurou, com a voz carregada de emoção enquanto olhava para nossa pequena.

Ele segurava nossa filha com tanto carinho, como se o mundo inteiro pudesse desmoronar ao redor e ela ainda assim estaria segura em seus braços. As lágrimas escorriam silenciosamente pelo rosto dele, misturando-se ao suor que ainda permanecia em sua testa. Era um momento tão delicado e poderoso ao mesmo tempo. Ver Derick, exausto e ainda assim radiante, segurando nossa filha, era algo que eu sabia que jamais esqueceria.

Me aproximei e passei a mão suavemente pela cabecinha de Giovanna, tão pequena, tão frágil, com seus olhos ainda fechados, chorando baixinho como se estivesse descobrindo o som do próprio choro. Meu coração parecia se apertar de tanto amor. Não era só uma explosão de felicidade, era algo maior, uma conexão que me fez sentir mais vivo do que nunca. Aquela era nossa família, e tudo tinha começado ali, naquele instante.

— Ela é perfeita — sussurrei, a voz embargada.

Derick olhou para mim, os olhos brilhando de lágrimas e de um amor que eu jamais poderia colocar em palavras. Sorri para ele, sentindo meu peito transbordar de orgulho e felicidade. Aquele era o momento pelo qual tínhamos esperado, sonhado, e agora estava aqui, mais real e mais bonito do que eu jamais poderia imaginar.

Ele beijou a testa de Giovanna com tanta ternura que meu coração quase parou. Eu sabia que estávamos entrando em uma nova fase de nossas vidas, e, enquanto olhava para eles, a sensação de que estávamos exatamente onde deveríamos estar tomou conta de mim. Estávamos prontos para qualquer coisa, porque agora éramos três.

Eu fiquei ali, ao lado deles, observando Derick com Giovanna nos braços, e a sensação de que o tempo havia parado tomou conta de mim. Tudo ao nosso redor — as máquinas, o som distante das conversas no corredor, o mundo inteiro — parecia se dissolver. Só existiam eles dois, e o amor que eu sentia era avassalador. Sentei-me na beira da cama, segurando a mão de Derick, sentindo o calor da pele dele. Eu não conseguia parar de olhar para nossa filha, tão pequena, tão perfeita. Cada dedinho, cada linha em seu rostinho parecia uma obra-prima.

— Ela é linda... — murmurei, ainda atônito com a perfeição de Giovanna.

Derick sorriu, exausto, mas havia uma paz indescritível em seu olhar. Ele inclinou a cabeça para o lado, descansando por um momento, mas sem tirar os olhos de nossa filha. Era como se o mundo finalmente fizesse sentido.

— Nós conseguimos — ele sussurrou, a voz fraca, mas cheia de felicidade. — Nossa família.

Minha garganta se apertou, e eu apenas assenti, incapaz de falar por alguns segundos. O nó de emoções que se formava dentro de mim era indescritível — era amor, era alívio, era a realização de algo que eu nem sabia que meu coração ansiava tanto até aquele exato momento.

Giovanna começou a se acalmar, seus pequenos bracinhos se movendo levemente enquanto ela se ajustava nos braços de Derick. Era quase surreal ver esse pequeno ser humano que, até pouco tempo, só existia em nossos sonhos e expectativas, agora ali, bem diante de nós.

— Você foi incrível — disse a Derick, apertando sua mão suavemente. — Eu nunca... nunca estive tão orgulhoso de alguém em toda a minha vida.

Ele riu fracamente, com o olhar ainda fixo em nossa filha, mas sua mão apertou a minha de volta, como se agradecesse sem precisar de palavras.

Os minutos seguintes se desenrolaram em um silêncio tranquilo, preenchido apenas pelos suaves sons de Giovanna e o ritmo constante da respiração de Derick. Era um momento de puro contentamento, onde todas as preocupações, todas as tensões do parto, começaram a se dissipar. Tudo o que importava era que estávamos juntos, que nossa filha finalmente estava aqui, saudável e cercada de amor.

Depois de um tempo, Derick olhou para mim e, com um brilho travesso no olhar, disse:

— Agora que ela está aqui... é melhor você começar a praticar trocar fraldas.

Eu ri, genuinamente, pela primeira vez em horas. Esse era o Derick que eu conhecia, sempre tentando trazer leveza mesmo nos momentos mais intensos. Me inclinei e beijei sua testa, agradecido por tudo, por ele, por nós, por nossa pequena Giovanna.

— Eu já estou preparado. Acho que posso lidar com qualquer coisa agora — respondi, ainda rindo.

Ele riu também, mas logo sua expressão suavizou, e ele olhou de volta para nossa filha, que dormia tranquilamente agora. E, naquele momento, soube que estávamos prontos para essa nova aventura, para cada desafio e cada alegria que viesse a seguir. Não importava o que o futuro nos reservasse, eu sabia que iríamos enfrentar tudo juntos. Nossa vida tinha mudado para sempre, e eu não poderia estar mais feliz.

Enquanto o tempo parecia se dissolver ao nosso redor, com Giovanna adormecida nos braços de Derick, uma paz suave se instalava na sala. Eu me recostei na beira da cama, sem tirar os olhos deles. Era como se o mundo, de repente, tivesse encontrado o equilíbrio perfeito, como se tudo que havíamos vivido até aquele momento nos tivesse preparado para essa sensação de completude.

O cansaço de Derick era evidente, mas a maneira como ele segurava nossa filha, como se não quisesse soltá-la por nada no mundo, me comovia profundamente. Eu estendi a mão para acariciar o rostinho de Giovanna, sentindo a maciez de sua pele pela primeira vez. Era um toque tão delicado que parecia quase sagrado.

— Você vai ser um pai incrível — Derick disse, sem desviar os olhos da nossa filha. Sua voz ainda estava fraca, mas havia uma convicção profunda em suas palavras.

Meus olhos se encheram de lágrimas. Eu nunca fui o tipo de pessoa que se emocionava facilmente, mas o amor que sentia naquele momento me tomou por completo. Havia uma mistura de alegria e responsabilidade, de medo e esperança. Ser pai era algo que eu sempre quis, mas agora, com nossa filha ali nos braços de Derick, tudo se tornava assustadoramente real.

— E você já está sendo o melhor pai do mundo — respondi, com a voz embargada.

Derick sorriu, exausto, mas seus olhos brilhavam de amor. Ele sempre foi a rocha da nossa relação, e mesmo agora, depois de tudo o que havia passado, ele continuava a ser minha força. Nós trocamos um olhar que dizia mais do que qualquer palavra. Estávamos juntos nessa, não importava o que viesse pela frente.

A enfermeira entrou silenciosamente no quarto, oferecendo um olhar gentil ao ver a cena. Ela verificou os sinais vitais de Derick e Giovanna, certificando-se de que tudo estava bem, antes de nos dar um sorriso acolhedor.

— Vocês vão precisar descansar — disse ela suavemente, mas com aquele tom firme de quem sabia o que estava falando. — Esses primeiros momentos são preciosos, mas é importante que ambos durmam um pouco. Vocês têm uma longa jornada pela frente.

Eu sabia que ela estava certa, mas como poderíamos simplesmente descansar depois de tudo isso? Era difícil imaginar fechar os olhos quando minha mente estava tão desperta, tão inundada de emoção. Mas ao olhar para Derick, que parecia estar à beira do colapso de cansaço, e depois para nossa filha, que ainda dormia serenamente, percebi que seria a melhor coisa para todos nós.

— Eu vou ficar de olho nela, prometo — brinquei suavemente, inclinando-me para dar um beijo na testa de Derick.

Ele riu fraco, assentindo com um olhar cheio de gratidão.

— Melhor assim. Porque eu não vou conseguir ficar acordado por muito mais tempo... — Ele suspirou, fechando os olhos por um momento, o cansaço finalmente tomando conta.

A enfermeira ajudou a ajeitar Giovanna no bercinho ao lado da cama, e eu me certifiquei de que Derick estava confortável antes de me sentar na poltrona ao lado. O silêncio era quebrado apenas pelo som suave da respiração deles. Eu os observava com uma sensação de gratidão tão profunda que era quase difícil de suportar.

E assim, o cansaço finalmente me alcançou. Meus olhos começaram a se fechar enquanto o peso das emoções do dia finalmente se assentava em meu corpo. Mas, mesmo antes de adormecer, sabia que nada seria mais importante do que proteger e cuidar da minha família a partir de agora.

Nossos dias iriam mudar para sempre, e eu estava pronto. Porque, ao lado de Derick e nossa pequena Giovanna, eu sabia que podíamos enfrentar qualquer coisa.

Acordei com a luz suave do amanhecer entrando pelas janelas do quarto. O silêncio ainda reinava, mas agora era um silêncio diferente, mais sereno. Pisquei algumas vezes, tentando sacudir o cansaço que ainda pendia sobre mim, até que meus olhos se ajustaram à visão à minha frente. Derick estava adormecido na cama, o rosto tranquilo, embora ainda houvesse uma leve exaustão refletida em suas feições. Nossa filha, Giovanna, estava aconchegada no bercinho ao lado, dormindo com a mesma paz.

Por um momento, fiquei imóvel, simplesmente absorvendo a cena. Havia uma leveza no ar, como se, de alguma forma, tudo tivesse se alinhado. O caos das horas anteriores havia dado lugar a uma quietude que preenchia meu peito com uma sensação profunda de gratidão e realização.

Levantei-me lentamente, tentando não fazer barulho para não acordar nenhum dos dois. Caminhei até o bercinho e fiquei observando Giovanna por um tempo, incapaz de conter o sorriso que se formava em meus lábios. Seus pequenos dedos estavam fechados em punhos, e sua respiração era ritmada, suave, quase imperceptível. Ela parecia tão frágil, tão cheia de vida, e ao mesmo tempo tão tranquila.

Inclinando-me, dei um beijo suave em sua testa, o coração transbordando de amor. Nunca imaginei que um momento pudesse ser tão perfeito.

Enquanto estava ali, perdido nos meus pensamentos e no silêncio da sala, senti uma leve movimentação na cama. Virei-me e vi Derick acordando lentamente, piscando contra a luz suave que invadia o quarto. Ele olhou para mim, e então para nossa filha, e um sorriso cansado, mas genuíno, surgiu em seu rosto.

— Bom dia, papai — ele murmurou, a voz rouca de sono, mas cheia de ternura.

Aquelas palavras, simples como eram, me atingiram em cheio. Sentei-me ao lado dele, pegando sua mão enquanto nossos olhares se encontraram, compartilhando a mesma emoção silenciosa.

— Bom dia — respondi, sorrindo de volta. — Parece que sobrevivemos à nossa primeira noite.

Ele riu suavemente, apertando minha mão, e seus olhos se encheram de lágrimas de pura felicidade. Havia tanto amor naquele quarto, tanto que era quase palpável.

— Somos uma família agora — Derick disse baixinho, olhando para Giovanna com um brilho no olhar que eu sabia que jamais esqueceria.

Eu apenas assenti, sentindo as lágrimas se acumularem nos meus próprios olhos. Era verdade. Ali, naquele momento, éramos mais do que apenas duas pessoas compartilhando a vida. Agora, éramos três. Uma família. E isso, por si só, fazia tudo valer a pena — cada momento de dor, de medo, de incerteza. Tudo nos trouxe até aqui.

E assim, com o sol da manhã começando a iluminar o novo dia, nos acomodamos ali, eu, Derick e nossa filha, Giovanna. O mundo lá fora ainda girava, mas dentro daquele quarto, em nosso pequeno universo particular, nada mais importava. Tudo o que precisávamos estava ali, entre nós.

E sabíamos que, juntos, enfrentaríamos cada desafio que viesse.

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Gostaram?

Até a próxima 😘

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