Capitulo Vinte e Cinco
Derick Evans:
Antes que eu pudesse responder a Charles, o som estrondoso de alguém batendo com força na porta do quarto me fez pular de susto. Meu coração disparou, interrompendo o momento de calma que tínhamos.
— Pai, Derick, hora de levantar! Precisamos ir para o local do casamento de vocês! — A voz de Carlos ecoou pelo corredor, transbordando urgência e impaciência. Ele batia na porta com ainda mais insistência.
Charles, que até então estava relaxado ao meu lado, se levantou bruscamente, irritação clara em seus olhos. Sua mandíbula se apertou, e ele respondeu num grito, com a voz cheia de frustração:
— Mas que diabos, Carlos? Eu dei a chave para você, mas não para criar esse caos logo de manhã! — Ele gritou para o outro lado da porta, a raiva se intensificando. — Sério, eu mal dormi!
Antes que Carlos pudesse retrucar, uma nova voz surgiu, mais familiar e cheia de sarcasmo.
— Vocês não vão levantar, não? — Era Sam, sem dúvida. Ela sempre sabia como piorar uma situação com suas piadas afiadas. — Temos muito a fazer hoje! Melhor saírem logo da cama, irem tomar um banho e escovar esses dentes. E, pelo amor de Deus, nada de transarem agora!
O tom descompromissado e zombeteiro de Sam fez meus olhos se arregalarem, e eu me virei para Charles, contendo uma risada nervosa. O dia mal começara, e já estava repleto de confusão. O casamento era hoje, e a ansiedade pesava sobre meus ombros como uma nuvem densa e implacável. Mas mesmo diante de tudo isso, havia uma pontinha de humor nas palavras de Sam, que de algum jeito, tornava toda essa situação um pouco mais leve. O nervosismo, a tensão... tudo se misturava com as risadas abafadas que Charles e eu trocávamos.
Eu suspirei, ainda tentando controlar os nervos. Hoje seria o grande dia.
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Charles bufou, passando as mãos pelos cabelos bagunçados, enquanto eu jogava as cobertas para o lado, sentindo o frio da manhã se infiltrar na minha pele. A batida ainda ressoava na porta, mas agora com menos intensidade, provavelmente porque Carlos e Sam sabiam que tinham conseguido o que queriam. Olhei para Charles, que ainda estava visivelmente irritado, mas havia um brilho de antecipação em seus olhos. Era o dia do nosso casamento, afinal.
— Vamos logo, ou eles vão acabar arrombando a porta — murmurei, com um sorriso forçado. Ele revirou os olhos, mas o canto de seus lábios levantou num sorriso que denunciava sua animação. A verdade era que, apesar do caos e do nervosismo, estávamos prontos. Prontos para dar o próximo passo.
Depois de nos arrumarmos rapidamente, seguimos para o local do casamento. Assim que saímos, o dia se revelou em todo o seu esplendor. O céu estava de um azul tão puro que parecia pintado, com nuvens delicadamente espalhadas como se fossem feitas de algodão. O vento suave carregava o aroma fresco das flores que decoravam o caminho, e o sol banhava tudo com uma luz dourada e suave, como se o próprio mundo estivesse nos abençoando.
O local do casamento era deslumbrante, digno de um conto de fadas. Fomos recebidos por uma grande clareira no meio de um campo aberto, cercada por árvores majestosas cujas folhas brilhavam com o orvalho da manhã. Havia uma sensação de serenidade no ar, como se o lugar soubesse a importância do momento. No centro da clareira, um altar de madeira antiga, ricamente trabalhada, erguia-se entre dois pilares decorados com flores brancas e lilases. As flores pareciam quase mágicas, como se tivessem sido colhidas em algum jardim encantado, pendendo graciosamente, formando arcos naturais sobre o altar.
As cadeiras, dispostas em fileiras simétricas, eram simples, mas elegantes, adornadas com fitas de seda branca que se moviam levemente com a brisa. O som distante de um riacho que corria nas proximidades misturava-se ao canto suave dos pássaros, criando uma sinfonia natural que acalmava os nervos e trazia paz. O chão estava coberto por pétalas de flores, como um tapete de cores vibrantes, guiando o caminho até o altar, onde em poucas horas Charles e eu faríamos nossos votos.
Ao longe, a equipe de organização corria de um lado para o outro, ajustando os últimos detalhes, mas tudo já parecia perfeito. As árvores ao redor criavam uma sensação de privacidade e intimidade, como se o mundo lá fora deixasse de existir por algumas horas, e só houvesse nós e o amor que compartilhávamos.
Charles segurou minha mão com firmeza, os dedos entrelaçados aos meus, e olhou para o cenário diante de nós com um suspiro emocionado.
— Está lindo, não está? — ele sussurrou, a voz carregada de uma emoção que ele raramente deixava transparecer. Eu olhei para ele, percebendo o brilho de felicidade nos seus olhos.
— Sim... perfeito — respondi, sentindo meu coração acelerar de pura felicidade. Naquele momento, o peso do mundo desaparecia. Era só ele e eu.
O tempo parecia voar enquanto eu me preparava. No fundo da minha mente, uma mistura de emoções se entrelaçava: nervosismo, alegria, e uma pitada de ansiedade. Eu estava em frente ao espelho, no pequeno camarim montado para mim, observando cada detalhe enquanto a equipe ajustava minha roupa com cuidado. O terno era impecável, de um tom cinza claro que contrastava perfeitamente com o ambiente natural lá fora. Cada costura era meticulosamente desenhada, o corte exato, ajustado ao meu corpo de maneira que me fez sentir poderoso, mas também vulnerável.
Minhas mãos tremiam levemente enquanto tentava ajeitar a gravata. Eu não conseguia evitar os pensamentos que saltavam pela minha mente, me perguntando se tudo daria certo, se eu diria as palavras certas, se minha voz falharia ao ver Charles lá, me esperando no altar. O simples pensamento dele, naquele cenário deslumbrante, fez meu coração bater mais rápido.
— Está tudo bem, Derick? — perguntou Sam, surgindo ao meu lado com um sorriso suave. Ela segurava meu ombro de forma reconfortante, como se soubesse exatamente o que se passava dentro de mim.
— Sim, só... nervoso — respondi com uma risada fraca, tentando mascarar a intensidade do que estava sentindo. — É um grande dia, afinal.
— Claro que é. E você vai arrasar, como sempre — ela piscou, apertando meu ombro. — Além do mais, Charles está tão ansioso quanto você. Ele quase explodiu com o florista agora há pouco. Se isso não é amor nervoso, eu não sei o que é.
Isso me arrancou uma risada genuína. Era típico de Charles tentar manter o controle de tudo, mesmo quando estava à beira de um ataque de nervos. Ele sempre queria que tudo fosse perfeito, mas eu sabia que, no fundo, o que realmente importava era o momento que iríamos compartilhar, não os pequenos detalhes que ele tentava controlar.
O espelho refletia a minha imagem, mas ao mesmo tempo, também me mostrava o que estava por vir. Era como se eu estivesse me preparando para um salto no desconhecido. Minha vida mudaria para sempre, e eu estava mais do que pronto para isso. A equipe ao meu redor continuava ajustando as mangas do meu terno, garantindo que cada dobra estivesse no lugar, mas minha mente já estava longe, vagando até o altar, onde Charles logo estaria me esperando.
Sam voltou com um pequeno espelho, me entregando com um sorriso travesso.
— É melhor checar o cabelo, ou então o Charles vai reclamar — ela disse. — Você sabe como ele é com esses detalhes.
Passei a mão pelos fios curtos e cuidadosamente penteados, arrumando uma mecha teimosa que insistia em se levantar. Tudo parecia estar em ordem, mas ainda assim, o nervosismo era palpável. Cada pequeno ajuste parecia me lembrar da importância do momento que se aproximava.
Quando finalmente me dei por satisfeito com minha aparência, a equipe recuou, dando-me espaço. Olhei uma última vez no espelho, respirando fundo, tentando controlar o turbilhão dentro de mim. Sam, ao perceber o momento, deu um tapinha em minhas costas.
— Hora de brilhar, Derick. Charles está lá fora, e ele está esperando por você.
Minha garganta se apertou ao ouvir aquelas palavras, e por um segundo, me permiti fechar os olhos. Imaginei Charles no altar, seu sorriso meio nervoso, meio confiante, os olhos brilhando de expectativa. Ele sempre foi minha âncora, meu ponto de equilíbrio. Saber que ele estava lá, esperando por mim, fez tudo parecer mais real.
Saí do camarim e segui em direção ao corredor que me levaria até a cerimônia. O barulho suave das conversas e risadas distantes foi se tornando mais claro, enquanto o som de uma música de fundo começava a fluir pelo ar. As árvores ao redor balançavam com a brisa leve, criando uma sensação de tranquilidade, como se até a natureza estivesse nos abençoando.
Quando cheguei à entrada do local, onde as cortinas brancas balançavam suavemente, percebi que estava a poucos passos de Charles. Meu coração batia descontroladamente. Era como se, com cada passo que eu desse, o mundo ao meu redor se tornasse um pouco mais nítido, mais vívido.
Uma última vez, ajustei o paletó, respirando fundo. Sabia que, ao cruzar aquela entrada, não haveria mais volta. Eu estava prestes a entrar em uma nova fase da minha vida. Mas também sabia que, no fundo, estava pronto para isso. Eu sempre estive.
— Está preparado? — meu tio Erick perguntou, entrelaçando nossos braços com um gesto cheio de carinho e cuidado. Seu olhar era suave, mas carregado de emoções.
— Vou te entregar ao homem que você ama — ele disse com um sorriso terno, a voz firme, mas carregada de afeto. Ele sabia o que esse momento significava para mim, e poder compartilhá-lo com ele era especial.
— Obrigado por tudo, tio Erick — respondi, minha voz ligeiramente embargada. A gratidão enchia meu peito, sabendo que ele esteve ao meu lado em cada passo até aqui.
— Eu faria qualquer coisa pelo meu lindo sobrinho — ele disse com um sorriso orgulhoso, beijando minha bochecha de forma calorosa, o gesto trazendo conforto e uma onda de emoções que eu mal conseguia conter. As palavras dele me tocaram profundamente, e naquele breve momento, senti uma conexão ainda mais forte com ele. Eu estava nervoso, sim, mas também profundamente grato por ter alguém como ele em minha vida.
Então, a música mudou. Um tom mais solene, mais profundo, que ressoou em cada canto do local, como se o próprio vento estivesse carregando as notas pelo ar. O ambiente ficou envolto em uma atmosfera mágica e serena, com todos os olhos voltados para mim, mas meus olhos estavam fixos em uma única direção: Charles.
Era a minha deixa.
Com um sorriso tímido, porém repleto de expectativas, dei o primeiro passo. A batida do meu coração parecia acompanhar o ritmo da música, cada passo ecoando em minha mente como um símbolo da nova fase que estava prestes a começar. Sentia o calor do braço de meu tio ao meu lado, sua presença oferecendo um apoio silencioso, mas poderoso.
A caminhada parecia ao mesmo tempo longa e curta. Cada passo me aproximava mais de Charles, e quanto mais eu me aproximava, mais a ansiedade dava lugar a uma sensação de certeza e paz. O cenário ao redor, com as flores, o céu azul, e a brisa suave, parecia desaparecer. Tudo o que eu podia ver era Charles.
Ele estava lá, parado no altar, lindo como nunca. Vestido com um terno impecável, seus olhos brilhavam de emoção e nervosismo, mas também de algo mais — algo profundo e verdadeiro que compartilhávamos desde o primeiro momento em que nos conhecemos. Aquele olhar, aquele sorriso... tudo nele me chamava, como se o universo estivesse nos guiando para esse momento.
Quando finalmente cheguei ao altar, meu tio soltou meu braço gentilmente, mas não sem antes me dar um último aperto de incentivo. Ele sorriu, seus olhos refletindo o orgulho e o amor que sentia por mim. Eu o abracei brevemente, sentindo o peso do momento, antes de me voltar para Charles.
Nossos olhares se encontraram, e por um segundo, o mundo parou. Era só nós dois. Nada mais importava. Ele estendeu a mão, e eu a segurei com firmeza, como se aquele simples gesto selasse tudo o que tínhamos vivido e o que ainda viveríamos.
— Estou pronto — sussurrei, e, pela primeira vez naquele dia, todo o nervosismo foi substituído por uma onda avassaladora de amor e confiança. Eu sabia que, ao lado de Charles, não havia nada no mundo que eu não pudesse enfrentar. E naquele momento, estávamos prontos para começar nossa nova jornada juntos.
Charles segurou minha mão com delicadeza, mas ao mesmo tempo, havia uma firmeza em seu toque que me transmitia segurança. O calor da palma dele parecia correr por todo o meu corpo, acalmando qualquer vestígio de nervosismo que ainda restava. Eu podia ouvir minha respiração suave, mas o som mais importante era o da dele. Cada suspiro, cada batida do seu coração tão próxima do meu.
Os olhos de Charles estavam brilhantes, refletindo uma mistura de felicidade, admiração e algo mais profundo que eu reconhecia tão bem: amor. Um amor que havia crescido com o tempo, que superou os momentos difíceis e floresceu nos mais belos. Naquele instante, eu não precisava de palavras para saber o que ele estava sentindo, estava tudo ali, claro, entre nós dois.
A música suave parecia se desvanecer no fundo enquanto o celebrante dizia algumas palavras, mas era como se o universo estivesse em silêncio, esperando o momento em que finalmente nos uníssemos completamente. Tudo ao redor — as flores, o céu, os convidados — parecia distante, borrado pela intensidade do que estávamos sentindo. Era como se só existisse nós dois.
Charles deu um passo mais perto, tão perto que eu podia sentir seu hálito quente, e ele sorriu, um sorriso suave, um pouco nervoso, mas totalmente sincero. O mundo inteiro desapareceu enquanto ele levantava a mão livre para tocar meu rosto, o polegar deslizando com carinho sobre minha bochecha. O toque era tão gentil, mas ao mesmo tempo tão carregado de emoção que fez meu coração bater mais forte. Nossos olhares se encontraram novamente, e naquele momento, sabíamos que era a hora.
— Eu te amo — ele sussurrou, a voz baixa e trêmula de emoção. Essas palavras, ditas mil vezes antes, agora carregavam um peso diferente, mais profundo, mais definitivo.
Sem esperar mais, me inclinei na direção dele, e Charles fez o mesmo. O mundo ao nosso redor pareceu parar quando nossos lábios finalmente se encontraram. O beijo foi suave no início, quase tímido, como se estivéssemos absorvendo a intensidade daquele momento, mas logo se aprofundou. Era como se todas as emoções, todo o amor, a alegria e até os medos do futuro estivessem sendo transmitidos naquele simples toque.
Os braços de Charles me envolveram, puxando-me para mais perto, e eu podia sentir seu coração batendo em uníssono com o meu. O beijo era um selo de tudo o que havíamos construído juntos, uma promessa silenciosa de que, a partir daquele momento, seríamos um só. E, enquanto eu me perdia no calor de seus lábios, percebi que não havia nada no mundo que eu desejasse mais do que estar ali, com ele, agora e para sempre.
Quando finalmente nos afastamos, os aplausos dos convidados encheram o ar, mas tudo parecia distante, quase irreal. Nossos olhos ainda estavam conectados, e o sorriso de Charles era tudo o que eu precisava. Era o começo de algo ainda maior do que podíamos imaginar, e estávamos prontos para viver essa nova aventura, juntos.
— Agora sim, estamos casados — ele disse com uma risadinha suave, a mão ainda em meu rosto.
— Finalmente — respondi, minha voz carregada de felicidade.
Com o coração cheio de amor e esperança, nos viramos juntos, prontos para enfrentar o futuro de mãos dadas, como marido e marido. E eu sabia, naquele instante, que este era apenas o começo do nosso para sempre.
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Gostaram?
Até a próxima 😘
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