Capitulo Dezesseis

Charles Griffin:

No trabalho, eu e o Derick fomos completamente bombardeados por uma enxurrada de conversas sobre alianças de casamento. Esse foi o tema que dominou as rodas de conversa entre os enfermeiros, alguns médicos e até mesmo acionistas do hospital. Cada um compartilhava histórias sobre seus próprios casamentos, ou sobre anéis que haviam visto, discutindo desde os modelos mais simples até os mais extravagantes. Era como se o hospital, por um momento, deixasse de ser um local de correria e emergências para se transformar em um cenário de romances e promessas eternas.

Havia algo quase mágico no ar, uma sensação de que essas conversas sobre alianças simbolizavam mais do que apenas joias – elas representavam laços, compromissos, sonhos compartilhados. Ouvíamos comentários animados, como o enfermeiro Carlos, que descrevia com um sorriso orgulhoso a aliança que havia dado para sua esposa. Em contraste, a doutora Helena, normalmente tão séria, suspirava enquanto falava de uma aliança que queria, mas que ainda não tinha.

O curioso era que esse assunto havia alcançado até os acionistas, pessoas que normalmente se preocupavam apenas com os números e as operações do hospital. Até eles pareciam envolvidos nessa atmosfera de amor e conexão, quebrando suas barreiras profissionais com risadas leves e gestos discretos de exibir suas próprias alianças brilhantes.

Eu e Derick trocávamos olhares, entre surpresos e divertidos, tentando processar como algo tão pessoal e simbólico havia se tornado o centro das atenções naquele dia agitado. No meio de todos os casos médicos e tarefas a cumprir, aquelas conversas pareciam nos dar uma pausa inesperada, uma lembrança sutil de que, mesmo em meio à correria do hospital, o amor, de uma forma ou de outra, sempre encontrava seu lugar.

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No horário do almoço, enquanto mexia no meu telefone, recebi uma mensagem de um velho amigo, Fred Jenkins Dawson. Para minha surpresa, não muito tempo depois, ele estava ali, parado na porta do restaurante onde eu estava, acenando animadamente para mim com aquele sorriso caloroso de sempre.

Assim que me aproximei da mesa onde ele estava sentado, antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, Fred já foi direto ao ponto, com um tom brincalhão, mas carregado de leveza:

— Posso saber por que o James me contou que você pediu o Derick em casamento e ainda não disse nada para mim até agora?

Fiquei sem palavras por um instante, pego completamente de surpresa. O James, filho de Fred e um dos médicos do hospital, era conhecido por sua discrição... ou pelo menos eu achava. Uma onda de emoções passou por mim — entre o nervosismo, a surpresa e uma pontada de culpa por não ter contado a Fred antes.

Fred arqueou uma sobrancelha, claramente se divertindo com o meu desconforto. Ele me conhecia bem demais para não perceber a hesitação nos meus olhos enquanto eu me sentava à mesa, tentando encontrar as palavras certas.

— Não era assim que eu planejava contar... — comecei, sem jeito, coçando a nuca e soltando uma risada nervosa. — Mas parece que seu filho foi mais rápido do que eu.

Fred cruzou os braços, uma expressão de falsa indignação em seu rosto, mas o brilho nos olhos mostrava que ele não estava realmente zangado. Ele sempre foi mais um irmão do que apenas um amigo, e talvez por isso o fato de ele saber pelos outros me deixava ainda mais sem graça.

— Você sabe que eu deveria ser o primeiro a saber, certo? — Ele brincou, suavizando o clima, enquanto eu balançava a cabeça, rindo da situação.

O clima no restaurante parecia ter se transformado, e o burburinho das conversas ao redor sumiu no fundo enquanto Fred e eu nos olhávamos. Senti o peso da importância daquele momento — dividir esse tipo de notícia com um amigo tão próximo era algo que eu deveria ter feito, mas agora, ali com Fred, tudo parecia se encaixar de um jeito natural, como sempre acontecia entre nós.

— Então, como foi? — Fred perguntou, inclinando-se para frente, genuinamente curioso e com aquele ar de irmão mais velho, sempre disposto a ouvir minhas histórias.

Sorri, relaxando um pouco mais, e comecei a contar, sentindo uma leveza invadir meu peito enquanto as palavras finalmente fluíam.

— Foi fantástico — falei, deixando um sorriso escapar enquanto pensava no momento. — Mas a primeira pessoa que deveria saber era o Carlos, afinal, ele é o meu filho.

Fred deu uma risada leve, balançando a cabeça de forma compreensiva, mas sem perder a oportunidade de brincar.

— Mas eu sou seu amigo e ainda posso ajudar em muitas coisas — Fred retrucou, com um brilho de animação nos olhos. — Não me tira essa alegria, você sabe o quanto eu adoro organizar eventos e colocar as ideias em prática. Além disso, estou me sentindo meio parado ultimamente, agora que as crianças estão na escolinha.

Eu sorri, entendendo bem a sensação. Fred sempre foi alguém ativo, e o fato de estar mais em casa ultimamente devia ser difícil para ele.

— Está difícil ser "aposentado", hein? — brinquei, provocando.

Fred bufou de leve, cruzando os braços e me lançando um olhar teatral.

— Eu não estou aposentado! — corrigiu, com um sorriso divertido. — Caleb e eu decidimos que seria melhor que eu ficasse em casa por um tempo para cuidar dos gêmeos. Mas agora que eles estão na escolinha, fico meio sem o que fazer. Tirando as compras e a limpeza, que eu resolvo rapidinho, o resto do tempo me sinto... meio ocioso.

Havia uma mistura de orgulho e frustração na voz de Fred. Ele amava estar presente na vida dos filhos, mas eu sabia que a mudança de ritmo tinha sido um desafio para ele. Fred sempre foi o tipo de pessoa que gostava de estar envolvido, seja no trabalho ou nos projetos pessoais, então ficar em casa enquanto as crianças estavam na escola certamente o deixava inquieto.

— Bom, se é assim — disse, soltando uma risada calorosa —, talvez você possa me ajudar a planejar a festa de noivado. Prometo que vou te envolver em cada detalhe.

Os olhos de Fred brilharam de excitação, e naquele momento, soube que tinha acabado de dar a ele o que tanto precisava: uma nova missão.

— Lembrando que o Carlos vai te ajudar quando vier para a cidade — comentei, tentando garantir que Fred soubesse que meu filho também estaria envolvido no planejamento.

Fred assentiu com um sorriso e respondeu, divertido:

— Eu sei disso. E, por falar nisso, lembra que eu ajudei no casamento do James? Ainda estou no pé do Marcos para que ele e o Edu façam uma festa de casamento decente.

Marcos era o filho mais velho de Fred, e Edu, seu esposo. Os dois se casaram no cartório, e a celebração que tiveram foi uma pequena reunião familiar, algo simples e íntimo. Mas Fred, sendo quem era, não descansaria até que eles tivessem uma festa de casamento digna de sua empolgação com organização de eventos.

Fred tinha quatro filhos ao todo. James e Marcos eram do primeiro casamento, enquanto os gêmeos, que ainda estavam na escolinha, eram do segundo casamento. Ele sempre foi um pai dedicado, mas eu podia sentir a diferença na forma como ele falava dos gêmeos, como se estivesse aproveitando uma segunda chance para vivenciar tudo de novo.

— Acho que o Marcos e o Edu vão ceder, mais cedo ou mais tarde — disse, rindo. — Você sabe ser persuasivo.

Fred deu uma gargalhada sincera, claramente se divertindo com a ideia.

— Eles que se preparem, porque essa festa vai acontecer, nem que eu tenha que arrastar os dois para o altar de novo.

Fred continuou a rir, e eu me juntei a ele, imaginando a cena. Conhecendo Fred, ele realmente faria o que fosse preciso para garantir que seus filhos tivessem momentos especiais. Ele sempre foi o tipo de pessoa que colocava a felicidade dos outros acima de tudo.

— Marcos e Edu devem saber que não têm como escapar de você — falei, ainda rindo. — E quando eles finalmente concordarem, tenho certeza de que a festa será espetacular. Não duvido que você já tenha alguns planos em mente, não é?

Fred deu de ombros, com um sorriso travesso no rosto.

— Talvez eu já tenha algumas ideias... — admitiu, rindo. — Mas, falando sério, eu gosto de ajudar a criar essas memórias. O casamento do James foi incrível, e eu quero que o Marcos e o Edu também tenham algo para se lembrar com carinho. E, claro, quero que seus preparativos para o casamento com o Derick sejam igualmente inesquecíveis. O que mais você tem em mente?

Eu refleti por um momento, tentando organizar as ideias que ainda estavam meio soltas na minha cabeça. A proposta para o Derick foi algo espontâneo, cheia de emoção, mas agora que as coisas estavam começando a se organizar, eu sabia que haveria muito a planejar.

— Ainda estamos no início, mas eu gostaria de algo íntimo, sabe? Algo que seja mais sobre nós, sobre o que vivemos juntos, sem muita ostentação. Acho que o importante é capturar a essência do que temos — expliquei, sentindo o coração bater um pouco mais forte só de pensar no futuro com Derick.

Fred me olhou com um sorriso suave, aquele olhar de quem já havia passado por muita coisa na vida e entendia o valor do amor verdadeiro.

— Isso parece perfeito. E não se preocupe, eu vou estar ao seu lado para ajudar com o que precisar — disse ele, colocando a mão no meu ombro de forma reconfortante. — E quanto ao Carlos, você tem razão. Ele também vai querer estar envolvido em cada detalhe. Quando ele vier, nós três vamos sentar e colocar tudo no papel.

Assenti, me sentindo mais aliviado com a ideia de ter Fred e Carlos ao meu lado nesse processo.

— Obrigado, Fred. Eu sei que com você me ajudando, tudo vai ficar perfeito — respondi sinceramente.

Fred deu um último sorriso antes de voltar ao assunto dos filhos.

— E enquanto isso, vou continuar minha missão com o Marcos e o Edu. Eles não perdem por esperar! — disse ele, rindo novamente.

Com a promessa de grandes momentos pela frente, eu sabia que esse era apenas o início de uma nova jornada, não só para mim e Derick, mas também para Fred e todos os que faziam parte da nossa história.

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Gostaram?

Até a próxima 😘

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