Capitulo Dezenove

Derick Evans:

Os dias foram passando, e Carlos estava aqui em casa com a família dele, ajudando a organizar os detalhes do casamento. Ele trouxe uma energia alegre, e sua presença tornava tudo mais leve. Junto com o frade, eles discutiam cada pequeno detalhe, desde as flores até as músicas que seriam tocadas, e eu me via envolvido nesse turbilhão de emoções, com a ansiedade crescendo dentro de mim.

Enquanto isso, eu passava mais tempo com as crianças, cuidando delas, ouvindo suas risadas e observando como se moviam com tanta liberdade e inocência. Sentia o calor suave de suas mãos pequenas quando seguravam as minhas, e algo profundo dentro de mim se acendia. Havia momentos em que elas me olhavam de uma maneira especial, como se já me vissem como alguém importante em suas vidas.

Com cada gesto, cada sorriso e cada palavra, eu percebia que estava sendo testado, não apenas por mim mesmo, mas pelo próprio futuro que eu tanto desejava. Era como se o universo me desse a chance de provar que eu poderia ser mais, ser um bom pai, alguém capaz de dar amor e proteção. E cada momento ao lado delas me trazia essa certeza, embora o medo de não estar à altura às vezes tentasse me abater.

Acho que, de certa forma, estou até treinando para ser um bom pai para o meu futuro filho ou filha. Cada vez que passo tempo com as crianças, sinto como se estivesse me preparando para algo maior, algo que está por vir. Observar suas risadas, suas manias e o jeito como confiam em mim me faz refletir sobre o papel que vou desempenhar quando meu próprio filho estiver nos meus braços.

A ideia de ser pai um dia me enche de uma mistura de expectativa e nervosismo. Será que serei capaz de dar a eles todo o amor, cuidado e segurança que merecem? Mesmo com todas as dúvidas, sinto um calor crescer no meu peito. É como se esses momentos fossem pequenos ensaios, um jeito sutil de o universo me mostrar que, apesar de todos os medos, eu posso ser o pai que desejo ser.

— Então, o que achou do estilo do quarto que estávamos escolhendo para o bebê? — Sam perguntou, estralando a língua com leveza, enquanto eu olhava para o álbum.

Veronica, de olhos curiosos e empolgados, folheava as fotos com um sorriso no rosto.

— Tio Derick, esse é muito bonito — ela disse, apontando para uma foto de um quarto que parecia digno de um pequeno príncipe ou princesa, com detalhes em dourado e branco.

Cameron, que estava sentado ao lado da irmã mais velha, balançou a cabeça em concordância.

— Eu também gostei — ele murmurou, com um brilho de aprovação no olhar.

Antes que eu pudesse responder, ouvi uma risadinha familiar ecoar pela sala, e logo em seguida, Carlos entrou, seguido de Alex. Pelo que Charles tinha me contado, Carlos e Alex estavam morando juntos, cuidando de seus filhos, mas decidiram não fazer uma grande festa de casamento, preferindo apenas ir ao cartório.

Na verdade, foi mais uma escolha de Carlos, que preferiu evitar toda a confusão de uma festa imensa, apesar das expectativas ao redor.

— Papai Alex! — Veronica exclamou com animação, correndo em direção aos pais, seguida por Cameron, que também não demorou a se juntar ao abraço familiar.

Carlos pegou Cameron no colo com facilidade e, com um sorriso terno, deu um beijo suave na testa da filha mais velha logo em seguida.

— Onde está o Charles? — perguntei, observando a movimentação animada ao redor.

— Meu pai, Ronald e o Erick estão descarregando o carro — Carlos respondeu com um tom casual, ainda com Cameron nos braços.

Ele parecia tão à vontade nesse papel de pai, como se tivesse nascido para isso, e o jeito como cuidava de seus filhos era, no mínimo, inspirador. Era impossível não sentir uma pontada de admiração ao vê-lo ali, distribuindo afeto de forma tão natural.

— E a minha mãe? — Sam perguntou, parecendo já saber a resposta.

Logo, Lídia entrou pela porta, carregando uma sacola volumosa e rodopiando com graça, como se fosse parte de algum desfile.

— Com as minhas comprinhas! — ela disse, com uma alegria contagiante. — Achei algo que você vai adorar, Sam.

Sam se levantou, curioso, e foi espiar as sacolas, antes de soltar uma risada e abraçar os produtos como se fossem tesouros.

— São seus chocolates favoritos — Lídia acrescentou com um sorriso travesso. — E ainda trouxe alguns presentinhos para você usar com aquele seu ficante que eu vi você andando pela cidade...

Sam riu, corando levemente, enquanto segurava os chocolates com uma mistura de alegria e embaraço. A sala estava cheia de risos, conversas e o calor acolhedor de uma família se preparando para o futuro, com todos os seus pequenos momentos especiais que faziam tudo valer a pena.

— Que tipo de coisas eles estão trazendo? — perguntei, curioso.

Carlos deu um sorriso leve antes de responder.

— Meu pai quis trazer coisas úteis, nada de exageros — ele disse, com uma ponta de orgulho na voz. — E, bom, ele também decidiu comprar um lugar para vocês morarem.

Senti um leve choque percorrer meu corpo, e antes que eu pudesse reagir, Carlos continuou.

— Ele achou que seria melhor, já que onde vocês estão morando ficou pequeno. E, além disso, ele quis te surpreender. O novo lugar fica mais perto do hospital, o que vai facilitar muito as coisas pra vocês.

Olhei ao redor, tentando processar a informação. Fazia alguns dias que eu tinha me mudado para a casa do Charles também, e, sinceramente, não podia negar que a casa começava a parecer um pouco apertada, especialmente com toda a preparação para o casamento. Carlos tinha razão, a casa atual não estava mais atendendo todas as nossas necessidades.

Lembrei-me do que Charles havia mencionado algumas semanas atrás, sobre fazer uma surpresa, algo relacionado tanto à casa quanto ao casamento. Ele havia sido enigmático na época, dizendo que queria fazer algo especial para mim, algo que eu nunca esqueceria.

Agora, tudo fazia sentido. Charles estava, discretamente, preparando o terreno para uma nova etapa em nossas vidas, uma que incluiria não apenas o casamento, mas também uma nova casa, um espaço para começarmos nossa família com conforto e proximidade do hospital. Era uma surpresa que me enchia de expectativas e, ao mesmo tempo, me fazia sentir um calor no peito.

— Ele realmente vai me surpreender, não vai? — murmurei, quase para mim mesmo, com um sorriso crescendo nos lábios.

Charles apareceu momentos depois, subindo as escadas com uma enorme caixa nas mãos. Seus passos ecoavam pelo corredor, e a expectativa no ar era palpável. Quando ele parou na minha frente, sua expressão era de pura satisfação. Com um gesto cuidadoso, ele abriu a caixa, revelando o que havia dentro.

Lá, repousando de forma quase simbólica, estava uma chave. Não era apenas uma chave comum; era a chave para algo novo, algo nosso.

— A chave da nossa nova casa — Charles disse, sua voz carregada de emoção, enquanto me entregava o objeto.

O mundo ao meu redor pareceu parar por um segundo. A realidade daquele momento me atingiu como uma onda. Era a chave do nosso futuro, de uma casa onde construiríamos nossa vida juntos, onde poderíamos começar uma família, enfrentar os desafios e celebrar as alegrias.

Olhei para ele, sem palavras, mas com o coração transbordando de gratidão e amor. Charles sempre soube como me surpreender, como tornar cada momento significativo. E ali, segurando aquela chave, senti como se todas as peças estivessem finalmente se encaixando.

Os olhos de Charles brilharam enquanto ele me entregava a chave, e por um momento, ficamos ali, apenas nos olhando. Um silêncio confortável se instalou, repleto de coisas não ditas, mas perfeitamente compreendidas. Era como se aquela chave fosse mais do que um simples objeto, fosse uma promessa silenciosa, um compromisso que ambos estávamos prontos para assumir.

— Você sempre sabe como me surpreender, não é? — murmurei, a voz baixa, mas carregada de emoção. Minha mão envolveu a dele por um instante, sentindo o calor e a segurança que ele sempre transmitia.

Charles sorriu, aquele sorriso suave e confiante que eu adorava, o tipo de sorriso que fazia meu coração bater mais rápido. Ele deu um passo em minha direção, fechando a distância entre nós, e eu senti o calor do seu corpo se aproximando do meu. Seus olhos, cheios de um carinho que ele raramente expressava em palavras, me encararam profundamente, como se quisesse gravar aquele momento para sempre.

— Eu só quero que você tenha tudo — ele disse, sua voz saindo suave, quase um sussurro. — Nossa casa, nosso futuro... tudo o que você merece.

Senti um nó se formar na minha garganta, um misto de emoção e amor crescendo dentro de mim. Eu me inclinei um pouco mais perto, incapaz de resistir à atração que sempre senti por ele, como se houvesse uma força invisível que nos unia.

— Tudo que eu preciso está bem aqui — respondi, com a voz embargada. Meu olhar não desviou do dele nem por um segundo, capturando cada detalhe daquele momento.

Charles inclinou-se ainda mais, seus lábios tocando os meus de forma lenta e suave, como se estivesse reafirmando todas as promessas que ele havia feito silenciosamente. O beijo era terno, cheio de amor e, acima de tudo, uma conexão profunda que só nós entendíamos. Eu podia sentir a batida do seu coração, sincronizando-se com a minha, enquanto suas mãos deslizavam gentilmente para a minha cintura, me puxando um pouco mais perto.

Quando o beijo terminou, ficamos com as testas encostadas uma na outra, respirando o mesmo ar, como se o mundo lá fora não importasse. Apenas nós dois, naquele momento íntimo, sentindo o peso e a leveza de tudo que estávamos construindo juntos.

— Então... nossa casa? — perguntei com um sorriso, incapaz de esconder a felicidade que transbordava.

— Nossa casa — Charles repetiu, com um brilho nos olhos que só fazia aumentar a química entre nós. — E eu mal posso esperar para começarmos essa nova fase.

Eu sabia, no fundo do meu coração, que qualquer desafio ou obstáculo que viesse, nós enfrentaríamos juntos, com essa mesma conexão, esse mesmo amor que agora era palpável entre nós.

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Charles, sempre cheio de entusiasmo, decidiu que aquele momento merecia uma comemoração. Ele tinha esse jeito espontâneo de transformar qualquer ocasião em algo especial. Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ele já estava planejando algo divertido, e isso me fez sorrir.

— Vamos comemorar! — ele disse, animado, puxando-me pela mão.

Eu soltei uma risada, sem conseguir evitar. Era impossível ficar sério com ele quando estava tão radiante. Ele tinha essa energia contagiante que me fazia rir, mesmo nas situações mais inesperadas.

— Comemorar como? — perguntei, já sabendo que a resposta dele provavelmente seria algo inusitado.

— Tenho algumas ideias — Charles respondeu, com aquele sorriso travesso no rosto que me fazia sentir borboletas no estômago. — Mas, para começar, vamos dançar.

Antes que eu pudesse protestar, ele colocou uma música no celular, o som preenchendo o ambiente de forma leve e descontraída. Ele me puxou para perto, e logo estávamos girando pela sala. Eu não era o melhor dançarino, mas com Charles, tudo parecia fluir naturalmente. Ele me guiava com segurança, e cada movimento era repleto de risos.

— Você está péssimo nisso — ele provocou, tentando segurar o riso.

— Ei! Estou fazendo o meu melhor! — rebati, rindo ainda mais, sem me importar em como nossos passos eram desajeitados. O que importava era a sensação de estarmos juntos, rindo como dois adolescentes, completamente imersos no momento.

A cada passo errado, a cada vez que eu tropeçava nos meus próprios pés, Charles gargalhava, e eu o acompanhava. Não era apenas a dança, mas o simples fato de estarmos ali, celebrando nossa nova vida, de um jeito tão nosso. A alegria dele era como uma corrente que passava por mim, enchendo meu coração de leveza.

— Eu nunca vou esquecer essa noite — murmurei, segurando sua mão com mais firmeza.

— Nem eu — ele respondeu, com um sorriso suave, me puxando para mais perto. — Acho que vamos fazer muitas memórias como essa na nossa nova casa.

E assim continuamos, rindo e comemorando, sem pressa, sem preocupações, apenas nós dois e o mundo que estávamos prestes a construir juntos.

A dança improvisada continuou, e cada vez que olhava para Charles, seu sorriso fazia meu coração disparar. Ele tinha essa capacidade de me fazer esquecer qualquer preocupação, e naquele momento, tudo o que importava era a alegria que compartilhávamos.

Eventualmente, a música foi ficando mais lenta, e nossos movimentos acompanharam o ritmo. Não era mais sobre acertar os passos ou rir das nossas trapalhadas, mas sobre simplesmente estar juntos, de uma forma silenciosa e íntima. Ele me puxou para perto, e eu deixei minha cabeça descansar em seu ombro, sentindo o calor de sua pele e o conforto de sua presença.

— Obrigado por sempre me surpreender — murmurei, minha voz baixa, quase como se estivesse sussurrando um segredo.

— Eu só quero que você seja feliz — ele respondeu, sua voz tão suave que parecia estar sendo absorvida pelo ar ao nosso redor. — Cada momento, cada escolha... é tudo pra te ver sorrir.

Fiquei em silêncio por um momento, absorvendo suas palavras e o peso que elas carregavam. Ele era minha âncora, a pessoa que tornava tudo mais fácil, mais leve. E, de alguma forma, soube que a partir daquele momento, nossa vida juntos seria marcada por essa mesma sensação de pertencimento, de apoio incondicional.

A música parou, mas continuamos abraçados por mais alguns segundos, como se nenhum de nós quisesse deixar aquele instante escapar. Quando finalmente nos afastamos, Charles segurou meu rosto com delicadeza, seus olhos encontrando os meus.

— Essa é só a primeira de muitas celebrações — ele disse, com aquele brilho familiar nos olhos que me fazia sentir como se estivesse caindo de amores por ele mais uma vez.

Sorri, sentindo meu coração se encher de uma mistura de gratidão e amor. Com ele, eu sabia que qualquer caminho que seguíssemos seria preenchido de momentos como esse — de riso, carinho e uma conexão que só nós dois compreendíamos.

— E eu mal posso esperar por cada uma delas — respondi, sinceramente.

Charles sorriu de volta, e com um último beijo suave, ele selou aquele momento, como se fosse o início de uma nova fase em nossas vidas. Uma fase que prometia ser cheia de surpresas, alegria e, acima de tudo, amor.

Enquanto nos preparávamos para encarar o que viria a seguir, senti uma paz tomar conta de mim. Nós estávamos prontos para o que viesse — juntos. E isso era tudo o que eu precisava.

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Gostaram?

Até a próxima 😘

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