Russo
A igreja era tinha aquele ar de velha, úmida e obviamente sinistra como Bella disse que seria. Bella estacionou o carro na lateral da igreja e saímos para o ar pesado e quente como sempre era perto da praia.
- Só estou dizendo que se você não dormiu com Luana ou comigo é provável que você esteja escondendo algo.
- Jura? - perguntou Bella escondendo uma risada enquanto saia do carro. Era realmente estranho nem eu ou Luana saber do paradeiro da Bella, mas isso fazia de mim uma o que exatamente? A palavra amante gritava em minha mente, eu não tinha nada com Bella isso era absurdo, apaguei aquela ideia da mente, éramos parceiras, isso me dava certo direito de querer saber onde ela estava. Certo?
- Ok. Essa igreja é realmente sinistra.
- Será que vamos encontrar algo? - disse olhando para igreja junto com Bella.
- Não sei. Bem vamos entrar. - Bella foi em direção a igreja e eu acelerei o passo para acompanhar o passo.
- Só estou dizendo que se você tiver um problema pode desabafar comigo.
- Ok. já chega. - Bella encostou suas mãos em meu braço me forçando a parar. - Nós brigamos ontem e eu não conseguia te deixar sozinha, mas também não queria ficar por perto com toda aquela energia negativa rondando, então eu dormi no estacionamento dentro do meu carro.
- Para me proteger? -disse com um sorriso no rosto.
- Não olhe com esse olhar de cão agradecido, pelo visto fiz um péssimo trabalho.
- Bem eu estou viva não estou?
- Não graças a mim. - Bella abriu a enorme porta de madeira da igreja que estava encostada, fazendo um enorme barulho causado pelo eco da igreja e isso encerrou nosso assunto.
Algumas pessoas estavam sentadas em bancos, alguns olharam para ver o motivo do barulho, mas logo perderam o interesse, outros continuaram rezando, ou fazendo o que eles estavam fazendo que eu não saberia dizer o que é.
- Por onde começamos? - sussurrou Bella.
- Pelos fundos? - disse encolhendo os ombros em dúvida.
Atravessamos todo o corredor da igreja até o palco a frente e entramos em uma porta lateral de madeira um pouco menos maciça que a da frente.
- Posso ajudar? - disse um menino de aparentemente uns 15 anos vestido com aquelas roupas de coral.
O que eu poderia dizer?
- Polícia investigativa, sou Bella e ela é a Liatris, podemos conversar com o responsável? - disse Bella naturalmente mostrando um distintivo como se estivéssemos em uma casa de um suspeito.
- Claro. Por aqui. - disse o menino ainda um pouco perdido com as palavras de Bella.
Eu a encarei abismada com sua naturalidade, ela encolheu os ombros como se não conseguisse evitar.
Entramos em uma espécie de sala toda de madeira e pedra, com um traço ou outro de modernidade. Sentado atrás de uma mesa de mogno estava um senhor, também usando vestido e uma faixa roxa nos ombros, nos olhava sério através de seus óculos de meia lua.
- Bom dia, meu nome é Padre Thomas. Em que posso ajudar oficiais? - disse o senhor com sua voz rouca.
- Na verdade estamos seguindo um palpite. - disse Bella me encarando com um olhar implorativo.
Eu pigarriei e o encarei pensando por onde começar.
- Bem estamos atrás de um possível assassino, nossa última pista nos levou até aqui. - disse escondendo a parte em que a única ligação de um criminoso com a igreja seria uma peça de xadrez e visto que o assassino já estava na cadeia, estávamos mais perdidos do que procurando algo na verdade.
- Estão dizendo que a igreja esconde um assassino? - disse o padre como se estivesse acabado de levar um soco no rosto.
- Na verdade, como a Liatris disse, só estamos seguindo uma pista, se talvez pudéssemos olhar em volta? - Bella encarava o padre com uma confiança aparentemente inabalável, uau! Ela era boa.
- Pois bem, vou pedir para José acompanha-las. - disse o padre depois de um tempo, que pareceu uma eternidade, nos encarando ainda incrédulo.
- Agradecemos. - Bella deu meia volta em direção à saída me levando junto e eu estava a ponto de perguntar algo quando o provável José, o menino de 15 anos com roupa de coral, apareceu em nosso encalço. Nós ouvimos o padre chama-lo como se tivesse adivinhado seu recém-surgimento, ouvimos uns sussurros ao lado de dentro da sala e então ele surgiu novamente a nossa frente.
- Parece que vou ser o guia turístico de vocês hoje. - disse ele com uma felicidade fora do normal em sua expressão, talvez não houvesse muito que fazer no lugar.
- Bom aqui estamos na secretaria, onde o padre fica a maior parte do tempo quando não está no púlpito. - começou José apontando para onde estávamos.
Nós confirmamos com a cabeça e o seguimos pelo corredor indo mais para o fundo da igreja. Aquele lugar era úmido, frio e assustador, por instinto eu apoiei a mão direita na arma que estava a minha cintura, mas logo relaxei ao entrar em uma iluminada cozinha, onde duas senhoras de uns 70 anos cozinhavam.
- Essa é a cozinha, a Irmã Lorraine e a Irmã Catarina cozinha para nós e também são incumbidas de preparar a ceia. - disse o rapaz ainda com empolgação. As duas senhoras sorriram timidamente para nós e continuaram seu serviço.
- Exatamente o que estamos procurando? - sussurrou Bella enquanto continuávamos corredor à frente.
- Eu saberei quando vir. - sussurrei em resposta, sem muita certeza do que dizia, Bella pareceu relaxar com minha resposta.
-Bem, aqui são os dormitórios de visitas, recebemos visitas de bispos e outros padres e eles dormem aqui. - José nos olhou com dúvida do que fazer a seguir, porém continuou.
- Este é o quarto um. - ele abriu uma porta que dava para uma pequena suíte composta por um guarda roupa minúsculo uma cama de solteiro e um criado mudo, Bella foi checar o banheiro e voltou com cara de séria.
O menino perdeu um pouco da sua dúvida e resolveu que continuar mostrando era o que queríamos então nos direcionou para a segunda porta.
- Este é o quarto dois. - dessa vez ele quem entrou no quarto.
- Exatamente o que você espera ver? - perguntou Bella ainda em dúvida sobre eu realmente saber de algo, ela nunca duvidou de mim antes, o que comprovava meu medo, estávamos mudando uma com a outra, talvez fosse seu namoro.
- Este é o quarto três. - José fez uma encenação com os braços um tanto quanto ridícula agora.
- Achei que nunca duvidava de mim. - encarei Bella.
- Na verdade duvido de você o tempo todo.
- Jura? Por que o que parece é que seu namoro é quem anda mudando nosso relacionamento.
- Este é o quarto quatro. - O garoto parecia ignorar nossos sussurros.
- Agora temos um relacionamento? - Bella estava carrancuda e com seu mau humor de volta, estava demorando.
- Digo relacionamento profissional. - a encarei furiosa.
- Este é o quarto cinco,
- Olha. Não quero brigar, mas esse caso está transformando você, está diferente Lia.
- Este é o quarto seis, como podem ver mais do mesmo. - José parecia entediado.
- Olha não estou diferente por causa do caso, talvez eu ainda fosse eu mesmo se você não estivesse enfiado sua língua na minha boca.
A porta do quarto seis foi ligeiramente batida depois da minha
frase que tinha crescido de um sussurro para quase um gritinho. Bella estava me olhando atônita e pela minha visão periférica vi o José abrir levemente a boca também, ambos se recuperaram rápido porque José começou a pigarrear e andou nos ultrapassando e Bella sorria maliciosamente agora para mim.
- Não me lembro de ter me interrompido na época.
- Este é o quarto sete. - disse José com a voz um pouco mais alta já que dessa vez continuamos paradas ao invés de segui-lo pelo corredor.
- Acho que está bem por enquanto José, pode nos mostrar o restante? - disse ignorando minha voz trêmula.
- Acho que vocês realmente precisam continuar. - respondeu José com sua voz sumindo de preocupação pelas palavras que acabara de dizer. Porém, foi o suficiente para eu e Bella nos virarmos com pontos de interrogações em nossas sobrancelhas, nossas expressões deve ter sido o motivo para ele continuar a falar.
- Um rapaz veio aqui no começo da minha ronda e disse que talvez duas mulheres viriam aqui e que era para eu mostrar o quarto sete para vocês.
- E você não achou que deveria começar por ele? - respondeu Bella com a voz grave saindo por entre os dentes.
- Pensei que se vocês vissem por si só me evitaria problemas, assim não precisaria contar sobre o rapaz.
Eu olhei preocupada para o rosto perturbado do menino.
- O que ele fez a você? - sussurrei em sua direção
O menino levantou seu traje mostrando um faixa enrolando no seu tornozelo suja de sangue, o que significa que ele devia ter um grande machucado recente na área.
- Por favor não contem para o padre Thomas, se ele souber que eu deixei um estranho invadir a igreja e não reportei eu voltaria para minha família e eles cuidam de porcos, teria que matar animais e eles gritam a beça.
- O que exatamente aconteceu? Conte-nos tudo. - Disse Bella puxando um caderninho de anotações enquanto eu abria a porta sete.
Era obviamente mais do mesmo, um quarto com uma cama estreita e uma porta para um banheiro, uma pessoa desatenta com certeza não notaria uma caixinha dourada no criado mudo ao lado da cama. Eu ignorei as vozes de Bella e Pedro ao lado de fora do quarto e inclinei no criado mudo pegando minhas luvas de látex do bolso ao mesmo tempo.
Era uma caixa de bronze, provavelmente pesada, com detalhes em flores douradas formando uma palavra ao meio da tampa do objeto "Ordinem per sex".
Eu sei que estava investigando algo muito maior que mortes de mulheres com minha aparência, mas esse nome era sempre um choque de realidade aos olhos.
Eu calcei as luvas e peguei a pequena caixa nas mãos, foi então que eu avistei um bilhete que estava pousado em baixo da caixa.
- O intruso era jovem, aproximadamente 20 anos, chamou o José pelo nome de Russo e chutou o pobre garoto com algo pontudo e obviamente cortante no bico de uma espécie de bota, ele foi cortado quando ameaçou chamar o Padre Thomas. Quem você acha que poderia ser, talvez alguém dera o nome dele errado, José disse que não existe ninguém chamado Russo na igreja?
- "Encryption ad fundum familia membra"
- Saúde.
- Quem quer que tenha entrado aqui deixou essa caixa e um bilhete.
Bella se aproximou olhando mais de perto o bilhete em minhas mãos, mesma letra, mesmo papel.
- O que quer dizer?
- Criptografia feita para membros da quinta família. - disse me arrepiando.
- O que acha que tem na caixa? - Bella se inclinou para caixinha em minhas mãos.
- Seja o que for só da para abrir com uma espécie de senha, veja, está lacrado. - disse inclinando a caixa em direção a Bella ainda mais. - Cada flor dessas abaixo do Ordinem per sex exige uma combinação de letras que no final formam uma palavra.
- E se tentarmos acertar a combinação?
- Demoraria dias, talvez semanas. - eu a olhei desanimada.
- Vamos analisar o quarto talvez possa haver alguma digital? - Bella estava descrente antes de terminar a frase.
- Eu duvido que tenha. Pede para Júlia vir até aqui? Estou curiosa sobre a senha. Talvez meu pai...
Meu sangue esfriou e a sala ficou negra, meus pensamentos foram a mil para a única peça obvia do recente quebra cabeça que um estranho me deu.
- Lia, você está bem? - Bella me segurou tomando cuidado para não encostar-se às evidências em minhas mãos.
- Do que exatamente o intruso te chamou? - disse virando para garoto que até então tentava desaparecer na sala.
- Russo, senhora.
- Você conhece alguém chamado Russo? - Bella apertou ainda mais meus braços, embora imperceptivelmente.
- Talvez. - Bella abriu um grande ponto de interrogação em sua expressão então resolvi colocar meus pensamentos para fora. - No dia em que fomos visitar meu pai.
- Qual das vezes?
- A última, enquanto meu pai contava a história dos Ordinem per sex, ele comentou sobre um cachorro que tínhamos quando eu era criança, eu estranhei quando ele falou, pois ele nunca foi alguém que falasse algo sem um objetivo.
- O que isso tem haver Lia?
- O nome dele era Russo. - Bella parou por um momento assimilando as informações.
- Você acha que talvez seja coincidência?
- Talvez. Se elas existissem.
Bella pareceu em dúvida por um segundo.
- Você quer perguntar para o seu pai?
- Ele já disse o que tinha para dizer, talvez ele soubesse que precisaríamos dessa senha.
- O que está esperando? Forme logo a maldita palavra. - Bella estava obviamente impaciente.
- Não sei. Parece muito fácil. - eu rolei os mecanismos um por um, formando a palavra Russo e esperei.
- E então? - Bella se aproximou ainda mais.
- Nada. - disse abandonando a caixa no criado mudo.
- Então seu pai estava errado?
- Talvez devêssemos perguntar isso a ele. - disse ignorando Bella.
- Seu pai?
- Não. Russo. - disse pegando a caixa novamente nas mãos.
- Aonde vamos com a evidência?
- Atrás dos restos mortais do meu cachorro. - disse me encaminhando a porta.
Minha antiga casa não era mais a mesma, não havia pássaros em cima do telhado, a enorme janela em formato de meia lua que iluminava toda sala não era mais tão brilhante que ardiam os olhos e as arvores do jardim tinham uma aparência obvia de maus tratos e não tinham mais aquela vivacidade que minha mãe tentara por anos vivenciar em seus quadros de pintura, era mais que obvio que ninguém vivia ali há muito tempo, talvez minhas lembranças infantis eram surreais, mas definitivamente não era assim que eu lembrava da minha antiga casa. O céu era de um negro opaco anunciando uma repentina chuva e o vento do noroeste que batia com violência nas arvores poderia ser o maior influenciador dessa aparência macabra que a casa transmitia agora.
- Parece que ninguém mora aqui desde sua família.
Bella me ajudou a descarregar do carro uma pá recém comprada no mercado de utilidades próximo a igreja antiga e sacos plásticos preto.
- Então, onde você enterrou Rufus?
- É Russo. - eu olhei furiosa para Bella que fingiu não perceber a minha ligeira irritação. - e meu pai enterrou embaixo do pé de laranjeira.
- Por que enterrar o cachorro afinal, você não deveria queimá-lo ou mandar alguém vir buscar sei lá?
- Está preocupada que o cachorro venha te assombrar por perturbar seu túmulo? - senti uma ironia ácida na voz, mas Bella andava merecendo.
- Não. Só estou dizendo que é uma situação meio macabra enterrar coisas mortas no quintal, sei lá, só estou dizendo.
- Bom, de qualquer forma meu pai insistiu. - Minha voz sumiu conforme a realidade daquele fato ia reaparecendo em minha mente. Minha mãe objetivou friamente que o cachorro deveria ser entregue a alguém para se desfazer apropriadamente dele, mas meu pai insistiu que queria que ele ficasse no quintal, parece ridículo, mas acredito que ele tinha planos para Russo de alguma forma.
- Tudo bem enterrar ele por aqui, mas com laranjas podres caindo em cima dele é mancada. - Bella afastou umas laranjas de uma lápide feita toscamente com madeira e deu batidinhas para verificar a solidez da madeira ou coisa do tipo, a madeira, que devia já estar podre, rachou no meio.
- "ô, ou"! Isso não parece um bom sinal. - Bella olhava para mim e para a madeira com cara de criança que acabou de aprontar.
- Deveríamos ter comprado duas pás, parece que vai chover mais rápido do que eu pensei. - eu estava me preparando para pegar a pá das mãos de Bella quando ela começou a cavar.
- Espero que o Russo não se importe com a exumação.
- É por um bem maior, disse encarando a caixa criptografada em minhas mãos.
Passaram alguns minutos quando avistei alguém lutando contra o vento para chegar até nós.
- Acabei de vir da igreja, encontrei uma digital parcial já mandei para o laboratório para procurarem no banco de dados uma identidade, de resto não havia mais nada. - Julia gritava para ser ouvida enquanto segurava os cabelos na esperança de mantê-los quietos, o vento estava aumentando a cada segundo.
- Duvido que encontrem alguém no banco de dados, mas vale à tentativa.
- O que estamos fazendo aqui afinal? - Julia olhava para mim e para Bella que não parou de cavar para encará-la em nenhum momento.
- Longa história. - disse encarando a caixinha em minhas mãos.
- Versão curta, Lia recebeu uma caixinha dos "loucos per sex" e agora
estamos desenterrando seu cachorro chamado Rulio ou coisa assim.
- Russo. - disse friamente para Bella.
- Isso em suas mãos é uma evidência? - Julia parecia desesperada apontando seus dedos longos e vacilantes em direção a caixinha.
- Parem de exagero, para começar não era uma cena de crime o que descarta isto como evidência e precisamos do Russo para descobrir o que tem dentro.
Julia parecia mais que incrédula, eu diria que sua expressão estava mais para angustiada, até que ela abanou a cabeça e resmungou algo impossível de ouvir por causa do vento.
- Eureka! - gritou Bella, e eu e Julia nos aproximamos do buraco recém cavado no momento em que Bella tirou do bolso sua inseparável lanterna.
- O que é isso? - Júlia se aproximou um pouco mais da cova.
- Não sei, parece uma caixa. - disse abandonando a minha caixinha no chão para pegar a caixa recém descoberta embaixo da terra.
- Ótimo, mais uma caixa. - Bella cravou a pá no terreno ao lado da cova e enxugou a testa com o antebraço.
Eu peguei a caixa grande de madeira bruta, bonita demais para ser enterrada, tinha uma escrita floreada na tampa, eu passei a mão para tirar a terra de cima para conseguir ler "Russo daqui para a eternidade".
-Olha só, não conhecia esse lado do seu pai. - Bella se inclinou com a lanterna para conseguir ler a escrita.
Eu abri a tampa mais pesada do que eu imaginava e nesse instante começou a cair uma chuva torrencial, daquelas com gotas grossas que chegavam a machucar quando entrava em contato com a pele exposta.
- Vamos entrar no carro, venham depressa! - Bella agitava as mãos depois de abandonar a pá para ir a passos largos em direção do carro e abrir a porta do carro para mim.
No conforto do carro com a chuva batendo bruscamente no vidro do carro a caixa parecia ainda mais pavorosa. Eu a abri com uma lentidão cinematográfica e encarei o interior com assombro. Dentro havia um pedaço de pano que eu reconheceria em qualquer outra vida que eu pudesse ter,era uma fralda de pano que eu costumava arrastar por toda casa e só dormia com ela sob o nariz, era uma briga para minha mãe conseguir lavá-la. Ao lado do pedaço de pano havia um quadro com uma fotografia minha, do meu pai e minha mãe, minha mãe estava sorridente como sempre, eu parecia espantada, mas também sorria e meu pai parecia que estavam arrancando seu dente e ao mesmo tempo ele quisesse espirrar, ele estava discretamente afastado de nós e parecia querer fugir, ele odiava fotos. Eu fiquei levemente com dó dele se ele era realmente um messore ele tinha realmente culpa de matar? Foi que foi ensinado a ele desde de criança, para ele aquilo não era errado, era só obrigatório. Abanei o pensamento imediatamente com a cabeça e encarei um caderno muito esgarçado no canto da caixa, eu o peguei na mão para examiná-lo melhor.
- Parece com o diário encontrado na casa que Lucas usava. - disse uma voz atrás de mim. Julia.
Eu o abri e encontrei a letra perfeitamente desenhada do meu pai que eu tentara copiar minha infância inteira.
- Parece a letra de Lucas também. - sussurrou Júlia.
- É do meu pai.
- O que diz aí. - Pela minha visão periférica Bella parecia me olhar com curiosidade.
Eu abri o livro para lê-lo.
"Simplesmente não sei o que dizer a você filha. Você estava longe de ser real, mas então sua mãe veio com a notícia e eu chorei, não sei se de felicidade ou desespero por saber que você estaria na minha vida, uma parte de mim multiplicada, será que isso é um erro?"
- O que diz aí? - Bella parecia afobada, eu a ignorei folheando o diário com mais pressa.
"Hoje você deu o primeiro sorriso Liatris, e foi exatamente nesse momento que eu parei de matar, não existe mais a necessidade em mim, não há mais a crença de um mundo eterno, só existe Eu, sua mãe e Você, minha Tris."
- Lia, fala alguma coisa esse silêncio está me matando. - Bella parecia querer pegar o diário das minhas mãos.
- É um diário. - respirei fundo engolindo as lágrimas na minha garganta. - meu pai escreveu um diário, aparentemente para mim.
- Uau. Eu fiquei sabendo que apreenderam vários cadernos de anotações com detalhes e datas dos crimes nas época que prenderam seu pai, mas nada parecido com um diário.
- Ele parecia querer esconder esse. Como ele sabia que eu o veria algum dia? - perguntei a mim mesma.
- Talvez ele não soubesse. - respondeu Julia aos sussurros.
- Talvez.
- Afinal, cadê o Churros?
- Aparentemente ele não enterrou cachorro nenhum, era uma fachada.
- Bem que eu achei estranho. - Bella disse tamborilando os dedos no volante de ansiedade.
Eu folheei o diário até encontrar um título que me atraiu.
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