22 - quando você toma uma decisão

deixa o votinho plis

#jikookbasquete

Narradora

🏀

Busan estava linda naquela tarde, o sol dava o ar da graça e iluminava a cidade em meio às folhas secas que caíam das árvores. As pessoas estavam com pressa para aproveitar ao máximo o dia, e Jimin e Taehyung estavam fazendo isso enquanto tomavam um sorvete perto da clínica onde Park Jaehwan estava.

A ideia foi do jogador que cismou em pagar um sorvete para Jimin que parecia cabisbaixo. Era óbvio que ele estava se sentindo sozinho, e Taehyung se odiava por não conseguir fazer esse sentimento passar.

— Ei. — ele chamou o moreno que olhava para as árvores em volta do lugar. — Quer entrar agora? Seu tio está te esperando a horas.

— Você viu aquele carro ali na frente? — o menor apontou vendo quando Taehyung acompanhou. — É do pai do Jungkook, sei disso porque ele me deu uma carona uma vez.

— Eu achei bem parecido, só que não sabia que poderia ser ele.

— Mas é. — o menor deu os ombros. — Poderia ir até lá e acabar com a conversa deles, mas não quero atrapalhar. Acho que podemos esperar aqui fora.

— Jungkook pediu para não dormimos aqui, se esperarmos vai anoitecer. — ele falou parecendo desinteressado.

— Tem algum problema em ficar caso necessário? Se você quiser pode ir mais tarde, posso ficar sozinho sem problema.

— Não. — ele revirou os olhos voltando a atenção para o sorvete. — Vamos dormir abraçadinhos e mandar pack de fotos para o capitão.

Jimin sorriu grande e voltou a atenção para o sorvete, vez ou outra olhando para a clínica. Queria contar para o seu tio que a sua avó havia se tornado uma estrelinha, pois ele mais do que ninguém sabia como era viver sozinho.

— Seu cabelo está incrível — ele ouviu Taehyung comentar, e quis sorrir por ver o jogador tentando animá-lo. — Sério, você ficou muito bem com essa cor, e esse corte ficou bem legal.

— Obrigado. — Jimin o olhou por um instante. — O seu está ondulado e grande, combina com você.

— Tudo combina comigo porque eu sou incrivelmente lindo. — ele sorriu quadrado um tanto convencido. — Mas obrigado.

O silêncio se instalou e ambos continuaram de pé tomando o sorvete. O barulho das árvores dava uma falsa sensação de tranquilidade, e o clima realmente estava agradável para uma caminhada.

— Sabe, a gente pode sair daqui e ir andar um pouco depois. — Taehyung ofereceu parecendo pensar descontraído. — Certeza que vamos dormir por aqui essa noite.

— Veremos isso quando sairmos, agora eu não consigo parar de pensar no que eles estão fazendo.

— O seu tio e o pai do Guk? — ele viu Jimin confirmar ainda pensativo. — Devem estar se beijando agora, imagina que reviravolta.

— Por Deus, Taehyung! Não brinca com isso, ele é casado.

— Se quer tanto descobrir vamos até lá, poxa. A gente entra e finge surpresa se ver alguma coisa constrangedora.

O atual moreno sorriu por achar aquilo uma péssima ideia e suspirou alto tentando descobrir o que fazer.

— Vamos esperar só mais uns dez minutos, se o senhor Jeon não sair, a gente entra.

— De boa. — Taehyung concordou sabendo que possivelmente aquela viagem traria revelações inesquecíveis.

[...]

Jungkook estava uma pilha de nervos, andava de um lado para o outro enquanto segurava sua inseparável bola de basquete, parecia que iria entrar em colapso a qualquer instante.

Ele havia decidido conversar com a sua avó pessoalmente. Sabia que precisava do apoio dela para qualquer decisão que fosse tomar sobre Jimin, e era por isso que seu coração parecia que ia parar a qualquer instante. E se ela não gostasse da ideia? Jungkook nunca havia conversado com ninguém sobre isso.

A casa da jovem senhora era simples e acolhedora, o cheiro de bolo de laranja fazia o jogador querer ficar ali para sempre. Era completamente diferente do seu lar, ele conseguia se sentir totalmente em casa apesar de todo nervosismo.

— Meu neto. — a voz da senhora fez o garoto quase saltar pelo susto, ele estava definitivamente com medo. — Que milagre você por aqui, aceita uma xícara de café?

— Não sou o professor Girafales, vovó, só quero conversar — ele abriu um sorriso.

Com a fala do neto a senhora gargalhou sabendo que para ele estar ali na sua frente, com certeza algo sério havia acontecido. Ela estava muito curiosa, embora já tivesse imaginado o assunto desde que o filho lhe contou.

— Sente-se então, quero muito saber o que você tem a dizer.

O rapaz balançou a cabeça e se jogou desajeitadamente no sofá, sem se preocupar com cerimônias. Ele colocou a bola de lado e passou as palmas das mãos suadas nas coxas, esfregou parecendo agitado e olhou para a avó que estava com uma expressão confusa logo que nunca havia pensado em ver o neto tão inquieto. Era novo para ela vê-lo tão chateado, ele sempre estava tão confiante, por ser assim, algo sério devia ter acontecido.

— Eu estou gostando de uma pessoa.

A senhora Jeon arqueou a sobrancelha com a revelação, seus lábios foram prensados para que não sorrisse, não queria que ele parasse de contar por vergonha, e então deixou que ele continuasse.

— Eu gosto muito de alguém, e eu queria que a senhora soubesse.

— Oh, meu neto — ela sorriu pequeno suspirando por estar aliviada. — Eu fico muito feliz, quero tanto conhecê-la.

Jungkook engoliu a seco.

Seus olhos passeavam pelo ambiente e ele podia sentir seu coração bater tão rápido que se perguntava se iria ter um ataque cardíaco. Não tinha outra forma de contar, ele precisava ser direto.

— Conhecê-lo — ele a corrigiu. — A senhora precisa conhecê-lo.

Por um instante ela deixou o sorriso morrer já que não havia entendido, porém não demorou muito para que pudesse lembrar, afinal, seu filho havia dito que algo estranho estava acontecendo.

— É um garoto? — sua voz era tranquila.

— Sim. — ele foi rápido em responder.

Ela arrumou a postura no sofá e olhou para os próprios dedos tentando digerir o que foi dito. Lembrou na hora de tudo o que o próprio marido havia feito para afastar o pai de Jungkook de uma paixão adolescente, ela nunca havia concordado com aquilo. E por ironia do destino, a história se repetia.

— Como ele se chama? — ela o surpreendeu com a pergunta.

— Park Jimin.

— Entendo. — ela foi rápida em voltar a observá-lo, não queria deixá-lo mais assustado do que já estava. —  Estou feliz que tenha vindo até aqui me contar.

— A senhora não está brava? — o jogador mordeu o lábio inferior. — Queria ter vindo antes, mas com o lance do acidente eu fiquei de molho em casa.

— Claro que não estou brava, eu estou feliz e orgulhosa por você ter tido a coragem de me contar, meu neto. Estou feliz por vocês dois, muito mesmo.

O sorriso que ela lhe deu fez seus olhos se encherem de lágrimas, a aceitação tinha um gosto doce e ele nunca tinha sentido antes. Seus pais nunca aprovaram nada do que ele fez, todas as suas escolhas foram tratadas como nada, e ser capaz de falar abertamente que estava apaixonado por Jimin sem sofrer represálias foi definitivamente a melhor coisa que ele já sentiu.

— Sério? A senhora não quer me bater ou gritar comigo?

— Claro que não, isso jamais aconteceria — ela o tranquilizou. — Você tem direito de amar quem quiser, Jungkook, você sempre foi um garoto tão esforçado e inteligente. Merece ser feliz e eu estarei sempre torcendo por você, estarei ao seu lado para o que precisar.

— Pois eu preciso que esteja do meu lado agora. — ele respirou fundo para não chorar. — Quero minha emancipação, e acredito que eu deva vir morar com a senhora.

A avó nem ao menos ficou surpresa com a atitude.

— Você me contou que está gostando de alguém, mas eu quero que me fale mais sobre esse sentimento, meu menino. Não quero ter dúvidas sobre o que você sente, você falou isso para os seus pais?

— Sempre que eu falo para eles sobre isso, eles fingem que não escutam e acham que eu tenho dúvidas, mas eu não tenho. Ele é a melhor coisa que já me aconteceu, vovó. É o meu serendipity, tanto que marquei a minha pele com essa palavra, porque em meu coração ele já está marcado. Eu realmente o amo, e eu demorei muito para poder falar isso pois não conhecia esse sentimento. Tudo que eu conheci foi dor, manipulação, coisas artificiais e pela primeira vez eu sinto algo por alguém, algo bom, algo que eu sinto que vai durar por muito tempo. Então vim aqui para te pedir para ficar do meu lado, eu preciso dele vovó, eu o quero, e quero lutar por ele.

A senhora Jeon piscou tentando afastar as lágrimas, mas não conseguiu. Estava orgulhosa, porém mais do que isso, estava completamente apaixonada por ver seu neto tão determinado e forte. Ele cresceu bem, ela pensou. Mesmo em meio a tanto desamor, ele se tornou um jovem bonito e cheio de qualidades.

— Tenha uma conversa séria com os seus pais sobre isso, sobre o que você sente. Se você achar que eles não vão te aceitar, arrume as suas roupas e venha para a sua segunda casa. Nunca te deixarei sozinho, cuidarei de você como eu sempre quis fazer. — ela revelou buscando as mãos do neto para fazê-lo um carinho. — Quero conhecê-lo, meu menino. Traga-o aqui assim que puder, sempre quis um segundo neto e estou bastante feliz por ter mais um membro na família.

— Não sei se eles vão aceitar a emancipação, acho que podem tentar me levar para longe. — ela revelou o seu medo. — Não irei para lugar nenhum, estou logo avisando.

— Ameace ele em meu nome. — ela ordenou. — Se ele disser que não aceita, você pode dizer que eu tomarei tudo o que eles têm. A empresa que o pai dele deixou para ele pode estar no nome dele, mas a esposa no papel ainda sou eu, mesmo após a sua morte. Diga-lhe que é para assinar os papéis que te deixam livre, se recusarem, abro um processo e te passo todos os bens de seu falecido avô.

— Nunca duvidei disso. — Jungkook sorriu grande. — Espero que não chegue a isso, mas qualquer coisa te ligo, certo?

— Certo. — respondeu ela ao vê-lo deixar dois beijos em suas mãos. — Quero saber tudo depois, sobre aquele Park Jimin. Ele é bonito?

— Ele é a pessoa mais linda que já conheci.

— Tenho certeza que sim. — com um belo sorriso, ela apertou suas mãos mais uma vez. — Iremos lutar juntos, e no fim tudo dará certo, você verá.

[...]

Taehyung estava surtando só de pensar na possibilidade de ver o pai do Jungkook, com o tio do Jimin juntos dentro daquele quarto.

Havia se passado os dez minutos, então decidiram entrar, porém, Jimin o pediu descrição. Sem surto, ou então o pai de Jungkook o odiaria mais do que já odeia, e o jogador concordou. Mesmo que soubesse que se ele tentasse falar bosta ele ganharia um belo hematoma no olho ele prometeu, afinal, ele não deixaria o pai do seu amigo falar merda para o Jimin gratuitamente.

Os passos pelo corredor eram rápidos, ambos pregaram o cartão de visita e estavam indo até o quarto do único parente vivo do menor, ele estava um tanto nervoso, mas apenas por saber que o Jeon estava presente, ele nem ao menos conseguia imaginar o porquê.

Quando chegaram na porta, Taehyung fez questão de bater antes de segurar na maçaneta e abrir, e quando o fez, encontrou o Park sentado na cama, e o Jeon na cadeira, de frente para ele, tão próximo que Jimin jurou que eles estavam fazendo algo antes de entrarem.

De cara o Jeon afastou a cadeira para trás quando os viu, Taehyung deu um sorrisinho sarcástico e Jimin lhe deu uma tapa para que ele tentasse disfarçar melhor.

— Meu sobrinho — o homem na cama sorriu grande deixando seus olhos se fecharem completamente. — Estava te esperando. — suas mãos chamaram o garoto, e ele foi até onde seu tio estava sem se importar com Jeon, e sentou-se ao seu lado para abraçá-lo.

— Desculpe não ter vindo antes — ele o abraçou mais forte. — Aconteceu algumas coisas, e não deu para vir.

— Está tudo bem, não se desculpe — ele pediu tranquilo enquanto acariciava sua cabeça. — E esse garoto alto e bonito, é o Jungkook?

— Não — Jeon respondeu revirando os olhos.

— Não perguntei a você — o Park mais velho estirou a língua para o empresário e soltou Jimin aos poucos. — É seu amigo?

— Eu sou o Taehyung — o jogador respondeu fechando a porta atrás dele. — Sou amigo dele, o namorado não pôde vir, teve que resolver umas coisas.

— Namorado? — o tio de Jimin olhou para o pai de Jungkook o vendo tão surpreso quanto ele. — Estão namorando? Por que não me contou? Eu estava torcendo para isso acontecer.

— Não estamos ainda — o recém moreno respondeu segurando a mão do tio que o observava. — Provavelmente vamos esperar o ensino médio acabar, está pertinho, estamos no último ano. Mas estamos juntos sim, e felizes.

— Meu casal — Taehyung fingiu um falso choro, e o tio do Jimin sorriu.

— Que bom que vocês têm um ao outro, também tenho novidades que vai gostar — ele se arrumou melhor na cama. — Irei voltar para Seoul, até o próximo fim de semana. Conversei com os meus filhos e eles vão continuar com o time de basquete no Japão, irão me mandar uma pensão generosa por mês, e já devem estar comprando meu apartamento por lá.

— Isso é.. — Jimin pensou um pouco. — Repentino?

— Achei que ficaria mais perto de você assim, sabe, com o lance da sua avó.. — ele o olhou preocupado por um instante.

— Como soube? — ele franziu o cenho. — Vim até aqui apenas para te contar.

— Jeon me contou — ele olhou para seu amor do passado. — Jungkook não dormiu em casa e ele procurou saber a razão — voltou a olhar para o sobrinho. —  Eu sinto muito meu anjo, você não está sozinho, certo? Pode ir morar comigo se não quiser ficar na casa onde morou com a sua vó, pode vendê-la e usar o dinheiro para seus estudos no futuro.

— Posso mesmo? — os olhos de Jimin se encheram de lágrimas. — Não consigo ficar lá, tudo me lembra ela — sua voz quebrada fez Taehyung se aproximar para alisar seu ombro tentando passar conforto.

— Claro que pode, iremos ficar bem. Já passei muito tempo aqui, está na hora de recomeçar a minha vida, não acha?

— Acho — Jimin sorriu afastando as lágrimas. — Então fim de semana, não é? Irei arrumar tudo.

— Prepare tudo e aguarde a minha ligação, assim que chegar em Seoul, nós nos mudamos.

— Obrigado — ele se curvou ainda sentado, emocionado demais para tentar formular uma frase.

— Agora a pergunta que não quer calar — Taehyung começou e olhou para o pai de Jungkook. — Está fazendo o quê aqui?

— Desde quando eu te devo satisfação, moleque? — sua fala raivosa de sempre fez Jimin se encolher ainda próximo ao tio.

— Ele veio me convencer a voltar para Seoul, e conseguiu. Não queria ir no início, mas quando soube de sua avó, pensei melhor. Ficarei até quando precisar de mim, certo? — Jimin concordou.

— Hum — Taehyung pareceu desconfiado ainda o olhando. — E queria que ele fosse para Seoul, fazer o quê?

— Taehyung! — Jimin se virou para olhá-lo. — Não é da nossa conta.

— É da conta do meu homem, Jungkook deve querer saber.

— Ele é o meu filho, não sou eu que sou filho dele. O que faço ou deixo de fazer, ele não precisa saber — o homem mais velho sorriu sem humor.

— Ele quer tentar voltar comigo — fazendo todos se surpreenderem, o tio do Jimin falou tranquilamente. — Quer deixar a esposa e recomeçar também.

— Jaehwan! — o homem levou a mão ao rosto completamente envergonhado.

— Não acredito! — Taehyung levou a mão à boca — Você é GAY? — ele gritou a última palavra. — Não, não pode ser. Não pode ser porque você julga o seu filho por isso todos os dias, eu me recuso a acreditar que você é hipócrita a esse nível, não, eu não aceito isso.

— Você não precisa aceitar — o empresário disse confiante.

— E você não precisa aceitar o Jungkook, seu monte de bosta. Passou a porra desses meses todos tentando separar ele do Jimin, fez um inferno com o Chanyeol e Taemin, ameaçou o Jimin, contou para a avó dele que ele gostava do seu filho achando que ela não iria aceitá-lo, fez Jungkook com a perna toda fodida dormir no quintal porque dentro da sua casa tinha câmeras e ele queria dormir com o cara que ele gosta. E aí agora você vem com "não precisa aceitar"? Fora que queria levar ele para outro país, igualzinho o seu pai, igual! E eu tenho que ficar calado e achar bonito vocês dois? — o jogador andava de um lado para o outro completamente nervoso. — Vá se foder, ele passou três anos negando a porra do sentimento, por quê? Porque a porcaria do pai queria que ele fosse artificial, o hétero que pegava três mulheres por dia, nunca o apoiou em nada, nunca chegou para ele e disse que tudo iria ficar bem. Criou o filho como se ele não precisasse amar, como se o amor fosse errado, e agora está aqui se fazendo de coitado, querendo uma relação feliz depois de quase ter destruído o Jungkook. Parabéns seu bosta, quer um prêmio?

Jaehwan olhou para Jeon em silêncio, parecia surpreso com tudo o que havia escutado. Jimin ficou de pé e foi até o Taehyung, o abraçando para que ficasse calmo. O jogador retribuiu, relaxou sob o ombro do menor e deixou ser acalentado por ele. Ele estava farto. Estava cansado, queria que Jungkook saísse de dentro daquela casa, queria que ele iniciasse o seu próprio rumo, sem aquele idiota, sem o homem que deveria amá-lo a todo custo, mas que escolheu pisar em cima de suas feridas como se ele fosse um completo estranho, como se ele não fosse ninguém.

— Fica calmo, por favor — a voz do Jimin era serena em seu ouvido. — Obrigado por defender nós dois, tete, vamos ficar bem — ele voltou a olhar nos olhos do amigo e ele parecia mais tranquilo após sua constatação.

— Sabe, eu consigo entender a parte onde você sofreu por estar longe de mim — o tio do Jimin falou para Jeon. — Consigo mesmo, até porque eu sofri tanto quanto você. Mas o que não me entra, é você fazer a mesma coisa com o seu filho, de verdade, chega a ser cruel.

— Você não tem ideia do que eu passei por anos na minha adolescência, não tem ideia de como foi me afastar de você, de tudo o que aquele homem me fez passar.

— E fazer o mesmo com o seu filho te faz melhor que ele? — o Park mais velho perguntou. — Você deveria aprender a amá-lo, a protegê-lo, a apoiá-lo como você gostaria que tivessem feito com você, não repetir o mesmo.

— É fácil falar, não acha? — seus olhos marejados atingiram Jimin em cheio. — Eu me vejo nele todos os dias e o vejo ter tudo o que eu não tive, algo chamado liberdade, sabe o que é isso?

— Você deveria conversar com ele — mais uma vez Jaehwan tentou ajudá-lo. — Contar-lhe o que você passou, explicar o que aconteceu com a gente e o porquê de você ter feito tudo isso. Diga-lhe que você não fará mais isso, lhe dará segurança, Jeon. Só assim acreditarei na sua mudança.

O pai do Jungkook foi rápido em ficar de pé depois daquelas palavras, ele não parecia querer ouvir mais coisas sobre o assunto, e foi por isso que saiu sem dizer absolutamente nada, deixando-os sozinhos sem nenhuma explicação.

Taehyung suspirou ainda chateado, tinha certeza que se ele conversasse com Jungkook nada bom sairia daquilo. Já Jimin via esperança no pedido do seu tio, ele acreditava em mudanças, afinal, acreditou na de Jungkook e foi a melhor coisa que havia feito. Por que não acredita no pai, então? Ele poderia ser alguém melhor, não é? Realmente precisava ser.

— Desculpem por isso — o Park falou um tanto tristonho. — Quero acreditar que ele fará a coisa certa, mas não sei se isso irá acontecer.

— Está tudo bem — Jimin voltou a sentar ao seu lado tomando suas mãos. — Jungkook e eu estamos bem e não iremos nos separar, nem mesmo se o pai dele surtar.

— Espero que sejam fortes — ele pediu agora sorrindo pequeno. — Fiquem comigo mais um pouco, temos que planejar a nossa moradia em Seoul.

Jimin confirmou e sorriu deixando que o assunto Jeon morresse, talvez só o tempo fosse responder se ele mudaria ou não, e não cabia a ele ficar apressando atitudes. Taehyung sentou na cadeira e ouviu atentamente a conversa dos dois que pareciam felizes, e em meio a risadas e planos, ele recebeu uma mensagem de Jungkook.

Meu homem:

Cuida bem do meu garoto
ou eu te quebro na porrada. 👨‍❤️‍💋‍👨

Nosso garoto 👨‍❤️‍💋‍👨 ✓✓

[...]


A conversa durou quatro horas, e já havia escurecido quando deixaram a clínica para buscar um hotel em Busan.

Taehyung andava pelas ruas animado dizendo que seria a lua de mel dos dois naquela noite, o que arrancava gargalhadas sinceras de Jimin que por algumas horas havia esquecido a dor da solidão, ele estava com a companhia certa.

Eles caminharam por um tempo, observando restaurantes cheios e praças cercadas de flores de cerejeira, o tempo estava agradável e tranquilo, e Taehyung não soltava a mão de Jimin alegando que ele era muito bonito para andar solto por aí.

Todavia quando chegaram mais à frente próximo a um hotel três estrelas, encontraram o carro do Jeon estacionado dando a entender que o homem estava hospedado naquele lugar. Eles até se olharam em silêncio tentando decidir se era melhor buscarem outro lugar, mas estavam famintos e cansados, não era como se fossem esbarrar nele a qualquer instante, não é?

— Vamos, eu te protejo — Jimin brincou puxando Taehyung ainda segurando sua mão. — Ele não iria falar nada, meu tio quase o ameaçou.

— Eu sei — o jogador deixou com que o menor o puxasse para dentro do hotel. — Só espero que ele nos deixe em paz.

— Ele vai.

Confiante ambos entraram no lugar pedindo um quarto de cara na recepção, quase brigaram porque Jimin queria dois e Taehyung um, porém o jogador ganhou alegando que estava frio e que podiam tirar a roupa igual aconteceu no vestiário com Jungkook. O moreno ficou com tanta vergonha que deu os ombros e deixou com que Taehyung escolhesse, ele parecia irredutível e também gostava da presença dele, não seria nenhum esforço. 

Foi tudo bem rápido, pagaram, pegaram a chave e foram em direção ao elevador discutindo qual lado da cama queriam. Jimin avisou que dormiria no chão e Taehyung perguntou se ele não controlava o pinto, o que arrancou uma gargalhada alta que fez com que os funcionários reclamassem do barulho.

Porém a alegria durou pouco, pois no minuto seguinte que o elevador abriu, puderam ver o pai do Jungkook tão surpreso quanto eles por terem se reencontrado.

O homem agora vestia roupas sociais, diferente de antes, que usava um terno caro, e Jimin se colocou atrás do ombro de Taehyung que firmou a afeição em algo bem assustador, o que não surpreendeu o Jeon.

— Que bom que encontrei vocês antes de irem embora, será que podemos conversar? — foi o que ele perguntou surpreendendo os dois.

— Sobre? — Taehyung segurou a porta de aço esperando que ele falasse.

— É importante e diz respeito ao Jimin.

— Ele não quer, obrigado — Taehyung sorriu cínico e soltou a porta para que ela fechasse.

— Tete — Jimin o chamou. — Vamos ouvi-lo, não sabemos o que ele quer dizer.

— Você gosta de um caso perdido, né? Nossa nunca vi!

O jogador revirou os olhos e segurou a porta antes que ela fechasse completamente, o homem os olhava com expectativa e Jimin foi o primeiro a entrar ainda receoso.

— Nosso quarto é o treze, vamos até lá e nós conversamos. Mas saiba que eu não quero brigas e discussões, vou te ouvir porque apesar de tudo você é o pai do Jungkook, e é apenas por essa razão.

Os três ficaram em silêncio até chegar no primeiro andar, sabiam que a conversa de qualquer modo seria importante tanto para Jimin que esperava que ele entendesse, quanto para o próprio pai do Jungkook que agora estava a um passo de tentar ter uma relação com o homem que amava. O menor odiava que Jungkook não estivesse ali com ele, mas contaria tudo para ele assim que chegasse em Seoul. Esperava ter notícias boas, porque ultimamente só acontecia desgraças para todos os lados.

Assim que as portas de abriram eles andaram pelo corredor até o quarto citado anteriormente, Taehyung estava ansioso, mas Jimin sentia apenas curiosidade. Da última vez que conversaram o homem foi rude pedindo para que ele se afastasse, porém agora, nada e nem ninguém poderia pedir isso porque eles estavam determinados quando se tratava desse amor.

— Entre — Taehyung pediu assim que abriu a porta.

Os três se acomodaram nas cadeiras disponíveis no quarto, Taehyung sentou ao lado de Jimin, enquanto tinha o pai de Jungkook em sua frente. Olharam para o relógio e sabiam que o jantar iria esperar, a preocupação os invadia, mas iriam tirar tudo a limpo.

— O meu pai era um homem horrível — Jeon começou. — Não apenas comigo e com a minha mãe, mas com todos no trabalho, na igreja, na vizinhança, e absolutamente ninguém entendia o  motivo para que ele fosse tão insensível. Ele era aquele tipo de homem que pregava sobre família tradicional, falava sobre princípios, sobre Deus, sobre as coisas que ele considerava pecado e sobre criar os filhos na base da pancada. Ele nunca foi alguém amoroso e gentil, nos via como objetos que ele utilizava da forma que quisesse. Até que um dia eu entrei no ensino médio e essa foi a sua pior fase, imaginem só um homem rude que queria que seu filho casasse o mais rápido possível, o vendo rodeado de amigos homens enquanto conversava na porta da escola. Para ele era inaceitável. "Você poderia estar rodeado de mulheres e prefere ficar de conversa fiada com um bando de machos?" Era a típica frase que eu escutava todos os dias.

— Credo — Taehyung fez uma careta.

— Então eu me isolei, não podia ter amigos. Por mais que eu fosse popular, não podia conversar com ninguém, porque de algum modo ele descobria tudo o que se passava lá dentro da escola.

— Como você.. — Taehyung sussurrou e Jimin deu-lhe um tapa no braço. — Aí!

— Continuando.. — o homem resolveu ignorar. — Um dia o Jaehwan apareceu no meio do recreio querendo sentar ao meu lado, ele era o capitão do time de basquete da escola e era bastante popular. Disse que se sentia mal por me ver sozinho todos os dias, então resolveu me fazer companhia. Só que isso se tornou frequente, todos os dias ele me encontrava após as aulas, na saída, na chegada, no refeitório, nos passeios, ele realmente se tornou alguém próximo. Até que em um dos nossos passeios ao museu, ele me beijou dentro do banheiro masculino enquanto todos os alunos conversavam na porta esperando para entrar.

— O maluco é brabo — Taehyung comentou.

— Depois disso os beijos ficaram frequentes, em qualquer lugar que podíamos. Íamos perdendo o medo aos poucos, até que a distância ficou insuportável demais. Ele dormir na casa dele e eu na minha era um martírio, então decidimos fugir durante a noite. Porém um dia o meu pai descobriu, e me mandou para um acampamento evangélico que acolhia jovens "desvirtuados". Foi a pior experiência da minha vida, durante meses fui ensinado que eu iria para o inferno por ter me envolvido com um homem, fizeram uma lavagem cerebral completa e eu saí de lá noivo, um casamento arranjado com a filha do pastor.

— Crê em Deus pai, credo — novamente Taehyung fez seus comentários.

— Quando retornei não tive mais notícias dele, prometi a mim mesmo jamais procurá-lo, mas quebrei a promessa quando te encontrei pela primeira vez, Jimin, seu sobrenome me fez lembrar de coisas que eu preferia esquecer.

O menor suspirou e olhou para o chão tentando absorver tudo o que escutou, sempre achou que o pai do Jungkook fazia tudo isso apenas por ser um homem tirano, mas ele parecia alguém amargurado por todo o sofrimento que havia passado, e isso devia ser levado em consideração. Não seria uma desculpa, claro, para ele ter sido um imbecil, todavia agora ele entendia de onde vinha o foco do problema.

O passado havia sido cruel com ambos.

— Depois de tudo isso, o senhor vai nos deixar em paz? — Jimin perguntou com cuidado. — Não o faça sofrer mais, só nos deixe viver a nossa vida.

— Irei conversar com ele — o Jeon suspirou. — Só queria que soubesse disso pois gostaria que me ajudasse com o seu tio, irei me separar em breve e gostaria de tentar mais uma vez.

— Ele ajuda se você deixar os dois em paz, né? — Taehyung respondeu sem paciência. — Pare de tentar afastá-los e tudo ficará na paz.

— Apesar de que é esquisito você estar com o meu tio e eu com o seu filho.. — o ex loiro bugou por um instante. — Credo, não quero nem pensar nisso.

Jeon se permitiu sorrir depois de anos segurando os seus sentimentos, e isso assustou Taehyung que o olhava boquiaberto como se tivesse presenciado um acontecimento sobrenatural.

Já Jimin teve a certeza de que naquele instante, tudo começou a se encaixar.

🏀

Capítulo pequeninho para dizer que: está no FIM!!!

Próximo capítulo será o penúltimo e será um pouco maior, e depois o último dando a conclusão da estória.

Após vem o epílogo, e o bônus que será a parte dois ( segunda temporada da au ) resumida em um capítulo inteiro.

Já estou saudades

Volto em breve

Love u

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