21 - quando você perde alguém

oi oi deixa o votinho pfvr 🧚‍♂️

Capítulo não revisado.

#jikookbasquete

Park Jimin
🏀

Dias depois.

Enfim chegou a sexta-feira o dia do treino oficial do time de basquete, e também, a volta de Jungkook às aulas depois de tudo o que aconteceu. Na noite em que dormimos juntos, seu pai chegou mais cedo do que imaginávamos de viagem, então ele acabou saindo antes que pudessem descobrir seu desaparecimento, e pelo visto, ninguém desconfiou de nada.

Minha avó, que ninguém sabia onde estava, apareceu outro dia pela manhã, e para ser sincero, eu ainda esperava o momento certo para falar sobre o meu tio. Ela me olhava cabisbaixa e parecia triste, não fazia idéia da razão mas tinha certeza que ela sentia que tinha algo acontecendo.

Por outro lado, Jungkook estava completamente paranóico dentro de sua própria casa. Ele sabia e tinha total certeza que Chanyeol tinha o drogado para cometer o falso flagrante, e para isso ele precisava de ajuda, de alguém de dentro claro, porém seu pai e sua mãe não estavam no dia. Então, só restava as pessoas que trabalhavam em sua casa, o que era bastante gente se fosse parar para contar.

Como se não bastasse isso tudo, ainda havia o meu tio que recebeu a visita do senhor Jeon pela segunda vez. Ele deixou claro que queria Park Jaehwan morando em Seoul, mas por quê? Estava tudo uma verdadeira bagunça.

Por isso nós deixamos para resolver todos os problemas em ordem. Por exemplo, hoje começaremos a resolver o problema de Taemin e Chanyeol. Tínhamos certeza que eles estavam aprontando algo, e como Jungkook estaria na escola, seria o momento perfeito para desmascarar o Chan caso ele tentasse alguma gracinha. Taemin por sua vez teria que se resolver comigo, eu não faço ideia do problema que ele está enfrentando, mas isso não é motivo para ser um completo babaca.

Depois iríamos ver o que fazer com a minha avó pois eu claramente precisava de respostas. Queria entender os seus motivos para me esconder algo tão importante, não queria julgá-la antes de saber o que verdadeiramente aconteceu, então prometi a mim mesmo que seria o meu próximo passo.

Após isso, Jungkook conversaria com o pai dele sobre nós dois. Eu queria dizer que essa parte não me preocupa, e que estou bem resolvido em relação ao que temos, mas me aflige imaginar que o senhor Jeon pode levar Jungkook para longe igual o próprio pai fez a anos atrás. Eu sei que o meu coelhinho não permitiria que algo assim acontecesse, sei bem de sua índole e provavelmente ele arrumaria uma baita confusão caso tentassem nos separar. Mas isso me assusta um pouco, toda essa batalha que travaram em nosso relacionamento.. se é que nós possamos chamar assim.

No momento estávamos os sete sentados na mesa da cantina observando o movimento intenso em meio ao refeitório, vários alunos andavam apressados para ter um bom lugar na quadra, e é claro, as aulas foram suspensas para dar toda a glória ao time de basquete que parecia comandar a escola inteira. Não que eu estivesse reclamando, preferia assim pois era raro ter algum tipo de problema em quadra visto que o treinador era uma pessoa bem severa.

— Jimin pintou o cabelo e ficou ainda mais bonito de Black hair. — Seokjin comentou. — O que achou, Jungkook?

— Eu comecei a latir quando vi. — ele brincou enquanto me olhava. — Ele fica lindo de toda forma, e esse cabelo curto e escuro, minha nossa.

— Eu também gostei. — comentei sustentando o olhar agora em Yoongi que parecia preocupado. — O que foi, bebê?

— Alguém viu a Hwasa? — ele perguntou parecendo entediado. — Ela ficou de conversar com a Nayeon sobre o que aconteceu.

— Chanyeol seboso da porra, não precisava expôr a menina daquela forma. — revirando os olhos, Taehyung resmungou irritado.

— Ninguém me conta a fofoca? — Jungkook fez biquinho enquanto deslizava a mão pela minha coxa por baixo da mesa. — Não me conta mais nada, meu doce? Achei que me amasse.

— Chanyeol foi escroto com a Nayeon e Hwasa, parece que a Hwasa nutre sentimentos pela Nay e ele soltou isso como se tivesse o direito. — expliquei o vendo suspirar pesado.

— Entendi.. — ele falou baixinho. — Vou quebrar a cara dele para me sentir melhor.

— Eu ajudo. — Taehyung exclamou animado mantendo um sorriso enorme.

— Teu cu. — Hoseok sorriu após a fala. — Vai fazer nada porque eu tenho certeza que ele está aprontando alguma coisa.

— Eu também. — Namjoon, que até então só observava ocupado comendo um banana, resolveu interromper. — Eu vi uns tweets dele falando que estava com um plano genial, tenho medo do que seja isso, sério.

— Se ele fizer qualquer coisa hoje, eu mesmo quebro ele. — assustando todo mundo ao redor, Seokjin socou a mesa parecendo impaciente. — Ninguém tem um minuto de paz nessa merda, tudo culpa desse doido que não aceita o óbvio.

— O que é o óbvio? — minha pergunta fez ele me encarar assustadoramente indomável possa se dizer.

— Que você e o capitão se amam. — ele sorriu sínico me vendo corar no mesmo instante.

— Ai, o amor.. — Taehyung sussurrou fechando os olhos e encostou a cabeça no ombro de Yoongi que o observava sorrindo. — O amor é algo estranho que entra pelo cu e ataca o coração. É algo realmente lindo.

— E eu achando que ele ia filosofar. — Hoseok comentou nos fazendo gargalhar.

— Mas sério.. — comecei a falar obtendo a atenção de todos para mim. — Vou conversar com o Taemin hoje antes do treino, acho que já devem estar se preparando, quero saber o que ele está planejando.

— Vai não. — Taehyung respondeu tranquilamente enquanto pegava a caixinha de suco que Yoongi tomava.

— Vai não, o quê? — perguntei fazendo-o me olhar.

— Não vai falar com o Taemin. — ele disse simples.

— Vou sim!

— Não vai.

— Vou.

— Taehyung, se ele quer conversar com o Taemin, ele vai, caralho. — esse foi Jungkook que surpreendeu a todos, ainda alisando calmamente a minha coxa. — Não seja chato.

— Quem é você e o que fez com o Jungkook? — Jin arregalou os olhos e isso me fez sorrir contido.

— O chá que o Jimin deu deixou ele assim, todo gado. — Namjoon brincou e eu quis socar a minha cabeça na mesa de vergonha.

— Não é questão de ser gado, porque eu realmente sou para uma porra. Mas, todavia, entretanto, Taemin não vai tocar nele ou então sabe que morre, então não tem problema nenhum.

— Sim, eu sou o primeiro a meter o soco naquele rosto bonitinho dele. — parecendo vitorioso, Taehyung mudou de lado e encostou a cabeça no ombro de Hoseok. — Felizmente me liberaram para brigar hoje.

— Quem liberou? — Hoseok perguntou enquanto apertava os olhos desconfiado. — Nem eu, nem o gatinho, e nem a hydra permitimos isso. Aquieta esse fogo.

— Sacanagem colocar a hydra no meio disso. — fingindo tristeza o jogador resmungou.

— Vou deixar vocês brigando e vou lá conversar com ele. — decidi, ficando de pé.

— Não, vamos todos entrar na quadra e aí você nos encontra lá depois de sair do vestiário. — Seokjin levantou e puxou o Namjoon para que pudéssemos seguir.

— Eu soube que você foi expulso de casa, Jin. — Yoongi que também já estava de pé resolveu puxar aquele tópico sensível. — Está tudo bem? Você não contou o que aconteceu.

— Estou ficando na casa do Namjoon, mas vou para o meu apartamento em alguns dias. E sim, eles me expulsaram porque descobriram sobre o Joonie, e sinceramente, eu achei melhor assim. Sair de lá definitivamente me fez bem, e assumir os meus sentimentos por ele me deixou ainda mais bonito.

— Sim, o homem mais bonito do mundo. — brinquei o fazendo sorrir e ganhei um beliscão de Jungkook que me abraçou por trás para começarmos a andar. — Aí! Você também é lindo.

— Eu sou o número um para você, pode dizer doçura.

— Desde sempre, Jungkook — falei baixinho sentindo sua respiração quente em minha orelha. — Você sempre foi.

— Você me deixa completamente inebriado, me sinto tonto parece que usei drogas. — ele cochichou e eu gargalhei tendo ele me segurando para não cair para frente. — Mas sinto outras coisas também.. — ele mordeu a minha orelha e chupou me apertando firme. — Tá sentindo, meu anjo?

— Jungkook por Deus! — exclamei quando ele remexeu e pressionou logo atrás de mim. — Você está no meio da escola e está excitado? As pessoas vão ver. — ele deixou um beijo na minha nuca sem se importar verdadeiramente com aquilo.

— Topa um flashback no vestiário?

— A sua perna não dói mais? — me virei um pouco para olhá-lo enquanto andávamos.

— Não, a fisio ajudou muito e eu ainda estou tomando os remédios direitinho.

— Hum.. — resmunguei pensando no assunto. — Hoje a escola está lotada, o máximo que posso fazer é te levar até o banheiro, Jungkook, então não me provoque.

— Eu só queria dar uns amassos. — ele voltou a sussurrar. — Na sua bunda..

— Jungkook.. — o adverti. — Lembre-se que eu sou o líder da turma, não posso ser pego fazendo essas coisas pecaminosas.

— Então vamos fazer essas coisas pecaminosas no apartamento do Seokjin? — ele falou animado. — Ele ainda não se mudou para lá e eu posso dizer que vou ficar no Taehyung, o que acha?

— Acho que preciso pensar. — brinquei o sentindo me soltar, mas logo puxei novamente seus braços para que ele não me largasse. — Eu estou brincando. — dei uma risadinha e ele bufou fingindo frustração. — Vemos isso quando sairmos daqui, certo?

— Tudo bem.

Durante o trajeto vimos Namjoon agarrar Seokjin sem se importar com os cochichos, vimos Yoongi ser colocado nas costas do Taehyung que o levava sem dificuldades, vimos Hoseok deixar um beijo na testa dos dois, e também vimos a escola inteira parar para nos observar como se nunca tivessem nos visto antes.

Jungkook pareceu não se incomodar com toda aquela atenção, a verdade é que ele sempre foi rodeado de pessoas o tempo inteiro, então, ele andava abraçado comigo despreocupado como se nada pudesse o tirar de sua paz. Só que bastou dobrarmos o corredor que dava para a quadra central para darmos de cara com o Taemin que estava vestido com a farda do treino, e segurava uma bola de basquete entre os dedos enfaixados. Ele me olhou imediatamente, e parou os passos esperando que eu falasse algo.

— Jungkook, pode ir com eles — eu falei baixinho atraindo a atenção do capitão que estava em minhas costas. — Guarde o meu lugar, vai ser rápido.

— Jimin.. — ele murmurou parecendo não gostar da ideia e seus olhos fixos em Taemin só me mostraram que ele não confiava no rapaz. — Por favor, não demore.

Eu sabia que não era aquilo que ele queria dizer, provavelmente ele queria me levar com ele e não me deixar ali, mas ele estava mudando, e eu sabia o quanto era difícil para ele confiar nas pessoas e dar passos lentos. Por isso eu sorri quando ele se colocou na minha frente e deixei um beijo casto em sua testa, fiquei na ponta dos pés para tal ato, e ele sorriu parecendo estar mais tranquilo.

Taehyung bufava de raiva porque Yoongi o agarrou mais forte para que ele não se metesse, e assim todos saíram do meu campo de visão a fim de buscar lugares na quadra, Taemin permanecia uns três metros de distância, talvez, por eu ter o afastado na nossa última conversa.

— Vocês não tem medo mesmo não é? — foi a primeira coisa que ele perguntou quando já estávamos sozinhos no corredor. — Se o pai dele pegar vocês assim, eu não sei nem do que ele é capaz.

— Ao menos eu sei do que você é capaz, visto que dopou o Jungkook.

A reação dele foi inesperada, ele abriu a boca em puro choque e por um instante eu acreditei que ele não sabia do que eu estava falando.

— Está me acusando de dopar o Jungkook? — ele mordeu o lábio inferior enquanto negava freneticamente. — Você só pode estar brincando.

— Não estou te acusando, eu estou afirmando que você fez, e quero saber a razão para tudo isso.

— Nossa, há um tempo atrás nós éramos amigos. — ele sorriu sem humor. — Agora você me acusa sem provas, isso é uma bela amizade.

— Não somos mais amigos, não com você agindo dessa forma comigo sendo que eu não fiz nada. Está ajudando o Chanyeol com coisas que eu nunca pensei que você seria capaz de fazer, qual é o sentido? Por que está fazendo isso? Para me separar do Jungkook, e depois? Ficar com você?

— Se ele ficou com o Jungkook na casa dele, eu não tenho culpa. — ele apelou para a mentira. — Você deveria conversar com o seu namorado, não comigo. Afinal, ele que te traiu.

— O pai dele está te pagando? — minha pergunta o fez gargalhar. — O que você sentiu por mim se transformou em ódio? Nós poderíamos ser amigos, e você simplesmente pisou em tudo, Taemin.

— Não é a sua amizade que eu quero. — ele revelou amargo. — Mas isso você já sabe, não sei porque está insistindo nisso.

— Eu achei que valia a pena te mostrar o quanto isso é sujo e errado. Talvez você se tocasse e voltasse a ser como era antes, mas por mais que você tenha falado que o Jungkook jamais mudaria.. — pausei tentando engolir o orgulho. — Quem não parece querer mudar é você, que mesmo após o erro continua querendo jogar baixo dessa forma.

— Acusações e mais acusações.. — ele se aproximou de mim assustadoramente rápido, mas eu não recuei, continuei o olhando firmemente. — Quando você estiver com as provas, nós conversamos, meu doce. — ele debochou.

— Quando nós estivermos com as provas.. — eu dei um passo à frente, quase colando os nossos narizes. — Nossos advogados conversam.

— Acho bonito você defendendo seu namorado.

— Ainda bem que você sabe que sou dele, então, se eu fosse você pararia com essa palhaçada, porque isso não vai mudar.

Saindo de sua frente, dei passos rápidos em direção a entrada da quadra onde minutos antes os garotos entraram e segui reto sem olhar para trás. Fui precipitado em acusá-lo porque agora com certeza ele contaria a Chanyeol que nós sabíamos o que ele fez, mas eu precisava cuspir o que estava preso. Havia me sentido muito mal naquela noite, ver Jungkook na cama com outro não tinha sido uma visão muito agradável, então eu iria provar que aquilo não passava de uma grande mentira, mesmo que demorasse o tempo que fosse.

Subi os batentes da arquibancada e encontrei facilmente os meninos que escolheram ficar do lado esquerdo próximo a saída, pude notar que Hoseok e Namjoon estavam em quadra se aquecendo, enquanto Taehyung tinha Yoongi em seu colo, e ao lado de Seokjin, Jungkook conversava animadamente.

Taemin entrou logo depois de mim, ainda segurava a bola e estava tomado pela raiva, tinha certeza que não podia ser boa coisa, mas eu esperaria pacientemente por qualquer ato que pudesse vir. Me sentei rapidamente ao lado do capitão e ele imediatamente segurou a minha mão, não precisávamos falar nada, a forma que ele me olhava entregava sua preocupação. Ele deixou um beijo molhado na minha palma e sorriu pequeno tentando passar conforto, deveria estar curioso para saber sobre o assunto da conversa rápida, mas não perguntou nada. Decidimos focar então no treino, e deixar as explicações para depois.

[...]

A partida havia começado, e Taehyung já tinha revirado os olhos mais de cinquenta vezes em um raio de quinze minutos. Poderia existir alguém mais debochado que Chanyeol?
O jogador estava em quadra, treinando como se nada tivesse acontecido, mas volta e meia olhava para Jungkook com um sorriso oblíquo no rosto.

O que estava acontecendo?

Eu que estava sentado ao lado de Jungkook decidi não falar nada. Não queria pagar de ciumento, mas aqueles olhares que Chanyeol dava era algo que estava me incomodando, e parecia que todos que estavam assistindo também haviam notado.

— Eu vou esmagar a cabeça dele, jungkook! — Taehyung já gritava ameaças pela milésima vez, fazendo Yoongi apertar forte em sua coxa, deixando um aviso claro que era para ele ficar quieto.

Mas Hoseok por outro lado sorria no meio da quadra, parecia gostar do que estava ouvindo e deveria saber que se Yoongi soltasse o maior, ele possivelmente iniciaria uma guerra.

— Fica quieto Taehyung, se você machucar seus braços vou te levar para o hospital. — Yoongi que estava observando em silêncio resolveu ameaças e viu Taehyung virar para si com um biquinho nos lábios.

— Não gosto de hospital, gatinho. — sua voz era carregada de deboche e eu quis sorrir ao ouvir.

— Eu sei, mas se você se machucar vai ter que voltar para lá e ficar sem jogar no campeonato. É isso que você quer?

Taehyung voltou à posição inicial e cruzou os braços, fechando a cara.

— Se eu pudesse, eu mesmo quebrava a cara dessa cobra, Taehyung. — Jungkook afirmou e o amigo bufou sabendo que aquilo era bem óbvio.

Sabia que Jungkook odiava ser acusado do que não fez, e o dia que foi drogado sem seu consentimento não passou abatido, ele iria resolver isso.

Mas foi quando pensamos em ficarmos quietos, que algo inesperado aconteceu. No meio da quadra havia um telão grande onde colocavam os avisos do jogo e também o placar geral. Todos que estavam ali na arquibancada lotada, olharam para cima automaticamente e viram a coisa mais vergonhosa que eu pensei em ver.

Eram eles.

Jungkook e Chanyeol na cama.

— Ai meu deus. — Yoongi levou a mão a boca, e seokjin que até então não tinha se pronunciado abriu a boca e não conseguiu dizer nada.

Estavam todos abismados.

Jungkook não demorou um segundo sequer olhando aquelas fotos e vídeos e já buscou Chanyeol na quadra, notando que o garoto o olhava como se estivesse na expectativa para sua reação. Essa que não veio. Taehyung buscou Hoseok na quadra com medo que ele fosse para cima de Chanyeol, mas não deu tempo. O que aconteceu depois disso foi muito rápido.

Eu não esperei um segundo sequer para me levantar e ir em passos rápidos até o meio da quadra. Desci  todos os batentes tomado pela raiva e adentrei sem escutar nenhum dos chamados que estava direcionado a mim. Eu estava cansado de tudo isso.

Jungkook chamava, Yoongi chamava, Seokjin também, mas Taehyung era quem o que me seguia. Eu sabia bem que ele estava querendo me defender.

Quando finalmente cheguei no meio da quadra, agora com um silêncio ensurdecedor, parei de frente a Chanyeol e com toda força que tinha em minha destra, rodei a mão na cara do jogador sentindo o corpo do mesmo ser jogado violentamente no chão. Jungkook permanecia no mesmo lugar que antes, não moveu um músculo sequer de tão chocado que estava. Ele e a escola inteira que assistia o treino estavam.

Pude ouvir quando Hoseok segurou Taehyung e pediu para que ele não se metesse, ele até contestou dizendo que Chanyeol iria revidar, mas o namorado pareceu não se importar.

Quando Chanyeol entendeu o que estava acontecendo, levou a mão ao rosto e voltou a me olhar, visto que eu estava possesso de tanta raiva. Nem parecia o doce e pequeno Jimin. Tinha certeza que ele havia pensado isso.

— Você está ficando louco? — ele gritou a plenos pulmões.

— Ele não te quer! — gritei fazendo todos ficarem atentos à conversa. Pareciam que estavam paralisados apenas esperando a bomba explodir. — E eu não estou dizendo isso para fazer pouco de você, ou para você se sentir mal, eu só estou te falando os fatos para que você entenda. Ele não quer você. —  minha voz estava mais grave que o normal, e as minhas mãos tremiam. Odiava estar sendo tão grosso. — Então vê se cresce e para de tentar fazer o mal, Chanyeol. Nós não iremos nos separar por causa das bostas que você está tentando fazer. Você é bonito, tem uma boa conversa, tenho certeza que não precisa fazer isso para namorar alguém, por que está fazendo isso então?

Nayeon e Hwasa entraram na quadra, observando toda a confusão de longe. Pude ver elas juntas e estranhei estarem ali depois do que o ChanyeoI tinha feito, mas esperei para ver o que aconteceria.

– Jungkook não gosta de você, seu idiota. — ele respondeu levantando do chão, se aproximando devagar de mim como se tentasse me intimidar. Mas parou bruscamente quando notou que Taehyung já tentava sair dos braços de Hoseok. Ele sabia bem que Taehyung não perdia tempo conversando. — Ele só quer te comer, como ele fez com todas as outras e comigo ontem. Foi incrível.

— Ele não queria só me comer. — Nayeon falou alto atraindo a atenção de todo mundo ali, e entrou na quadra sendo seguida por Hwasa que sustentava um sorrisinho sarcástico. — Eu que quis dar porque a escolha era minha, assim como de todas "as outras" que você está citando aí. Quem fez, foi por vontade própria. — ela sorriu e parou de frente a chanyeol, me fazendo dar um passo para trás. — Você está fazendo isso, porque não aceita que o jungkook está feliz. Sabe por que? Por quê você não gosta dele.

— Eu amo. — Chanyeol confessou.

— Não, não ama! Se você o amasse, você deixaria ele ser feliz, abriria mão porque saberia que ele já ama outro alguém. Mas você só sabe olhar para o próprio umbigo, e alguém assim não é capaz de amar. O amor não é egoísta, e eu aprendi isso da pior forma possível.

Vi Hwasa a olhar parecendo orgulhosa, tinha certeza que ambos haviam conversado.

— Por que está se metendo? Ele te traiu! — ele acusou Jungkook mais uma vez e ela gargalhou me fazendo comprimir os lábios.

— Não, ele não me traiu. Nós tínhamos algo forçado e falso, onde só eu me beneficiava já que ganhava uma mesada gorda por isso, e ainda transava quando queria. Jungkook nunca mentiu, e nunca jurou amor. Ao contrário, ele sempre me dizia sentir muito por estar me fazendo perder tempo apenas por dinheiro, nossos pais nos forçaram. Então, não. Ele não me traiu, e eu podia ficar com quem quisesse porque nós combinamos que seria assim, mas eu era infantil demais para lidar com isso semanas atrás, e me arrependo disso.

Eu a olhei e ela sorriu triste para mim dando a entender que sentia muito por deixar transparecer que eles estavam tendo algo sério. Devia ter sido tão difícil para ela tudo isso, e ninguém sequer havia notado.

— Eu não transei com você. — só então, Jungkook se sentiu confortável em dizer, quando todos na quadra já esperavam uma satisfação. Ele se aproximou sem que ninguém percebesse. — Você provavelmente me dopou e eu vou descobrir isso assim que chegar em casa, já que meu pai colocou câmeras escondidas por todos os lugares, eu tenho acesso a segurança.

Chanyeol congelou.

— Eu não fiz nada, tenho certeza que Jimin me viu na cama com você.

— Óbvio. Você fez de propósito, sua víbora. — Taehyung gritou fazendo o chanyeol se afastar lentamente.

— Vocês não tem provas! — ele articulou ouvindo os murmúrios de todos na quadra.

— Eu vou ter, e se você não deixar todos nós em paz eu vou levar a delegacia, porque isso é crime! Ainda faço você ser expulso da escola, e você perde o direito de estar no time. É isso que você quer?

Aquilo era difícil para jungkook. Ele jurava que o rapaz era seu amigo, e do nada ele aparece no intuito de prejudicá-lo. O quanto aquilo estava o magoando?

Sem palavras para responder por aquilo, Chanyeol olhou para Taemin, esse que virou o rosto imediatamente como se dissesse que não queria ser envolvido naquela história.

— Tudo bem então. Só saibam que toda essa ideia não foi só minha, foi do Taemin também. E sobre os chupões e marcas no meu corpo, ele foi o responsável porque também queria a mesma coisa. — o meu olhar perdido encontrou Taemin, esse que me olhava boquiaberto. Era isso. Ele era falso e eu nunca havia suspeitado. — Querem me crucificar? Então me coloquem no meio e me chamem de jesus, porque sozinho, eu não estava.

Dando a última palavra em seu show de horror, o jogador saiu de quadra deixando todos para trás com total cara de choque.

Taemin tentou se aproximar de mim quando todos já tinham visto Chanyeol sumir entre os corredores da quadra, mas antes que pudesse chegar próximo, ele viu Taehyung se soltar de Hoseok e correr para a minha frente juntando toda a raiva que estava sentindo. Quando finalmente chegou na frente do rapaz, espalmou o peito contra o próprio peito de Taemin, ficando nariz com nariz, encarando dentro de seus olhos, mostrando que mais um passo ele quebraria a cara dele com apenas um soco.

— Sai da minha frente, Taehyung. — ele pediu.

— Seja homem e me tire. — sua voz grave fez Hoseok dar um passo à frente com medo que ele se machucasse.

Yoongi que ainda estava na arquibancada com Seokjin viu o que Taehyung pretendia e entrou em quadra também, pouco de fodendo com o treinador que já gritava irritado. Porém Hoseok trombou com ele, o segurando em seus braços para que ele ainda não fosse. Taehyung irritado não sabia controlar a raiva, e poderia acabar machucando Yoongi sem querer, eu sabia bem disso.

— Hoseok me solta! — o ouvi pedir.

— Amor, espere.

— Você não pode me bater, está com as mãos delicadas doentes, não é? — Taemin debochou achando pouco toda a atenção que recebia, porém antes que Taehyung se afastasse completamente para pegar o impulso do soco, Jungkook o fez, sentindo o punho colidir com a bochecha do jogador causado um rasgo em seu lábio na hora.

— Por deus — deixei escapar pelo susto.

— Mas as minhas estão ótimas, não acha? — Jungkook perguntou e viu Taehyung sorrindo, parecendo satisfeito.

Eu por outro lado fechei os olhos e senti a garganta queimar pela vontade repentina de chorar. Por que tudo estava dando tão errado? Por que estavam fazendo aquilo com a gente? Por que simplesmente não podia amar em paz e ser feliz?

Taemin.. Taemin era meu amigo.

— Jungkook.. — o chamei baixinho, atraindo o olhar preocupado do jogador que ouviu minha voz embargada.

Apesar de estar chateado com o que aconteceu, era doloroso ver Taemin apanhar. Até meses atrás estávamos conversando como sempre fazíamos. Notando isso, Yoongi puxou Taehyung pela camisa quando Hoseok o soltou. O rapaz se deixou levar, e o menor o abraçou pelo abdômen como um pedido nítido para que ele ficasse quieto.

Jungkook suspirou forte e apertou a mão em punho antes de voltar a olhar para Taemin, provavelmente estava preocupado com a quantidade de pessoas presenciando aquilo, mas ao menos deixamos claro que não era o que parecia ser.

— Você não vai mais chegar perto dele, está me ouvindo? Porque na próxima vez não vai ser só um soco, e o jimin pode não estar presente para te salvar.

Taemin cuspiu no chão e se colocou de joelhos para ficar de pé, e quando levantou, olhou para mim vendo quando a primeira lágrima rolou sob a minha bochecha por estar me sentindo traído demais. Kai que observava tudo de longe puxou o amigo pelo braço e o tirou da quadra deixando todos ao léu sem saber o que fazer a partir dali. As fotos ainda passavam no telão mas a maioria dos alunos já começavam a deixar a quadra pois o show havia acabado, iria ser cômico se não fosse extremamente triste.

Me aproximei de Jungkook e acabei abraçando ele sem saber o que fazer, senti seus braços me envolverem com carinho e acabei mostrando meus sentimentos quando chorei reprimido apertando-o. Eu não me importava em parecer fraco ou se alguém pudesse estar me julgando em silêncio, eu só queria que ele me dissesse que tudo ficaria bem e que tudo isso iria acabar, e foi isso que Jungkook sussurrou em meu ouvido quando se inclinou para deixar beijo no meu ombro.

— Vamos sair daqui, meu doce. Precisamos ir.

Olhei em volta e notei que todos haviam saído aos poucos nos deixando ali sozinhos, Nayeon e Hwasa haviam ido embora sem dar explicação, Taehyung estava abraçado com Hoseok e Yoongi, e Seokjin tinha os dedos entrelaçados nos de Namjoon esperando que viéssemos a decidir o que deveríamos fazer.

— Acho melhor irmos para casa, é o tempo da poeira baixar. — Seokjin decidiu e começou a andar para sairmos de dentro da quadra, não seria legal ficar e escutar cochichos de qualquer forma, então talvez fosse melhor assim.

— Tudo bem. — disse baixinho. — Acho que preciso de um tempo sozinho depois disso.

— Podemos ficar no seu apartamento, Seokjin? — ouvi Jungkook pedir. — Ouvi que você ainda não se mudou.

— Claro que podem, passa lá na casa do Namjoon para pegar a chave mais tarde. — ele sorriu e me olhou esperando que eu me animasse. — Pode passar o fim de semana se quiser, não tem problema nenhum.

Sorri pequeno e confirmei esperando que aquele dia melhorasse com a presença de Jungkook, tinha certeza que precisaria inventar uma desculpa para a minha avó, mas ela nunca foi alguém que me prendia de fato.

Então assim, o treino oficial foi finalizado.

[...]

Passava do meio dia quando cheguei em casa e notei que estava sozinho pela milésima vez, Jungkook havia me deixado e prometido que voltaria em algumas horas para me buscar, então resolvi tomar um banho e comer alguma coisa antes que ele chegasse. Não encontrei nenhum bilhete da minha avó, e aquilo estava cada vez mais estranho, sentia que ela me escondia alguma coisa, e isso ia além do meu tio que ela nem sabia que eu já conhecia e estava a par da existência.

Precisava conversar sobre isso com ela, mas estava cada vez mais difícil, sempre que eu tentava uma aproximação para tocar no assunto, a senhora Park desaparecia, e assim o tempo ia passando como se aquilo não importasse.

Sai do banheiro com os fios ainda molhados e enrolei a toalha no topo da cabeça, estava exausto pelo os últimos acontecimentos, mas eu precisava ligar para ela e avisar que sairia. Não fazia ideia de onde ela poderia estar, mas tinha certeza que voltaria para casa em breve, por isso levei o celular ao ouvido esperando que ela me atendesse rapidamente.

— Hospital central, boa noite.

A voz desconhecida feminina preencheu os meus ouvidos, hospital? Mas aquele número era da minha avó.

— Desculpe, acho que liguei errado.

— Se o senhor for da família da senhora Park que deu entrada no hospital hoje cedo, preciso que compareça por gentileza no endereço que irei passar.

— Deu entrada? — franzi o cenho confuso. — Ela está bem?

— Passaremos as informações quando o senhor chegar, por favor anote.

Perdi alguns segundos olhando para o nada, antes que pudesse ir em direção a um caderno para anotar o endereço que eu sabia bem onde se localizava. Desliguei e terminei rapidamente de me arrumar para ir entender o que aconteceu, e antes de realmente sair avisei a Jungkook para que não houvesse desencontros. Eu estava tão atordoado que nem ao menos liguei para pedir um táxi, apenas sai na rua e rezei para que um passasse rapidamente, e não demorou para que eu já estivesse aflito dentro do veículo rezando para que não tivesse acontecido algo grave.

No caminho eu tentei pensar positivo pois talvez fosse apenas uma tontura ou algo que ela comeu que fez mal, não é? Apertei os dedos, sabia que se fosse besteira ela teria avisado, afinal, ela parecia gostar de esconder as coisas importantes de mim.

Quando cheguei coisa que não demorou nem dez minutos já que ficava próximo, desci do táxi e fui em direção a recepção esperando que a moça me desse algumas informações. Ela informou que a minha avó fazia um tratamento a anos e que o resto o médico me passaria quando chegasse a hora certa, e com isso eu fui em direção ao quarto treze, em um dia treze, sabendo que para que aquilo fosse revelado só agora, existia uma razão e não seria algo bom.

Quando abri a porta, vi que a minha avó estava deitada e respirava lentamente sem nenhum aparelho ligado a ela. Na parede estava um papel escrito ONR e ela sorriu enquanto tomava o soro, parecia abatida e cansada, de uma forma que eu nunca havia visto antes.

— Vovó? — chamei baixinho com um certo medo e fechei a porta atrás de mim indo em direção a cama, ela parecia feliz em me ver, e seus lábios roxos entregavam a falta de oxigenação.

— Meu filho.. você está tão bonito. — ela sorriu pequeno e levou os dedos calejados a minha cabeça assim que sentei ao seu lado, me inclinei um pouco deixando que aquele carinho me acalmasse. Por mais que ela estivesse escondendo algo de mim, continuava sendo a minha segunda mãe, ela me criou e nunca deixou faltar absolutamente nada, eu jamais iria acusá-la de algo.

— Puxei a senhora, vovó. — acabei segurando a sua mão que estava em minha cabeça e levei lentamente até os lábios, deixando um beijo miúdo em sua derme. Eu a amava tanto, e era tão grato. Nenhuma palavra sequer que pensasse para definir amor, seria suficiente.

Era um amor imenso.

— Está chegando a hora da sua avó partir meu filho, e sinto que precisamos conversar sobre um assunto sério.

— Vovó, eu não entendo.

— A sua avó está bem velha, meu amor. E por mais que eu venha adiando essa conversa por muito tempo, eu acho que não poderei adiar ainda mais. — se arrumando no cama, ela levou a mão ao peito, e respirou fundo. — Os seus pais faleceram, isso é a algo que você já sabe, mas tem coisas que você não sabe ainda e eu-

— Para. — os meus olhos já estavam carregados de lágrimas, porque não podia ser aquilo o que ele estava imaginando. Não podia. -— A senhora não vai.. a senhora não vai a lugar nenhum vovó, por favor a senhora não pode.

— Meu filho, fique calmo. — com os braços fracos, a senhora os estendeu esperando que eu ficasse mais próximo, e assim eu o fiz, deitando a cabeça em cima de seu peito enquanto ela massageava meus fios. As lágrimas não paravam, meu peito estava apertado. — Quero que saiba que a dor não é para sempre, e que você pode chorar dois ou três dias, mas precisa sorrir também, certo? A tristeza passa e o que fica depois é a saudade. E essa, é a que dói mais. — o choro veio com soluços, e a sua mão tentava a todo tempo me consolar, pelo menos até que ela realmente se fosse. Não havia mais tempo, ela precisava dizer.

— Vovó. —  solucei sentindo que aquilo parecia uma despedida, eu um raio de trinta minutos tudo havia mudado como passe de mágica.

— Seus pais tinham seguro de vida. Eles deixaram o dinheiro para você, meu amor, e é uma boa quantia. — ela também deixava algumas lágrimas escorrer pelo seu rosto cansado. — O número da conta está dentro da minha bolsa preta, lá tem a senha também e o nome do gerente do banco que você vai precisar procurar.

Acabei paralisando com a sua fala, não pelo dinheiro porque estava pouco ligando para aquilo naquele momento, mas pelo o que a minha avó falou. Por que estava dizendo aquilo como se eu tivesse que ir sozinho?

– A senhora vai comigo, não vai?

Silêncio.

Os meus olhos buscou os da minha avó, e ela estava se inclinando cada vez mais para trás, como quem ia perdendo a capacidade de respirar.

— Vovó! Vovó! — levantei bruscamente da cama e levei a mão ao seu rosto a chamando incansavelmente como um grito de socorro. — Por favor, por favor não me deixe sozinho. Por favor, eu só tenho a senhora, por favor não me deixe vovó, não me deixe aqui.

Minha avó que ainda chorava, sorriu pequeno em um gesto de conforto. Era como se estivesse aliviada por finalmente deixar de sentir a dor que sentia, e assim ela suspirou pesado uma última vez.

E eu nem sequer fazia ideia.

ONR era a ordem de não ressuscitar, e eu só soube disso quando os médicos entraram depressa no quarto, me vendo chorar sob o seu corpo ainda quente. Eu não entendia o que estava acontecendo, tinha sido tão de repente que não havia nada que eu pudesse fazer.

Eu só sentia que meu coração estava quebrado em pedaços, e ao menos tinha tido a oportunidade de falar que tudo ficaria bem, porque agora eu não estava mais sozinho.

Não havia mais tempo.

E enquanto tentavam a todo custo me consolar ainda no hospital, me entregaram uma pequena carta onde ela havia escrito algo a bastante tempo para caso viesse a falecer antes de me contar tudo:

"O mundo às vezes pode ter um cheiro ruim de algo apodrecido, outras vezes pode ter um cheiro bom de algo doce que você tanto gosta. Mas lembre-se que tudo depende do seu humor, e de quem você ama. Ame mais, meu filho, e viva uma vida alegre, Park Jimin. Você merece o mundo, apesar de que o mundo não te merece. Sua dor é a minha dor, lembre disso sempre, não importa a onde for. Para sempre vou te amar.

Com amor, de sua eterna mãe.

Park Jihye."   — ★ 1941 - † 2021.

[...]

Eu estava a tanto tempo sentado naquela cadeira de hospital, que nem ao menos senti o tempo passar. Meus olhos estavam fixos na parede branca em minha frente, e eu esperava pacientemente o hospital liberar o corpo para que a funerária viesse buscar.

Durante as horas que passaram eu recebi ligações de todos os meus amigos, queriam saber como eu estava e se precisava de alguma coisa. Mas a única coisa que eu queria no momento era desaparecer, o sentimento de estar sozinho no mundo não era algo tão fácil de engolir. Tudo bem que eu havia conhecido o meu tio a alguns dias e que claramente ele ficaria ao meu lado quando soubesse o que aconteceu, mas ainda assim um pedaço de mim havia ido embora para sempre, e eu estava me esforçando para não desabar e demonstrar fraqueza naquele momento.

— Amor.. — ouvi alguém chamar de repente e levantei a cabeça notando a presença de Jungkook na minha frente, esse que se ajoelhou para ficar na mesma altura e sustentava um sorriso triste. — Você está bem?

— Não sei. — respondi contido. — Acho que vou ficar, mas agora eu não sei o que estou sentindo.

— Tudo bem. — ele segurou as minhas mãos e apertou firme notando que estavam frias. — Vamos para casa, hum? O hospital me informou quando cheguei que a funerária teve a autorização para levá-la e arrumar tudo para amanhã de manhã, você toma um banho, come alguma coisa e aí podemos velar e se despedir a noite inteira.

— Não sei se quero voltar para casa. — meus olhos se encheram de lágrimas novamente, não imaginava como iria ser voltar para aquele lugar sem ela.

— Podemos ir para o apartamento do Seokjin, eu peço para ele levar algumas roupas se você quiser.

— Eu quero. — respondi entre suspiros e o vi limpar as lágrimas que caiam em meu rosto. — Você vai ficar comigo?

— Sempre, meu doce. — ele sorriu encostando sua testa na minha. — Você jamais ficará sozinho, certo?

— Eu te amo, jungkookie.

— Eu também, vida.

[...]

Domingo, 15.

O dia amanheceu cinza sem cor alguma e eu permaneci na cama no apartamento de Seokjin sem vontade alguma de levantar, Jungkook estava deitado dormindo ao meu lado e eu ainda buscava memórias da noite passada, de quando saímos do cemitério e deixamos Park Jihye para trás. Foi definitivamente o pior dia da minha vida e eu nem imaginava como seriam os meus dias dali em diante.

A escola soube do que aconteceu e me deu uma semana para retornar aos meus afazeres, e com isso eu decidi arrumar a minha vida da forma que fosse possível, buscando informações sobre o meu tio e sobre o dinheiro do seguro de vida que ela havia comentado. Eu tinha a opção de ficar deitado e me lamentar, ou fazer o que ela pediu antes de partir, por isso resolvi tomar algumas decisões e aceitar que precisava ser forte para enfrentar tudo aquilo, não seria fácil mas a vida nunca foi de fato, então eu iria tentar dar um passo de cada vez.

Começaria conversando com o meu tio, eu gostaria de saber o que ele havia decidido. Lembro-me de quando ele ligou informando que o pai do Jungkook havia pedido para ele vir morar em Seoul, eles haviam conversado novamente? Ele pensou na possibilidade? Eu tinha várias dúvidas me rondando. Por um instante pensei que poderia ser legal se ele viesse, não sabia quanto dinheiro eu tinha, mas se fosse o suficiente poderíamos comprar um apartamento e vivermos juntos. Sabia que ele tinha filhos, mas com o time de basquete no Japão provavelmente eles estariam ocupados demais para tentar o impedir.

Seria uma boa ideia? Eu poderia cogitar essa opção.

Não gostaria de voltar a morar onde eu e a minha avó vivíamos, aquele lugar me traria várias lembranças e sinceramente já estava sendo difícil demais conviver com a perda, talvez fosse melhor assim, um novo recomeço sempre é válido.

Jungkook se remexeu e me abraçou de lado, me colocando como a conchinha de dentro. Deixei com que ele me apertasse em seu abraço para me fazer sentir ainda mais seguro, e ele sorriu sobrado dando a entender que havia acordado, adorava a forma com que ele parecia me proteger a todo instante, isso me deixava um pouco mais tranquilo.

— Bom dia. — ele sussurrou rente ao meu ouvido. — Posso saber o que está fazendo acordado? — sua boca encontrou minha nuca e ele deixou um beijo molhado, resvalando o nariz logo depois.

— Pensando. — comentei. — Vou aproveitar que é domingo agora ir visitar o meu tio, o que acha?

— Busan? — ele questionou. — Hoje?

— É. — me apertei mais entrelaçando nossas pernas. — Ele não sabe sobre a vovó, e também preciso saber quando ele vai ter alta.

— Por que você não liga antes? Não é bom chegar de surpresa, e como você tem o número dele pode marcar o horário.

— Você não quer que eu vá sozinho, não é? — minha pergunta o fez me apertar mais. — Vou ficar sem ar assim. — deixei um sorrisinho escapar e ele afrouxou o aperto.

— Não posso ir com você, preciso conversar com a minha avó hoje, e depois falar com os meus pais sobre nós dois, você sabe.

— Eu sei. — apertei os olhos pensando no que fazer. — Será que o Taehyung está ocupado?

— Taehyung? Quer ir com ele? — ele se afastou um pouco pela surpresa e eu me virei para ficarmos cara a cara. — Não é melhor chamar o Yoongi ou Seokjin?

— Seokjin está ocupado com o Yeonjun que adoeceu, você sabe. E o Yoongi odeia viagens, não gosta de ficar muito tempo em um carro, e eu tenho certeza que ele prefere que o Taehyung vá comigo.

— Hum. — ele resmungou mordendo a bochecha internamente. — Vou ligar e perguntar se ele pode ir com você.

— Ainda tem ciúmes dele, capitão? Poxa, achei que tivesse passado dessa fase. — brinquei e o vi sorrir.

— Não tenho, acredite. Só odeio não poder ir com você.

— Iremos juntos na próxima vez, Busan tem um significado bonito para nós dois. — minha fala o fez me abraçar para deixar um beijo em minha testa.

— Sim, iremos nos casar lá.

Gargalhei pela sua decisão repentina e ele me atacou fazendo cócegas na minha barriga enquanto eu tentava o empurrar para longe. Seu sorriso grande me passava uma tranquilidade surreal e eu adoraria passar o resto da minha vida com alguém que me fazia tão bem, mesmo em um momento tão delicado.

— Sim nós iremos. — eu concordei, e assim ele parou o que fazia para me aninhar ainda mais sob o seu corpo desnudo e quentinho.

— Não vejo a hora, meu amor.

🏀

Taehyung havia chegado no apartamento do Seokjin três horas depois, suado, sem camisa, e sustentando um cigarro em mãos, com o cabelo ondulado e completamente bagunçado.

Jungkook teve três paradas cardíacas quando viu, primeiro porque falou que ele estava indecente, segundo porque disse que o amigo estava mais gostoso, e terceiro porque jurou que não sentia ciúmes, mas no fim o proibiu de entrar até que estivesse completamente vestido, o que me arrancou algumas risadas.

O jogador havia dito que chegou naquelas condições por conta de Hoseok, segundo ele, o namorado havia o presenteado com um cachorrinho, só que ele era pequeno e sapeca, e ele precisou levá-lo no veterinário para fazer um check up, e isso o atrasou.

— Vocês deram um gatinho para o Yoongi, e agora ele e Hoseok te deram um cachorro? — Jungkook perguntou vendo o amigo vestir a camisa.

— Sim. — ele afirmou. — Não tem um nome ainda, vou decidir quando voltar.

— E aí você quer que eu vá buscar ele? — o capitão parecia indignado. — Eu não me dou bem com cachorros porque sou um gato.

— Por deus, Jungkook — gargalhei pegando minha mochila que estava já pronta em cima do sofá. — Não seja tão ruim, Taehyung está me fazendo um favor porque você não pode ir comigo, não custa nada você passar lá no pet shop e trazer o bichinho para cá, quando chegarmos ainda hoje o Taehyung leva ele.

— Está defendendo ele? — ele fez drama.

— Você é namorado mas a alma gêmea sou eu. — Taehyung piscou deixando Jungkook boquiaberto.

— Eu sou namorado? — ele perguntou parecendo confuso e me olhou.

— Tchau Jungkook, até a noite, te amo e por favor se alimente bem, volto em breve.

— Enfim o fora. — Taehyung brincou. — Fica na paz aí, trago ele em segurança.

— Jimin diz que me ama, mas tenho certeza que não quer ter Jeon no nome. — ele bufou cruzando os braços.

— Jeon Park Jimin já venceu, lembra? — comentei e ele negou tentando conter o sorriso. — Não seja tão dramático, conversamos sobre casamento quando eu voltar.

— Sobre namoro que é bom, nada. — ele me puxou e deixou um selinho no meus lábios, colando rapidamente nossos corpos. — Me ligue se tiver algum problema, e não durma por lá.

— Vou voltar ainda hoje, não se preocupe.

— Mas também podemos ficar em algum hotel que só tenha uma cama, igual a personagem de clichê adolescente. — com um humor incrível Taehyung deu a ideia. — Aí chove e fica frio, e o resto vocês já sabem.

— Sei, você apanha e morre no final do filme. — sorrindo sínico, Jungkook me apertou mais.

— Não sabe nem ser roteirista. — revirando os olhos Taehyung jogou o cigarro no chão e pisou. — Vamos Jimin, e Jungkook, limpe isso ou o Seokjin te mata.

— Filho da puta.

— Também te amo, anjinho do tete.

🏀

Narradora

Park Jaehwan estava deitado quando uma enfermeira entrou no seu quarto avisando que havia chegado uma visita. Ele estranhou visto que ninguém havia ligado para avisar além de seu sobrinho que demoraria algumas horas para chegar, não havia dado tempo para ser o garoto, então ele ficou desconfiado de quem poderia ser.

Deu a permissão para que a moça fosse o chamar e não demorou muito para que ele soubesse de quem se tratava.

— Você de novo? — ele perguntou assim que o homem passou pela porta do quarto. — O que você quer de mim?

— Eu quero você, por favor vamos tentar pela segunda vez.

🏀

Que saudade que eu tava daqui 😔

Finalmente vamos entrar na história do tio do minie mds, e está bem pertinho da obra ser concluída aaaaaa

Prometo voltar em breve certo? Enquanto isso, tem uma obra em andamento também chamada "A Marca da maldição" quem quiser ir ler, prometo que está bem legal 🛐

Amo vcs 💞

Obg por cada votinho ★

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