2 - quando você erra pela primeira vez

Não esqueçam da ⭐

Jeon Jungkook
(Segundo dia de aula a três anos atrás)
( 09.02.2016)

A única coisa que me prendia na porcaria daquela escola, eram os meus amigos.

Bom, eu obviamente não posso esquecer do basquete e das garotas porque estaria sendo hipócrita e isso eu não sou. Mas, olhe só. Sem os meus amigos, eu não teria motivos para voltar até aquele inferno conhecido como prisão. Porque a quadra de basquete eu tenho na minha mansão — que não é tão grande assim mas tem regalias — e as garotas, bom, é só o que tem onde moro ou em qualquer outro lugar. Então, meus amigos. Eles são de fato o único motivo.

Naquele dia nós estamos entediados, o treino ainda não havia começado, a escola só tinha novatos esnobes, e o peso de entrar no ensino médio era pesado demais para carregar sem ao menos quebrar alguma coisa no processo. Então, eu, Hoseok e Taehyung decidimos que sairíamos destruindo aquele lugar.

Mas veja bem, era só por diversão, não íamos machucar ninguém no processo.

— O que você está pensando em fazer, Zé buceta? Tá ligado que a diretora vai descer o cacete em nós três, né? — Taehyung já reclamava antes mesmo que pudéssemos chegar nos armários. Precisaríamos checar o que tínhamos ainda do ano passado, só que bom, ele não estava errado.

— Poderíamos sair rabiscando por aí, quebrar alguns armários, sujar a piscina, eu tenho várias ideias — falei animado demais e Hoseok sorriu por ter notado que aquela havia sido a única hora do dia que eu realmente estava me divertindo. Afinal, a escola estava deprimente.

— Sabe que o Namjoon não vai querer participar disso, não sabe?

Bom, Hoseok sempre sabia as coisas que Namjoon toparia ou não toparia fazer. Nem me surpreendia mais, eles tinham uma ligação que eu jamais poderia entender. Mas aquilo não era de hoje, me lembro claramente do dia em que nós havíamos nos conhecido. Foi como se nossas almas tivessem se conectado, não conseguimos mais ficar separados.

— Namjoon está na quadra, vamos deixar ele lá, certo? Não queremos problemas pra ele, vocês sabem bem como os pais dele são — falei conforme mexia no meu armário tirando de lá uma mochila, eu sempre deixava tudo o que precisaria para caso precisássemos quebrar as coisas, era incrível como os professores sabiam daquilo e não faziam nada, pareciam querer um showzinho de vez em quando para animar as coisas.

E bom, eu fiz bom uso.

— Então pega logo e vamos — Taehyung nos chamou enquanto olhava de um lado para o outro. — Vocês sabem que essa escola tem câmera até no chão, se for pra fazer algo, tem que ser agora que os seguranças estão tomando café.

Confirmando com a cabeça rapidamente, Hoseok me ajudou a tirar a mochila de dentro do armário e a segurou, esperando que eu a fechasse e saísse da ali.

E foi exatamente o que aconteceu, seguimos para o pátio da escola a fim de que pudéssemos planejar o que faríamos. Só que a alegria não durou muito visto que fomos pegos assim que começamos os trabalhos, e em pouco tempo depois já estávamos na diretoria, recebendo a maior bronca da diretora que parecia querer nos bater de tanta raiva, mas ela já nos conhecia. Não entendi a parte do drama.

— Eu estou cansada de falar com vocês, de verdade — eu quase revirei os olhos, porque porra, que mulher chata. — Hoje é o segundo dia de aula, segundo, e vocês já estão dando problemas?

Depois dessa frase eu juro que tentei ser educado e tentar fazer com que ela se acalmasse, mas em um certo momento, eu entendi que não adiantaria nada tentar explicar o ocorrido, porque olhe só, eu não tinha explicação para isso. Mas Taehyung e Hoseok não pareciam querer explicar também, então eu só dei os ombros e olhei para o chão esperando que aquilo tudo acabasse para poder pegar a minha moto e ir até em casa.

Só que aí, em poucos segundos algo mudou.

Eu ouvi uma voz feminina que vinha de fora da sala onde estávamos, pedindo por licença para que, acredito eu, fosse falar com a diretora. Então, com o susto por ter tido a bronca interrompida, olhei para saber quem foi a santa imaculada que havia ajudado naquela proeza, e caras, não foi nela que os meus olhos se prenderam.

Mas sim, em quem estava junto com ela.

Acredito que meus olhos dobraram de tamanho, porque você sabe, a beleza é algo relativo não é? Às vezes você vai encontrar alguém bonito, que ninguém mais vai achar. Às vezes suas amigas ou amigos também vão encontrar e alegar que "ele é bonito pessoalmente, só na foto que é feio". Porque a beleza está nos olhos de quem vê, mas tudo foi para o ralo quando eu olhei para a pessoa mais bonita que eu já tinha visto na minha vida, tendo plena consciência de que eu, e o mundo inteiro pensava a mesma coisa.

Por que veja bem, não podia existir uma só pessoa no planeta que não conseguisse enxergar aquela beleza única e incomparável. Caras, parecia um anjo.

— ... Esse é o seu neto, Park Jimin, certo?

Para ser sincero, eu não conseguia ouvir bem o que estava acontecendo depois de ter notado o cara entrando dentro da sala em câmera lenta, e por poucos segundos ter cruzado o seu olhar com o meu. Sinistro.

— Sim, sou. Por favor, cuide bem de mim.

Meu coração falhou uma batida e eu juro que quase levei a mão ao peito só para ter certeza de que foi apenas uma batida errada e que eu não corria risco de ir ao chão, de tão, tão perplexo que eu estava. A voz dele conseguia ser tão linda quanto ele mesmo e eu jamais na minha vida havia pensado isso sobre um homem.

Chegava a ser bem assustador.

Nos minutos que se passaram eu não conseguia mais sequer prestar atenção em alguma coisa. O garoto na minha frente já havia notado como eu estava o olhando, e acreditem, eu queria não olhar tanto, só que não era algo que eu realmente pudesse controlar, meu cérebro estava decidido a se manter daquela forma, sacas?

Mas foi só quando Namjoon passou por mim, e sussurrou algo, que eu despertei vergonhosamente dos meus devaneios.

Tsc.

— Para de encarar o garoto desse jeito, Jungkook. Todo mundo já notou, vai matar ele de vergonha.

Eu voltei a olhar para o chão e tive a certeza absoluta de que eu é que estava com vergonha ali, talvez ainda mais já que o Park lá agora tinha a atenção em mim. Eu sentia seu olhar me queimando, mas eu não tive coragem de levantar a cabeça. O que caralho estava acontecendo? Por que aquilo estava acontecendo e o que era aquilo estranho?

Eu sei que não teria respostas, mas ainda assim, era muito bizarro.

A diretora nos dispensou e eu quase chorei de frustração. Querendo ou não, morrendo de vergonha ou não, eu ainda queria ficar ali para descobrir quem era, o que fazia, por que eu estava me sentindo assim, e mais importante, ele também estava?

Só que tinha o treino, e Namjoon já havia avisado, então não teria como ficar ali. E assim, eu, Hoseok e Taehyung saímos da sala da diretora, satisfeitos em partes porque o treinador Choi, acreditem, ia acabar com a gente em quadra. Mas a satisfação era por não poder ser punido desde meu primeiro ano, isso sim dava um certo poder, uma sensação de autoridade.

Entretanto, naquele momento, no treino, depois do treino, na aula, em casa, eu só conseguia pensar em uma coisa:

Por que diabos eu fiquei hipnotizado por Park Jimin no primeiro dia de aula?

Dias atuais

Acreditem, eu nunca fui modelo de melhor aluno da escola, ou de inteligência, porque a verdade é que eu tinha prioridades para seguir, e nenhuma delas era estudar ou passar a noite fazendo trabalhos, que de jeito nenhum me ajudaria no meu objetivo.

Você deve estar pensando: você é doido, garoto? Mas bem, o basquete me garantia tudo o que eu de fato queria, que era uma bolsa na faculdade por tempo integral e além de todo o basquete que eu pudesse jogar

Os trabalhos, provas, e qualquer coisa que viesse para mim, eu sempre tinha quem fizesse sem precisar me preocupar. Porque olhe só, você sabe, eu sou bem popular e para bater a real, às vezes é chato para um caralho. Mas poxa, tem suas regalias, não tem? E uma delas, é essa. Não preciso fazer trabalho nenhum e nem me preocupar com nota, porque o meu oito é sempre garantido e menos que isso eu não aceito.

Só que o que eu nunca pensei que aconteceria, aconteceu, já que a professora adora me desafiar. Ela tinha consciência de que eu não fazia nada, e ainda assim passava com louvor em sua matéria. E com isso, ela me colocou para fazer um trabalho nada mais, nada menos com o líder da sala, e acreditem, ele é chato para porra.

Aquele cara implica comigo desde quando chegou aqui, e bom, não é como se eu não respondesse à altura. Ele bate de frente comigo sempre que pode, e durante esses longos três anos que estudamos na mesma sala, nós jamais fizemos um trabalhos sequer juntos, ou qualquer outra coisa do tipo, porque existe um motivo bem óbvio para isso.

Park Jimin me odeia.

Se você me perguntar o motivo, eu sinceramente não vou saber te responder, mas também não questiono porque ninguém é obrigado a gostar de alguém certo? Errado. Todo mundo gosta de mim, qual é o problema dele?

— Para de ficar se agarrando com as garotas nos corredores, Jungkook! Eu já recebi várias reclamações por causa disso, por Deus, vai para um motel decente.

— Para de levar as meninas para o vestiário, paboo! Eu já falei com você um milhão de vezes, toda vida é a mesma coisa. Se quer ficar com alguém, fica do lado de fora da escola! Quem em sã consciência faz isso dentro da escola? Céus!

— Jungkook, eu não aguento mais. Eu já falei mil vezes, não é para fumar aqui dentro! Você parece que faz de propósito para chamar a minha atenção, porque não é possível. Yoongi e Seokjin já estão cansados de falar com você, por que você não me escuta? Existem regras aqui.

Nhenhe seboso.

Eu já pensei em mil teorias para esse ódio existir, que ia de um amor platônico, a obsessão. Só que nenhuma das coisas que pensei em relação a isso fazia algum sentido, então decidi que ia seguir em frente sem sequer me importar com isso. Certeza que era drama.

Agora o problema real é que ele estava na minha cola vinte e quatro horas por dia. Bom, não vinte e quatro horas literalmente falando, porque você sabe, nós não moramos juntos. Mas o tempo que eu estava naquela escola ele estava atrás de mim, com aqueles olhinhos pidões, e com aquela mesma cara de tédio de sempre. Só que agora, era durante o dia e durante o treino, ele estava literalmente acabando com os meus rolês. Por que bom, eu não tinha mais tempo para sair com ninguém, ele ficava tomando o meu tempo.

E com o meu tempo, quero dizer que eu passo fugindo.

Já passava das cinco horas da tarde quando cheguei na escola para o treino noturno. Estava em um encontro antes disso, só que Nayeon tinha o treino das líderes de torcida, então resolvemos voltar para a escola mais cedo.

Notei todos os olhares sobre mim, quando entrei e vi as amigas dela na quadra de vôlei, conversando algo que provavelmente envolvia meu nome. Mas eu tinha tido uma tarde bem gostosinha e relaxante, ganhando massagem em pontos que vocês nem imaginam, então, não estava ligando para muita coisa. Só queria treinar e ir encontrar meus amigos que já deviam estar se preparando para o encontro noturno.

Só acontecia uma vez por mês.

— Jungkook? — a voz que identifiquei ser de Taehyung, era baixinha e sorrateira. Tinha certeza que envolvia algum segredo, porque ele não era uma pessoa de se importar com fofoca, só quando nos envolvia. — Você chegou cedo.

— O que houve?

— O treinador avisou que vai terminar tarde hoje, e como sei que você iria sair, estou te avisando.

Porra.

De vez em sempre o treinador fazia esse tipo de coisa. Pegava a gente e colocava em uma quadra, e só tirava quando notava que estávamos quase morrendo.

Ele gosta de sugar nossa juventude.

— Cadê o Hoseok e o Namjoon? — perguntei enquanto tirava aquela roupa pesada para vestir meu uniforme de número nove. Querendo ou não, eu amava aquela sensação de leveza que o basquete me dava, era questão de equilíbrio.

— Estão na quadra se aquecendo.

Taehyung deu os ombros e saiu do vestiário conforme prendia o cabelo de uma forma desajeitada. Por outro lado, eu estava puto porque tinha algo que eu gostava de fazer, era pegar a minha moto e sair adoidado por aí a 150km por hora, sentindo o cheiro de borracha no asfalto. E não era algo que eu podia fazer todos os dias, ou então o senhor Jeon Chin-Hwa e a senhora Jeon Chae-Won cortavam o meu couro em tiras bem pequenas, não que eu não mereça, mas bom, nunca assumiria isso.

Fechando o meu armário, eu saí do vestiário decidido que só tomaria banho depois que tudo acabasse. Como de qualquer forma eu sairia tarde da ali, eu ficaria tranquilo depois que todos fossem embora, porque aquele lugar era o meu templo. Então, eu demoraria o tempo que eu julgasse necessário, só para não ir pra casa levar bronca.

Sei nem se os meus pais estavam em casa.

Eles são empresários, donos de várias fábricas de roupas e importados do país. E é por essa razão que o filhinho tem que ser um bom moço, certinho e ingênuo para posar em fotos familiares e mostrar uma família perfeita de comercial de margarina, que você sabe, não existe. E eu particularmente já estou tão acostumado em ficar sozinho naquela casa, tanto que nem sinto mais tanta falta assim, na verdade prefiro ficar sozinho com o meu violão e o meu vídeo game, ou até com a minha bola de basquete, ouvindo música, sem que ninguém me atrapalhe.

Solidão é bom para quem sabe usar, e veja só, eu sei bem. Então, não ligo pra isso.

Mas não é como se o Taehyung me deixasse em paz nem por um segundo. Quando ele notava que eu estava sozinho, que inclusive não sei bem como ele fazia isso, ele batia na minha porta com um monte de comida gordurosa, ou uma bola para a gente usar na minha quadra com a desculpa de que ele mesmo estava se sentindo sozinho, sendo que eu sabia que não era verdade.

Pois acredite ou não, Taehyung era ainda mais popular que eu. Então, não existia um dia sequer que ele pudesse ficar realmente sozinho, a não ser que ele quisesse e saísse sendo grosso com geral, coisa que ele não fazia porque era educado demais pra isso.

Quando eu dei passos para dentro da quadra, comecei a enfaixar a minha mão que estava calejada demais para que me deixasse segurar a bola com firmeza. Dando voltas com cuidado, notei que Taemin e Kai também já estavam ali, me observando atentamente. Provavelmente esperando algum comando.

Namjoon se aproximou e puxou a faixa da minha mão, para que ele mesmo fizesse por mim, e só aí notei que ele certamente queria falar algo que julgava ser importante, ou então não teria me ajudado.

— Por onde você andava?

— Eu estava com a Nayeon.

Os ombros dele se mexeram devagar e eu notei que ele estava dando uma risadinha que soava como deboche. Conhecia bem aquele cara, com certeza queria me dar uma bronca.

— Eu passei a tarde com o Seokjin fazendo a porcaria daquele trabalho, e você está me dizendo que estava transando?

Hum, ele tem um ponto.

— Você achou sequer por um segundo que eu fosse mesmo fazer aquele trabalho? — apertei a palma da mão que já estava enfaixada e voltei a olhar para Namjoon, que inclusive estava a ponto de me bater. Mas isso é normal. — Relaxa, Jimin-ssi vai fazer sozinho. Ele é bom nisso.

— Você sabe que se a professora souber disso, ela vai acabar tirando seus pontos e tirando você do jogo também. Por quê quer arriscar? Faz logo esse trabalho, inferno.

É, ele realmente não estava mentindo. Para ser bem sincero a professora já havia comentado sobre isso, mas veja só, ela não iria ser ousada a esse ponto. Eu sou o melhor jogador do time, porra. Meu treinador come o fígado dela se isso acontecer.

— Sabe que o treinador não vai deixar isso acontecer, né?

— Sabe que quem decide é a diretora, né?

Certo, ela sim me odeia.

Suspirei cansado e olhei para a quadra, vendo os garotos agora se alongando. Eu não queria passar um tempo com aquele cara, porque bom, a gente sempre acaba discutindo por qualquer coisa que viesse a acontecer. Mas eu não era burro, bem, não cem por cento burro. Eu sabia que se não fizesse poderia dar problema, e foi pensando nisso que ainda ali em frente a Namjoon, eu decidi que iria pensar naquela possibilidade depois. Não deveria ser difícil tirar uma hora do meu dia, para Park Jimin, não é?

Afinal, era algo que nós dois precisávamos fazer.

[...]

O treino já havia acabado a alguns minutos, e eu estava jogado no chão da quadra, enquanto deixava meu corpo destruído se recuperar aos poucos. Já passava das nove da noite e todos estavam provavelmente no vestiário se trocando para ir embora, ou já haviam saído, e eu permanecia ali no mesmo lugar, com alguns fios grudados na testa devido ao suor, e sem camisa já que ela estava ensopada por todo desempenho que tive em quadra. Continuei com o meu olhar preso nas ferragens do teto, tentando ter coragem para ficar de pé, mas ainda assim levou bons minutos até que o meu corpo obedecesse os meus comandos.

Levantei sentindo o suor descer pelo meu abdômen, e dei passos despreocupados até o vestiário para que eu pudesse me arrumar para enfim sair da ali, e foi aí que então lembrei.

Park Jimin.

Precisava falar com ele e marcar um horário para que a gente iniciasse aquela porcaria de trabalho, porque era óbvio que a professora iria acabar comigo se eu não fizesse, e uma hora só do meu dia não iria ser grande coisa. Eu só precisava de uma desculpa para dizer que eu ajudei em alguma coisa, e com certeza Jimin não iria se opor a isso.

Bufei negando repetidamente pelo pensamento que tinha, não era como se Park Jimin fosse o cara mais fácil do mundo de se lidar, e aí juntava com a minha personalidade de merda e BUUM. A bomba explodia onde quer que a gente estivesse. E lá íamos nós brigar de novo e de novo, como sempre fizemos e sem necessidade nenhuma. Mas eu mentiria se dissesse que não gostava da adrenalina que era ficar a um fio dele me bater com aquela mãozinha minúscula dele, nem devia ter efeito nenhum, mas seria um bom teste a se fazer.

Em meio aos meus pensamentos ridículos, cheguei ao banheiro do vestiário e notei que já não havia ninguém. Quase pulei de felicidade ao notar que estava de fato sozinho, mas ainda assim era estranho.

Kim Taehyung sempre me esperava.

Dei os ombros enquanto me olhava no espelho, ele poderia estar me esperando do lado de fora da escola, logo que sabia que eu gostava de tomar banho ali antes de ir para casa. Mas ainda assim, ele nunca perdia uma oportunidade de conversar comigo em qualquer lugar que fosse.

Estranho.

Tirei a parte de baixo do uniforme junto com a cueca, e os coloquei em cima da pia enquanto observava meu corpo no espelho. Não era como se eu me preocupasse, já que não havia ninguém por ali, então eu tinha total liberdade para ficar livre no meio do vestiário. E com isso, não quis mais perder tempo, e decidi ir logo até um dos banheiros, entrando e logo ligando o chuveiro, fazendo meu corpo se arrepiar com o contato com a água morna.

Fiquei alguns minutos olhando para a parede branca, enquanto deixava a água escorrer por todo o meu rosto e corpo, sentia falta de alguns minutos sozinho. Acabei fechando os olhos para aproveitar aquele silêncio, ouvindo também a chuva que caía lá fora desde o início da noite, fazendo um friozinho gostoso que entrava em conflito com a água morna.

Mas logo depois que pude me ensaboar e terminar de lavar tudo o que tinha para lavar, ouvi o barulho da porta do vestiário se abrindo, então suspeitei obviamente que fosse Taehyung apressado como sempre já que eu havia passado bons minutos ali dentro. Passei a mão pelo o rosto tirando os resquícios de água que ainda escorria, e desliguei o chuveiro, pegando logo em seguida a toalha para que eu pudesse me enxugar. Senti meu corpo começar a pesar, provavelmente pelo sono e talvez pelo frio que havia aumentado e eu não havia notado.

— Taehyung? — chamei enquanto passava a toalha pela a minha cintura prendendo de forma artificial, apenas para que pudesse sair dali e ir até onde estava as minhas roupas.

Só que aí lembrei que havia deixado as minhas roupas em cima da pia, fora de onde estava, então significava que eu teria que passar pela porta e sentir a brisa gélida, droga.

Taehyung não respondeu, então me apressei, sabia bem que se eu não saísse daquele lugar logo, além de pegar um resfriado forte, ainda iria arrumar confusão com a diretora, visto que deveríamos estar ali naquele horário.

Escutei um barulho forte da porta se fechando com brutalidade, e acabei franzindo o cenho. Ele havia ido embora?

— Droga.. droga! 

Uma voz mansa e baixa acabou soando por todo o banheiro parecendo frustrada.

Saí de dentro da cabine e fui até onde estava o dono daquela voz que com certeza não era o Taehyung, e acabei de deparando com Park Jimin, batendo desesperadamente na porta, que agora parecia estar trancada.

Pelo lado de fora.

— Mas o que-

O rapaz se virou de supetão provavelmente por ter escutado a minha voz, e acabou engolindo a seco enquanto me olhava. Parecia assustado pra caralho.

— Fecharam a porta pelo lado de fora, Jungkook. Não tem como sair daqui.

Acabai olhando para a porta automaticamente, e suspirando pesado, porque porra, minhas roupas estavam na pia lá fora.

Passei as mãos pelo os meus fios que ainda deixava pingos escorrer pelo o meu tronco nu, mas antes que eu pudesse dar sequer um passo, acabei passando a maior vergonha da minha vida em um raio de um segundo apenas.

Senti a toalha escorregar do meu corpo tão rápido feito bala, e quando olhei para o chão, o pano já se encontrava lá, provavelmente junto com a boca de Park Jimin, que estava tão perplexo que não escondia um momento sequer a sua surpresa.

Os lábios do garoto estavam semi abertos, os olhos arregalados, as bochechas coradas, e o peito subia e descia rápido demais.

Sim, eu iria apanhar depois disso.

Não que eu tivesse culpa, longe disso, juro de dedinho que não fiz de propósito. Até porque estava frio, e bom, não estava de uma forma agradável se é que me entende, mas eu demorei para apanhar a toalha porque estava achando adorável a expressão de susto dele. O que rendeu bons minutos do líder da sala, olhando para o meu corpo nu ainda encostado na porta.

E só aí que notei vários pontos importantes, logo que estávamos em silêncio.

O primeiro era: eu estava nu na frente de Park Jimin.

O segundo: eu só tinha aquela toalha molhada para cobrir o meu corpo, já que as minhas roupas haviam ficado no outro cômodo.

O terceiro: a noite estava extremamente fria devido a chuva, então era provável que eu morresse de hipotermia.

E quarto: não tinha mais ninguém da escola por ali, o que significava que não tinha ninguém para abrir a porta.

Pisquei atordoado com todas as respostas que vieram automaticamente na minha cabeça, e olhei para o líder da sala esperando que ele falasse algo, mas ele estava paralisado, como se não pudesse nem se mexer.

Me abaixei então, e peguei a toalha, voltando a passar pela minha cintura, deixando meus olhos fixos no chão, porque só então percebi o que iria acontecer nos minutos seguintes.

Eu iria dormir com Jimin ali no meio do vestiário, e bom, sem usar roupa nenhuma.

🏀

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