05 - quando você enxerga a paixão
#jikookbasquete
Jeon Jungkook
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Quando eu era pequeno, eu costumava observar atentamente tudo o que os meus pais faziam, só para tentar entender o que é gostar de fato de alguém.
Porque bom, eles sempre foram muito ocupados. E eu claro tinha que ficar com a babá, com a minha avó, com os vizinhos, mas raramente com eles. E quando eu finalmente ficava, não conseguia entender o que queria dizer "sentimentos".
Sentimentos são complicados. Sentimentos são fortes. Sentimentos são absurdamente bons. Sentimentos são verdadeiros. Sentimentos são fáceis de mudar.
Isso é o que todos falavam ao meu redor. Seja em livros que desde cedo eu aprendi a gostar, seja em filmes românticos clichês que davam vontade de vomitar. Seja em novelas, séries, dramas, ou até mesmo em fanfics, claro. Em todo lugar tinha esse negócio de sentimentos, e eu, só vim descobrir muito tempo depois o que era, e acreditem, não gostei.
Porque poxa, eu estava numa boa, em uma sala fechada, com a diretora me dando umas broncas, e do nada entrou uma pessoa que, nossa. Fez o meu coração literalmente quase parar de tão rápido que batia.
Eu juro, não estou brincando, teve um momento que me faltou o ar e eu tive que me controlar pra não ir ao chão. É isso que chamam de sentimento bom? Pra mim parece que estou morrendo e não me apaixonando. Credo.
Mas o pior mesmo, não foi o momento em que eu finalmente descobri o que era sentimento. O pior veio em seguida, tipo, umas semanas depois quando eu compreendi que esconder aquilo era mais difícil do que eu pensei, e que junto com o sentimento da paixão, vinha outros juntos com ela. E eu vou contar pra vocês quais são. Prestem atenção, e cuidado para não se apaixonarem.
O primeiro sentimento que vem junto com a paixão, é o desejo.
Seja quem for, acredite, você deseja vinte e quatro horas. Primeiro você começa desejando o que não é seu, que no caso é a pessoa em questão. Depois você começa a desejar a pessoa em si, junto com você. Seja na cama, no parque, na puta que pariu. Não importa o lugar, você só quer, e quer o tempo todo.
Depois começa o desejo de beijar, e esses meus amigos, é o pior, veja bem. Porque cara, você fica igual a um otário olhando para a boca da pessoa. A pessoa fica tipo, oi tudo bem? Mas o desejo, a porra do desejo não passa e você fica imaginando como aquilo iria ser bom se acontecesse, e junto com essa vontade absurda que o desejo trás, vem também agora a preocupação.
O sentimento da paixão, trás o desejo e a preocupação, e para ser sincero, não sei qual é o pior parando para pensar. Tu vê a pessoa, ela está sentada. Beleza. Aí tu começa a pensar: será que ele está se alimentando? Será que comeu? Está com dor de cabeça? Fez cocô essa semana? Será que está bebendo água pra fazer xixi direitinho?
A preocupação é com qualquer coisa, e bom, eu já passei da fase de seguir a pessoa.
Não me julguem, eu só estava preocupado porque tinha uns caras do time atrás da pessoa, e inicialmente era preocupação, só que depois meus caros, apareceu outro sentimento que nossa, com certeza foi o pior de todos.
O ciúmes.
O ciúmes é a maior palhaçada que criaram, e com isso falo da minha mente que me odeia, e criou várias situações onde a pessoa que eu gosto, que eu quero, que eu desejo, e que eu me preocupo, estaria nos braços de outra pessoa.
Pois veja só, se o ser humano não é seu namorado ou algo do tipo, você não pode sentir ciúmes, correto? Errado meus caros. Vocês acham mesmo que o cérebro de vocês, e o coração idiota de vocês, vão querer saber disso? Não. Você vai sentir ciúmes, sim, do que não é seu, e o pior, não vai poder fazer nada com isso, além de lidar claro.
Eu já faltei à aula por causa disso, acreditam? Por uma semana inteira, e olhe que eu como capitão do time de basquete nem podia faltar, só que quando vieram com: "nossa, você sabia que fulano ficou com o Kai, na festa que teve?" Eu fiquei com ódio, possesso sem razão. E o ódio era tão grande que até o povo que trabalhava na minha casa sentiu, e inclusive passaram longe do meu quarto durante esses dias. Eu agradeci inclusive, estava sem paciência nenhuma pra lidar com qualquer coisa.
Mas acho que depois do desejo, preocupação e o ciúmes, vem aí a pior fase. A fase que você fica um completo idiota. Não que você já não seja, porque bom, eu sempre fui e sei disso. Mas todas essas fases juntas te deixam idiota, — bem mais que o comum — e eu só estou dizendo isso porque nesse exato momento eu estou sendo um, como de praxe.
Não sei se idiota é a palavra certa, ou se é bobo mesmo, meloso pra caralho, ou qualquer outra forma que você queira nomear. Mas eu estou a quase duas horas com o braço imóvel, e ele está doendo pra porra, só para o Park Jimin dormir tranquilamente, enquanto tem esse biquinho formado nos lábios encostado no meu peito.
Ora veja só, nem o futuro esperava por essa situação totalmente, conveniente? Não sei se é assim que eu posso chamar, mas a realidade meus caros, é que eu não sei como fiquei preso aqui, de verdade eu não faço ideia. Mas de alguém de fato nos prendeu aqui — o que é provável — já deixo aqui o meu muito obrigado, porque se acharam que eu não iria aproveitar essa chance que o universo me deu, estão todos enganados.
Agora é o momento em que você chega e diz: tu é gay, mano? Então, não é isso. Eu vou tentar explicar, e no fim vocês decidem o que pensar, correto? Atenção a explicação.
Desde o dia que eu vi esse garoto, de cabelos loiros, sorriso frouxo, e cara de bravinho, eu não sei o que foi que porra aconteceu. Mas eu já contei o que aconteceu na sala da diretora né? Pois é, só que não foi só isso.
Jimin depois daquele dia ainda continuou me fazendo sentir estranho, é por mais que eu tentasse agir normalmente dentro da escola, como eu sempre fiz, eu simplesmente não conseguia. Os meus olhos incansavelmente buscavam ele, e chegava até a ser cansativo. Era um pouco masoquista também visto que ele não me dava um pingo de atenção, mas não era como se eu pudesse contar aquilo para alguém, não é? A minha reputação não permitia.
Só que o Taehyung, ah o Taehyung, ele me conhecia tão bem. Tão bem, que às vezes me assustava um pouco, e ele ser tão indiferente em relação a esse assunto, me deixava intrigado. Quer dizer que ele achava aquilo completamente normal?
03 anos atrás
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— Você não prestou atenção no treino hoje, levou sete boladas, dois chutes, quatro tapas, fora que não conseguiu marcar uma cesta, e ainda escutou bronca do treinador. O que está acontecendo, Jungkook? Você não é assim.
Taehyung falava cansado enquanto delicadamente passava a faixa entre os dedos, ainda estava sentado na quadra usando o nosso uniforme vermelho, parecia alheio ao assunto, Porém era notável a sua preocupação, não era comum eu ficar daquele jeito, acredite. Noventa por cento das vezes, eu dava o melhor de mim lá dentro e eu agora estava no modo dez por cento.
— Não sei, eu só não conseguia me concentrar.
— A quadra estava lotada, e ainda assim, você só conseguia olhar para um lugar específico. Quer conversar sobre isso?
Espera. Eu estava? Não havia notado nem por um instante, jurava que eu estava conseguindo disfarçar super bem. É sobre isso que eu havia comentado antes, nós não conseguimos enxergar, não é? E isso, é o que fode.
— Você sabe pra quem eu estava olhando? — parando de dar atenção ao que fazia, e agora olhando para mim, Taehyung confirmou com a cabeça e esperou que eu falasse alguma coisa. Seu olhar era sério, parecendo até que entendia a situação. Mas eu não podia me abrir, podia? Aquilo não era certo. — Sei lá, eu só estava procurando alguém na arquibancada e-
— Você estava olhando para o aluno novo, Jungkook. Não tente esconder isso de mim, porque eu não sou otário. — ele revirou os olhos, agora sentado em posição borboleta para se alongar. — Já faz uma semana que tem treinos abertos e fechados, um dia um, um dia outro, e nos treinos fechados você consegue lidar bem com o time, como sempre fez. Mas quando é aberto, você não consegue fazer nada porque está dando a sua atenção para outra coisa, no caso pessoa, e ainda fica mentindo sobre isso.
— Não estou mentindo, porque acha que eu estava olhando para um garoto, Taehyung? O que está querendo dizer com isso?
Ele só deixou um sorriso soprado sair, agora começando a balançar as pernas, estralando o pescoço, e levantando os braços em um alongamento relaxado e desajeitado. Parecia não ligar o suficiente para a pergunta que eu fazia.
— Quero dizer que vou estar aqui pronto para te escutar, quando você estiver pronto. Acredite, vai ter uma hora que você não vai conseguir manter isso dentro de você. Seja lá o sentindo que for, ódio ou.. ou algo a mais.
Mudei o foco da minha visão e comecei a buscar qualquer lugar que não fosse os olhos dele. A quem eu queria enganar, afinal? Eu não sabia o porque estava me sentindo daquela maneira estranha, ou se era só coisa da minha cabeça. Mas o que eu sabia era: às vezes doía, às vezes me fazia sentir vivo. E ver ele ali na arquibancada, conversando com os amigos, e torcendo para o time onde eu jogo, era uma das poucas coisas que me deixavam com o coração quentinho.
Talvez fosse coisa da minha imaginação, não sei. Mas vez ou outra eu notava que a sua atenção estava em mim, e era nesses momentos, que eu perdia completamente a atenção de outras coisas, e focava apenas nele. Óbvio que ele jamais saberia disso, mas eu poderia admirar em silêncio, não é? Não há nada que me impedisse, a não ser ele próprio.
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Minha cabeça doía, meu braço doía, meu corpo inteiro doía, e eu não conseguia mexer um centímetro sequer. Era o cúmulo da boiolagem, senhoras e senhores. E eu não podia fazer nada, além de aceitar em silêncio durante a madrugada.
Primeiro que eu não conseguia pensar em muita coisa, já que ele estava completamente por cima de mim. Mas o que eu conseguia pensar era: como foi que o destino ousou me afrontar e me ajudar dessa forma tão, tão, estranha sem que eu ao menos esperasse? Poxa, eu queria ao menos ter me preparado, não é? Psicologicamente, claro.
A verdade é que Park Jimin era indecifrável.
Eu jurava que ele me deixaria ali naquele banco, por algum motivo que eu não sei qual é, mas eu chuto que ele me odeia. Só que ele fez muito mais do que eu poderia imaginar, e acabou escolhendo cuidar de mim, mesmo que eu não merecesse tanto assim, não é? Afinal, eu implico com ele o tempo inteiro.
Enquanto eu tinha mil flashbacks na minha cabeça, desde quando ele chegou, até agora nesse nosso último ano, senti ele se remexer incomodado e já havíamos mudado de posição várias vezes, só que ele ainda não conseguia ficar quieto. Não era frio, eu tinha certeza, então o que era?
Talvez fosse o fato de que estávamos deitados em um colchonete minúsculo, onde só cabia uma pessoa, mas ele mesmo escolheu dormir por cima de mim depois de ficarmos de conchinha por um bom tempo, eu apenas estava da forma que ele queria estar.
— Jungkook.. — ouvi a sua voz baixinha e rouca me chamar, depois que ele levantou a cabeça do meu peito, e continuou com os olhos fechados esperando que eu respondesse. Seu rosto estava inchado, e seu cabelo bagunçado, parecia ainda estar com muito sono.
— Oi meu doce.
— Sua febre passou? — sua mão livre que estava por baixo dos lençóis subiu até a minha cabeça e pousou na minha testa, tudo isso ainda com os olhos fechados. Ele era surpreendente.
— Acho que sim, estou todo suado. — o frio já começava a me incomodar, pois eu estava encharcado por causa da febre, e também por ter jimin encostado a mim. Incrível mesmo era ele querer continuar ali com tudo isso. Ele estava preocupado ainda.
— Isso é bom, sinal que a febre está indo embora. — ele bocejou logo depois. Sua mão, que até então estava na minha testa, desceu para se apoiar no meu peito só para que ele colocasse a cabeça em cima, despreocupadamente. Parecia não ligar mais para a situação, e como nós estávamos.— Você precisa dormir.
— Não consigo. — não menti, difícil seria explicar o motivo.
— Quer se virar? Acho que deitados assim fica desconfortável, estava melhor antes.
— Vire.
Sem discutir sobre aquilo, ele fez o que pedi, e acabou saindo do meu abraço deixando o meu braço livre agora, esse que reclamou imediatamente da posição. Estava doendo pra cacete.
Seu corpo encolheu quando ele ficou de lado, e o lençol fino ainda o cobria para que não sentisse tanto frio. Mas convenhamos que aquilo não ajudava em nada, a única coisa que estava mesmo nos esquentando, eram nossos corpos juntos, o nosso próprio calor.
Com isso o abracei novamente, consciente de que estava agora por completo encostado nele. Seu braço segurou nos meus quando eu já havia o puxado para mais perto, e suas pernas acabaram buscando as minhas quando já estávamos confortáveis o suficiente.
Que droga, tenho certeza que ele conseguia sentir as batidas do meu coração visto que meu peitoral estava encostado em suas costas. Aquilo seria muito vergonhoso, não tinha como ficar pior.
— Preciso ficar parado? — senti diversão em sua voz mesmo sabendo que ele permanecia com os olhos fechados e pesados por causa do sono. Mas eu sabia o que ele queria dizer, a cara nem tremia mais.
— Você parado ou não, continua a mesma coisa. Só durma. Preciso que fique quente.
— Eu sei. — ele respondeu. — Eu estou quente.
Credo.
Era pra ser algo bom, não é? A preocupação estava gritando, mas a dualidade que eu estava nesse momento era incrivelmente sufocante. Desejo e preocupação. Vocês ainda querem se apaixonar?
— Não está desconfortável?
— Não. — ele disse se remexendo, provavelmente para colocar a cabeça de novo no meu braço. — Está quentinho e confortável agora.
— Não é disso que eu estou falando. — minha voz era baixa porque eu estava falando rente ao seu ouvido. — Falo sobre a situação. Não está desconfortável comigo, assim? Tipo, abraçando dessa forma?
Ele demorou para responder, e aquilo me deixou aflito de certa forma. Não queria que ele se sentisse usado, ou até mal por estar ali, mas rapidamente senti ele dar uma risadinha, o que inclusive me fez relaxar um pouco.
— Por mais estranho que pareça, Jungkook, estou aliviado por ser você aqui, por alguma razão estranha que eu não sei o que é.
Oh.
Meus olhos fecharam pesados, e eu acabei inconscientemente resvalando outra vez o meu nariz na sua pele. Seu cheiro doce me deixava inebriado, mas a sua palavras me deixaram bem mais, eu desejei que o tempo passasse um pouco mais devagar do que o habitual. Quem ligava se eu precisava de um médico? Eu precisava ficar onde estava, sem recomendações para voltar para casa.
Estava muito bem. E eu não sabia se aquele sentimento era bom, ou ruim, mas estava lá, fazendo minha boca secar outra vez.
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Quando eu acordei pela manhã com o vestiário um pouco mais claro do que o habitual, Park Jimin não estava mais comigo e a porta do vestiário estava aberta mostrando nitidamente que alguém já havia chegado antes que eu acordasse. A primeira coisa que pensei quando notei que estava sozinho foi: "oh, então é assim que as pessoas se sentem quando têm uma noite incrível e a pessoa pela manhã já não está mais lá?", Só que bom, a noite incrível foi só aquilo mesmo, eu que estou sendo emocionado e apelativo. Mas ainda assim, podia ter me acordado, não é?
Levantei do chão e sai pela porta do cômodo para chegar no outro e pegar as minhas roupas. Porém assim que cheguei lá, consegui ver um pequeno bilhete escrito todo desengonçado, com uma caneta vermelha, e com aquela letra que eu conhecia bem.
" Você teve febre a noite inteira, então resolvi não te acordar para que você pudesse descansar. Quando ficar de pé, vá para casa e não fique no treino, tome um chá e um banho. Deite depois, certo? Não seja teimoso, apenas cuide de si mesmo hoje, porque eu não estarei lá para cuidar." — Jimin.
— Porque eu não estarei lá para cuidar... — repeti o que li pela terceira vez, e me olhei no espelho como se buscasse resposta na minha própria cara.
Ele gostaria de cuidar de mim, é isso?
Me vesti apressado e decidido pois iria confrontá-lo, mas quem eu queria enganar? Estava fraco ainda, meu corpo pedia por descanso, e por um banho também. Talvez depois, não é? Não é como se eu não pudesse esperar o fim de semana passar. E foi pensando nisso, que eu lavei o rosto e sai de dentro do vestiário, indo em direção a saída da escola. Eu sabia que tinha treino naquele horário pela manhã, mas eu não tinha condições nenhuma de ficar, e o Jimin havia pedido para que eu fosse direto pra casa. Depois daquela noite que tivemos, eu não pensaria em desobedecer, e eu sabia que não iria ter ninguém em casa de qualquer forma.
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Quando o domingo começou, senti o meu corpo inteiro doer por ter passado o dia anterior sem fazer nada, deitado na cama do jeito que eu havia falado que faria. Era uma bosta, acreditem. Estava tão acostumado a me movimentar o tempo inteiro, com o treino, a musculação, a adrenalina de estar na minha moto a 140km por hora, que quando parava, tudo parecia machucar. E isso era estranho pois mostrava o quanto o meu ritmo era intenso.
Eu fiquei de pé e fui até o banheiro para tomar um banho. Coloquei uma roupa qualquer sabendo que ficaria o dia inteiro em casa, e voltei para a minha cama, me cobrindo até a cabeça por causa do frio que o ar condicionado fazia. Não importava o tempo que fosse, frio sempre seria melhor que o calor.
Até pensei em assistir algo legal, ou apenas voltar a dormir, mas o meu celular começou a apitar, mostrando nitidamente que estavam conversando no grupo de mensagens. Então resolvi dar uma olhada com medo que fosse algo realmente importante.
Taehyung: Treino hoje às 15h na quadra do bairro. Desde a semana passada marcamos, por favor não faltem.
Namjoon: Amanhã já é dia de entregar o trabalho, você está fazendo com quem Taehyung? Não vi a professora falando seu nome.
Hoseok: Você sabe que ele odeia fazer trabalho em grupo, Nam. Por isso a professora deixou ele sozinho, ela já sabia. E outra, as notas dele estão boas, não é como se precisasse de ajuda.
Eu: Me senti atacado. 😔 ✓
Taehyung: Eu até iria fazer sozinho, mas ontem alguém me procurou pedindo ajuda. Então, não pude negar.
Hoseok: Quem? Em cima da hora assim?
Taehyung: A pessoa que iria fazer com ele, não quis fazer. Então, ele me procurou.
Eu: Taehyung.. não me diga que é quem
eu estou pensando que é. 😠 ✓
Taehyung: Jimin me mandou mensagem ontem à tarde, estava chateado porque fez de tudo para você entender que precisava ajudar em alguma coisa e você não quis. Eu não vou te julgar irmão, porque sei que você sempre teve alguém para fazer isso por você. Mas dessa vez era necessário fazer, não por ser com o Jimin, mas sim porque a professora havia dito que era a sua última chance.
Eu: Você não vai fazer com ele,
Taehyung. ✓
Taehyung: Vou sim, já dei a minha palavra. Nós iremos finalizar o trabalho hoje na casa dele.
Li a mensagem três vezes para entender o que havia ocorrido. Jimin havia me deixado de lado, de lado! Mesmo com o que passamos, mesmo com tudo o que eu disse, ele só buscou outra pessoa e foi fazer o trabalho como se nada tivesse acontecido.
Tudo bem que eu não queria fazer o trabalho, mas poxa ele mesmo me mandou vim pra casa porque eu estava doente! Que tipo de mudança de comportamento é essa?
Bufei alto quando entendi o que aconteceu, e senti meu peito queimar com aquela ideia de traição. Ele não iria fazer aquilo, não iria.
Eu: 15h vou estar na quadra.
A gente resolve isso como sempre, Taehyung. ✓
Joguei meu celular na cama, e fechei os olhos, tentando tirar a paciência de um lugar que eu sabia que não tinha. Não sabia o que era esse sentimento que eu estava sentindo agora, mas era uma mistura bizarra de ciúmes, frustração, raiva e tristeza, tudo de uma vez só. Ciúmes por ele ter procurado outra pessoa, frustração por ter me sentido trocado, raiva por que o Taehyung sabia que eu precisava da nota, e tristeza porque poxa.. eu sou iludido, né? Achei que tinha mudado algo em nós dois, depois daquilo tudo.
Namjoon: Me digam que vocês não irão sair na porrada pela milésima vez, por favor.
Hoseok: Eles só se resolvem assim, já estou até acostumado.
Taehyung: Meu soco de direita no rostinho delicado dele, ficará uma delícia.
Eu: Espero que tenha treinado. ✓
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Enquanto o tempo passava, eu havia armado um plano perfeito e incrível para empurrar Jimin na parede, e perguntar por que que ele fez aquilo. Tudo bem que eu sabia a resposta, sabia que ele iria dizer que era porque eu não queria fazer o trabalho, mas não seria o suficiente pra mim. Se ele dissesse isso, eu iria dizer que iria fazer comigo, sim, e que não tinha direito a escolha.
Cada vez que eu parava para pensar em como ele havia arrumado o número de Taehyung, e não o meu, meu sangue fervia e eu perdia completamente a calma que estava juntando desde cedo. Certo que ninguém sabe sobre os meus sentimentos secretos por ele, mas, ele é burro?
Ele mesmo vivia dizendo que eu era artificial, que não gostava verdadeiramente de pessoas, que eu me envolvia com algum interesse pessoal, e aí, ele não parou para pensar sobre eu não ficar abraçado com qualquer um no frio? Hora, faça-me um favor, era tão óbvio. Por quê, claro que eu já havia levado muitas naquele vestiário, mas pra ficar abraçado? Nah. Odeio esse tipo de contato físico.
Bom, odiava né? Já que ontem eu meio que senti falta quando ele saiu. Porém, todavia, entretanto, não era como se eu pudesse falar isso pra ele, então eu iria descontar no Tete.
Antes que venham dizer que sou violento, quero dizer que não, não sou. Bom, só quando é com o teteco, porque a gente só se resolve dessa forma, e foi sempre assim. Não conversamos, não existe diálogo, existe socos e chutes, e uma amizade intacta depois da confusão. Não recomendo que façam isso com os amigos de vocês, mas se eles demonstrarem interesse, corram para um rinque e caiam no soco. Amizade fortalecida instantaneamente.
Foi com isso na cabeça que saí de casa. Estava decidido que iria chegar na quadra, sair no soco, ir até a casa de Park Jimin e fazer a porcaria daquele trabalho. Eu sabia que ele morava ali próximo, então não seria sacrifício nenhum. Tudo ficaria numa boa, e eu tiraria um dez. Simples assim como respirar.
Claro que o Taehyung ia ficar chateado, mas não tinha nada que eu pudesse fazer. Ele mesmo dizia que trabalho em grupo sempre dava dor de cabeça, então, qual era o sentido fazer com o Jimin? Não, ele não iria fazer.
— Ele é tão engraçado, ele. — revirei os olhos e coloquei o capacete, tendo plena consciência de que iria pilotar igual a um doido. Quanto mais rápido eu chegasse lá, mais rápido resolvia logo isso. Não poderia treinar porque o Jimin pediu, não é? Mas ele não falou nada sobre uma pequena briga inocente.
E não achem que eu estou fazendo isso por ciúmes, porque não é. A gente apenas se resolve assim, ué. Na brotheragem, coisa de amigo mesmo.
E assim, puto de raiva, eu cheguei na quadra em quinze minutos, pude ver de cara Taehyung que conversava com Hoseok, e Namjoon que aquecia despreocupado. Não teríamos platéia, ótimo pensei. Seria apenas nós quatro e a minha paciência que não estava lá essas coisa.
Desci da moto depois de estacionar dentro da própria quadra, e coloquei o capacete de qualquer jeito já querendo extravasar a adrenalina. Passei as mãos pelo os cabelos molhados pelo suor usando ainda as luvas de couro, e andei em passos grandes vendo quando Taehyung — que agora estava sem camisa — se aproximar deixando Hoseok para trás, e fazendo Namjoon parar os movimentos contínuos. Ambos já até sabiam.
— Olá Jeon. Animado para quebrar o nariz hoje? — ele debochou, terminando de enfaixar a mão, coisa que ele fazia sempre que iria treinar.
— O seu? Estou. Estou muito animado, você nem imagina. — ainda andando, removi a minha própria camisa logo a jogando no chão deixando todas as minhas tatuagens à mostra, coisa que eu não fazia com frequência. Vi Namjoon ficar ao lado de Hoseok, esse que estava apreensivo, coisa que era normal já que ele se preocupa mais do que o comum com Taehyung.
— Estava com saudades de te quebrar, meu amor. Não está com saudades, hum?
Não deu tempo para falar mais nada, porque quando eu já estava de frente para ele, minha mão fechada em punho atingiu o seu rosto, fazendo o soco acertar em cheio o seu nariz, o fazendo ir ao chão. Vi ele passar os dedos no local e ver que eu estava sangrando, o que fez ele sorrir voltando a me olhar, sentindo o próprio gosto metálico já que escorria até a sua boca.
— Belo soco. — ele falou.
— Obriga-
Antes que eu pudesse responder, ele foi rápido em agarrar as minhas pernas e me levar ao chão. Suas pernas prenderam o meu quadril, e o seu soco foi certeiro na minha bochecha, dando o segundo na minha boca, e o terceiro onde foi dado o primeiro.
Com aquilo eu agi, empurrando ele para o lado e montando. Só que não deu tempo de fazer mais nada, já que de longe eu ouvi o meu nome sendo gritado por aquela voz que eu conhecia bem. Automaticamente procurei de onde vinha, e na entrada da quadra eu o vi, correndo até onde eu estava, tendo ao seu lado Yoongi e Seokjin que pareciam tão surpresos quanto ele.
Park Jimin estava mais loiro e mais bonito do que nunca, vindo em minha direção, ofuscando completamente a luz do sol que clareava aquela área aberta. Era incrível o quanto o meu mundo parava quando ele estava por perto, e mais incrível ainda como ele me fazia ter controle sobre mim mesmo visto que a minha raiva havia passado no mesmo instante, tanto que eu nem lembrava mais o motivo de estar ali.
Taehyung me tirou de cima dele, e ficou de pé rapidamente, me fazendo levantar também e ainda ficar alerta.
— Não vou ficar te devendo dois socos, Taehyung. Vou dar agora, e você sabe disso.
— Se você acha que consegue, só vim Jungkook, aproveita que tem a platéia que você realmente queria.
Dei um sorriso minúsculo e quebrei a distância, já fechando a mão para atingir seu rosto, mas antes que eu pudesse de fato fazer, vi Jimin se pôr em sua frente, respirando pesado provavelmente pela corrida recente, me fazendo parar de imediato antes que atingisse seu rosto.
O que ele pensa que está fazendo?
— Você é maluco? — foi o que ele perguntou, dando a acreditar que a culpa era minha, sem ao menos saber se aquilo de fato era verdade.
— Saia da frente dele. — foi só o que eu respondi, sentindo a minha garganta fechar sem explicação nenhuma, ou talvez eu soubesse a explicação, mas fingisse que não
Yoongi que estava ao lado de Jimin, fixou o olhar em Hoseok, esse que também o olhava de uma forma estranha. Eu não sabia o que estava acontecendo entre eles, mas aquela encarada foi o suficiente para saber que tinha algo rolando no ar.
Taehyung, que tinha o nariz sangrando, sentiu quando Yoongi tocou seu rosto de forma preocupada parecendo de fato se importar com o seu bem estar.
E de repente tudo ficou estranho, porque eles estavam ali, e desde quando eram tão próximos?
— Por que está batendo nele? Não me diga que é por que-
— Vocês me traíram? Não, é só por diversão.
Debochei sentindo agora meu lábio inferior arder, dando a certeza de que havia cortado o local, e como fiz inconscientemente uma careta, Park Jimin pareceu notar, agora se aproximando de mim, um tanto preocupado.
— Você estava com febre ontem, Jungkook. Como pode ser tão irresponsável a esse nível? Você deveria estar de cama, e não aqui nesse sol, batendo em alguém. — quando ele já estava de frente pra mim, invadindo totalmente o meu espaço pessoal, notei então que ele segurava a minha camisa que provavelmente havia apanhado quando entrou, e com isso, ele levou a mão que segurava o tecido até a minha boca, encostando em cima do meu ferimento, com a própria boca entreaberta, vez ou outra puxando o lábio inferior, deixando claro o quanto estava irritado.
Ele sempre fazia isso quando estava irritado, eu sabia bem porque era rotineiro na escola.
— Você me deixou, o que queria que eu fizesse, meu doce? Hum? Vai realmente me abandonar assim? Vai me deixar de coração partido?
Seokjin que estava até então observando ambas as interações, tanto eu com o Jimin, quanto Yoongi que ainda cuidava de Taehyung, acabou indo até o lado de Namjoon para cochichar alguma coisa que não entendi. Isso tudo estava definitivamente estranho. Ou não, já que todos nós estávamos fazendo trabalho juntos, podia ser só coisa da minha cabeça.
— Não seja dramático, você mesmo disse que não queria fazer o trabalho. — sua boca estava tão próxima da minha, eu conseguia nitidamente enxergar cada detalhe em seu rosto.
— Eu ia dizer ontem que iria fazer, mas você sabe, naquela situação que estávamos eu não conseguia pensar em nada.
Vi ele dar um sorrisinho minúsculo, antes de corar. Com certeza ele pensou no que eu pensei, mas que droga que garoto fofo do caralho!
— Agora eu já falei com o Taehyung, e você sabe, o trabalho é em dupla.
— Problema dele, eu vou fazer com você e pronto. — dei os ombros, e vi o Taehyung sorrir sarcástico, antes de se aproximar de mim, ficando agora do nosso lado.
— Eu vou fazer com ele, Jungkook. Já está decidido. Faça sozinho. — o meu então ex amigo falou, me fazendo sorrir.
— Não vai. Eu já disse. — fui curto e grosso e senti Jimin tirar o pano dos meus lábios, dando um passo para trás, parecendo com receio.
Ele não falaria nada? Era isso mesmo?
— Eu acho que o Jimin deveria decidir. — foi Seokjin que falou, fazendo todos voltar a atenção até ele. — Ou você escolhe Jimin, ou faz sozinho. Você que sabe, já que foi você que falou com o Taehyung.
Todos voltaram a atenção para o loirinho que ainda me encarava na minha frente. Ele parecia não ter resposta para aquela pergunta, o que me deixou um pouco preocupado já que parecia sem saída.
Não tinha muito o que fazer, estávamos com tempo e próximos a casa dele, então ele só precisava decidir. Iria fazer comigo e deixar o Taehyung sozinho, como ele já estava. Ou fazer com ele e me deixar na mão em cima da hora?
Eu não fazia ideia do que ele iria fazer, mas eu sabia apenas de uma coisa naquele momento: ele estava preocupado comigo, e isso, precisaria de uma razão, não é?
🏀
ai ai esse jungkook kk
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