Capítulo 8
Sabe quando você tem que agir naturalmente e não consegue? Exatamente, estou falando de mim! Na segunda-feira me transformei em outra mulher, usava um boné e óculos escuros. Coloquei uma jardineira preta com uma camiseta rosa de mangas longas. Optei por um par de chinelos. Com minha cabeça distante do corpo, acabei esquecendo de pôr o colete aprova de balas.
Entrei no carro do motorista da senhora Albuquerque com um frio na espinha. Toquei algumas vezes na alça do meu sutiã incomodada, mas não era com ele, acontece que ainda estava com meus pensamentos a mil devido ao incidente com meu paciente.
Recorri à internet para tentar descobrir se ele era ou não homossexual. Nos sites de fofocas encontrei fotos dele com mulheres diferentes em festas badaladas. Aparentemente ele não era gay.
No entanto, tinha esperança que fosse um enrustido como pensei a princípio. Sentada no banco do passageiro, não conseguia ficar um segundo sequer sem falar coisas sem sentindo para o motorista que queria manter a atenção na direção.
— O senhor gosta de cachaça? Uma vez pensei em experimentar com rapadura...
Inconveniente e sem noção? Sim e muito! Por sorte ele era um senhor muito compreensivo e não me mandou pra puta que pariu. Após nossa curta viagem de muito papo, da minha parte claro, chegamos na mansão. Minhas pernas travaram na porta de entrada e voltei a sentir um frio percorrer a espinha. Anabel surgiu como um fantasma, assustando-me ainda mais.
— O que você tem? E cadê o colete? Quase não te reconheci com esse visual diferenciado do que estou acostumada. — comentou, entrelaçando seu braço no meu. — Meu irmão também está agindo esquisito, você vai se surpreender quando vê-lo. Por acaso vocês combinaram algo? Posso apostar que por trás desse óculos escuro está me fuzilando pelo meu comentário agora!
Que porra de comentário foi aquele? Não tinha combinado nada com o irmão dela! Irritada, quase empurrei ela contra a parede.
— Como seu irmão conseguiu meu telefone? — questionei, demonstrando toda minha insatisfação. Anabel tinha esquecido o que era bom senso, aquela carinha angelical não me enganava, tinha sido ela que passou meu contato para ele.
— Desculpe, ele me pediu tanto que não pude negar o pedido do meu irmão. Passei seu telefone depois de tanta insistência. — confessou, com um sorriso sem graça. — Vocês discutiram? O que ele queria? Você pode me contar tudo que quiser...
Bufei, puxando-a até o canto. Ela tinha que ouvir umas verdades, pra quem sabe cair na real, éramos diferentes e não duas amigas.
— Você tem dezoito anos, Anabel! Não sou uma das suas amigas pra você se achar no direito de fazer o que bem-quer! Estou com uma mistura de sentimentos e todos são péssimos! Não vou te contar nada que aconteceu devido ao que você fez! Por favor, evite falar comigo toda vez em que me ver! Estou cansada! — desabafei, soltando seu braço bruscamente.
Anabel começou a chorar e saiu correndo em direção às escadas. Me senti mal por ter falado da forma como falei com ela, todavia, deixei que ela ficasse sozinha. Conhecia o caminho para o quarto do seu irmão, então, caminhei em passos lentos até lá. Em frente a porta da casinha do cachorrão, minhas pernas fraquejaram. Acariciei alguns segundos a maçaneta da porta, criando coragem para adentrar.
— Theo, estou entrando! — afirmei, empurrando a porta do quarto.
Passei os olhos pelo quarto inteiro e não o encontrei. Coloquei minha bolsa na poltrona, indo olhar debaixo da cama. Por que raios ele estaria escondido ali? Foi loucura ter pensado que ele pudesse estar escondido!
— Não encontrou ainda o que quer encontrar? — disse ele, assustando-me. Fitei seus pés que se aproximavam de mim. — Tem ficado muito abusada! Pensou em roubar alguma coisa quando não me viu? Não guardo dinheiro no colchão se foi o que pensou!
Aquele pirracento do caralho ousou me acusar de roubo! Levantei do chão furiosa!
— Seu merdinha, como ousa... — parei de falar, dando um gritinho de surpresa. Ele tinha feito a barba e cortado os cabelos! Aproximei-me um pouco mais, desconfiada. Toquei a ponta do seu nariz com o dedo indicador, então falei o que pareceu sensato ao vê-lo daquele jeito. — Resolveu virar gente? Até mesmo tomou um banho!
Talvez eu tenha exagerado na minha reação porque perdi a noção e dei uma fungada em sua camisa polo vermelha. Encontrá-lo cheiroso e todo arrumadinho era novidade. Não vou mentir que adorei vê-lo daquele jeito. Ele fingiu uma tosse para chamar minha atenção. Afastou-se dando uma gargalhada deliciosa. Era novo pra mim ouvir sua risada.
— É você mesmo? Quer dizer, as grosseiras, estou acostumada, mas sua alegria repentina não. — comentei, tirando meu óculos escuro. Desconfiei que sua mudança fosse porque tinha visto meus seios pela chamada de vídeo, entretanto, ele matou essa teoria em seguida.
— Tenho um encontro. — afirmou, orgulhoso e continuou. — Não acha que uma mulher vale o esforço? Estou depressivo, porém, não estou morto, Pamela! Ela vai vir mais tarde, até pedi para que trocassem as cobertas...
Olhei em direção à cama e vi que era verdade, realmente eram outras cobertas. Theo Albuquerque era um safado. Fiquei toda arrependida de ter pensado que ele era um pobre coitado doente. Ele sequer tocou no assunto da chamada de vídeo em que viu meus preciosos seios, era muita indiferença comigo daquele filho da puta!
— Depressivo de araque... — sussurrei, de cara feia.
— Disse algo? Pode falar mais alto, por favor! — zombou, dando uma piscadela.
— Vamos parar de enrolação? Não quero me encontrar com sua prostituta! Ah, para de me olhar assim, como se eu tivesse falado um absurdo! Você não sai desse quarto para nada, o único jeito de conseguir um encontro amoroso é pagando! Você pode estar bonito por fora, contudo, está podre por dentro, Theo, muito podre!
Por que ofendi ele daquele jeito? Para minha defesa, não foi ofensa e sim lhe disse umas verdades! Ele era um cínico sem vergonha que não escondeu de mim seus planos íntimos. A família Albuquerque era cheia de surpresas desagradáveis. Queria sair quanto antes daquele quarto porque a companhia não era das melhores.
Nota da autora:
O que foi isso hein? Muito suspeito essa mudança de Theo repentina não é mesmo? Algum palpite? E esse encontro realmente existe ou é balela dele?
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