Capítulo 13
𒁂Theo Albuquerque
Ela merecia algo melhor, alguém que pudesse lhe trazer alegrias e ser mais do que um peso. Eu não era para ela e não forçaria nada, por mais que quisesse tê-la nos meus braços e sentir o sabor dos seus lábios, afastei-me.
Sua reação com minha ação repentina não foi das melhores. E se nos beijássemos? O talvez deveria ficar nos meus pensamentos, não de fato deixar acontecer. Levantei do chão, estendi minha mão em sua direção para ajudá-la levantar do chão.
— Desculpe as provocações, senhorita Pamela. — falei, torcendo que ela aceitasse minha ajuda.
Com um sorriso lindo ela segurou firme minha mão. De alguma maneira aquele gesto fez meu coração acelerar e eu gostei muito disso.
— Estou me acostumando às suas esquisitices, Theo! — afirmou, ainda apertando firme minha mão. — Queria que saísse desse quarto. Não sente saudades do mundo lá fora? Não pensa no quanto está perdendo por estar preso neste quarto?
Como explicar o que nem eu mesmo entendia muito bem? Seus olhos fixados nos meus aguardavam resposta. Soltei sua mão após puxá-la do chão. Saí andando pelo quarto arrastando a perna. Quando ficava nervoso, minha perna travava mais que o normal.
— Você não é psicóloga! — disse curto e grosso. — Faça o que veio fazer e pare de tentar manter uma conversa comigo. Você é paga para minha fisioterapia e não para dar palpites!
Se eu era um imbecil? Sim, era! Pamela cruzou os braços parecendo bem irritada. Obviamente eu tinha deixado-a muito irritada e não era pra menos.
— Enfia suas grosseiras no teu cu! — berrou, indo pegar sua bolsa na poltrona. Quando pensei que não pudesse piorar, ela voltou abrir a boca. — Vou embora, não vale a pena passar por isso, não mesmo!
Bateu o desespero ao vê-la saindo pela porta. Parado, fiquei sem reação durante alguns segundos. Baguncei meus cabelos, sentindo um nó na garganta.
— E se ela não voltar mais? — questionei-me. Respirei fundo antes de sair pela porta depois de muito tempo. Olhei para os lados e não a encontrei.
O que fazer naquela situação? Minhas pernas estavam trêmulas e mal conseguia caminhar direito, mesmo assim continuei em passos lentos, me distanciando do meu quarto. Uma das empregadas ao me ver soltou um gritinho como se estivesse vendo um fantasma. Ignorei sua reação exagerada e continuei em direção à saída.
— Theo! É você mesmo, não é? — Anabel perguntou surpresa. — Eu sabia que um dia te veria fora daquele quarto! Mamãe, o Theo saiu do quarto! Vem ver!
Revirei os olhos com os gritos da minha irmã. Meu foco naquele momento não era minha família, não queria que Pamela desistisse de mim. Recusei o abraço da minha irmãzinha e lhe expliquei que estava com pressa. Ela estranhamente veio me seguindo logo atrás, fingi que não sabia.
O sol forte no meu rosto conseguiu me intimidar um pouco, mesmo assim tomei coragem e saí porta afora. Pamela estava de costas próxima de um dos carros. Senti nos pés o quanto o chão queimava por conta do sol, estava descalço. Todos que estavam ali fora olhavam-me surpresos.
Caminhei em direção a minha fisioterapeuta, quando consegui alcançá-la toquei seu ombro direito. Algumas sensações indecifráveis, senti com aquele pequeno toque.
— Vamos conversar sobre o que aconteceu... — sussurrei, perto de sua orelha. Não queria que os outros ouvissem. Ela tinha um cheiro adocicado.
— Theo? — perguntou tocando minha mão que repousava em seu ombro. Quando ela se virou, seus olhos brilharam com o reflexo do sol da tarde. — Você resolveu sair, seu idiota!
Apanhei dela! É sério, ela começou a me bater com raiva. Não esperava ser recebido com alegria, no entanto, sequer pensei na possibilidade de apanhar dela.
— Calma, vim te pedir para ficar. Desculpa, se fui grosseiro. — pedi desculpas, ainda assim, ela continuou a me agredir.
Gargalhei de nervosismo. Pamela não tinha vergonha alguma que todos vissem aquela cena. Na intenção de dominar a situação, agarrei-a pela cintura, isso fez com que ela ficasse mais escandalosa ainda. Não me importei de ser agredido fisicamente e verbalmente. Uma alegria contagiante tomou conta de mim naquele momento inusitado.
— Alguém pode me explicar o que está acontecendo aqui? — Anabel perguntou, chamando nossa atenção para ela. Minha irmãzinha aproximou-se com uma das mãos na cintura.
Que resposta poderia lhe dar? Nenhuma boa o suficiente, claro! Mesmo me sentindo constrangido, não soltei minha fisioterapeuta.
— O cachorro do seu irmão não me larga! — disse Pamela, acusando-me. Arquei as sobrancelhas, apertando-a mais forte nos meus braços.
— Como posso deixá-la, Ana? Uma boca suja como ela merece um bom castigo! — afirmei, apertando uma das suas bochechas.
Me senti livre e eu mesmo outra vez, mas quando nossa mãe apareceu não consegui manter a pose de nada me abala. Soltei Pamela e caminhei em direção à minha mãe, abraçando-a forte.
— Você saiu do seu quarto, meu filho! — mamãe disse com a voz embargada. — Faz tanto tempo que não te vejo sequer andando pela casa.
Chorei procurando as palavras certas para dizer, no entanto, não as encontrei.
— Perdoei-me por sempre te fazer sofrer. Desculpe, não ser o filho que a senhora gostaria de ter. — desabafei, respirando profundamente. — Mãe, tenho muito orgulho da senhora por nunca desistir de mim, apesar de todos os motivos que dou para desistir.
Ela precisava ouvir cada palavra falada por mim, somente uma mãe de verdade luta pelo filho até o fim. Minha mãe era uma supermãe, posso afirmar que ela era mais pai do que meu próprio pai que sempre foi ausente.
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