Capítulo II
15 de outubro de 1916
07 horas e 15 minutos
Amanheceu mais um dia, era um dia bonito e perfeito para fazer um piquenique num parque, estava ensolarado, Noah despertou receoso e nervoso, era a primeira vez que ele viajava em um navio de passageiros depois do naufrágio do RMS Titanic há quatro anos, além disso, há três dias ocorrera o naufrágio do navio comercial, SS Samson, por isso, ele temia que algo de ruim acontecesse, mas se ele desistisse da viagem, sua esposa poderia falecer e ele não se despedir dela pela última vez. Então, ele criou coragem pegou suas malas e seguiu em direção a casa de Jack, onde seguiria sua viagem com ele para Nova Iorque. O jovem Potter tinha uma bela mansão, que ele mesmo adquiriu com o seu próprio dinheiro, ela ficava a cinco quadras da casa de Noah e isso facilitava para o doutor.
— Eu não sei não Jack, eu tenho receio desta viagem! — Disse o doutor, apertando o seu chapéu e esboçando um olhar de preocupação.
— Isto é apenas nervosismo Noah… Acalme-se, tudo dará certo e nada de ruim acontecerá, confie em mim. — Disse Jack, se aproximando do rapaz.
— Espero que sim, John!
— Enfim, pegou seus documentos? — John perguntou, colocando o seu chapéu na cabeça.
— Sim, peguei tudo que seria necessário! — Respondeu Zinavoy, indo em direção a porta de saída da grandiosa casa.
— Tens certeza mesmo que vais neste navio, Jack? — Perguntou Johannah, irmã mais nova de Jack. Ela sempre adorou está na companhia do irmão mais velho, principalmente em brincadeiras e bagunças.
— Eu tenho que ir Hannah. Preciso ir urgentemente para Nova Iorque ou irei perder os lucros da Guion Line! — Indagou o jovem, olhando para a jovenzinha em sua frente e depois, depositando um beijo na testa da mesma.
— Até logo! Eu não tardarei para voltar! — Jack anunciou.
— Está bem… Eu estarei lhe esperando! — Hannah limpou uma lágrima solitária que desceu de seu olho e tratou de encarar o seu irmão.
— Até logo e façam uma boa viagem!
— Obrigado!
[…]
Era uma imensa euforia no cais de Liverpool, carros entravam e saíam dali, cargas e passageiros eram embarcadas no navio que estava esperando apenas o horário de zarpar. O doutor e o empresário pediram um táxi, que chegou no cais em apenas 15 minutos. Havia um belo sorriso na face de Jack, mas no rosto de Noah, o sorriso era escondido e sombrio, ele portava um olhar de receio e hesitava em se animar.
— Chegamos senhores… Ao Queen América! Anunciou o motorista do táxi.
— Obrigado, senhor! — Jack agradeceu, depois pagando o motorista.
Noah e Jack desceram do carro, um comissário retirou as malas dos mesmos do carro e tratou de levá-las para o navio. Os dois jovens trataram de encarar a proa do pequeno Queen América e logo eles foram chamados pelo comissário. Jack tratou de abraçar o seu amigo de lado e disse a ele que tudo ocorreria bem, isso foi o que Noah fingiu acreditar. Para muitos eram um sonho sendo realizado, deixar a velha Grã-Bretanha e ir para a América em busca de uma nova vida, mas para Zinavoy, era um pesadelo, um pesadelo que ninguém podia acorda-lo ou tira-lo dali, pois se desistisse ele poderia perder a Peggy e isso seria uma perda fatal na vida do doutor.
— Nomes senhores? — Um comissário de bordo perguntou, enquanto segurava uma prancheta em suas mãos.
— Potter, John Potter!
— Deixe-me ver… Potter, cabine de número 56 no convés C! — Indagou o comissário que se chamava Futrelle.
— Isso mesmo senhor! — Jack agradeceu.
— Nome senhor?
— Zinavoy, Noah Zinavoy! — Respondeu o doutor, disfarçando o seu receio.
— Zinavoy… Cabine 55, no convés C. — O outro comissário chamado arruthers respondeu.
— Sejam bem vindos ao Queen América, senhores!
Noah e Jack abriram sorrisos e assentiram, depois deixaram o local, seguindo em direção a sua cabine.
Era um navio deslumbrante, o Queen América era o luxuoso e mais confortável navio de todas as águas de Liverpool, ele acomodava cerca de 2.000 passageiros e alcançava uma velocidade máxima de 18 nós (33 km/h), além de uma tripulação de 650 homens. Duas hélices de três pás moviam o navio de 220 metros de comprimento, ou seja, o navio era praticamente menor do que o RMS Mauretania e Lusitania, ficando na sombra destes dois gigantes. A viagem do Queen América começaria em Liverpool e terminaria em Nova Iorque, tendo paradas em Queenstown (Atualmente Cobh), na Irlanda e Halifax, no Canadá. Tudo isso sobre o comando do capitão Howard Hoffman, um experiente capitão de 56 anos e que já sobreviveu ao desastre do SS Sírio, em 1906. Hoffman era alvo de perguntas de vários repórteres e todas eram quase a mesma coisa.
— O senhor teme os alemães, capitão Hoffman? — Perguntou um repórter e vendo o homem apenas olhar.
— Temer os alemães? O Queen América é o mais veloz e mais manobrável navio que já comandei. Os submarinos alcançam apenas doze nós e seguindo o fluxo do oceano, eles não são páreos para a velocidade deste navio, senhores. — O comandante respondeu, certificando que tinha total certeza nas suas palavras.
— Capitão, estás sabendo que os alemães estão cercando a costa irlandesa? — Outro repórter perguntou.
— Sim, eu estou sabendo e acho uma perda de tempo deles, pois a Grã-Bretanha irá vencer esta guerra e acabará com a brincadeira destes alemães imundos. — O capitão respondeu e arrancando olhares impressionados dos repórteres.
— Se me permitirem… Eu irei assinar um recibo de carga, com licença! — Hoffman deixou o local e seguiu em direção à passarela de embarque do navio.
Hoffman seguiu até a direção-geral do cais de Liverpool, onde se encontravam vários homens posicionando e carregando caixas e caixas — que eram imensas — para serem embarcadas no Queen América.
— Capitão Hoffman! — Chamou um homem de terno e com uma prancheta nas mãos. — Por favor assine aqui.
Hoffman se aproximou e pegou a caneta, colocou a prancheta sobre uma caixa.
— Eu não gosto de transportar munições em um navio de passageiros! — Hoffman disse enquanto assinava a folha, se responsabilizando pela carga.
— Não são munições, e sim, cartuchos de espingardas e alguns revólveres, coisas da guerra! — Respondeu o homem de terno.
— Cuidado com isso, jovem! — Disse o homem, após um rapaz deixar uma caixa cair.
Hoffman deixou o local e seguindo para dessa vez para o Queen América. Onde foi quase bombardeado pelos questionários de repórteres.
O capitão Hoffman não era a única pessoa que era abordada por esses repórteres, um casal de estrelas do cinema, Mônica e George Desmond, estavam a bordo e seguiam para Nova Iorque. O casal Desmond estava indo para a América para atuarem no filme Love in Ice (Amor no Gelo), que seria gravado na cidade de Halifax e seria inspirado no naufrágio do RMS Titanic. Mônica era uma mulher de cabelos longos e castanhos, de olhos castanhos e pele branca, tinha exatos 27 anos e havia se casado recentemente com George, um rapaz de cabelos escuros e curtos, pele branca e com a estatura na faixa de 1,70 a 1,80. George era um verdadeiro galã de cinema e isso causava certos ciúmes em Mônica. Ele era contra a guerra mundial entre a Alemanha e Inglaterra, além de outros países.
— Senhor Desmond, você teme os alemães? — Perguntou um repórter.
— Infelizmente não, eu temo eles… Mas apenas quero que esta guerra infernal acabe, pois, homens estão morrendo em lutas nos campos de guerra, navios estão sendo afundados e cidade evacuadas, isso é um verdadeiro inferno para o mundo e quero que isto acabe logo! — Respondeu o jovem George Desmond.
— E você senhora Desmond?
— Eu julgo que essa guerra é desnecessária e concordo com o meu marido, George! — Respondeu Mônica, com o jeito simpático encantando a todos ali.
— Obrigado, querida! — Agradeceu o seu marido.
…
O grito da buzina do Queen América ecoava sobre o cais 34 de Liverpool, anunciando a partida do navio para uma viagem que muitos acreditavam que teria um retorno, mas, na verdade, seria apenas uma viagem de ida e não tinha mais retorno. No cais, várias bandeiras britânicas de pequenos tamanhos eram balançadas por parentes dos passageiros, todos acenam e se despediam dos passageiros do Queen América. Muitos estavam presentes no convés e se despediam de seus entes queridos, muitos com sorrisos, menos Noah, que apenas observava e tinha o nervosismo dominar o seu corpo. Os cabos foram retirados e as passarelas recolhidas, os motores foram ligados e as hélices se movimentaram com força, agitando as águas que banhavam os pilares do cais.
O SS Queen América deixou o cais de Liverpool e com cerca de 1.500 pessoas a bordo por volta das 14 horas e 50 minutos. Muitos em busca de uma vida melhor na América, outros em uma viagem a negócios, alguns em uma viagem a passeio. A quilha do navio já cortava as águas do canal inglês, rumando para Queenstown na velocidade 18 nós, o navio ancoraria ao meio-dia do dia seguinte, onde 40 pessoas e 90 toneladas de carga embarcariam no navio.
AO ANOITECER
Noah vestira um de seus melhores smokings, perfumou-se, penteou os seus cabelos castanhos com alguns pontos claros, vestira um de seus melhores sapatos, que brilhavam com a luz dos candelabros que tinham nas paredes da sua suíte. Logo ele se olhou no espelho e encarou os seus trajes, enxergando um perfeito galã de cinema. Ele deixou a sua cabine e sob o acompanhamento de Jack, seguiram para o salão de jantar. Onde logo avistaram grandes celebridades da época.
— E lá está o magnata do aço, Matthew Wormwood, ouvi dizer que ele se casou com uma espanhola. A família dela está em uma grande crise financeira e tiveram que arranjar um homem para ela, que possa salvar a crise da família. — Apresentou Noah, apontando para Matthew e uma mulher.
— Olha lá… Mônica e George Desmond, as estrelas de cinema deste ano. A senhora Desmond é tão perfeita! — Foi a vez de Jack indagar, apontando disfarçadamente para o casal conversando com o capitão Hoffman.
Jack e Noah seguiram em direção a mesa de uma velha amiga, que fez parte da infância dos mesmos. Ela era nada mais, nada menos do que a senhora Verônica Campbell ou conhecida como Vera Campbell, uma mulher irlandesa, de cabelos castanhos, olhos castanhos, pele branca e meio alta, sempre portava um belo sorriso no rosto e ajuda a quem mais precisa. Verônica era uma milionária viúva desde 1912, quando o seu marido o senhor Robinson fora um dos mortos no naufrágio do Titanic. Noah e Vera eram bastante amigos desde o ano de 1901, quando a mesma foi a primeira paciente de Zinavoy.
— Noah! — Verônica chamou o doutor, de pé. — Vera!
— Quanto tempo eu não lhe via… Por onde andastes? — Zinavoy indagou abraçando a mulher.
— Como sempre, fique cuidando dos negócios de meu falecido marido Robinson, que me deixara apenas dívidas e mais dívidas… Coitada de mim! — Disse Vera, com um semblante de tristeza e desapontamento, mas logo soltou uma forte risada.
— Jack Potter, quanto tempo… Como estão seus pais? Creio que estão bem! — Indagou a mulher, depois soltando uma gargalhada.
— Isso mesmo, minha querida Vera! — Jack respondeu, com um sorriso estampado no rosto.
— Aceitam sentar conosco nesta mesa?
— Como não posso recusar a esse convite, eu irei me sentar e degustar das maravilhosas comidas do Queen América e tomar belos champanhes com essa gente boa! — Indagou Noah, fazendo todos ali sorrirem com os elogios do doutor.
— Bom, Noah e Jack… Deixem-me apresentar a todos aqui!
— Esse é o senhor Gordon Hopkins, um herdeiro do petróleo recém descoberto na Irlanda! — Vera apresentou um homem de bigode castanho e bem penteado, que vestia um smoking bem luxuoso. Ele apenas abriu um sorriso pequeno, aparentando ser um homem arrogante e miserável. — Essa é a poderosa cantora de ópera, a senhorita Louise Adams! — Apresentou a mulher, mostrando uma jovem dama sorridente.
— Pessoal… Estes aqui são Noah Zinavoy e Jack Potter, meus velhos amigos, ambos doutor e empresário.
O jantar foi repleto de conversas engraçadas, aleatórias e todas com um único conteúdo, dinheiro. Eles não estavam se importando se Noah e Jack eram pessoas boas e gentis — eles se importavam apenas era se os mesmos tinham muita grana. Mais tarde, quando tudo se acalmou e todos foram dormir em suas cabines, Jack e Noah andavam pelos corredores, Zinavoy com o casaco do smoking no braço direito e Potter brincando com os suspensórios das calças e com o colete sem estar abotoado. Ambos seguiram para as suas cabine e chegando lá, retiraram suas roupas e se deitaram em suas camas, logo dormindo confortavelmente nas camas quentinhas.
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Olá queridos amigos e amigas. Como é que vocês estão? Tudo certo? Espero que todos estejam bem… Bom este foi o segundo capítulo, o que será que teremos no próximo capítulo? Isso é o que veremos…
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Me siga no Instagram (/@igor_ribeiro_330). Lá tem fotos, curiosidades e personalidades sobre os personagens. Além disso, eu converso com alguns leitores e amigos da mesma profissão, se quiser… Venha conversar comigo.
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Bom, nos veremos no próximo capítulo e adios!
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