XVII
Jungkook P.O.V
Salas de espera de hospitais normalmente são angustiantes, tudo nelas tem o amargo e azedo sabor do "adeus", para mim, tinha gosto de irmandade.
Literalmente.
Quando sua irmã é sequestrada e morta, e seu amigo, que tentava ajudar, também é morto de modo cruel, sua cabeça começa a criar modos diferentes de luto.
O meu foi não sentir, nunca sentir que minha irmã adotada havia sido morta, e claro, fingir que ela nunca existiu, aquilo havia ficado tão forte em minha cabeça, que às vezes eu pensava que até Jin e Tae haviam se esquecido, esquecido que meu amigo tentando salvar ela morreu, esquecido a última vez que chorei com todo meu peito e alma, esquecido dela.
Yeon, minha pequena garotinha, era ainda recém nascida quando foi sequestrada, foi adotada no mesmo ano em que Tae nasceu, na época que eu não sabia que tinha mais dois irmãos, mas também, na época em que eu não estava envolvido com nada, eu era uma criança, ela ficou até meus dezesseis anos desaparecida, quando em uma operação de resgate da gangue do meu pai, Jisung, meu melhor amigo, foi atrás de respostas sobre ela, ele morreu no mesmo dia, e registros da gangue mostraram que haviam matado ela quando a garota havia completado seus 4 anos.
- Você sabe que pode ir para casa se quiser, não sabe? - O pai de Jimin falou me dando leves tapas nas costas, ele estava com dois copos de cafés nas mãos, entregando um a mim.
- Eu sei, mas eu não posso fazer isso, não mesmo, os meninos não querem ir embora. - Eu também não queria, não podia saber que alguém que a pouco tempo estava em meus braços poderia estar morto, precisa ficar e ter certeza que ele passaria daquela.
- Você é um ótimo irmão, Salvatierra, uma ótima pessoa, eu preciso retribuir de algum jeito toda essa gentileza. - O rosto do homem era triste, tão triste que me fazia lembrar minha mãe de criação, sua depressão, sua perda pós-sequestro de minha irmã.
- Eu não quero nada senhor Collins, só quero que Jimin fique bem. - Eu não conseguia sorrir para passar segurança para ele, não conseguia mesmo, porém não podia passar para uma pessoa algo que no momento eu não estava sentindo.
Meus olhos foram para meus irmãos, os dois estavam dormindo com suas cabeças escoradas, junto dos gêmeos, Jin tinha o corpo quase todo depositada em cima de Cosimo, que sustentava não somente ele enquanto dormia, mas também sua irmã, Tae estava escorado em Jin, todos em um sono profundo. Me levantei ainda com as pernas pesadas e peguei um lençol que o hospital disponibiliza para as pessoas da sala de espera, então cobri todos os quatro.
O rosto deles eram tão abatidos, que dava dó somente de ver.
E isso era estranho, eu estava sentindo muitas coisas e frações pequenas de segundos. Dei uma pequena golada no copo de café rolando meus olhos até a mãe de Jimin, ela ainda estava com sua roupa de enfermeira e estava olhando brava para uma cruz que tinha perto da TV da sala, que no momento passava algum show de variedades.
Ela não parecia bem.
- Senhora Collins? Precisa de algo? Eu posso levar vocês de carro até em casa só para buscarem algumas coisas se quiser.
Sua feição mudou de pouco a pouco, de raiva para decepção.
- Eu não entendo, não entendo mesmo, eu sou uma mulher devota, dou meu dízimo para as igrejas todos os meses, ajudo com doações, salvo milhares de vidas todos os anos, tento ao máximo não pecar, faço todo dia minhas orações, e Jimin, meu garotinho sempre está nelas, por qual motivo Deus está sendo tão maldoso com ele? É porque ele é gay? Esse Deus grande que andava com prostitutas, doentes, ladrões, pessoas que matavam e fizeram adultério está castigando meu filho por amar? Está castigando meu filho por ser quem ele é? - Sua voz carregava cansaço. - Se isso for ser uma pessoa cristã, eu não posso mais seguir esse Deus, não posso mais seguir a um Deus que prega amor, mas castiga meu filho por amar.
- Hellen... – Seu marido começa, com certeza queria acolher sua mulher, ele chegou perto dela, porém a mesma só colocou sua mão no meio, para que ele não fosse ao seu encontro.
– Não! Eu estou cansada, cansada de ser a mãe que foi ruim com o filho por conta da fé, do que um pastor falava, que meu filho estava endemoniado, que ele teria a cura se aceitasse a Jesus como seu único salvador, mas Jimin nunca renegou a cristo, Jimin era a pessoa que quando estava dopado, pedia para que eu orasse por ele, eu vi Jimin gritando, pedindo para ser normal, vi Jimin clamando por Deus para ser um adolescente como os outros, meu filhinho. – Seu choro começou a ficar forte, e seu ar parecia ir embora, ela colocou a mão sobe sua boca tentando evitar qualquer ruído que saísse dela. – Meu pequeno Jimin, ele era só uma criancinha, não precisava passar por esses problemas, não precisava ser uma pessoa tão doente psicologicamente.
– Isso não é culpa de Deus, senhora Collins. – Falei olhando para a mulher, que em seguida levou seus olhos até mim, cheios de lágrimas. – Deus não é o culpado, a culpa não é de Deus, mas sim dos humanos, por serem os erros cometidos a causa do sofrimento e da doença, Jimin não tem culpa de ser doente, mas eu não vejo Jimin de modo algum fazendo esforços para melhorar além de tomar remédios, Jimin fica dopada quase o dia todo senhora Collins, ele teve uma perda recente e nem para o psicólogo foi, Nicolas é uma perda para Jimin, ele tem amigos ótimos que podem o ajudar, mas somente se ele quiser ajuda, sem ele querer não poderemos fazer nada. – Eu não acreditava em Deus, não acreditava que existia uma pessoa que deixava sofrimento de outras pessoas acontecerem por conta de terceiros, mas acreditava na fé da mãe de Jimin.
– Como assim o Jimin não estava indo ao psicólogo, Jimin me disse que estava indo toda semana, a gente paga psicólogo para ele, Jungkook. – O pai de Jimin agora foi quem falou.
– Isso é impossível, quando Jimin não está na escola ele está em minha casa. – Ou se drogando.
– Jimin estava mentindo para nós? Como ele? Oh meu Deus. – A mulher respirou fundo e limpou seu rosto. – Eu sou uma péssima mãe, nem nisso eu prestei atenção.
– Você não é uma péssima mãe, não se culpe pelas escolhas de Jimin, ele já é bem grandinho. – Falei, a mulher que antes estava sentada se levantou, logo seus braços foram para meu corpo me entregando um abraço, aquele era um abraço de mãe.
– Muito obrigada Jungkook, você é uma ótima pessoa, de verdade. – Eu não era, não me sentia uma ótima pessoa, muito menos uma pessoa digna de dar tas conselhos para a mulher, mas ela estava necessitando daquilo.
Olhei para meu relógio que estava em meu pulso direito, era quase duas da madrugada, oficialmente vinte de setembro, meu aniversário e aniversário de Jimin.
– Eu acho que deveríamos ligar para a escola e avisar que os meninos não vão, e o motivo. – Falei olhando Jake rodar o copo de café, distraído.
– Oh, já fizemos isso, não se preocupe, tomei a liberdade de falar sobre Jin e Tae também. – Hellen fala me fazendo confirmar com a cabeça como se fosse um agradecimento.
– Olá, enfermeira Collins. – O médico de antes aparece com uma prancheta em mãos.
– Meu filho doutor, como ele está, me diga por favor. – Hellen segura o braço do homem que apenas põe sua mão no ombro da mulher.
– Não se preocupem, Jimin foi trazido a tempo, ele recebeu sangue e seus cortes foram fechados e limpos, nosso maior preocupação era a cirurgia nos pulsos, tínhamos medo que ele pudesse perder os movimentos das mãos ou dos dedos, mas isso veremos com o tempo. – Ele olhou para a prancheta parecendo averiguar algo. – Assim que ele acordar receberá a psiquiatra do hospital, ele deveria ao menos ficar internado aqui até vermos que não aconteceu nada com o movimento de suas mãos e até a psiquiatra dar alta.
– Quando poderemos vê-lo? – Jake pergunta. – Brown, por favor, tudo que for sobre cuidar de Jimin, você pode fazer, a gente paga.
– Não se preocupe Jake, o garoto ali deixou tudo em seu nome, ele está pagando a estadia de Jimin. – O homem apontou com a cabeça para mim. – Vocês já podem ir vê-lo, quarto 498, último andar.
– Ah, graças a Deus. – Jake soltou todo o ar que prendia em seu peito.
-
– Ele está tão branco. – Jin falou ajeitando os cabelos do amigo que estava ainda desacordado na cama. – Fico feliz que ele esteja bem.
– Ele não me parece o Jimin. – Chiara fala olhando para seu primo, suas mãos já estavam limpas, porém, seus cabelos ainda tinham resquícios na ponta do sangue de Jimin.
– Vocês precisam ir para casa, descansar. – Falei olhando para os quatro ali. – Foi um dia agitado, quero que descansem e que se alimentem.
– Não consigo, não irei conseguir descansar. – Tae falou com os olhos longe de Jimin, ele não conseguia nem ficar perto do amigo.
– Jungkook tem razão, vocês devem ficar descansados para quando Jimin acordar. – Hellen fala esfregando as costas do seu sobrinho.
– Eu continuo com tanto medo. – Cosimo falou abraçando a si. – Como ele pôde não falar nada para ninguém?
– Não sabemos a resposta querido, mas irá ficar tudo bem, vamos, todos dormirão lá em casa. – Jake disse esfregando os cabelos de Tae, que apenas sorrio fraco.
– Eu gostaria de ficar aqui. – Falei olhando o Collins mais novo.
– Nos iremos para casa, descansaremos um pouco, porém quando voltarmos, quero que você vá para casa e descanse também Jungkook. – Hellen disse parecendo séria, eu apenas confirmei com a cabeça.
Meus irmãos me abraçaram antes de saírem com a família de Jimin, me deixando sozinho no quarto com o garoto, respirei fundo olhando minhas mãos, ainda tinha sangue nelas, eu não havia tido tempo de lavar. Andei até o banheiro em passos lentos, logo indo para a pia tirando o sangue de minha pele, logo retirei meu moletom que também estava sujo, ficando só com uma blusa mais fina, em seguida voltei para o quarto me sentando na cadeira que mais parecia uma cama pequena, me sentei na mesma olhando para Jimin.
Ele realmente estava muito branco.
Ajeitei seus cabelos tirando alguns fios de seu rosto, em seguida toquei em seu rosto para sentir se ele estava com a temperatura boa, tirando a mão de seu rosto quando vi que tudo estava bem.
Ainda olhando para ele, me ajeitei na cadeira, sentindo os olhos pesando.
Jimin P.O.V
Era um campo muito florido, em meu peito não tinha mais nenhum medo, nenhuma angústia, eu não sentia nenhuma coisa ruim em mim, eu não era um garoto drogado cheio de doenças, eu era somente o adolescente Jimin Collins.
Olhei para os lados vendo somente luz, e flores, a vida ali era bela, eu não queria ir para casa, não queria sair daquele local, não queria deixar de sentir aquela sensação.
– Você pode ficar se quiser. – Um garoto que parecia um adolescente falou me assustando, ele havia aparecido de repente, estava sentado no chão parecendo olhar a vista.
– Onde eu estou? – Falei olhando para o homem.
Ele era realmente lindo, dava para perceber sua beleza de longe.
– Em lugar nenhum.
– Como assim em lugar nenhum? Obviamente estamos em um local.
– Você está sentindo algo?
– Não sinto nada.
– É por isso, estamos no nada.
– Eu não entendo.
– Você talvez morra. – Ele disse me fazendo o olhar espantado. – Não se espante, deveria saber que foi escolha sua.
– Escolha minha? Eu não lembro de nada.
– Não lembra? Você escolheu começar a se drogar, você escolheu não parar mesmo seus amigos tentando lhe ajudar, você escolheu se suicidar a primeira vez e agora na segunda.
– Eu não... Eu irei morrer?
– Provavelmente.
Me sentei ao lado do desconhecido, então deitei no chão pondo os braços em baixo de minha cabeça.
– O que você sente sabendo disso?
– Não sinto nada.
– Não sente?
– Na verdade, não, você mesmo disse que aqui não é lugar nenhum, e que não sentimos nada, eu no momento não sinto.
– Tem razão, não tem como você sentir que irá deixar a todos.
– Deixarei?
– Você deixará, sua mãe, seu pai, seus amigos.
– Oh... – De repente eu senti... Senti novamente o que eu sentia antes, angústia, dessa vez mais forte.
– Deixar seus pais sem o único filho que tem, morrer no dia do seu aniversário e no aniversário do irmão de seus amigos.
Coloquei a mão no peito tentando amenizar aquele sentimento.
– Eu não quero, não posso morrer.
– Lute.
– O quê?
– Lute por sua vida Jimin Collins, lute para viver, você tem tudo, é só buscar.
– Como eu consigo forças para isso?
– Você tem muitas pessoas na sua vida que te amam e que querem lutar junto de você, procure força neles, você consegue.
– Não sei se consigo...
– Acredite em si.
Meu rosto virou para ver o homem mais uma vez, porém tudo ficou branco, meus ouvidos tiveram um choque de realidade ao não ter mais o silêncio ensurdecedor, e sim um leve bipar de aparelhos, meu corpo parecia está mais fraco, e tinha a sensação de que iria vomitar a qualquer momento.
Olhei para o lado vendo Jungkook dormindo, tentei me mexer, porém, com um solavanco, o garoto levantou olhando para mim.
– Jimin! – O homem segurou em meu rosto tirando com cuidado a máscara de oxigênio de mim. – Como está se sentindo?
– Minha mãe? – Perguntei tentando me esforçar, eu me sentia muito fraco.
– Foi para casa descansar. – Ele olhou em meus olhos, senti como se o garoto fosse a qualquer momento me engolir, seus olhos estavam brilhantes, mas não de um jeito bonito, de um jeito triste, como se a qualquer momento fosse chorar.
– Sinto vontade de vomitar. – Falei passando a língua em meus lábios. – E muita vontade de beber água.
– Irei pegar água para você e chamar o médico. – Ele colocou novamente a máscara em meu rosto logo saindo do quarto.
A sensação de está naquele estado era estranha, da última vez eu não havia ficado tão mal, os cortes não eram tão profundos, dessa vez eu estava ferrado de verdade.
– Bom dia Jimin. – O médico que eu conhecia bem apareceu, meu padrinho.
– Tio Brawn. – Era difícil falar sobre tio Brawn e sobre sua relação com a família, na época em que minha mãe era católica, ela havia me batizado ainda bebê, os padrinhos escolhidos foram a amiga do papai, Lili Stuart, e o amigo de mamãe, Nathan Brown, porém, Lili Stuart era extremamente apaixonada por Nathan, e todos sabiam, tentavam ajuda e tudo, mas ninguém entendia o motivo dele não a querer, até que um dia, Brown tentou beijar minha mãe, no mesmo dia se declarou para ela, papai, que era ainda sim um homem muito calmo, foi atrás de Brown para bater nele, bem, ele conseguiu, e havia pedido para nunca mais ficar perto de sua família.
Só que, mamãe não podia se mudar de posto, e nem de hospital, todos eram muito longes ou estavam com postos completos, então, ela teve que fingir que eram estranhos.
Bem, isso até hoje.
– Você nos deu um susto e tanto em. – Ele bagunçou fraco meus cabelos.
Percebi que ele não estava sozinho, tinha uma mulher com ele, em seu jaleco estava escrito "Dra.Rock, psiquiatra".
"Ah não."
– Eu quero o Jungkook, onde ele está? – Tentei me levantar, mas senti leves fisgadas em meus braços e pernas, olhei e arregalei os olhos vendo linhas em quase toda parte. – Meu Deus, meu Deus, meu Deus!
Eu ia surtar, sentia isso, aquilo com certeza iria ficar marcas e cicatrizes, eu odiaria ver meu corpo com elas, eu já me odeio sem.
– Jimin, calma, você não pode se mexer bruscamente ainda. – Tio Brawn tentou me segurar com a mão em meu peito.
– Não, não, não, não! – Gritei levando uma das minhas mãos até a máscara de oxigênio que estava no meu rosto, mas que parecia que sugava meu ar. – Eu preciso sair, eu estou sem ar! Me solta!
Eu estava muito fraco, como se tivessem sugado toda minha energia, eu devia ter perdido muito sangue.
– O que está acontecendo, soltem meu angelito agora! – Jungkook apareceu no quarto parecendo bravo pelo jeito que estavam me segurando.
Porém, mesmo com toda a fraqueza que estava sentindo, minha cabeça só conseguia se amarrar a ele me chamando de "meu angelito", eu não sabia o que significava, mas parecia soar muito bem em sua boca e me trazia calafrios.
Jungkook me trazia calafrios.
– Se ele se mexer mais irá se machucar, os pontos são muito recentes! – Tio Brawn falou ainda me segurando.
– Eu acho bom você tirar as mãos dele se ainda considera ter elas. – O meu padrinho, quase que automaticamente, retirou suas mãos de cima de mim, logo olhei para o Jeon o vendo vim até mim com uma garrafa de água, logo ele abriu o lacre da mesma e me deu. – Beba.
Minhas mãos, ainda tremendo, foram até a garrafa a segurando, meu peito ardia mais que meus cortes, que considerei não doer por conta da medicação que estava em minha veia. Mesmo com uma falta gigantesca de ar, levei a garrafa até meus lábios bebendo da água.
– Agora, você deve escutar o que o médico diz, você não está em condições de negar alguma coisa, sua mãe está muito chateada com tudo isso, você mentiu para seus pais dizendo que ia para consultas com psicólogo, mas não ia, você sabe o que estava fazendo. – Ele parecia muito sério, Jungkook naquele momento me tinha nas mãos.
– Eu não quero ter que contar meus problemas para uma estranha.
– Então prefere nos deixar? – Ele perguntou pegando em um ponto muito específico para mim.
Eu não queria deixar ninguém, só queria que aquela dor e angústia passasse.
– Tudo o que conversarmos será um completo segredo, senhor Collins, prometo. – A mulher sorriu para mim, parecia amigável.
Apenas confirmei com minha cabeça olhando para Jungkook, o garoto olhou para meu tio.
– Dr. Brawn, senhor Jeon, podem sair por favor? Eu e Jimin temos coisas para conversar. – A tal da Dra.Rock pediu.
Jungkook apenas confirmou com a cabeça saindo junto do médico, porém, da pequena janela de vidro que tinha na porta ainda tava para ver os dois.
– Bem, vamos começar?
Jungkook P.O.V
– Ele acordou há muito tempo? – Jin foi o primeiro a pergunta assim que botou os pés dentro do quarto. - Jimin! Meu Deus!
O garoto abraçou o amigo com cuidado, recebendo só um múrmuro do mesmo.
– Pelos céus, Jin, desapega. – Ele falou tentando sair das garras do amigo.
– Cuidado para não forçar os pontos. – Falei vendo Jin de repente afastar o corpo do amigo.
– Foram muitos? – Chiara perguntou de repente, aquela garota e seu irmão pareciam fantasmas que apareciam sem ao menos a gente ver.
– Foram, e acho que vão doer como o inferno. – Jimin foi real mostrando apenas algumas dos braços.
– Você tá parecendo um Frankenstein. – Cosimo disse enquanto mascava o chiclete de modo preguiçoso, com certeza de melancia, dava para sentir o cheiro de longe.
– E você Tae, não quer vim falar comigo? – Jimin falou com um sorriso abrindo os braços.
– Na verdade, não. – Meu irmão mais novo foi sincero, dava para sentir sua decepção. – Você ia nos deixar.
– Acho que não devíamos falar nisso agora. – Tentei dizer, mas o Kim mais novo olhou para mim com raiva, agora o alvo era eu.
– E você? Tá vendo? Essas merdas que vende fizeram isso nele! – Aquele golpe doeu mais que qualquer bala alojada.
– Você sabe muito bem que não é culpa do seu irmão Tae, você só está frustrado e está querendo descontar em alguém e está descontando na pessoa errada. – Jimin falou com uma calmaria estranha na voz.
– Frustrado? Eu tô muito é puto da vida, a gente não consegue ter uma vida normal porque nossa mãe decidiu que era de bom-tom transar com um estrangeiro completamente de atitude duvidosa, que teve um filho e levou ele para Deus sabe onde, para ficar com uma mulher que não conseguiu cuidar de Yeon. Agora a pessoa que tem que cuidar de nós é um recém-homem de 20 anos, que trafica drogas para adolescentes e já apareceu em casa com bala alojada no corpo, pelo amor de Deus, ISSO É DE ENLOUQUECER! – A última frase saiu quase como um socorro.
Cosimo e Chiara tinha os olhos arregalados para Tae, Jin somente tentava tocar no irmão que estava no momento bravo até com o respirar de alguém.
– Eu quero que você vá lá para fora, compre uma água, fique naquele corredor, e me espere. – Falei tentando manter a calma a todo momento, odiava desrespeito, e meus irmãos sabiam daquilo, Tae falar aquelas coisas em um hospital, onde qualquer pessoa podia ouvir era algo perigoso não só para mim, como para eles.
O garoto somente bufou baixo e empurrou Jin que havia tentando esfregar suas costas, logo saindo quase batendo os pés no chão.
– Desculpa Jimin, ele não quis dizes essas coisas. – Jin falou indo até Collins que parecia chateado, as lágrimas fracas em suas bochechas demonstravam aquilo.
Fui de encontro a ele e levei meus dedos até seu queixo, levantando seu rosto, em seguida, limpei as lágrimas que desciam de seus belos olhos, Jimin era terrivelmente bonito, e agora tão de perto, eu consigo ver que ele realmente é adorável. Suas bochechas e nariz rosado por conta das recentes lágrimas era a parte mais única que eu já havia visto.
– Não chore por bobeiras, Jimin Collins, ele é seu amigo e está chateado por você quase ter morrido em sua frente, ele só não soube demostrar direito os sentimentos, mas são sentimentos genuínos de amor. – Tirei seus cabelos de seu rosto, pondo os fios castanho escuro para trás, deixando sua testa a amostra.
– Isso foi adorável. – Chiara falou com uma das mãos na boca. – Puta que pariu.
Me afastei de Jimin, pondo minhas mãos nos bolsos da calça, senti o olhar de meu irmão quase incrédulo queimar todo meu ser, sabia que uma hora ele iria perguntar o que aconteceu, mas não ia ser naquele momento.
– Meu filhinho! – A mãe de Jimin apareceu no quarto como uma explosão de quebra de clima, a mulher abraçou seu filho parecendo está com medo do garoto quebrar a qualquer momento. – Meu Deus, que susto vocês nos deu, Jimin.
– Jimin! – O pai do garoto vem logo atrás de sua mulher indo abraçar o filho e em seguida beijando suas bochechas rosadas. – Como está se sentindo em?
– Só um pouco enjoado, mas bem, quando acordei pensei que ia vomitar. Vocês demoraram para voltar. – O garoto falou olhando para os pais.
– Somente pudemos vir quando todos acordaram, os meninos estavam bem cansados. – A mulher disse fazendo carinho no cabelo do filho.
– A gente agora vai para a sala de Nathan, ele tem algumas coisas para falar sobre você. Jungkook, você quer vim? – Jake pergunta olhando para mim.
Eu fiquei pensando por um tempo, aquilo parecia errado, eu não era da família, muito pelo contrário, por muito tempo não sentia Jimin sendo uma pessoa boa para estar com meus irmãos, mas algum click em minha cabeça tinha feito eu tomar Jimin em uma manta de proteção, e eu não conseguia fazer essa manta ser jogada fora.
– Vamos Jungkook, você já é da família, e com certeza precisa ficar sabendo para vim ficar com Jimin, ou já desistiu de ficar aqui como acompanhante? – Hellen falou me fazendo a olhar rápido.
– Não! Eu irei ficar como acompanhante sim. – Falei vendo o Collins mais novo me olhar. – Eu irei.
A mulher sorriu, logo deu um beijo na testa do filho e fez um gesto para que eu a seguisse, sem pensar muito fui com ela, aquela ala parecia que era somente de Brawn, que descobri ter algum parentesco com Jimin, já com ele o chamava de "titio", em dois minutos já estávamos na sala do homem, que estava sentado olhando alguns papéis.
– Olá Dr.Brawn. – Hellen foi a primeira a falar, parecia um pouco relutante.
– Olá, podem sentar. – Os pais de Jimin se sentam nas duas cadeiras, e eu permaneço em pé atrás deles. – Bem, vamos começar, nos Jimin está conseguindo pegar objetos, isso é ótimo, pois pensávamos que poderíamos ter tido problemas com seus tendões, algum tipo de rompimento ou algo assim, mas ele me aparenta estar bem.
Uma batida na porta é escutada, em seguida a mesma ser aberta.
– Desculpem a demora. – Era a psiquiatra.
– Não demorou Dra. Rock, começamos agora. – O homem falou, a mulher em seguida foi para o lado do doutor. – Bem, eu e a Dra. Rock conversamos sobre a alta de Jimin, eu e ela devemos está de acordo para ele poder ter alta aqui, por minha parte ele está de alta, mas a parte psiquiátrica negou a alta dele.
– Como assim? O que aconteceu? – Hellen olhou assustada para a médica.
– Jimin demonstra piora em sua ansiedade e depressão, eu temo que se ele voltar para casa irá voltar a piorar e pode tentar novamente suicídio, eu só posso dar alta para ele quando ver que ao menos ele está tentando melhorar, por enquanto não posso fazer isso, seria muito perigoso. – A mulher fala e olha um papel que estava em suas mãos. – Os registros dele mostram muitas doenças psicológicas, e ele está tomando muito pouco remédio para esse tanto de coisas.
– Faz alguns anos que pediram esses remédios para ele, pensamos que ele estava indo às consultas com o psicólogo, e que estava melhor. – Jake falou enquanto apertava o cenho, parecia chateado.
– Nos entendemos, por isso não posso dar alta, ele falou algumas coisas muito preocupantes, como médica eu não posso pôr a vida de um paciente em possível risco. – Ela olhou para Hellen. – Vocês podem trazer algumas coisas para Jimin, eu acho que ele precisa ficar ao menos um mês em observação, depois falaremos sobre alta.
– E senhor Salvatierra, por favor, tente não por medo em minha equipe, e nem em mim. – O doutor falou me fazendo apertar os olhos para ele.
– Se você e sua equipe agir corretamente, eu não preciso por medo em ninguém.
– O que aconteceu? – Jake perguntou me olhando.
– Eles não souberam acalmar Jimin e estavam o forçando a ficar deitado. – Falei cruzando meus braços.
– Nathan! Você é padrinho de Jimin, mas aqui é o doutor, deve se conter. – Hellen falou com o cenho franzido.
– Eu sei, não foi por querer. – Ele respirou fundo. – Esse garoto é o que de vocês?
– Acho que não lhe interessa. – Falei olhando para o homem.
– Eu preciso saber para lhe por como acompanhante oficial, garoto. – O homem olhou fixamente em meus olhos.
Tava muito corajoso para meu gosto.
– Ele é amigo da família, um amigo muito especial, irá ficar com Jimin quando estivermos trabalhando. – Jake falou sorrindo para mim.
– Entendo, então ele vira um dos responsáveis por cuidar de Jimin aqui. – O homem pareceu digitar algo em seu computador.
– Eu preciso falar a sós com você, senhor Salvatierra. – A médica falou me olhando, eu apenas confirmei com a cabeça. – Pode me seguir?
Confirmei novamente, a mulher começou a andar para fora do consultório, logo fui com ela indo para um lugar reservado da ala.
– Jimin está relutante em fazer tratamento contra as drogas, em qualquer momento ele vai começar a passar mal por está há muito tempo sem elas no organismo.
– Ele te contou sobre isso?
– Ele contou tudo, acho que ele é relutante em largar as drogas por conta do Nicolas, isso é o mais próximo que ele consegue chegar do antigo namorado.
– Eles não eram namorados. – Falei automaticamente sentindo uma leve pontada na minha barriga.
Aquilo era estranho.
– Pensei que eram, bem, ele tinha sentimentos fortes pelo garoto, seu luto não foi bem tratado, e não posso contar nada disso para os pais dele, ele só deixou contar para você.
– Eu sei, eu irei ajudar com isso, não se preocupe.
– Eu agradeço. Obrigado por sua ajuda. – Ela sorriu me fazendo somente mexer a cabeça.
Logo saiu daquele local indo em direção ao quarto de Jimin, em seguida, vendo Taehyung, sentado no lado de fora, nas cadeiras de espera, em passos leves vou até ele me sentando ao seu lado, calado.
– Como Jimin está? – O garoto pergunta com os olhos fixados no chão.
– Ele não terá alta, a psiquiatra acha perigoso.
– Isso é bom, eu não conseguiria dormir com ele em casa. – Ele fica calado por um momento, logo virando seu rosto para mim. – Desculpa por hoje, eu estava chateado.
– Tudo bem, eu não posso pedir maturidade emocional de uma criança. – Ponho a mão em seus cabelos bagunçando um pouco. – Mas, preciso que ao menos tente entender seu amigo, ele está passando por momentos difíceis, não precisa de um inimigo.
– Eu sei, mas eu tava com tanta raiva que não consegui me segurar.
– Eu queria saber se por acaso você não gostaria de se consultar com um psicólogo?
– Não.
– Taetae, você é apenas uma criança, e como mesmo disse, não está tendo uma vida normal. – Me sentei de um modo que ele pudesse conversar melhor comigo. – Eu temo por sua saúde e pela saúde de Jin, também pedirei para que ele se consulte apenas uma vez, eu não posso aceitar vocês adoecerem por minha culpa.
O garoto pareceu ficar pensativo, e então suspirou derrotado.
– Venha, vamos nos despedir de Jimin, iremos para casa. – Me levantei.
– Kookie! – Me virei para ele. – Feliz aniversário.
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top