XIII
Jimin P.O.V
Tirei o capacete de minha cabeça e entreguei para Jungkook.
Após horas de brigas entre ele e seus irmãos, eu tive que vim embora, minha mãe estava preocupada e, palavras dela, "não queria abusar do bom coração de Jungkook."
- Você vai mesmo dormir lá em casa domingo para ir à festa da Jade? - Ele perguntou colocando o capacete, que antes estava comigo, em seu braço.
- Vou. Acho que depois das duas eu apareço lá. - Digo com um pequeno sorriso.
- Depois eu venho deixar sua bicicleta. - Ele rodou a chave da moto em seu dedo.
- Não precisa, quando eu voltar para casa posso trazê-la. - Digo passando os dedos entre meus fios de cabelo.
- Você não pode ficar andando naquela bicicleta da minha casa para a sua, deve ser cansativo. - Ele passou a língua entre seus lábios.
- Não é, mas obrigado por sua preocupação. - Olhei para os lados. - Eu irei entrar, preciso de um banho.
- Até. - Ele se virou sentando de modo certo em sua moto, logo ele girou a chave fazendo a moto ligar.
Eu apenas acenei com a mão vendo o homem ir embora velozmente. Respiro fundo me virando para a porta de minha casa, logo entrando na mesma.
- Filho! Você chegou, como você se sente? - Meu pai fala aparecendo na sala enxugando um prato.
- Estou bem, onde está a mamãe? - Disse olhando para os lados procurando a mulher.
- Está em um plantão extra, uma colega dela ficou doente. - Ele veio até mim e beijou minha testa. - Se limpe para vim comer.
- Eu comi faz pouco tempo, mas posso lhe fazer companhia se quiser. - Me abaixo para pegar minha mochila.
- Eu adoraria. Ele sorri. - Vou acabar de arrumar as coisas.
- Vou me lavar. - Vejo meu pai saindo para a cozinha.
Suspiro fraco com uma dor de cabeça gigante indo em passos lentos até meu quarto.
Vou direto ao banheiro e tiro minha roupa, me olho no espelho, como sempre, e suspiro. Acabado, era assim que eu estava.
Eu não tinha tomado banho o dia todo, aquilo me fazia ter frio no espinhaço, odeio ficar sujo ou me sentir sujo.
Abri a box do lavatório, em seguida liguei o chuveiro sentindo a água descer por meu corpo.
Naquele momento eu não queria pensar enquanto me banhava, eu só queria ficar bem, ainda estava sentindo algumas maldades que as drogas estavam fazendo com meu corpo, como, por exemplo, a dor de cabeça horrível que eu estava sentindo.
Após passar o sabonete por meu corpo eu saí do banheiro, coloquei a toalha em meus cabelos e fui até meu closet, coloquei somente um pijama daqueles bem velhos e feios, que você usa especificamente para ficar em casa. Passei os dedos em meus cabelos e respiro fundo procurando meu celular, mas em seguida bato em minha própria testa, lembrando que deixei o mesmo na casa dos Kims.
Que tipo de geração z eu sou? Como posso deixar meu celular na casa alheia assim?
Solto um respirar fundo, mas logo saio do meu quarto indo em direção à cozinha. Meu pai estava sentado à mesa, parecia estar me esperando.
- Eu já ia começar a comer. - Ele diz com um sorriso fraco, quase brincalhão.
- Eu estava tomando banho, sabe que é minha hora sagrada. - Digo com um sorriso e sento ao seu lado.
- Sim, eu sei, você vai querer sobremesa? - Ele começou a se servir com cuidado.
- O que vai ser? - Olhei para ele enquanto apoiava os cotovelos na mesa.
- Strawberry shortcake, seu favorito. - Ele diz com um sorriso.
- Quem fez? Você ou a mamãe?
- Eu.
- Então é realmente a minha favorita. - Ele riu junto a mim.
- Está aqui. - Ele pegou uma pequena tigela que estava ao seu lado longe de mim, e então me entregou. - Eu e sua mãe estávamos conversando hoje com sua tia Madson.
- E a mamãe surtou como da última vez que a titia começou a falar sobre a religião dela? - Digo tentando não rir enquanto coloco a sobremesa em meu pires.
- Não, mas falamos sobre uma coisa importante, sobre seus primos. - Ele me olhou enquanto eu colocava um morango coberto de chantilly em minha boca.
- Os gêmeos malucos? Titia, além de arranjar um marido louco, acabou tendo filhos iguais a ele. - Digo colocando mais da sobremesa em minha boca.
- Não fale assim de seus primos, vocês têm que se dar bem com eles, até por que irão começar a morar aqui. Essa sobremesa parece estar boa. - Meu pai fala me fazendo entalar, e tossir forte para tentar fazer o doce descer.
- O que você disse? - Perguntei com espanto bebendo um pouco de água.
- Que a sobremesa parece estar boa. - Ele tenta disfarçar colocando mais comida em sua boca.
- Papai, pode ir esquecendo, eu não irei ficar no mesmo ambiente que os gêmeos, eu não aguento por cinco minutos as brigas deles. Chiara me irrita por se achar de mais, Cosimo é tão lento que me dar sono. - Olhei para meu pai que somente suspirou.
- Filho, eles irão vir para cá como parte do programa de intercambio, nós iremos ser uma família boa e ajudar eles e sua tia, que te ajudou muito pagando seu tratamento psiquiátrico por anos, e eu não estou pedindo permissão para você, só quero que seja educado. - Ele diz segurando minha mão. - Eu sei que você se sente desconfortável com pessoas estranhas em casa, mas prometo que irei cuidar de tudo, certo?
Suspirei fraco, havia perdido até o apetite depois daquela conversa.
- Eles chegaram segunda, irão ficar no quarto de hóspedes, e quero que você seja um bom primo e ajude eles com a estadia. - Meu pai me olhou e pegou em minha mão. - Por favor?
- Certo papai. - Peguei em minha cabeça.
- Aliás, eu e sua mãe estávamos conversando, ela ainda não confia em remédios para suas doenças, mas ela entende, resolvemos que agora que você irá fazer 17 anos pode cuidar sozinho dos seus remédios. Ele sorri tirando várias cartelas de remédio do bolso.
- Papai, eu não acho que sou capaz de tomar meus remédios sozinho, eu sou muito esquecido. - Falei uma mentira, eu não confiava em tomar meus remédios sozinhos, pois a maioria podia ser usado para fazer pó e cheirar.
Aquilo iria me destruir mais.
- Filho, eu confio em você totalmente, e sua mãe, mesmo não dizendo, também confia em você, mas você precisa confiar em si, querido. Ele sorri. - Vamos ver como você vai lidar com eles por uma semana, certo? Se você não conseguir controlar, então eu irei voltar a lhe dar.
Apenas confirmei devagar com a cabeça, não iria mais ir contra isso, em algum momento ele poderia estranhar.
-
- Não acredito que em pleno sábado não tenho nada para fazer. - Falei deitado na grama do quintal de minha casa, junto de, por incrível que pareça, Jade.
- Onde está teus pais? - Ela falou enrolando as pontas dos cabelos em seu dedo.
- Meu pai foi reagendar meu psicólogo e psiquiatra, mamãe está no trabalho.
- Acho engraçado sua mãe não acredita em psicólogo, mas ser médica.
- Eu também acho, mas mais engraçado ainda é minha vó que é racista e mamãe casou com meu pai, o preto mais retinto que vi na minha vida.
- Sua vó é racista? Caralho, que merda em.
Confirmei com a cabeça. Eu e Jade tínhamos uma relação bem estranha, nos conhecíamos dês de criança, nossas famílias eram muito amigas, ao ponto de passar feriados juntos, mas em algum momento nas nossas vidas a gente começou a às vezes se tratar mal, mas sempre contávamos um com o outro em momentos difíceis.
Eu já tinha tentado suicídio três vezes, a primeira vez foi quando tinha doze anos, a segunda foi com 13, a terceira foi quando estava quase completando 15. Em todas minhas quase mortes, a família da Jade e a Jade me visitava, a última vez não foi só a família dela que me visitou, mas também a de Yuto, pois foi o garoto que me levou de carro para o hospital.
- Você acha que algum dia vamos para de usar droga? - Jade perguntou de repente, era uma pergunta séria.
- Sinceramente? Só quem realmente quer ou ter força de vontade consegue, e eu não tenho nenhuma dessas duas coisas. - Falei ouvindo uma risada da garota, me fazendo rir também.
- Você vai para o enterro do Nico?
- Não, eu não quero mais pensar sobre isso, na verdade, só vou passar na casa para entregar o celular dele para a família.
- Jimin. - Ela me chamou, então virei o rosto para olhar a garota, fixando em seus olhos azuis como a água mais limpa. - Eu realmente sinto muito pelo Nico.
Sorri fraco, somente confirmando com a cabeça.
- Amanhã você vai querer ajuda para arrumar a festa? - Perguntei para ela.
- Não se preocupe, tem muitas pessoas para ajudar. - Ela sentou rápido parecendo lembrar de algo. - Nossa, eu não te contei, sabe o traficante novo que chegou? Eu chamei ele para vender lá na festa, eu fui falar com ele pessoalmente, que homem gostoso, juro Jimin, eu queria sentar nele.
Fiz uma breve careta quando veio rápido um pensamento de Jungkook e Jade transando, quase ponho fogo em mim mesmo.
- Minha nossa Jade, não me faz pensar nisso não. - Coloquei a mão em minha cabeça pedindo a Deus para não me fazer pensar naquilo novamente. - Você tá falando do irmão dos meus dois amigos que no momento estão sendo os mais próximos.
- Você conhece ele? Jimin, eu te imploro, fala bem de mim para ele. - Ela juntou as mãos como se tivesse realmente implorando.
- Não vou não. - Franzi o cenho, me incomodando um pouco. - Garota, você não precisa dá para todo garoto que ver não.
- Mas para aquele garoto eu preciso.
- Não precisa não, que isso, não consegue ficar sem nada dentro de ti não é?
- Você é um chato. - Ela franziu o cenho. - Tudo bem, eu vou conseguir de um jeito ou de outro.
- Pobre do Yuto.
-
Olhei para a casa que estava com a porta aberta, e algumas pessoas para o lado de fora, todas de preto.
- Jimin?
Uma garota negra dos cabelos cacheados e olhos castanhos claros apareceu, ela parecia muito Nicolas, com certeza era sua irmã, Nathalia.
Oi! - Finalmente respondi depois de alguns segundos de devaneio, eu não queria viver aquele sentimento de novo. - Nathalia, eu vim só deixar o celular do Nicolas.
- Ah, claro, obrigada. - Ela sorriu fraco, a garota estava com olheiras fundas, seus olhos estavam vermelhos e seu nariz estava do mesmo jeito. - Você não quer entrar? Se despedir ou algo assim?
- Me desculpa Nathalia, mas... - Eu parei um pouco sentindo um nó na garganta. - Eu não consigo, de verdade.
A garota confirmou com a cabeça, eu somente tirei o celular do bolso e entreguei para ela. Eu não aguentava pensar em ver Nicolas morto novamente, eu não queria pensar naquilo mais.
- Está tudo bem, Jimin, obrigada por ficar com meu irmão sabe... Mesmo ele sendo o que era. - Ela me abraçou com firmeza, e eu somente retribuí compartilhando por aquele ato nossa dor.
Logo nos soltamos, e sem falar mais nada ela se virou entrando em casa novamente, e eu me virei andando o mais rápido que conseguia, sentindo novamente o vazio em meu peito quase me engolir.
[Sumi né?]
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