XI

Jimin P.O.V

Eu acordei um pouco assustado, estava em um quarto totalmente estranho, de cores escuras, porem tinha a luz de um abajur ligado. Olhei para os lados relaxando gradualmente quando senti o perfume forte de Jungkook, era o quarto dele.

Com sorte eu consegui novamente os movimentos das minhas pernas, me levantei devagar. No quarto alheio tinha um lindo quadro dele com uma garota, os dois pareciam ter a mesma idade, Jungkook mesmo criança não tinha sorriso no rosto.

Andei até o banheiro e lavei meu rosto na pia, eu ainda não tomei banho e aquilo me deixava com bastante agonia, parecia que eu era a pessoa mais suja do mundo.

Enxuguei meu rosto em uma pequena toalha que tinha ali, então saio do banheiro indo até à sala, como sempre a mãe de Jungkook estava na poltrona, fui até a senhora e me sentei no sofá perto dela.

— Olá! Senhora Kim, espero que esteja bem. — Digo olhando para ela, a mulher parecia estar somente dormindo, e eu acredito ser aquilo que mais impressionava. — O dia está bastante bonito hoje, eu acordei bastante cedo, então posso afirmar que talvez hoje fique muito quente.

Eu sorrio e seguro a mão da mais velha, ela estava tão gelada que podia me deixar com frio.

— Você está bastante bonita senhora Kim. — Olhei bem para ela, a mulher parecia muito com Jungkook e Taehyung. Jin não tinha muito a aparência dela, porem seus lábios eram iguais. — Seus filhos são bastante bonitos.

— O que você está fazendo? — Escutei uma voz atrás de mim, me virei assustado, mas logo relaxei ao ver Sid me olhando com seus braços cruzados.

— Que susto Sid, parece um fantasma. — Digo colocando a mão sobe meu peito.

— Se não estava fazendo nada de errado para quê esse medo? — Ele diz negando devagar com a cabeça. — Pode me ajudar? Chegou mercadoria nova para repor na loja, Jungkook está na venda e não pode ir.

— Claro, ajudo sim. — Me levantei com um sorriso. — Os meninos ainda não chegaram?

— É somente duas da tarde Jimin, faltam quatro horas para eles voltarem. — O homem começa a andar em direção a loja e eu sigo ele.

— Para mim não é "somente", eu cheguei aqui umas cinco da manhã. — Vejo ele indo até algumas caixas que estavam no corredor de limpeza.

— Jungkook falou, acharam você naquele parque aberto né? — Sid sentou em um banco logo abrindo a caixa com um estilete e começando a organizar os produtos nas estantes.

— Não foi bem um achado, eu não estava perdido, liguei para Jin ir levar minha bicicleta. — Falei olhando para a caixa. — O que você quer de mim?

— Quero que você fique no balcão passando as compras dos clientes. — O homem diz.

Confirmei fraco com a cabeça indo em direção ao balcão, sento no banco que tinha ali.

— Sid, acabei de fechar um grande... — Escutei a voz de Jungkook que foi sumindo ao me observar no local onde Sid deveria estar. — O que você está fazendo aqui?

— Sid me pediu ajuda, ele está no corredor de limpeza pondo produtos novos nas estantes. — Falei pondo meus cotovelos no balcão.

— Sidney! — Jungkook andou em passos pesados até o corredor que o homem estava.

— Jungkook! Que susto! — Escutei a voz alheia falar em tom de surpresa.

Andei devagar até o corredor de trás para tentar escutar a conversa, coloco alguns dos produtos um pouco para o lado observando os dois.

— O que você esta fazendo? Por que deixou o Jimin em seu lugar? — Jeon falou apertando sua testa.

— Estou repondo os produtos.- Sid levantou a cabeça para olhar Jungkook. — Ou você quer que o caixa fique sem ninguém?

— Jimin não pode ficar ali, ele é uma criança, poderia ter me chamado que eu ficava. — Jungkook fechou os olhos parecendo tentar se acalmar. — Não quero aquele garoto ali, ele não estava bem hoje e se passar mal a culpa é sua.

— Relaxa Jungkook, até parece pai dele.- Sid diz negando com a cabeça e rindo fraco.

— Engraçadinho, estou indo para o caixa, acabe logo isso. — O homem saiu do local passando por todos os corredores.

Andei em passos leves até Jungkook, meus braços estavam cruzados atrás de meu corpo.

— Você não deveria falar daquele jeito com Sid. — Falei fazendo o homem se assustar e dar um leve pulo ao escutar minha voz repentina.

— Estava bisbilhotando? — Jeon pergunta franzido o cenho ao me ver.

— Você se assustou, bad boy? — Digo com sarcasmo vendo ele apertar os olhos de modo fraco.

— Esta sendo sarcástico comigo Jimin? — Ele andou devagar em passos pesados até mim, como reflexo eu andei para trás tentando ficar longe dele.

— Eu? Não, nunca faria isso.- Disse com um sorriso meio amedrontado.

— É que para mim, está parecendo totalmente o contrariou. — Jeon cruzou os braços, em seguida parou ao perceber que eu não tinha para onde correr.

— Suponho que seus neurônios não estão funcionando bem então? — Falei tentado sair do quase aperto que estava sendo colocado.

O homem apoiou suas mãos na parede, fazendo uma barreira com seus longos braços para que eu não conseguisse me mexer.

— Você irá aonde? — Ele se abaixou um pouco para ficar em um tamanho adequado para mim. — Você ainda não comeu nada desde que chegou aqui, fique alguns minutos no balcão, irei lhe preparar um lanche.

— Não! — Falei de modo rápido e um pouco alto, logo segurando seu braço para que ele não saísse. — Não estou com fome, não precisa se preocupar com isso Jungkook.

— Por Dios, Jimin. — Ele falou em alguma língua que eu não consegui entender.

— Como? — Perguntei um pouco embriagado pela voz do homem que mudava totalmente naquele idioma, que até então era desconhecido por mim.

— Desculpe, é espanhol. — Ele esfregou a mão em sua nuca parecendo envergonhado. — Em fim, você está sobre minha supervisão, então eu dito as regras, espero que as respeite.

— Sim, senhor, capitão. — Ponho minha mão na testa batendo continência como se estivesse na frente de um general.

— Engraçadinho. Me diga o que quer comer. — Ele me soltou do local encurralado onde eu me encontrava, em seguida cruzou seus braços me olhando.

— Eu não queria nada, mas como não tem essa opção em seu cardápio você pode me dar um macarrão instantâneo da loja, eu pago. — Falei sorrindo fraco vendo o homem levantar uma de suas sobrancelhas.

— Não vou te dar um macarrão acompanhado de câncer para comer, peça algo comestível. — Falou se virando e andando em passos leves para trás do balcão.

— Não tem nada mais comestível do quê isso. — Falei seguindo ele.

— Eu vou fazer uma sopa. — Jeon me olhou de cima a baixo. — Esse local é muito apertado para duas pessoas.

— Também, tua massa muscular ocupa a maioria do espaço. — Jimin falou em voz alta, percebendo que sua boca não filtrou o que seu cérebro disse.

— Está me sacaneando? — O mais velho franziu o cenho de modo fraco fazendo Jimin corar em quanto tentava não surtar.

— Eu? Não, nunca faria isso, respeito as pessoas mais velhas. — Digo percebendo que só estava me enrolando mais.

— Está me chamando de velho? Não sou considerado de maior nos Estudos Unidos sabia? — Ele mordeu fraco a bochecha parecendo chateado.

— Me desculpe, é que você é irmão das duas pessoas que no momento tão sendo importantes para mim, não queria te deixar chateado com algo. — Olhei para o lado quando confessei tal coisa para ele.

— Bem eu até desculpo. — Ele sorri de lado parecendo pensar. — Mas, só se me chamar hyung.

Bom, vamos começar a aula, para vocês que não sabem o que significa hyung eu irei explicar. Segundo o Google a palavra hyung é usada para irmão ou amigo mais velho. A idade é muito valorizada na cultura coreana.

— Isso é algum fetiche que você anda tendo comigo? Eu posso chamar a polícia em! — Falei com um tom leve de deboche e brincadeira em minha voz.

— Eu não tenho fetiche com crianças. — Ele levantou a sobrancelha me fazendo cruzar o cenho em indignação. — Não sei se você percebeu, mas Jin e Taehyung não me chamam hyung, e eu só conhecia eles como coreanos mais novos, mas agora tem você, eu acredito que se eu morrer eu morro feliz. — O homem claramente fez uma pequena pressão psicológica.

— Tudo bem. — Revirei meus olhos e então o olhei.

— Vou fazer então um pouco de frago frito com molho picante, não demoro. — Ele saiu de trás do balcão.

Senti o ar, que sabia ao menos que estava sentindo, sair de meus pulmões devagar.

— Droga. — Coloquei a mão sobre meu peito sentindo meu coração bater forte.

— O que foi? — Me assustei quando a voz repentina bateu em meus ouvidos, olhei para o lado vendo Alison.

— Alison, porra! — Falei ofegante.

Alison era uma pessoa bem estranha, as pessoas vivam falando que elu era bruxe, ou envolvide com o capeta, obviamente o jeito delu não ajudava muito com esses rumores, elu é gênero neutro e por conta disso sofria muito bullying, Alison só usava roupas pretas e estava sempre com cara de cansade, as olheiras abaixo de seus olhos também não ajudavam muito, junto de sua pele extremamente pálida.

— Eu só entrei pela porta garoto, minha bruxaria acabou. — Elu disse me fazendo revirar os olhos e rir fraco.

— O que você quer? — Falei pondo meus cotovelos no balcão.

— Está trabalhando aqui agora? Não sabia que aceitavam drogados no emprego, será que aceitam pessoas de gênero neutro também? — Ela perguntou em um tom de piada me fazendo rir fraco e negar com a cabeça.

Foi assim que Alison aprendeu a lidar com o bullying, ela começou a fazer piadas consigo mesme, isso é o terror das pessoas que fazem bullying, seu saco de porradas derramar areia para todos.

— Bem, é somente isso aqui. — Elu coloca alguns doces no balcão.

Comecei a ler o código de barras de suas compras e colocar em uma sacola.

— Você soube que os intercambistas Irã chegar próxima semana? — Alison se escorou no balcão.

— Azar deles, são mais pessoas para sofrer bullying naquela porcaria de escola. — Falei me irritando com o assunto, todo ano que intercambistas novos apareciam na escola parecia que aquele lugar virava um centro de abate.

— Você sabe que quem sofre bullying não quer continuar sofrendo, só sente que não tem mais forças para lutar contra.- Alison disse com sua cabeça baixa. Suspirei fraco e estiquei meu braço batendo levemente no ombro delu.

— Eu já disse para você que se precisar é só me chamar, eu tiro aqueles merdas de perto de você, poxa Alison, a gente se conhece a 9 anos, eu vi você se descobrindo, fui com você falar com seus pais, já passamos a noite acordades conversando sobre nossos medos, qual o problema de contar comigo novamente agora? — Perguntei.

— Eu quero ir contra minhas batalhas sozinhe Jimin, você deveria mais do quê ninguém entender isso. — Alison segurou minha mão e sorrio. — Quanto deu tudo?

— São 14 dólares. — Falei. Alison pegou sua carteira tirando o dinheiro de lá e me entregando, guardei no caixa e dei as compras para elu.

— Obrigado Jimin. Você vai amanhã para a festa da Jade? — Elu guardou sua carteira e me olhou.

— Você sabe que eu sempre vou. — Riu devagar.

— A gente se ver lá então, até. — Alison saiu da loja fazendo o sino que tinha na porta fazer um pequeno barulho.

— Quem era ela? — Sid falou colocando algumas caixas de papelão em cima do balcão.

— É elu, Alison é gênero neutro. — Digo olhando de olhos apertados. — Elu tem 18 anos Sid, não é para seu bico.

— Olha aqui, eu só tenho 20 anos, garoto. — Sid fez careta. — Esse negócio de pronome neutro é uma chatice, perdi o interesse nela só por isso.

— Sid, se você chamar Alison pelo pronome feminino de novo eu juro que quebro essa sua cara feia. — Falei saindo de trás do balcão andando em passos pesados até o mais velho.

— Relaxa Jimin, eu não sei falar com o pronome neutro quando estou conversando rápido. — Ele diz dando tapas leves em minha cabeça como se eu fosse um cachorro.

— Sid, estou te avisando, eu somente pareço fraco. — Digo puxando todo o ar que ao menos estava faltando.

Com certeza o que mais me irritava nessa vida era discriminação. Quando eu tinha 13 anos apanhei na escola, pois meus colegas pensavam que eu era homossexual, quando eu comecei a apanhar comecei também a aprender a lutar, até que chegou um momento que ninguém queria tocar um dedo em mim, talvez ficaram com medo depois que eu quebrei a costela de um garoto sem nenhum dó. No final os boatos deles não estava errado, mas sim do que me chamavam.

— Relaxa Jimin. Olha eu acabei de arrumar os produtos, pode ir lá para dentro, obrigado pela ajuda. — Ele sorrio e foi para trás do balcão.

Apenas respirei fundo tentando me acalmar e andei até a porta de ferro que dava para a casa de Jungkook. Olhei para frente escutando um barulho auto de algo torrando, logo sorrio ao ver Jeon sem blusa fritando frango no olho.

— Eu vou ter que beber uma garrafa de água se você ficar me olhando mais. — Ele diz de modo repentino fazendo eu me assustar.

— Eu só estava observando você cozinhar, não posso mais? — Digo andando em passos leves até o balcão, logo pondo meu cotovelo em cima do mesmo.

— Claro que pode senhor Park. — Ele tirou sua atenção do frango e me olhou nos olhos, em poucos segundos sua atenção foi novamente voltada para a comida. — A comida já vai ficar pronta.

— Certo. — Falei. Em algum momento meus pensamentos me levaram de volta para a memória que eu tinha do quadro que estava no quarto alheio, onde ele uma garota estavam abraçados quando um pouco mais novos. — Hyung, me tira uma dúvida.

Ele me olhou quase que desacreditado, jurei que em algum momento ele iria mostrar um sorriso, porem, ele somente balançou a cabeça como se me pedisse para continuar a pergunta.

— Aquela garota que estava na foto no seu quarto com você, é da sua família? — Perguntei. O homem paralisou, como se eu tivesse falado um insulto para ele.

— Você mexeu nos meus pertences? — Ele apertou as sobrancelhas.

— Não, quando eu acordei foi uma das primeiras coisas que vi. — Digo normalmente, até porque eu não fiz nada de errado.

Jungkook ficou calado, somente fritando os frangos. Quando ele acabou, colocou tudo em um prato jogando o molho por cima, em seguida misturou bem.

— O molho é picante? Meu nariz ardeu só de sentir. — Falei coçando meu nariz.

— Você é muito sensível, eu tenho rinite e consigo sentir cheiros fortes por um tempo até ela atacar. — Ele falou ainda parecendo sério.

— Esse é você, estou falando de mim, no dia que meu nome for Jeon Jungkook a gente conversa. — falei dando de ombro fraco.

— Esqueceu o Salvatierra. — Ele diz. O homem leva sua mãe até o botão do fogão, desligando o fogo.

— Como? — Falei sem entender.

— Jeon Salvatierra Jungkook, não Jeon Jungkook. — Ele pegou a panela com o frango misturado no molho, logo botando na mesa.

— Ah! Claro, mas nos estados unidos a gente não coloca o sobrenome antes do nome, então ficaria Jungkook Salvatierra Jeon, ficou bem estranho né? — Franzi o cenho pensando um pouco no nome alheio. — Jungkook Salvatierra é mais legal? Com três nomes não pareceu bater com tua personalidade.

— O que isso significa? — Ele pergunta puxando uma das cadeiras que tinha na mesa. — Venha comer.

— Sua personalidade é forte hyung, mas você parece ser tão doce. — Digo indo em direção a cadeira sem ao menos perceber, em seguida me sento olhando para o frango que tinha um tom avermelhado.

— Você viu uma arma no meu carro a menos de 15 horas atrás e ainda sim, está me chamando de doce? — Ele negou de modo sarcástico. — Coma por favor.

— Bem, não é sempre que alguém vai à casa do amigo dos irmãos para conhecer a família dele, só porque percebeu que o garoto é drogado e queria saber se a família é do mesmo naipe para ver se os irmãos estão seguros. — Ele me olhou quase que como uma estátua, senti que a qualquer momento ele poderia começar a virar gesso ali mesmo.

— Eu não. — Ele coçou a garganta com uma leve tosse forçada. — O que você está falando Jimin?

— Eu sou bom em perceber as coisas, ainda mais quando estou há muito tempo sem me drogar. — Peguei um frango colocando em minha boca devagar.

Nos dois ficamos em silêncio por um momento, parecia que quem deveria falar era Jungkook, e em algum momento ele percebeu isso me olhando.

— Eles são meus irmãos, após ver você segurando Nico nos braços morto eu não podia ficar bem sem antes saber se meus irmãos não seriam os próximos. — O baque foi maior quando ele proferiu o nome do Nico.

— Como? — Perguntei de modo quase que retorico.

— Desculpe, mas é a verdade Jimin, pensei que poderia está envolvido com alguém ruim. — Jungkook proferiu de modo calmo.

— Eu estou cheio. — Digo baixo tentando não ser grotesco com minhas palavras.

— Beba água. — Ele pegou a jarra de água e colocou no copo me dando em seguida.

Eu bebi a água devagar, coloquei o copo na mesa e me virei indo em passos leves até o quarto de Jin, fechei a porta e escorreguei devagar até o chão.

Lembrar de Nico era difícil. 

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