[30 - end] our 좋은 forever.
좋은 = good.
QUEM SENTIU SAUDADES? 😭😭😭😭
Gostaria de pedir perdão aos que esperaram, eu realmente estava tão atolada de coisas que imaginei que demorar pra atualizar seria possível. Comecei a ter bloqueios criativos por culpa da demora, me perdoem, além de não querer terminar o capítulo. Amo o carinho que vocês tem por BAD TYPE e estou muito feliz, muito feliz mesmo por ter vocês ainda pra ler a conclusão.
⚠️ Antes, gostaria de me desculpar também por qualquer erro (se tiver, podem corrigir que depois eu vou arrumar), porque eu não revisei! E eu sempre reviso umas 3x antes de publicar! E se caso eu escrever algo errado que já aconteceu, me avisem KKKKKKK foi muito tempo! É isso, agora...
No capítulo anterior (recomendo vocês darem uma lida, passou muito tempo), Jungkook finalmente teve o seu debut stage. Ele e Jimin se encontraram com os meninos pra comemorar, e depois ficaram em um hotel e comemoraram daquele jeito 😜🙌🏻!
Jungkook depôs tudo que viveu com seus pais na delegacia, e a mãe desnaturada dele foi, mas não houve nada demais, apenas cada um deu seu depoimento. Entretanto, Jungkook ainda não havia contado ao Namjoon que iria se mudar para morar com Jimin. Maaaaaas, no mesmo capítulo, ele conta. E foi emocionante.
Morando com o Jimin, no fim de capítulo, Jungkook teve uma entrevista ao vivo no dia seguinte e Jimin estava voltando para casa pra assistir. Entretanto, uma sasaeng apareceu...
BEM VINDOS AO NOVO (e último 🥹) CAPÍTULO DE BAD TYPE!!!!!! 💚💸
💚
E lembro muito deles ouvindo essa música:
💸
Eu achava que nunca passaria por uma situação parecida. E sendo bem sincero, até pensei que seria mais preocupante, se tratando de uma "sasaeng".
Mas foi um pouco engraçado.
— Eu quero saber do Jun oppa. — disse, seriamente me encarando como se a sua vida dependesse disso. — Me dá! Qual é o número dele? — ela se impulsionou até mim com a intenção de pegar o meu celular, mas eu rapidamente me afastei.
— Ficou maluca?! Eu vou chamar a polícia!
— Você tem o cheiro dele?! — se aproximou de novo com tudo, e eu só andava em passos largos para trás a cada passo que ela dava.
— Eu vou ligar pra polícia! — aumentei o meu tom de voz.
— Eles não ligam! — abriu um sorriso, parecendo uma psicopata. — Eu tenho dinheiro!
— Pois eu também tenho. — rebati. Nunca me senti tanto por isso.
— Então, não precisa do Jun!
— Como achou onde eu moro? E independente do dinheiro, sabe que isso é stalking, não sabe?!
Ela soltou o ar, revirando os olhos.
— Ainda não percebeu que eu simplesmente não ligo? — levantou as sobrancelhas. — Ou você me dá o número do Jun, ou eu-
— Você o quê? — só então, percebi Namjoon se aproximando no corredor, de braços cruzados atrás da maluca.
Ela se virou e meu peito desceu de alívio. Me senti em segurança, mas me perguntava o que havia acontecido pra Namjoon estar aqui na hora da entrevista do Jun.
Anteriormente, eu realmente o chamei para conversarmos sobre a irmã de Jungkook e todo o julgamento que será feito em questão da guarda. Ele disse que havia encontrado algumas coisas interessantes e que viria até o meu apartamento após as filmagens do Jun para a televisão.
— Quem... — ela espremeu um pouco os olhos, encarando bem Namjoon como se o reconhecesse. — Espera, você também anda com o Jun, sim? Eu já te vi no show!
— Posso saber o motivo da invasão? Eu espero que saiba que chamei a polícia e pode ser bem pior pra você caso não saia daqui agora. — sério e até dando medo em mim, Namjoon não tirava seus olhos dos da garota, como se quisesse que ela se sentisse desconfortável o suficiente para desistir.
E foi o que aconteceu.
A maluca ficou desconfortável e desviou o olhar.
— E-Eu sou uma fã. — entretanto, o encarou com decisão. — Tenho todo o direito de tentar ver o meu ídolo e-
— Não tem nenhum direito de invadir a casa de alguém dessa maneira por achismos seus. Tem certeza de que o seu tão amado ídolo iria ficar feliz com uma atitude ridícula dessas? Tem certeza de que ele não a desprezaria?
— Me desprezar? — soltou o ar em um riso, incrédula ao que jogou as pontas de seus cabelos na frente dos ombros para trás. — Eu tenho certeza de que sou o tipo dele, querido. Acho que não conhece o Jun como eu conheço!
— Conheço tanto que já debati com várias como você. Acontece que ele não é quem você pensa, não fútil e vazio dessa forma. — a olhou de cima a baixo com nojo. Parecia que quanto mais Nam hyung falava, mais a fazia dar um passo para trás. Seus punhos se fecharam e eu pensei que fosse melhor pará-los.
— Pois ele amaria me conhecer! — rebateu, teimosa. — Sabe por quê?! Eu pesquisei tudo sobre ele-
A minha paciência se esgotou.
— Já que não quer vazar com um pedido educado... — me apressei em passos ágeis até a garota e a peguei pelo braço com grosseria. — Eu faço questão de te jogar na rua por conta própria.
— Ei! Você enlouqueceu?! — ela resmungou, gritando comigo. Namjoon não se intrometeu, arregalando um pouco seus olhos pelo vislumbre que tive. — Não pode tratar uma mulher assim, seu covarde!
— Eu pedi, ele pediu, e você não ouviu. — a soltei com tudo para dentro do elevador. Ela me encarava com um misto de ódio e indignação no olhar.
Peguei o telefone acima da numeração do elevador e liguei para o térreo. Especificamente, para o senhor da portaria.
— Alô, com licença, desculpa incomodar. — ouvi a voz do senhor do outro lado. — É o Jimin, uma moça invadiu o meu prédio e queria entrar no meu apartamento, agora ela está descendo pelo elevador. Poderia, por favor, fazer com que ela vá embora e tomar mais cuidado da próxima vez com estranhos?
— Você acha mesmo que-
— Obrigado. — respondi ao senhor, a ignorando, ainda com as portas abertas. Coloquei o telefone de volta com raiva e a encarei. Apontei: — E você, cala a boca e não volte mais aqui se não quiser ser jogada de um andar bem alto.
— Ah, é? — ela cruzou os braços. Eu me afastei do elevador para que ele finalmente a levasse daqui. — Meu pai vai ficar sabendo! Tenta fazer isso pra você ver se-
— Eu compro a sua morte, querida. Compro o seu pai, compro quem eu quiser! Ninguém vai ficar sabendo, não adianta tentar dar uma de riquinha pra cima de mim. — surtei, vendo ela perder a expressão de convencida e tornar-se assustada. Sorri levemente de canto. As portas começaram a fechar. — Ou você esqueceu que eu também tenho dinheiro? — e fecharam.
Pronto, eu poderia respirar.
Soltei todo o ar preso e fechei os meus olhos por um segundo, colocando os cabelos loiros para trás e me livrando de algo que eu nem sabia como lidar.
Então, me virei e dei de cara com um Namjoon me encarando boquiaberto.
— Isso foi uma ameaça pra algum tipo de homicídio? — prendeu a risada.
— Você acha? — levantei as sobrancelhas e dei de ombros, retomando a minha postura. Mal ele sabia o quanto o meu coração estava acelerado. — Eu acho que foi ótimo pra ela se mandar rapidinho daqui.
— Que Jimin é esse?
— Um que eu sempre quis soltar quando me deparava com algumas barangas dando em cima do meu namorado. — dei de ombros novamente e passei pelo hyung, certo de que estava com a razão.
Depois do susto, bebi uns três copos de água e cliquei no link que passava ao vivo a entrevista do Jun.
Uma pena ter expirado e eu ter perdido o meu tempo com aquela esquisita, resultando na perda da entrevista do meu tatuadinho de mechinhas verdes.
— Aliás, por que veio tão cedo? Não tava lá com o Jun? — Nam e eu estávamos sentados no sofá. Descansando, ainda tive que acalmar mais os meus nervos.
— Ele tem toda uma equipe. Falei que viria pro seu apartamento pra assistir e conversar sobre umas coisas importantes, que depois eu me encontraria com ele. Foi tranquilo, pena que não rolou de assistirmos. — explicou. — Bom, na verdade, eu tive também que explicar o motivo da conversa porque você sabe como aquele moleque é, todo-
Comecei a rir.
Sim, eu sabia.
Ele também soltou uma risada curta.
— É, muito bom ter uma visão melhor sobre a situação. — comentou. — Ver que tudo está da maneira que deveria. Claro, tirando a situação da Jangmi. E o que aconteceu hoje.
— Ah, sim... — pensando, me remexi um pouco, expulsando a preocupação e dizendo: — Esquece isso, essa garota vai ter o que merece. Temos que falar sobre a Jangmi. É hoje, não é?
— O quê? Que ela vai se encontrar com o Jungkook? Sim. — balançou a cabeça em afirmação. — Até porque o juíz precisa ver como ela se comporta com o irmão. Os advogados, enfim.
— Nossa, até eu fiquei ansioso agora... — coloquei a mão no peito, sentindo o meu coraçãozinho acelerar de novo repentinamente. Quase uma sensação de susto.
Tinha até me esquecido do que ocorreria durante a noite de hoje. Achei que Jungkook viria pra cá e ficaríamos juntinhos, mas a verdade era que tínhamos outras pendências alarmantes.
Nos dando um susto de verdade, a minha campainha toca uma três vezes seguidas, uma atrás da outra em um aparente desespero.
— Será que é ela de novo? — Namjoon me encarou de imediato, e eu decidi me levantar, de saco cheio.
Ele me segurou pelo pulso, levantando também.
— Pode ser perigoso. Eu atendo.
— Não! Por quê? Eu expulso ela rapidinho se for.
— Ji, não sabemos do que as pessoas são capazes-
— Jimin! Tá aí?! — era simplesmente, nada mais, nada menos do que a voz de Jungkook.
Franzi o cenho ao fitar Namjoon da mesma maneira surpresa da qual ele me retribuiu e fui direto para a porta.
— Amor?
— Porra, o que aconteceu?! — tocou as minhas mãos, os meus braços, as minhas bochechas, parecia super mega preocupado. — Ela te fez alguma coisa?! Como ela entrou aqui?!
— Calma, do que você-
— Como aquele porteiro deixou ela entrar?! Qual o sentido de ficar ali, então?! — indignado, suspirou alto, resmungando. — Caralho, e se fosse alguém perigoso?! Ele não presta atenção?!
— Amor, calma, ele é um senhor de idade, e por isso mesmo já estão procurando um novo porteiro pra ficar no lugar dele. Foi falta de atenção e eu deixei ele avisado, está tudo bem, ele me pediu desculpas. — finalmente entendendo sobre o que ele estava falando, minha primeira reação foi tentar acalmá-lo.
— Mas poderia ter sido pior! — rebateu. Abri um leve e levei uma mãozinha em seu rostinho frio de preocupação. — Porra, e eu ainda avisei ele.
— Por que o seu rosto tá gelado? Você veio correndo só de camiseta nesse frio depois de terminar a entrevista?! Jun, e se alguém tivesse te visto? — outras coisas vieram na mente, observando as suas vestimentas. — E espera, como assim avisou? Quem você avisou?
Espera aí de novo! Como ele sabia?!
— Um momento. — respirou fundo, recuperando o folêgo e me abraçando forte. Senti seu perfume no pescoço. — Eu fiquei preocupado e vim correndo, é lógico.
— Como você soube? Quem te contou?
Eu até tentaria me afastar e olhá-lo com calma para entender o que estava acontecendo e como ele havia descoberto. Mas estava tão gostosinho estar entre os seus braços que só deixei desta maneira...
— Eu pedi pra portaria ficar de olho em você.
— Como é que é?! — instintivamente me afastei e fitei o seu rosto.
— Não de olho em você literalmente, mas sim na sua segurança, no caso de alguém tentar te perseguir de alguma forma. Ele me ligou imediatamente pra me contar depois do acontecido. — tagarelou. — E tá, a culpa é minha, desculpa expôr o nosso relacionamento da forma como venho fazendo. Irei tomar mais cuidado e nunca mais toco no assunto de que eu namoro. Agora, eu entendo o motivo de ser tão evitado pelas empresas o "ser famoso e ter um relacionamento ao mesmo tempo". Parece que você tem que escolher um dos dois. Mas você também sabe que eu sempre vou escolher você.
— Amor, não precisava fazer isso... — abracei ainda mais a sua cintura, me inclinando mais nele e olhando um pouquinho pra cima, direto nos seus olhinhos. — Não é culpa sua e eu sei me cuidar, além de que sempre vai acabar surgindo um super herói do nada pra me salvar. — fingi virar o meu rosto, apenas insinuando quem estava atrás de mim.
Somente agora, Namjoon se fez presente na visão e percepção de Jungkook. Parado, de pé.
— Oh, você tá aí, mané? — Jun jogou essa, colocando as mãos na cintura.
— Sim, como pôde notar depois de um longo tempo vendo a melação de vocês.
— Foi mal, sabe como a gente é. — deu um beijinho na lateral do meu rosto e abraçou a minha cintura novamente.
— Percebi, aposto que veio correndo que nem um idiota. — riu.
— Quem você chamou de idiota? — Jungkook se endireitou.
— Você, por quê?
— Tá, vamos lá! — me desvencilhei de Jun e me endireitei também, afastando-me. — Vem.
Peguei na mão dele e nos sentamos no sofá, todos.
— Como foi a entrevista? — perguntei, com Jungkook em nosso meio.
— Bem versátil, teve umas perguntas aleatórias e interessantes. Eu gosto. Não conseguiram assistir?
— Eu queria tanto... — fiz beicinho. — Mas aquela ridícula...
— Ahhh, Coradinho. — depositou um beijinho no meu beiço e vi Namjoon virar o rosto. — A gente vê juntos mais tarde, foi bem rápida.
— Eu definitivamente não pedi pra ver tanta melação...
— Qual é, hyung, vai lá ver o Jin! — Jungkook retrucou o melhor amigo.
— Pois eu vim aqui para ter uma conversa importante com o Jimin, senhor intrometido.
— Eu sou o namorado dele.
— Mas é justamente sobre você. Queria falar mal de você. — apontou, e eu vi a expressão de Jun se tornar indecifrável. Namjoon riu. — Ele acreditou!
— E sobre o que é? — bravo, perguntou.
— Hoje. — resolvi responder. — Hoje você vai ver a sua irmã, lembra?
— Ah, sim, eu lembro. — confirmou, tornando-se mais contido. — Como eu poderia esquecer da data? — abaixou a cabeça e sorriu. Fofo.
— Antes, queria contar sobre duas coisas que descobri sobre o tratamento daqueles dois com a própria filha. — Nam retomou, sério. — Passei meio que a madrugada investigando e conversando com a Jennie.
— Certo, eu prefiro realmente não saber! — Jun bateu as mãos contra as coxas e se levantou na sequência. — Melhor eu ir tomar banho. Conversem e quando terminarem, me chamem que aí eu dou as caras.
— Uau, que fugitivo. E a conta de luz, hein? Se a conversa demorar duas horas-
Brincou, mas parou do nada. Eu e Jungkook continuamos o encarando, esperando.
— Esquece, os dois agora são cheios da grana, né? Me esqueci desse pequeno detalhe. — fez careta e revirou os olhos.
— Tô indo. — Jungkook deixou um beijinho em meus fios e se foi rápido.
Até eu estava com medo do que vinha.
Jungkook deve estar com um sentimento ainda mais pesado só de pensar.
Esperamos até que ele fechasse a porta do banheiro.
— Primeira coisa. — Namjoon pontuou e me tirou dos meus devaneios. — O pai batia nela. Quando visitamos onde ela mora, vimos hematomas. Nem por isso, a mãe já é boca aberta.
— Ah, Nam... — suspirei, eu já tinha em mente que isso poderia ser uma possibilidade. Coloquei uma das minhas mãos no rosto, fechando os olhos. Coloquei os cabelos para trás. Era horrível a sensação.
— Mas não tanto quanto foi com o Jungkook. Jangmi sofre com esse tipo de atitude quando ela supostamente faz alguma "malcriação". Fato descoberto pela nossa advogada ao encontro com a mãe de novo. — contou.
— Malcriação? — o fitei, indignado. — A própria mãe disse isso?
— Sim. Disse que ela ganhava castigos como qualquer outra criança, quando desobedecia. Foi particularmente só uma desculpa. — concluiu, desgostoso. — Tentou até consertar falando que era o que os pais faziam com as crianças, que nem era nada demais. Mas nos deu a entender muitas coisas.
— E conversaram com a Jangmi?
— Sim, mas ela é uma criança, não disse muito.
— O que ela disse?
— Surpreendentemente ela disse que gosta muito da mãe dela. E falou que o pai é bravo demais.
Soltei o ar, olhando para o chão.
Estava em um misto de emoções.
— Ela também disse que... — hesitou, eu mirei meus olhos nele na hora. — Queria ver o cantor preferido dela se pudesse.
Namjoon nem precisava me dizer quem era, eu enxergava em seu olhar e obviamente pela situação. Jangmi e Jungkook realmente tinham uma conexão, além da falta no interior de ambos de algo que eles nem conheciam ainda.
Uma falta que seria preenchida.
— Ela vai passar uma semana com vocês. Foi combinado. — e então, Namjoon hyung soltou a bomba e eu arregalei os meus olhos. — Irão discutir sobre guarda e afins apenas após esses dias. É uma decisão complicada, afinal, sabemos que uma mãe sempre vence.
— Aquilo pode ser chamado de mãe?
— Infelizmente, pode. — comprimiu os lábios.
Talvez fosse mais difícil do que pensávamos.
— E vocês dois sendo um casal é ainda mais complicado, principalmente com a atual carreira do Jungkook. — detalhou. — Tentaremos convencer o juiz da Jangmi ficar com o irmão. Conversar sobre o relacionamento de vocês pode acabar atrapalhando, sabemos como o nosso país tende a pregar uma suposta regra fajuta de valores.
— Eu sei e imaginei isso. — concordei. — Só nos resta mesmo é esperar mais um pouco e fazer esse reencontro dos dois acontecer ainda hoje.
— Sim, vai ser importante pros dois. — um pequeno sorriso apareceu em seus lábios, em comparação com o meu, que não conseguiria abrir nenhum por agora.
E começar a prestar atenção no barulho da água do chuveiro caindo e Jungkook cantando consideravelmente baixo e melodicamente de fundo, me fez pensar bastante, ficando um bom tempo ali sentado após Namjoon ir fazer mais café.
💸
[JUNGKOOK]
A última vez que eu estive nervoso assim, foi quando tive que contar toda aquela verdade pro Jimin.
Estava no escritório de advocacia, esperando, observando toda a sala clara e em tons mais acizentados. Me mantive sentado na cadeira em frente à mesa amadeirada onde dei alguns depoimentos antes.
Esperando alguém que, mesmo sendo tão pequena, me fazia entender que eu nunca fui o grande problema de tudo que vivi.
Não acreditava que finalmente acabou.
Precisei vir de máscara, all black, parecendo realmente um fugitivo da prisão justamente pra ninguém me reconhecer.
Guardei a máscara e retirei o boné, tornando-me mais apresentável ao invés de parecer o terror das criancinhas.
Ouvi um toquinho no porta, sendo aberta logo em seguida quando me levantei.
Meu olhar foi para baixo.
Jangmi estava vindo na frente, o advogado estava logo atrás.
No momento em que ela me viu, eu pude vê-la sorrir.
— Não acredito! — trocamos sorrisos, mesmo que tão sem querer. — É você!
— Sim... — foi como sentir borboletas no estômago. — Sou eu.
— Eu sou muito a sua fã! — a voz fofa me quebrava. Jangmi veio correndo até mim e eu apenas, automaticamente, me agachei em sua altura.
Jangmi me abraçou.
Minha irmãzinha.
Minha família.
— Senti saudades de você sem nem ter ideia disso... — fechei os meus olhos por um segundo, até que ela se afastasse para olhar pra mim.
— Eu vou ficar com você? — portanto, ela me perguntou. Eu levantei o meu olhar até o advogado, que me retribuiu um olhar de confiança, apenas para seguir o fluxo.
— Ouviu isso em algum lugar? — encarei seus olhos que pareciam duas jabuticabas.
— Mamãe me disse. — ela abaixou o olhar. — Ela brigou comigo um pouquinho. — arrastou o pé para frente e para trás.
Bruxa do caralho.
Enfim, modos, Jungkook.
— E o que você acha, Jangmi-ah? — a questionei, suavemente. Quando ela me encarou, sorri pequeno. — Quer passar um tempo comigo?
— Sim! — abriu um sorriso gigante. Logo, ele se desmanchou. — Não, espera...
— O que foi? — inclinei um pouco a cabeça para o lado, tentando entendê-la.
— Eu não vou ver a mamãe? Que nem... Que nem o papai? Não vejo mais ele... — genuinamente, Jangmi me questionou.
Coisas que eu sequer saberia lhe responder.
Mas, eu tentei.
— Somente se você quiser. Mas o seu pai... — hesitei e desviei o olhar por um segundo, mas não era algo que me afetava tanto. Só me dava certo nojo. — Ele fez muitas coisas erradas, precisa ficar um tempo longe pra consertar, entende? — ela balançou a cabeça, felizmente concordando.
— Mamãe me disse que você quer me levar pra longe também. Eu fiz alguma coisa errada?
Caralho, que mulherzinha. Achei um absurdo plantar esse tipo de dúvida na cabeça de uma criança. Mas como ela estava tão empenhada em descobrir, resolvi ser simplista:
— Nunca fez. Você é uma menina linda e muito inteligente, e é por isso também que eu adoraria estar junto de você por mais tempo. — acariciei seu cabelo. — Somos irmãos, somos da mesma família, Jangmi-ah. Eu gostaria muito de te levar pra vários lugares incríveis. Quero te apresentar várias pessoas!
— Eu quero! Aceito! Fiquei muito feliz quando descobri que você é o meu irmãozinho! — bateu palminhas. — O meu cantor preferido! Eu fiquei surpresa assim quando descobri: — abriu a boca em surpresa, realmente me demonstrando a sua reação. Eu ri.
— Posso cantar pra você quando você quiser, princesa.
— Sério?! — seus olhinhos brilharam, e os meus também.
Jangmi ainda era uma criança muito pequena para compreender todos os detalhes complicados dos adultos. E era por isso que eu preferia que as coisas acontecessem no tempo dela, no entendimento dela.
A criança também não é burra. O que lhe acontece na infância, pode perdurar por uma vida futura inteira. E eu jamais gostaria de dar a ela um passado traumático.
Mais tarde, após esperá-la acabar com todo o assunto que ela gostaria de compartilhar comigo, no tempo dela, a convidei para tomar alguns sucos coloridos e hambúrgueres saborosos.
Gostaria de passear no shopping com ela em um momento desses. Infelizmente, não havia como fazê-lo fora do habitual por conta do meu reconhecimento externo, por isso, comemos e brincamos no meu antigo apartamento. Digo, o apartamento do Namjoon.
As coisas mudam tão rápido.
Era como se eu morasse lá ontem.
— Se tu fizer bagunça na minha casa, eu te chuto pra fora e fico com a Jangmi eu mesmo! — Nam hyung apontou o dedo na minha cara e fez a garota rir. Revirei os olhos.
— Sou adulto o suficiente pra me cuidar e cuidar dela, nem vem com essa.
— Sonhou! — Namjoon riu, me irritando um pouco com seu deboche repentino com a minha cara.
Beleza, certas coisas nunca mudam.
— Senta aqui, Jangmi-ah! — dei tapinhas no sofá, de lado, ela se sentou na minha frente. — Vou tentar fazer um penteado em você.
— Coitada da menina... — Nam negou com a cabeça.
💸
Onze horas da noite.
Querendo ou não, foi o horário que consegui chegar em casa.
Na nossa casa.
Minha e do meu amor.
Porra, amava pensar nisso.
— Adivinha quem... — abri a porta e vi um mero silêncio. De cara, encontro a pessoinha deitada no sofá. — Jimin?
Fechei a porta devidamente, vendo a televisão ligada no som mais baixo possível e me aproximei lentamente.
— Não acredito que você teve a coragem de dormir, Coradinho. — senti algo no meu pé e já sabia o que era, logo reclamei com meu próprio gato: — Tá vendo, José?
Abaixei o meu corpo até o meu amorzinho e analisei os seus olhos fechados. Ele realmente estava dormindo.
Passei a mão no seu cabelo, colocando uma mecha loira atrás de sua orelha.
— Lindinho. — observei-o.
Me sentei ali, na beira do sofá, apoiando o meu cotovelo na perna e automaticamente meu rosto em minha mão, empenhado em observar todas as suas características.
— Desculpa demorar tanto pra chegar. Ficou me esperando, foi? — ri, comigo mesmo. — Você nem imagina o que eu preparei.
Terminei o meu passeio com Jangmi entre umas seis e sete horas da noite. Em seguida, conversei e pedi ajuda pra Namjoon em relação ao que eu faria assim que tomasse meu caminho de volta para casa.
E foi o que eu fiz, indo até onde deveria ir e fazendo o que eu deveria fazer antes de finalizar o meu dia, e por fim, voltar com todo o cuidado possível. Sem desconfianças. Sim, eu estava aprontando algo a longo prazo.
Exatamente por isso, esse algo, o meu Jimin só saberia depois.
💸
Seis meses passaram voando, e nesse meio tempo, há alguns meses, chegou o aniversário do Jimin.
Nós particularmente não fizemos nenhuma festa. Escolhemos passar a semana pendente com a Jangmi, por preferência dele também.
E como Jimin quis muito voltar ao parque de diversões que fomos, agora com ela, então, atendi ao seu pedido. Mas os levei em um bem melhor.
Fomos à Lotte World.
Nos divertimos pra caralho, que isso, que lugar bonito e incrível.
Nos rendeu bastante momentos.
Acho que perdi as contas de quantas vezes Jangmi gargalhou e se divertiu.
Fiquei animado ainda mais pelo motivo de poder alugar o parque inteiro por uma noite. Na real, embasbacado que o meu namorado que era rico bem antes de mim, nunca havia me dito que isso era possível.
E enfim, nos dias de hoje, o que nos acontece? Nada de importante. Apenas recebemos um convite para a festa do Hoseok.
Brincadeira, foi um convite aparentemente muito especial.
Uma bela festança na mansão do Hobi, em comemoração ao noivado de sua irmã mais velha.
Na real, eu nem sabia se realmente era convidado. Bom, há um tempo atrás, ela literalmente me odiava.
Hoseok apenas me enviou o convite por mensagem, sem explicações e somente dizendo para eu levar o Jimin, o que com toda certeza eu faria.
— Será que é uma boa ideia? — contorci os lábios e pensei alto, sentado na cama e com as costas recostadas na cabeceira, quase deitado.
— O quê? Espero que não esteja pensando em outras maneiras de me deixar com complicações maiores. — Jimin entrou no nosso quarto, colocando seus livros com palavras complexas demais sobre medicina veterinária na mesinha de estudos ao lado, a qual compramos recentemente. — Não bastou aquela semana. Minhas pernas pediram socorro.
— Como assim? — virei o rosto para o lado e lhe encarei com dúvida.
— Não era disso que estava falando? — também me encarou de pé, piscando duas vezes os olhinhos surpresos.
— Disso o quê?
— Oh... Esquece-
— Opa, opa, opa... — expressei desconfiança com os olhos, vindo em minha mente todas as peças que se encaixaram perfeitamente sobre a semana passada. — Tava pensando naquilo que eu tô pensando agora?
— Você nem sabe o que tá falando. — desviou o olhar, mexendo nos livros que já havia arrumado, somente para disfarçar. Eu me levantei. — E olha isso! — mirou nas minhas calças no mesmo momento. — Nem tirou o jeans! Na verdade, nem tirou essa roupa desde que chegou da entrevista.
Ele cruzou os braços, eu sorri e me aproximei.
— Cheguei praticamente agora, não muda de assunto, Coradinho... — o fugitivo deu uns dois passos pra trás, mas sabia que esses passos não dariam em nada, somente na parede. — O que tava pensando?
— Acha que ainda consegue me intimidar? Depois de tanto tempo de convivência? — soltou o ar em deboche, como se risse. — Até parece. Me sinto muito treinado, principalmente agora que moramos juntos!
— Ótimo. — fui mais rápido, andando em passos apressados até ele e automaticamente lhe fazendo cambalear para trás ao se assustar.
Até que finalmente meu Jimin chegasse na parede atrás de si e eu pudesse surpreendê-lo ainda mais ao apoiar a minha mão nela, ao lado de sua cabeça. Foi o que aconteceu.
— Treinado? — abri um leve sorrisinho de canto, prendendo o riso. — Tem tanta certeza assim?
— Você já fez isso várias vezes! — levantou o narizinho.
— E você se desmonta em todas.
— Quem disse?
— Decidiu negar agora? Nessa altura do campeonato? Porra... — ri, ele me deu um empurrão no ombro.
— Não tem graça... — fez bico, e isso foi o que agora me desmontou. Tive que retrucá-lo com uma voz carinhosa e automática:
— Ah, amorzinho, não tem? — tentei aproximar meu rosto do seu e o dar um beijo, mas vi seu rosto abaixar e evitá-lo.
— Quero uma greve. — soltou, e a minha reação foi ficar sério na mesma hora.
— Greve? Greve do qu-
— Eu ainda não me recuperei da semana passada. — saiu da minha frente, esquivando-se e caminhando pra longe de mim naquele quarto.
Semana passada?
— Mas o que eu fiz exatamente?! — lhe encarando ainda indignado e surpreso, continuei na mesma posição.
— Esquece, Jeon! — apesar do que disse, me deixou visível as bochechas tornando-se avermelhadas. — Não bastou a semana do lançamento da sua música, passou um tempinho e você pegou uma outra semana pra querer fazer coisinhas todos os dias.
— "Coisinhas"? — me endireitei. Entendi do que ele estava falando: — Você quer dizer "sexo"?
Jimin quase virou um tomate vivo e saiu do quarto, abrindo a porta e picando a mula rapidinho. Eu dei risada, não me segurei.
Algumas coisas realmente nunca mudam.
Nesse caso, nem devem. Amo o jeitinho envergonhado dele.
Óbvio que fui atrás.
— Loirinho, ficou dolorido? Por que você não me avisou que ficou assim? — avistei ele na cozinha, de frente para o balcão enquanto fazia alguma coisa da qual eu nem prestei muita atenção.
— Jeon, eu nem vou te responder!
— Não? — fiz bico, me aproximando de suas costas. — Nem se eu quiser cuidar de você?
Ele parou de cortar as cascas ao redor do pão que iria comer, largando a faca e se virando pra mim, apoiando-se no balcão.
— Acha que eu não tô percebendo o seu duplo sentido? — comprimiu ainda mais os seus olhinhos fofos.
— Não vejo nenhum. Só disse que se estiver com dores, eu posso cuidar de você. — dei de ombros, me fazendo de sonso, é óbvio.
— E eu disse que quero uma greve, seu engraçadinho. — tentou dar as costas de novo, mas segurei na sua cintura com as minhas duas mãos.
— Mas a gente nem transou nos últimos dias, já se foi a greve. — contestei.
— Fizemos por uma semana inteira!
— Oras... — fiquei sem argumentos, decidindo rebater sem saber o quê rebater.
— Ganhei. — me mostrou a língua e saiu de perto, me deixando de boca aberta com a pilantragem.
Ah, é?
Soltei o ar com uma risada, pensando nas mil coisas que eu poderia fazer com ele depois. Coloquei as mãos na cintura. Ah tá que o engraçadinho sou eu, confia...
— Você vai na festa do Hobi? — perguntou, depois de pegar seu pão e colocar no tenebroso microondas barulhento do apartamento sem eu perceber. — Ele me mandou mensagem dizendo que ia fazer uma comemoração hoje.
— Nem vou responder. — de birra, saí andando até o quarto.
Fui direto pro meu guarda-roupa, abrindo e xingando o Hobi de uns dez palavreados indecifráveis por ele ter me convidado em cima da hora. Nem tenho roupa pra esse evento.
— Porra, e eu uso que caralho? — cruzei os braços e com preguiça de arrumar depois, mapeei com os olhos cada roupa minha no cabide, misturadas com algumas do Jimin.
Desprevenido, recebi um empurrão e quase caí.
— Me responde! — era o Jimin.
— Calma, tô escolhendo a minha roupa!
— Isso tudo é porque eu disse que ganhei de você? — ficou do meu lado, querendo obter uma reação minha. Apenas voltei a olhar as roupas e me tornei mentirosamente pensativo.
— Hum... Será que eu vou de jeans?
De repente, Jimin se colocou na minha frente, de braços cruzados.
E nem era como se eu não pudesse mais ver os cabides, afinal, Jimin era mais baixo do que eu.
— Quer continuar me ignorando mesmo? — ele perguntou, emburrado. — Eu vou levar pro pessoal se continuar assim.
— Sim, Jimin, eu vou pra festa com você, claro. Só não respondi o Hobi ainda. — respondi, olhando em seus olhos, curto e direto.
Parece que ele não gostou muito.
— Era uma semana de greve. — revelou. — Agora, vai ser um mês.
— Mas oras! E eu posso saber por quê?! — cruzei os braços também, levantando as sobrancelhas.
— Não merece mais. — fez bico, abaixando a cabeça e me fazendo perceber que independente de eu estar brincando ou não, ele poderia ficar triste de verdade.
Antes que Jimin pudesse dar as costas e sair, eu puxei ele de volta e lhe dei um beijo.
— Desculpa. — pedi. — Não me importo com nada disso, só não quero que fique chateado comigo.
— Mas pensei que você que estava... Até me chamou sério pelo nome...
— Não foi a intenção, era brincadeira. E eu realmente não consigo ficar chateado, muito menos bravo com você. — acariciei sua bochecha. Acabei sorrindo. É, realmente impossível ficar bravo.
— Desculpa também...
— Você não fez nada, meu bem. — dei mais um beijinho na sua boca. — Com qual roupa você vai?
— Espera, você vai mesmo nessa festa? Tipo, sério? — pareceu curioso e ao mesmo tempo, surpreso.
— Sim, eu acho. — dei de ombros, ainda segurando seu rostinho lindo.
— A comemoração é pra irmã dele, não? Foi o que eu entendi... — comprimiu os lábios.
— Eu sei. — disse. — Na real, nem sei se a irmã dele sabe que ele me convidou, mas tô contando que são águas passadas.
— Será?
— Se o Hobi me chamou, provavelmente. Ele era o que mais tinha rancor guardado, lembra? — vi seu leve concordar com a cabeça.
— Também espero que ela saiba. Seria desconfortável... — desviou o olhar.
— Pra ela? Ou pra você, amor?
— Os dois... — me encarou. — Ela já ficou com você...
— Há muito tempo! E isso são coisas do passado, tipo... — acabei soltando um leve riso. — Pô, ela literalmente vai casar, assim como a g... — parei imediatamente e fechei a cara.
— Hm? — sem entender, continuou me fitando com aqueles olhinhos curiosos em frente ao meu guarda roupa aberto.
— Eu quero dizer... — fiquei meio sem jeito, tentando me recompor. — Assim como a gente também tá junto como se fosse casado, né?
— Sim, mas...
— Amor, eu tô realmente confuso pra caralho com essa questão de roupa, tá ligado? — fiquei nervoso, quase soltei coisa que não deveria e mudei de assunto na primeira oportunidade, pegando a primeira peça que minha mão foi em direção entre aqueles cabides. — O que você acha desse terninho interessante?
— Oh, eu... — deixei o Jimin perdidinho, que começou a raciocinar, analisando a roupa e mudando de reação rapidamente. — Nossa, você fica tão lindo usando isso! Gostoso também...
— Opa, opa... — me aproveitei, puxando o cabide pra mim e tirando da frente dos seus olhos. — Eu ouvi bem? Tão o quê?
— O que tem, hein? — seus biquinhos tentando se justificar e debater comigo me quebravam por inteiro. — É só um elogio.
— E a tal da greve?
— Te chamar de gostoso não é um convite. — ele cruzou os braços, certo do que estava falando e fazendo.
Abri a boca pra rebater, mas nada veio.
O que é isso? Ele estava pesquisando na internet as melhores maneiras de calar a boca de alguém? Até a do próprio namorado, sem dó?
Ainda boquiaberto, vi um sorriso estampar os lábios do Coradinho, percebendo que não havia nenhum argumento que eu pudesse tentar rebatê-lo naquele momento.
Beleza, de boa. Deixei ele ganhar essa somente porque sou um ótimo namorado.
Entretanto, Park Jimin mostrando as suas garrinhas de vez em quando, me surpreendia bastante.
Só mexia cada vez mais comigo.
Ah, Coradinho...
💸
[JIMIN]
A comemoração estava acontecendo. Todos os nossos amigos foram convidados.
Aliás, estavam todos lá.
Menos nós dois.
Jungkook estava demorando um século para se arrumar e eu nem estava exagerando.
— Jeon! Eu vou sem você! — ameacei, dizendo em alto e bom som em frente à porta do banheiro fechada.
E antes que eu me virasse e desse as costas, a porta se abriu e um cheiro explosivo de perfume ultrapassou completamente a minha área olfativa.
— Que história é essa? Resolveu me deserdar sem mais nem menos?! — questionou na cara de pau, fechando a porta atrás de si enquanto eu me mantive sem palavras diante do que os meus olhinhos estavam presenciando.
Jeon Jungkook estava extremamente magnífico.
Disso que eu o definiria agora.
— Baguncei o banheiro inteiro sem que-
Ele também me viu arrumado.
— Trocou de roupa? — me fitou de cima a baixo. — Uau...
Ao parar na minha frente, decidi terminar de abotoar os botões da camisa social de seda azul céu que usava dentro do terno também em um azul marinho.
— Podemos ficar e eu te admirar mais um pouco?
— Fica quieto.
— Tá, mas e eu? Fiquei bem, não fiquei? Porque você... — sem nenhuma vergonha na cara, me fitava por inteirinho em um completo social preto. — Se eu falasse o que eu penso...
— Você já faz isso naturalmente. E eu também prefiro me manter calado.
Certo, eu também me senti assim.
Fiquei muito sintonizado na sua beleza pra responder.
Visto isso, Jungkook inclinou a cabeça um pouco para o lado e abriu aquele sorrisinho safado dele.
— Tô tão bonito assim, é?
— Por que usar a camisa aberta? — subi meus dedinhos aos últimos botões da camisa, mas ele as segurou de imediato.
— Por quê? Tá achando que alguém vai ficar de olho? — riu, e eu sabia que ele começaria a se exibir. — É claro que vão, eu-
— Você vai arrumar o banheiro sozinho. — disse, quando tentei tirar meus pulsos de suas mãos, mas ele continuou as segurando. Eu encarei seus olhos. Jungkook não dizia nada. — O que foi?
— Gosto de olhar pra você. — sorriu daquele jeitinho que eu entendia muito bem. — E sei que você quer me elogiar, mas não pode porque tá bravo comigo. Desculpa demorar, fiquei indeciso.
— Eu nunca disse que estava bravo.
— Ah, que ótimo... — ele puxou os meus braços pra cima de seus ombros, me agarrando pela cintura após isso. — E então? Eu fiquei bem?
— Isso é pra preencher o seu ego?
— Oras, o seu namorado não tem que ser o mais bonito de toda a festa? — deu de ombros. Tive que rir.
— Jungkook, sério que-
— Porque o meu, é.
Tudo bem, ele me pegou de surpresa.
Ao me interromper, ele basicamente comeu as minhas palavras. Não havia mais nada que eu poderia dizer.
— E não só da festa. — o sorriso não desmanchava de seus lábios, Jeon sabia exatamente o que estava fazendo.
Pior que ele estava sendo verdadeiro.
Isso era o que me matava.
De amor por ele.
— Se fosse pra ser tão romântico comigo, eu... Sei lá... — quando vi, estava fazendo bico ao desviar meus olhares dos dele. — Você fala desse jeitinho e eu fico sem o que dizer...
Jungkook levantou meu rosto ao segurar o meu queixo, ele estava olhando pra minha boca. E como era de se imaginar, aproximou a sua.
Era impressionante como em toda vez que eu o beijava, eu sentia que poderíamos ficar nos beijando o dia inteiro que nunca iria me cansar.
Quer dizer, vamos com calma.
Também pensei exatamente isso quando o Jungkook me veio com a ideia dos sete dias seguidos na semana.
Mas não é como se eu reclamasse...
Jungkook estava me beijando pra valer, e quando senti o enroscar da sua mão na minha nuca, ao mesmo tempo que o senti pressionar os nossos lábios intensamente um no outro, percebi que isso nos levaria pra outro caminho. Era certeza. Minhas mãozinhas apenas desciam pelo seu peito.
Chegou um momento em que ele começou a me empurrar um pouquinho para trás, sua mão desceu das minhas costas até a minha bunda, portanto, eu tive que me afastar.
Um silêncio perdurou o quarto por alguns segundos. Jungkook me olhava com aquela perguntinha de preocupação nitidamente na sua mente: "o que foi?".
— A festa. — recuperando o meu fôlego, disse. O que não era mentira. — Esqueceu?
— Puta merda, verdade... — caiu em si, suspirando. Eu ri.
Me aproximei dele, aconchegando meus braços por baixo dos seus, abraçando seu corpo e olhando seu rosto bonito.
— Tá vendo? É você que não resiste aos meus encantos. — dei uma risadinha.
— Há, acho que você tá se achando demais, Coradinho. É isso que aprendeu sendo o meu namorado? — me deu um beijinho na pontinha do meu nariz. Assenti com a cabeça.
— Eu te amo muito, Limãozinho.
— Eu também te amo muito. E não dá esse sorriso. — apesar do aviso sério, eu continuei sorrindo, e os seus dedos apertaram a minha bochecha de repente, me pegando realmente de surpresa. — Se você não consegue enxergar com esses olhinhos quase fechados de tanto sorrir desse jeito fofo, eu não posso me controlar vendo você assim.
💸
Até que de carro, conseguimos chegar rapidinho. Foi gostosinho ouvir o Jungkook cantar enquanto dirigia.
Ele suspirou alto, descansando as costas no banco.
— Pronto, chegamos pra cachorrada.
— Pra o quê? — franzi o cenho.
— Eu disse alguma coisa? — rapidamente apontou pra si mesmo. Comprimi os meus olhinhos em desconfiança e ele gargalhou. — Tô brincando, tô brincando!
— Bobo.
— Sabe que eu sou.
Revirei os olhos e continuei sentadinho no banco, sem sair do carro. Comecei a pensar em muitas coisas, olhando pra janelinha ao lado e abrindo um sorrisinho.
— Não vamos entrar agora? — perguntou, me notando distraído. — O que foi?
— Lembrei de uma coisa... — me peguei sorrindo sozinho, tombando a cabeça pra frente.
— Eu adoraria saber. — continuou me encarando curioso, sem entender absolutamente nada. O fofoqueiro nem piscava.
— A primeira vez que eu entrei nesse carro com você. — virei meu rosto pra ele, rindo. — Foi tão engraçado, você nem imagina tudo que passou pela minha cabeça nesse dia!
— Naquela outra festa do Hobi? Que a gente se reencontrou por acaso? — começou a recordar também. Eu balancei a cabeça em afirmação na hora, ele pressionou os olhos e deu uma batida no volante. — Nossa, tô ligado! Você falou tão mal do meu carrinho...
— Foi sem querer! — sinceramente me segurei pra não rir. — Vai, eu nunca fui muito bom nas palavras...
— Você diz nas palavras pra pobres, né?! — tive que gargalhar com o seu corte rápido. — Que palhaçada, olha aí, ganhei dinheiro mas continuo com o meu carrinho. Sou um homem fiel.
— Desculpa, foi mais forte do que eu naquele dia. Mas eu amei. Foi um dia importante.
— Ahhh, realmente, o dia da chuva, porra...
— O dia em que eu caí na real. — continuei fitando ele, vendo seus olhos se encontrarem com os meus também. — Aceitei que não tinha mais jeito, eu realmente gostava de você como homem.
E eu não me arrependo.
Bom, sinceramente, eu esperava uma fala linda e emocionante como resposta. Mas, Jungkook resolveu se pronunciar da maneira que mais sabia fazer:
— Eu percebi. — senti o meu sorriso desmanchar aos pouquinhos. — Percebi quando o santinho do pau oco ficou secando meu peitoral todo nu aqui mesmo dentro do carro.
— Jungkook, pelo amor de Deus! — coloquei as mãos na cara de pura vergonha alheia. Eu realmente fiz isso...
— Só faltou botar a mãozinha no meu peito, que safadeza, hein, tsc. — dizia. Que vergonha, que vergonha... — Esquece, não quero pensar na sua mãozinha agora porque eu adoro ela.
— E depois o safado sou eu! — logo o encarei, percebendo o duplo sentido na sua fala.
— Nossa, calma, príncipe. — começou a me provocar. Olhou pra frente, apoiando a mão e segurando no volante.— Eu nem podia te beijar naquele dia, mas se você deixasse, ah, meu amor...
— Então, você ia me beijar? Logo o que pagava de machão? — entrei na brincadeira.
— Porra, ô, eu ia te jogar naquele banco de trás e ia... — parou, me encarando. — Ih, foi mal, eu ia pegar pesado agora.
— Pode falar, quero saber.
— Não, pensar nisso não vai me permitir entrar nessa festa. — desviou o olhar pra frente de novo, me evitando.
— Por quê? Não consegue se segurar? — pensei em algumas ideias na hora.
— Jimin, eu juro que se ficar de gracinha comigo-
Eu não pude evitar.
Minha mão já estava na sua coxa.
— Preciso dar um leve troquinho depois daquela semana intensa... — subi um pouco, ele segurou meu pulso e me encarou.
— Nem pense nisso, Park.
— É você que tá pensando. — sorri. — Não vou fazer nada nem se você quisesse. — dei de ombros e tirei a minha mãozinha que estava tão pertinho de tocar onde eu sei que ele queria que eu tocasse.
— Jimin, tá de brincadeira? — falou sério, eu ri mais.
— Eu vou primeiro, beijos! — joguei beijinho no ar e abri a porta do carro, gargalhando.
Fechei e não me aguentei de rir, porque Jun continuou dentro do carro. Acho que as coisas estavam um pouquinho complicadas e ele somente tinha a opção de esperar a sua tensão passar.
Em compensação, pude e posso fazer tudo aquilo que o Jimin daquele dia, quando viu aquele Jeon gostoso no banco do motorista seduzindo ele à beça, não pôde fazer.
Caminhei até o jardinzinho da casa do Hobi, vendo algumas pessoas que eu particularmente também não conhecia. Eu atravessaria ali, até que tocaram meu ombro.
— Você me paga, tá ouvindo? — Jungkook fingiu normalidade ao nem olhar pra mim falando isso, lambendo os próprios lábios.
— Que rápido!
— Tive que pensar nas coisas mais ridículas e nojentas possíveis. — suspirou. — Nem me pergunte! Vem. — segurou a minha mão e eu me segurei pra não começar a rir de novo.
A porta estava devidamente aberta, haviam pessoas do lado de fora conversando, principalmente mulheres.
Jungkook me guiou segurando a minha mãozinha, e isso me fez lembrar também, de quando ele fez a mesma coisa quando começou a chover e fugimos pra fora correndo. Era quase uma crise feliz de nostalgia.
— Eita porra, quanto doce! — disse sem vergonha nenhuma, avistando a mesa de canto recheada dos diferentes tipos. — Igual daquela vez!
— Não vai sair guardando tudo no bolso de novo, né? — ele me encarou.
— Por isso ser pobre antes de ser rico é bom. Sabe das façanhas. Pega a visão aqui. — ia até a mesa na cara de pau, mas foi interrompido.
— Meus pombinhos chegaram! — Hoseok apareceu, caminhando até nós com uma mulher um pouco atrás de si por ele andar rápido.
Hobi abraçou Jun, e depois, me deu um abraço.
Com o indicador do meu namorado empurrando o ombro do Hobi pra se afastar logo de mim discretamente como se eu não fosse perceber.
— Uuuh, Jeon Jungkook, um galã! — olhou-o de cima a baixo, tirando uma. — Todo bonitão.
— Fica quieto, Hoseok.
— Tô te elogiando, galã de araque.
— Olha o respeito comigo... — Hoseok soltou a gargalhada.
— Poxa, eu tô realmente feliz de ver vocês aqui. — ele sorriu largamente. — Os meninos estão mais lá pra dentro. — varreu o ar com as mãos pra uma direção avulsa.
E então, pude reparar a mulher.
Sua irmã.
— Oi, prazer em te conhecer! — sorriu pra mim, praticamente o mesmo sorriso do Hobi. Ela estendeu a mão e me cumprimentou gentilmente. Senti uma energia alegre. — Me chamo Jiwoo, finalmente nos conhecemos. Vocês são amigos há bastante tempo, né?
— Sim! — afirmei. — Finalmente. E você é linda.
— Obrigada, você também! — seu sorriso se abriu mais. — Parece um anjo.
Me senti envergonhado, desviando meus olhares.
— E você também veio, Jungkook. — seu tom dócil mudou um tiquinho, portanto, logo a encarei de novo, vendo-a falar com ele.
Eu virei o rosto para o meu namorado, e percebi que um leve desconforto apareceu em seu rosto. Ele pigarreou um pouco, meio que sem saber o que dizer.
— É, quanto tempo... — lhe deu um sorriso forçado. — Parabéns pelo casamento.
— Obrigada, Jungkook. — sorriu. — Não quero que fiquemos em um clima ruim. Tudo aquilo virou passado.
Parece que ele estava só esperando ela dizer isso, sentindo-se aliviado. Eu acompanhei a conversa, olhando um e depois o outro conforme falavam. Hoseok já estava papeando com outras pessoas ao redor.
— Só queria me desculpar, na real... — Jun decidiu propor. — Eu era idiota pra caramba, não sabia ver as consequências das merdas que eu fazia com as pessoas e comigo. Então, desculpa mesmo, Jiwoo. Gosto demais do Hobi e perder a amizade dele foi forte pra mim também, mas eu fingia que não me importava.
Jungkook parecia tirar mais um peso de suas costas.
— Está tudo bem, eu também não pensava direito quando tudo aconteceu. — gentilmente, ela lhe mostrou compreensão. — Mas aprendemos com os nossos erros. E eu vejo que mudou pra melhor, hein. — me encarou na hora, levantando a sobrancelha pra mim. — Park Jimin é o nome da sua mudança radical?
— Pra caralho. — falou, tapando a boca em seguida. — Opa, foi mal. Pra caramba.
— Algumas coisas nunca mudam. — ri, dizendo. Jiwoo também riu, até a chamarem pelo nome e ela ter que ir, afinal, a comemoração era especialmente dela.
— Quer comer alguma coisa? — me perguntou, mas quem estava tão esfomeado pelas guloseimas era ele.
— Mesmo se eu disser que sim, eu sei que é você quem tá morrendo de vontade de comer tudo que tem ao redor. — neguei com a cabeça. — Mas será que tem um vinhozinho? Fiquei com vontade...
— Acha mesmo que eu vou te deixar beber? Nada disso. — fiz biquinho. — Nem me chantageando.
— Mas eu bebo de vez em nunca e nem é muito... Só com o meu namoradinho...
— Tá tentando me ganhar? — no mesmo instante, ele chamou Hoseok, que vinha na nossa direção por coincidência. — Ele quer vinho, tem?
— Nossa, sem comer nada antes?!
— Não, ele vai comer. Ah, se vai. — disse, ri de sua braveza tentando cuidar de mim direitinho.
— Tem sim, eu pego pra vocês. Melhor, quer que eu leve pra vocês e os meninos? Namjoon já perguntou de você e eu disse que acabaram de chegar.
— Bora lá fazer bagunça, então! — me deu a mãozinha e eu a segurei.
Antes de ir, Hobi passou por nós e deu dois tapinhas nas costas de Jungkook, dizendo em um tom mais baixo:
— O jardim tá liberado mais tarde. — e saiu, com Jungkook lhe dando um mero empurrão pra ele sair logo de sua vista enquanto cochichava rápido.
Eu não entendi.
O que uma coisa tem a ver com a outra? Da onde surgiu esse assunto?
Só tenho gente maluca ao meu redor.
— O que tem o jardim? — perguntei, indo com ele até a sala de jantar da casa, passando por algumas pessoas com roupas bem bonitas.
— A-Ah, é que... Bom, vai ter uma comemoração a mais pra irmã dele e o noivo, aí geral vai lá pra fora. — explicou. Rápido, por sinal.
Logo avistamos nossos amigos.
Meu Deus.
Estavam todos jogando cartas na mesa de jantar enquanto falavam alto um com o outro.
Em plena festa.
Simplesmente jogando cartas.
Até o Taehyung!
Bom, principalmente ele.
— Jimin, meu bebê! — afastou a cadeira que foi uma beleza de um barulho estrondoso de arrastar quando se levantou, vindo em minha direção. Me deu um abração de urso.
— Parou de jogar assim?! — Yoongi contestou.
— Minha distração mais saudável chegou, calado aí, gatinho! — mostrou a língua pra ele, voltando a atenção pra mim com a sua melhor feição.
Jungkook foi cumprimentar todos, e os meninos se locomoveram melhor para ficar quase que em roda. Jun sentou ao lado de Hoseok que foi ágil, quase pronto pra jogar também.
Estavam todos reunidos em volta da mesa de vidro grande que obviamente sobrava espaço em uma das pontas. De um lado, estavam Namjoon, Jin, Yoongi, e Tae. Do outro lado da mesa, Hobi, Jungkook, e agora, eu.
— Tá lindo com essa roupa! — Tae me elogiou, ainda de pé comigo.
— Você acha? Eu me sinto tão simples, terninho preto, calça preta...
— Parece um bebê! — fez bico, nitidamente me achando fofo. Revirei os olhos.
— E eu querendo ser um gatão e tal. — tirei uma risada tirana sua por um momento.
— Você está, fofo e gostoso, amou?! — passou as mãos nos meus ombros, no terno, como se estivesse limpando eles levemente. Fingi não me importar, dando de ombros. — Mas realmente, está lindo!
— Jimin-ah! — Namjoon foi quem me chamou desta vez, acenando pra mim. — Vem logo!
— É esse maluco me empacando! — apontei logo pro Tete, que me encarou incrédulo.
— Que traição! — colocou as mãos na cintura, aproveitei pra ir em direção aos meninos. — Eu estava te elogiando!
— Taehyung se empolga de um jeito- Ai! — Yoon, o qual nem pôde se pronunciar direito, levou um "leve" tapa na parte de trás da cabeça.
Me sentei ao lado do Jun, enquanto Taehyung foi para o outro lado, arrastando uma cadeira perdida e sentando ao lado do namorado.
— Fala de mim de novo e eu te jogo o nosso gato.
Nesse momento, foi cômico o quanto todos se espantaram com a mesma coisa e disseram em uníssono:
— "Nosso gato"?!
— O quê? Vocês não sabiam? — Taehyung encarou todo mundo como se fosse algo que ele havia nos contado há muito tempo. — Adotamos um gatinho preto.
— Claro que não, ninguém contou! — Yoongi rebateu. — Ou você acha que contou pra alguém, cabeçudo?
— Eita... — abriu um sorriso amarelo, ainda estávamos surpresos. — Bom... Surpresa! — disse no mesmo tom, sem graça, levantando as mãos e as chacoalhando. — Certo, como eu dizia, eu e o Yoon concordamos em fazer ele perder o medo de gatos e adotamos um.
— Uau, isso é sério? — Namjoon comentou, e logo em seguida, ele riu. — É melhor tomar cuidado com uma certa pessoa, então.
— Você! — após o recado, de repente, Yoongi apontou pra Jungkook, quase esticando o braço todo e enfiando o indicador no olho do meu namorado, que tomou um susto. — Nem pense em ir na minha casa mais!
— Pô, que pena, só porque eu queria tacar o bichinho em você de novo. — sacana como sempre, disse. Escutamos as risadas e eu pude ver a boca de Yoongi se abrir em surpresa.
— Não sei como eu ainda não adivinho o que você vai dizer, é muito óbvio! — revirou os olhos e pegou a tacinha ao seu lado na mesa, com o vinho que estava tomando.
— Esse é o meu trabalho. — Namjoon levantou uma das mãos. Jungkook também riu.
Reparei que todos tinham a taça com vinho.
— Querem recomeçar a partida? Pessoal embaralhou tudo agora e eu nem sei mais de quem era a vez. — Jin dizia, tacando as cartas na mesa em desistência.
— Sei lá, já foram três rodadas. — Yoongi também jogou as suas. — Se o Hobi não ficasse perambulando pra lá e pra cá, também jogaria direito com a gente.
— Ele é irmão da noiva, tenha mais empatia!
— E eu com isso? — pronto, ele e Jin estavam se batendo com palavras. O que era engraçado.
Mas hum, esse vinho era bom.
A garrafa estava parada bem na minha frente. Na verdade, eram duas, mas uma me parecia vazia. Meio óbvio, pois todos eles estavam tomando.
Menos eu e Jungkookie.
— Jun... — chamei baixinho, enquanto ele falava e brincava com os outros e a minha atenção foi somente na bebida. Acho que ele não escutou.
Decidi dar uma puxadinha pra baixo no tecido do seu terno azul marinho.
— Amor...
— Oi? Me chamou? — finalmente, virou-se pra mim.
Pensei na melhor maneira de convencê-lo.
Fiz beicinho.
— O que foi, meu bem? — ele colocou a mão no meu rostinho, todo preocupado.
Portanto, fiz a minha jogada: olhei para a garrafa de vinho e depois, pra ele de novo.
Ele entendeu, olhando pra garrafa também.
— Você quer beber?
— Nem ia me fazer nenhum mal... É só um vinhozinho... — fiz manha. — E pra você tava tudo bem...
— Jimin, Jimin... — me encarou desconfiado, e eu compreendia. — Eu não posso beber, tenho que dirigir depois.
— E eu? — mudei de humor rapidinho, me tornando mais contente.
— Pode, mas só um pouco-
Peguei a garrafa e a taça vazia que tinha ao lado, parecendo ter sido enviada prontinha justamente pra quando eu chegasse.
Então, uma mão também pegou a garrafa e interrompeu a minha felicidade.
— O que pensa que tá fazendo, hein? — Taehyung me barrou, quase me queimando com seus olhos.
— Pegando vinho.
— E tu acha que vai beber assim, é?
— Gente, mas vocês tratam o vinho como se fosse a bebida mais forte do mundo!
— Acontece que você beberia uma garrafa inteira sozinho se deixasse. — me jogou na cara, eu fiquei boquiaberto.
— Ei, isso me ofendeu! Eu não sou mais assim!
— Por que a briga de repente? — Jungkook interviu, assistindo tudo desde o início. — Eu deixei ele beber um pouco.
— Deixou? — largou, finalmente deixando a garrafinha pra mim. Ia só tomar um golinho. Mal eu sabia que começaria mais uma guerra dos dois: — E tu acha que é dono dele pra deixar alguma coisa?
— Eu cuido direitinho do meu namorado, não tá sabendo disso? Tomo todo cuidado possível pra ele não se machucar. — disse, apoiando o cotovelo na mesa com decisão e me deixando com vergonha. Com coisas que amo ouvir.
— Pronto, começou a melação. — ele colou as costas na cadeira, fazendo uma careta com nojinho. — Tá, você venceu.
— Meu namorado é incrível. — me gabei, sorrindo e colocando vinho até a boca da taça.
— Ei, ei, ei. Quer tomar o vinho inteiro? — Jun notou, me interrompendo. Acontece que era tarde demais, eu já havia colocado.
— Juro que não vou ficar bêbado. Você sabe que eu não fico mais. E eu sou mais tolerante.
— Tô de olho. — me deu um beijinho na bochecha e eu levei minha taça à boca.
E então, decidimos jogar mais uma rodada de cartas com eles. Taehyung e Namjoon já estavam bem animados, eu ainda me mantive sóbrio o suficiente, tomando apenas duas taças. Yoongi nem tomou muito, e Jin ainda estava tomando, mas fazia isso em seu próprio tempinho.
Jungkookie não tomou nadinha, por mais que talvez, estivesse com vontade.
Hoseok decidiu sentar com a gente por alguns momentos e ajudar Taehyung na cara de pau, falando da carta dos outros e roubando sem vergonha nenhuma. Yoongi havia o xingado de mil palavrões que eu nem pronuncio.
— Ganhei essa porra! — Taehyung alarmou, levantando da cadeira com tudo. Não sobrando nenhuma carta em suas mãos.
— É claro, você roubou! — Yoongi também levantou, exclamando. — Acha isso justo?
— O que foi? Eu tava em desvantagem! — ajeitou seu casaco felpudo marrom, todo chique.
Bom, chique do jeitinho dele em uma festa onde a maioria estava em uma vestimenta mais social. E é claro que ele seguiu a regrinha, mas decidiu colocar um toque seu no look. Não o julgo, está mais que certo.
— O Hoseok te ajudou e você, pra piorar, aceitou! — dizia, eu nem sabia pra qual dos dois olhar. Era um falando atrás do outro.
— Ih, acho que ficou sério. — Jungkook me pegou a atenção, me fazendo perder o que Taehyung havia rebatido em seguida. Só aí, que notei que provavelmente estava sério mesmo.
Era uma "DR" de casal.
— Não gostei que aceitou a ajuda dele assim.
— É uma brincadeira, pra quê ficar com ciúmes?!
— Assim, não dá! — Namjoon também se levantou. Alguém tinha que tomar as rédeas, e como sempre, quem mais seria?
— Hobi veio aqui pra zoar com a nossa cara e você também se aproveitou disso só porque estava com vantagem, falo mesmo. — Jin cruzou os braços e recostou as costas na cadeira, definitivamente não aceitando perder.
— Não vamos brigar, certo? Isso não é motivo e não é o momento. — o namorado o encarou, falando seriamente. — O Jin tá bêbado.
— Ai gente, desculpa. — Tae se sentou de novo, quase com um bico gigante nos lábios. — Nem pensei direito, fui na onda. Podem jogar outra rodada sem mim, se quiserem.
— Não aceitou perder, né? — provoquei, na sua frente. Ele levantou as sobrancelhas.
— Jimin!
— Quer ir pegar alguma coisa pra comer comigo? — Yoon decidiu intervir, chamando o namoradinho emburrado. Emburrado porque sabia muito bem que havia tido atitudes erradas.
Ele aceitou, confirmando com a cabeça e sem dizer mais nada. Yoongi levantou e soltou uma leve e curta risada, de certa forma acostumado com o temperamento do Tete.
— Ai, esse Taehyung, viu... — Namjoon negou com a cabeça, segurando uma risada também ao se sentar novamente e com o clima mais calminho depois que o emburrado foi levado pelo namorado com a promessa de encher a barriga juntinhos.
— Ele é assim mesmo. — eu disse, nem me estressando com algo do tipo. — Ele é o melhor amigo que eu poderia ter na vida, uma pessoa excelente, mas como todo mundo tem seus defeitos, a teimosia e a infantilidade às vezes podem ser um dos problemas que ele ainda tem que dar uma aparadinha.
— Yoongi sabe disso. — Nam confirmou com a cabeça, movendo a sua taça vazia para o lado, demonstrando que provavelmente não beberia mais. Jin estava bebendo neste momento. — Ele teve uma conversa comigo esses dias quando foi no meu apartamento e disse que estava ajudando ele com esse temperamento.
— Realmente, acabei de notar uma coisa. — me surpreendi um pouco ao pensar. — Taehyung nem debateu mais, falou e falou mais um pouquinho e depois simplesmente se calou. Parando pra pensar, foi bem novo, porque ele sempre quer dar a última palavra.
— Todo Pokémon evolui. — Jungkook soltou essa e eu rapidamente lhe dei um tapa leve nas costas. Ele riu. — O que foi? É verdade!
— O amor mexe com as pessoas. — Nam encarou Jun, levantando as sobrancelhas e claramente insinuando que estava falando sobre ele principalmente. — Fala aí, hetero top.
— Eu quero que você vá se lascar. — lhe rebateu, birrento. Ri. — E que história é essa aí? — franziu o cenho, cruzando os braços de repente.
— Que história?
— De Min Yoongi ir no seu apartamento assim, sem mais e nem menos, pra poder conversar. Eu não soube dessa visita por quê? Teu apartamento virou festa agora depois que eu me mudei, foi?
— Oras, o que é isso? — levantou a sobrancelha.
— Que ciumento... Tsc, tsc. — Jin negou com a cabeça, olhando pra mim e rindo discretamente comigo. Ou nem tão discretamente assim.
— Ah, pronto. Eu querer ser convidado também é ciúmes?
— Eu não o convidei, ele me mandou uma mensagem, foi lá e me visitou. — dizia, em seu tom calmo como se fosse, de fato, o assunto mais normal do mundo.
— E o filhinho rebelde tem que ficar sabendo? — Jin brincou.
— Que filhinho rebelde? — se fez de desentendido, nos deixando em silêncio por ser o óbvio. — Eu? Que viagem!
— As portas sempre estarão abertas pra você, filho preferido. — Nam entrou nessa, fazendo Jun mudar de feição. Eu e Jin nos entreolhamos mais uma vez, achando a situação divertida de assistir.
— Tá tentando me comprar falando que eu sou seu preferido, é? — Jungkook também era muito teimosinho. Mas era engraçado acompanhar. Nam não aguentou o personagem sério pra manter a conversa civilizada e acabou rindo.
— Pelo amor!
— É, vem com graça pra cima de mim e depois não sustenta. — Jungkook se achou o dono da palavra.
— Amor, quer ir comer comigo? — quase encaixei meu rostinho em seu ombro, com ele meio que de costas pra mim ao se virar pra falar com os meninos. Quer dizer, debater com o seu maior exemplo que era o Namjoon hyung por pura teimosia e ciúmes.
— Tá querendo aplicar essa que nem o Yoon fez com o Tae agora? — me encarou e eu ri, negando logo com a cabeça.
— Tô falando sério! — segurei suas bochechas rapidinho e dei um selinho nos seus lábios.
— É melhor irem, vão logo que eu não quero assistir isso! — Nam varreu o ar com sua mão, logicamente mandando a gente vazar.
— Isso, vou deixar o casal vinte se beijar também, tchau. — Jun deu de ombros como se não se importasse nem um pouco, levantando da cadeira e pegando na minha mãozinha.
Diferente do que pensei, Jungkook não me levou pra cozinha que estava em outra direção da casa e ainda no andar grande de baixo.
Mas sim, quando percebi, estava sendo guiado pelas escadas enquanto ele segurava a minha mão tranquilamente.
— Jun? A gente não ia comer? — perguntei, não sabendo se ele ouviu de fato por conta da música.
A qual não estava verdadeiramente alta, em um nível que conseguíamos conversar numa boa com alguém sem precisar falar alto, só que mesmo assim, acredito que o Jun não tenha me escutado claramente.
Quando subimos por completo, continuei sendo guiado pelo corredor do andar de cima. Confesso que o corredor era mais comprimido, e haviam algumas portas de prováveis vários quartos de hóspedes ou talvez, estúdios e escritórios. Pensei até em uma biblioteca.
Finalmente, quase no fim do corredor, Jungkook abre uma porta sem nem precisar de chave ou senha, simplesmente por estar destrancada.
Ele me puxa pra dentro do que parecia ser um quarto mal iluminado e fecha a porta, abafando por completo os sons externos.
— O que é isso? — primeiramente olhei ao redor, com vários questionamentos na minha cabeça e achando o quarto bem espaçoso por sinal.
Havia uma cama bem no meio, e em um canto do quarto, estava apenas um guarda roupa grande.
— Oh, caramba! — enfim, notei no canto contrário do quarto, assim que me virei: haviam vários doces e salgados em duas mesas juntas, coladas uma ao lado da outra.
— Aqui é onde fica a reposição. — ligou a luz que ficava acima das mesas. Onde estávamos ainda era mais escuro, então, notei que o interruptor tinha uns três botões. Estava ligado nos dois cantos do quarto, menos no meio, que era onde estávamos e onde ficava a cama. — Quando acaba lá, eles pegam aqui. Mas ninguém vai vir, tem muita comida ainda e já repuseram uma vez.
— Sério? — fiquei boquiaberto, meu namorado era maluco! — Mas e a cozinha-
— A cozinha lá é aberta, todo mundo ia roubar comida. Rico é espertinho também. — riu.
— E como que você sabe disso, homem?! Desse quarto, principalmente? Já veio quantas vezes na casa do Hobi?
— Bom, quando eu vinha muito, antes da gente brigar, ele fazia umas festinhas e era assim que sempre funcionou.
— E me trouxe aqui por qual motivo? — ri, curioso, cruzando os braços. — Não era mais fácil pegar o que já estava no nosso alcance?
— Ah, mas tem alguma graça? — perguntou, se aproximando de mim sorrateiro. — Um pouco de sigilo não faz mal...
— Entendi, você queria me trazer aqui pra pegar um pedaço da minha pessoa, e não da comida, né? — encarei-o desconfiadinho, entendendo tudo no seu primeiro sorriso.
— Não sei, o que você acha? — deu de ombros, brincando comigo e colocando suas mãos na minha cintura. — Quer testar?
— Você é um mal caminho. — neguei com a cabeça. Jungkook aproximou seus lábios dos meus e me beijou devagar, trazendo uma de suas mãos até a minha bochecha.
Ele me empurrou um pouco mais, me fazendo cair sentado na beira de uma cama da qual eu nem conhecia e nem sabia pra quê ela era usada, ou se era.
— Tá ficando doido? Não podemos fazer nada aqui! — disse, com Jungkook praticamente em cima de mim, me fazendo deitar no automático e o deixando por cima. Ele me beijou mais uma vez antes de me responder:
— Não vamos fazer nada, só quero tirar um pedacinho depois do que me aprontou no carro. — disse e eu ri um pouquinho, sentindo seus beijos descerem pelo meu pescoço.
— Que vingança fraquinha, então... — meio que o provoquei, eu diria.
Jungkook parou na mesma hora e me encarou, com um braço de cada lado da minha cabeça e surpreso com a minha fala.
Mas quando ia abrir a boca pra proferir uma palavrinha que fosse, ouvimos passos se aproximarem.
E não eram apenas de uma pessoa.
Nos entreolhamos, sem saber o que fazer ou o que dizer se nos pegassem aqui sem nem provavelmente podendo entrar.
Quer dizer, pela cara do Jungkook, realmente não poderíamos.
Ele me puxou pela mão rapidinho e parou de pé comigo, olhando para os lados. Sem pensar muito, me puxou direto direto pra dentro do guarda-roupa que me pareceu espaçoso o suficiente, mas...
O guarda-roupa só era extenso mesmo. Porque verdadeiramente, era apertado.
Eu colei as costas no canto do guarda-roupa e Jungkook ficou colado comigo na minha frente, apenas sentindo a respiração um do outro quando a porta foi aberta. A nossa sorte era estar sem roupas na nossa cara. De estar vazio.
— Podemos levar isso aqui. — era a voz do Hoseok.
— Certo. — pelo jeito, estava falando com um dos garçons. — Acabou rápido.
— Sim, pessoal come pra burro! — eles riram.
Meus olhinhos subiram subitamente para o meu namorado, que somente esperava aquilo terminar.
Observei seu pescoço, maxilar...
Bem de pertinho.
Até os seus olhos encontrarem os meus e seu dedo indicador vir contra os meus lábios quando eles se abriram.
— Shii. — eu nem ia dizer nada, mas ele se atentou em não fazermos barulho.
Reprimi um sorrisinho.
Que adrenalina repentina.
Nem sabia mais o que eles estavam conversando, só continuei trocando olhares com o Limãozinho.
— Não me olha assim. — pediu bem baixinho, quase inaudível, mas bem claro pra mim que estava praticamente coladinho consigo. Pisquei propositalmente algumas vezes ainda o olhando de baixo.
Poderia parecer que eu estava pedindo algo.
Talvez eu estivesse mesmo.
Logo, a porta se fechou e o silêncio tomou conta. Tivemos a sorte da porta não ser trancada, ou ficaríamos presos e teríamos que nos explicar depois, ao nos encontrarem.
— Isso foi muito... — eu nem soube dizer, queria sorrir e dar risada, tapar a boca de surpresa ou dar um grito pra ver se alguém me escutava.
Senti meu coração acelerado, até ver Jungkook ainda preso com seus olhos em mim.
Me senti intimidado e pequenininho.
Ele nem precisou dizer nada, parado com a mão apoiada no canto do guarda-roupa, ao lado da minha cabeça. Ouvia a sua respiração também.
— Nós... — abaixei a voz. — Vamos continuar presos aqui ou... — me assustei e puxei quase todo o ar possível dentro daquele espaço pequeno quando senti a mão do Jun bem na onde eu não estava esperando.
Ele começou a apertar um pouquinho e massagear, encarando o meu rostinho e eu tentando desviar a todo tempo, mal conseguindo falar.
— J-Jun, você... — ele praticamente, sem exageros, estava movimentando seus dedos de cima pra baixo em meu membro sem nem tirar a minha roupa.
Era tentador demais.
E ele sabia disso quando fechei os meus olhos sem comandar isso ao meu próprio corpo.
— Não é assim que você gosta de fazer comigo, hyung? — provocou.
— Am-amor...
— E eu faria tantas coisas com você agora... — me fez abrir os olhos assim que parou, afastando seu toque de mim abruptamente. — Uma pena que foi só vingança mesmo. — sorriu, sacana.
Eu fiquei incrédulo, a princípio, ficando uns minutos imóvel mesmo depois de ele abrir e sair do guarda-roupa.
— Ué? Decidiu não sair mais do armário, foi? — zoou com a minha cara.
Quis voar na cara dele, isso sim.
Saí com tudo e empurrei seu ombro com o meu, bravo, passando direto.
Ainda tive que ficar uns minutinhos no quarto, tentando ficar tranquilinho novamente e com Jungkook me atazanando, rindo e falando que foi exatamente assim que deixei ele no carro.
Panaca.
Ainda por cima, ficou roubando doce.
💸
— Nossa, tomaram chá de sumiço?! — Hoseok nos abordou assim que nos viu descendo as escadas.
— Não... — Jin estava com ele, e pareceu bem desconfiado. — Não me digam que estavam-
— Eu fui ao banheiro, pedi pro Jun me acompanhar. — disse, um pouco envergonhado.
Mas acho que o meu rosto em si, principalmente as minhas bochechas, não ajudavam muito a parecer ser verdade.
— E você acha que eu vou acreditar nisso? — com seus olhos desconfiados e um sorriso se abrindo como se já soubesse de tudo, Jin cruzou os braços.
— Ah, é que-
— Fui dar uns beijos nele, por quê? Isso é inveja? — se exibiu, falando a verdade na lata. Hoseok fez cara de nojinho.
— Gente, mas vocês não tem filtro nunca?
— Filtro? — Jin riu. — O Jimin até tem, mas esse cão aqui... — olhou pra Jungkook, fazendo graça.
— Cadê o seu namorado, hein? — rebateu.
— Sim, bem pensado, vou atrás dele que eu ganho mais! Ainda temos que sair cedo porque preciso buscar a Hanna. — dizia, dando as costas apressado ao recordar.
— Aproveitem, então. — Hobi riu, e em seguida, passou por Jungkookie e deu dois tapinhas nas costas, subindo as escadas tranquilamente com um sorriso no rosto.
— Certo. — Jungkook disse, sozinho, pro ar, porque pra mim, não foi. E foi só eu pensar sobre isso, que ele virou seu corpo completamente pra mim, parecendo decidido ao me encarar. — Quer ir lá pra fora?
— Como assim? — fiquei meio confuso. — Ir embora já?
— Não, só pro exterior dessa mansão. Que nem da última vez que nos encontramos aqui. — disse.
Então, me lembrei direitinho.
Como eu poderia sequer esquecer?
— Oh, será que o balanço ainda está lá? Eu nem me liguei quando chegamos! — me animei um pouco. Ele abriu um sorriso.
— Sim, tá sim. — Jun se afastou, apenas para erguer a sua mão pra mim e eu poder segurá-la.
Novamente, Jun foi comigo até a porta, abrindo-a e estando juntos na área externa da casa. Como estava de noite como daquela vez, senti uma nostalgia pelo meu corpo e a minha serotonina sendo ativada.
O balanço estava ali.
E ele me levou até lá, como eu gostaria.
— Parece que alguém ficou muito feliz de vir pra cá. — brincou, falando sobre mim e o meu sorriso bobo nos lábios assim que me sentei naquele banquinho compridinho de madeira pra duas pessoas.
— Me lembra momentos bons.
— É, teve algumas brigas também. — disse, se sentando ao meu lado. Observei meus pézinhos se mexendo pra frente e para trás.
— Verdade. — ri. — Briguei feio com o Tae nesse dia. Mas foi bom também pra conversarmos mais sério um com o outro.
— E a chuva que você ficou morrendo de medo.
— Eu não fiquei com medo! — rebati na hora, encarando seu rosto e vendo a sua zoação com a minha carinha. — Eu só não queria molhar as roupas que o Tete me emprestou.
— Eu sei, tô tirando uma contigo, bobinho. — Jun juntou seus lábios e exibiu uma voz cômica na última palavra.
— Aliás, por que não tem ninguém aqui fora? O clima tá tão gostosinho, não está chovendo como da última vez. — olhei ao redor do local e de fato, só estava eu e Jungkookie. Senti um ventinho maravilhoso, não estava frio.
Ouvi Jun pigarrear.
— Bom, não sei. — respondeu, apenas. — Ou eu tive muita sorte de te trazer em um momento onde ninguém se interessa em vir.
— Que estranho. — achei, mas não me incomodou. — Melhor pra nós, podemos conversar e ficar juntinhos sem interrupções e sem ninguém ficar olhando muito.
— Não gosta de muita demonstração em público? Acha que vai ofender os solteiros? — riu, me fazendo rir também, em meio ao silêncio e a música da festa super abafada, nem dando pra identificar qual era.
— Na verdade, eu aprendi a lidar com isso estando com você. — admiti. — Acho que você percebeu no começo que eu não era muito de estar entre as pessoas. Não era do meu feitio ser o centro das atenções. É, eu não gosto muito disso até hoje, sou bem na minha.
— Parecia um ratinho que se encondia sorrateiramente. — o dei um tapa na perna, ele se encolheu e resmungou, ainda rindo de mim.
— Sem graça! — revirei os olhos. — Eu fui criado assim. Fui escondido por muito tempo.
Lembrar de exatamente tudo detalhadamente não era bom. Por isso, decidi não continuar nesse assunto, porque eu estava feliz.
Sim, finalmente, feliz.
Muito feliz.
— Encontrei quem me tirou daquela escuridão terrível. — olhei pra ele, que já olhava pra mim enquanto eu desabafava. — E não me arrependo nem um pouquinho de nada.
— Eu também não. — disse, sem mais. — Só me arrependi uma única vez de uma única coisa, que foi ter sido idiota com você.
— Ah, isso é passado, nem lembra. — neguei com a cabeça. — Não existe mais. Só nos tornou mais fortes. Nada mais vai nos separar.
— E eu nunca mais vou machucar você, eu prometo. — Jun estava falando sério agora, sem tirar seus olhinhos dos meus. — Tá, eu sou meio nada a ver em alguns casos, falo merda e meu humor é um pouco pesado, mas... — acabei abrindo um sorriso como vi ele fazer, rindo, mas prestando atenção. — Não daquele jeito. Eu não sou mais aquele Jungkook.
— Eu sei. Eu confio em você. — não precisei pensar muito no que era uma verdade muito clara dentro da minha mente e do meu coraçãozinho.
— E eu tenho orgulho de você, amor. Por muitas coisas.
— Para, assim você faz o meu coração acelerar! Não posso ficar ansioso pra saber a próxima coisa bonita que vai me dizer! — dei um risinho. — Mas ainda bem que a minha ansiedade se manteve controlada. Eu nem consigo mais imaginar como sobrevivia com aquelas crises fortíssimas...
— Nem quero que imagine. Fim de papo. — disse, seríssimo. Não tinha como eu me manter sério com aquelas reações do Jun.
— Você é o Limãozinho mais docinho do mundo.
— Tô tão doce assim? Interessante... — ficou surpreso, mudando a expressão e fazendo um beicinho, levantando as sobrancelhas ao se sentir o maioral de repente, assentindo.
Portanto, entendi o duplo sentido em suas palavras. Quis dar um peteleco na testa dele.
— Ai, o que eu faço com você, hein, Jeon?
— O que você quiser, meu bem. — me mostrou um sorrisinho brincalhão de canto. A maior carinha de tarado que ele fazia.
— Não, não faz essa cara! — bati em seu braço e levei minha mão até a boca, cobrindo o meu sorriso enquanto gargalhava junto dele.
— Você gosta que eu sei.
— Eu não posso nem negar isso. — mexendo meus pézinhos de novo, encarei seus olhos. — Eu amo tudo em você, Limãozinho.
Por alguns segundos, Jungkook continuou me fitando seriamente, como se estivesse viajando na maionese de alguma maneira, mesmo que somente olhando em meus olhinhos.
— Caralho... Eu sou muito apaixonado por você, que merda! — desviou o olhar do meu e escondeu o rosto atrás de suas próprias mãos. Eu dei risada, não compreendendo e ficando um tanto surpreso.
— Isso não é bom?
— É, mas porra... — retirou as mãos, as largando em suas coxas. Suspirou. — Mesmo assim, eu tô nervoso pra porra e já me atrasei falando com você esse tempo todo.
— Nervoso? Por quê? — franzi o cenho, desmanchando aos poucos o meu sorriso e ficando um pouquinho preocupado. Eu me aproximei e ele me olhou. — Que atraso?
— Porque eu quero estar com você pra sempre, Jimin. — disse, sério. — E eu nem sei como te dizer isso.
— Isso o quê? Mas você me diz coisas fofas o tempo todinho. — eu não estava entendendo, e aquela conversa começou a me preocupar de verdade. — E que história é essa de se atrasar? Você tem algum compromisso? Nem me avisou-
— Jimin, quero falar sério com você. — me cortou, virando um pouco de seu corpo para o meu e me encarando firmemente.
— Jun, eu sou ansioso... Não faz isso... Se for alguma brincadeira, eu juro que te mato. Nem ouse! — apontei o indicador pro rosto dele, e ele sorriu levemente antes de abaixar a cabeça por alguns segundos.
Meu namorado lindo me encarou novamente, parecendo respirar fundo.
— Não é um término não, né? — me preocupei. Ele soltou uma risada dessa vez. Soprada e curta, mas soltou. Significava coisa boa, sim?
— Nunca. — respondeu, me deixando mais aliviado. — O dia em que eu terminar com você, desconfie de eu ter sido possuído.
— Nossa, para com isso! — senti arrepios, tinha medo dessas coisas.
— Falando sério agora, eu pensei por um tempo. Desde o meu aniversário, na verdade. — começou a dizer.
— Faz bastante tempo.
— Sim. Até tinha pensando em tomar essa decisão no seu aniversário, mas achei um pouco cedo. — disse. — Enfim, quando eu disse que quero você pra vida toda agora há pouco, que quero estar do seu lado, eu falei muito sério.
— Mas vamos ficar juntos pra sempre. Até moramos juntinhos como se fôssemos casadinhos-
Minha fala foi completamente cortada quando vi várias luzinhas no céu.
— O que... — me assustei de primeira, mas percebi que eram drones sobrevoando onde estávamos.
Várias luzes amareladas também acenderam ao redor da casa de Hoseok, na área externa onde estávamos, iluminando o jardim. Como se fosse planejado.
— Bem na hora! Eu sou um gênio. — Jungkook se levantou, e eu não sabia pra onde olhava.
— Você tá vendo isso? — apontei para o céu, os drones estavam se organizando e formando palavras.
Ou eu estava ficando louco?
— Sim. — Jungkook também olhou, esperando por alguma coisa. Ele riu da minha reação, aparentemente. — Presta bem atenção.
— Espera, você sabia?! — questionei, ainda em clara confusão.
Continuei encarando, até que as palavras se formaram.
E a frase também.
Jungkook começou a se mover, mexendo no bolso atrás de sua calça social e se agachando enquanto eu ainda estava sentado, perplexo com tantas coisas passando pela minha cabeça ao mesmo tempo.
E vendo aqueles drones literalmente formarem um: "você quer se casar comigo?".
— Eu acho que não preciso perguntar duas vezes. Ou preciso? — com um sorrisinho em seu rosto, abriu a caixinha e me expôs o anel fino e brilhante. Uma aliança de ouro.
Jungkook estava me pedindo em casamento.
E eu estava em choque.
— Jun, você... — tapei a boca boquiaberta com uma das mãos, encarando a frase formada pelos drones e encarando ele simultaneamente.
— O quê? Achou que eu ia ficar rico e ia fazer um pedido mixuruca? — brincou. — Tá falando com o pai aqui, né? Mais respeito.
— Amor... — meu corpo pareceu derreter-se completamente. Ao nosso redor estava tudo lindo, os pontinhos de luzes, os drones no céu.
— Bom... Quer se juntar a mim e ao José Limão mais ainda? Que tal? — perguntou, meio sem jeito agora. — E quem sabe... Com a Jangmi, também? Se você quiser...
— Jungkook, eu não acredito... — fiquei tanto tempo pasmo que os pontinhos foram se apagando, e assim, eu fui assistindo o pedido sumir, ao mesmo tempo em que tinha Jeon bem na minha frente, agachado.
Um nó se formou na minha garganta, e eu enchi os meus olhos de lágrimas.
Ele também olhou para trás, vendo que estava tudo se apagando rápido demais e logo, virou-se pra mim novamente, ansioso.
— Isso é um não? Os bagulho tudo apagou e eu aqui plantado ainda sem você me dizer nada-
— Sim. — respondi, finalmente e unicamente olhando em seus olhos escurinhos. — Sim, sim, sim! Mil vezes sim! Eu quero me casar com você, Jungkook... Não existe um futuro em que eu não me veja com você.
Devagarinho, vi um sorriso abrir em seus lábios. Ele pegou a aliança e a minha mão, colocando-a no meu dedo anelar, retirando a nossa de compromisso.
Em compensação, ainda usávamos o anelzinho de infância certas vezes, no polegar.
Jun começou a soltar umas risadas contidas, do nada. Suas bochechas ficaram vermelhas.
— Espera, o que foi? Eu disse alguma coisa engraçada? — levantei as sobrancelhas, não entendendo e começando a ficar confuso, a princípio.
— Nada, é que, porra... — negou com a cabeça, se levantando. — Tu me quebrou com a última frase, nem eu pensei em uma tão bonita.
— É sério? — tive que rir, alto, extremamente feliz, me levantando também e lhe abraçando forte, quase agarrando-me em seu pescoço. Fechei os olhos. — Ah, amor, só você mesmo...
— O Jungkook mais novo jamais iria acreditar nisso. — riu.
— Nem o Jimin mais novo. — me afastei.
Distraído e sem soltá-lo, comecei a encarar a aliança, me sentindo a pessoa mais sortuda do universo. Reparei também que além de ser ouro, havia um pequeno contorno de uma lua gravado.
Em compensação, as lágrimas acabaram deslizando pelo meu rosto, expondo os meus olhos marejados. Funguei e ele nos afastou, até tentei limpar, mas ele foi quem notou só ao me ouvir, passando as costas de sua mão ao meu rostinho, secando-o.
— Não gosto de te ver chorar. — disse, sério. Eu sorri, antes de me aproximar e lhe dar um beijo, inclinando meu corpinho.
— Poxa, nem de felicidade?
— Eu até aceito, mas gosto mais de te ver sorrindo.... — concluiu: — Meu noivo.
— E cadê a sua aliança? — encarei sua mão. Rapidinho, a vi entrando em seu bolso.
— Sou um homem precavido. Tenho certeza que ia notar se eu aparecesse usando. — ele mesmo colocou em si, me mostrando a mão com a aliança bem em frente ao rosto.
— Eu te amo, sabia-
— Não. — colocou o indicador no meio dos meus lábios e eu franzi o cenho. — Eu que tenho que dizer primeiro, afinal, eu pedi em casamento primeiro.
— Qual é a lógica?! — ri, afastando seu dedo.
— Eu te amo, pronto. — disse, simplista.
— Não gostei, não foi com sentimento. — cruzei os braços, tendo que segurar a risada com a cara de desconformado que ele fez.
— Quer que eu me ajoelhe de novo? — apontou pra si mesmo e dessa vez, ri. — Ah, já sei o que você quer.
— Hum, o quê? — parei de rir, interessado.
— Eu te amo, Coradinho. — disse, me fazendo ficar vermelho.
— Aish... — olhei pro lado, não acreditando na audácia desse menino. Ele riu.
— Eu sei que você sempre gostou do apelido.
— E você? Gosta de "Limãozinho"? — brinquei, vendo ele se aproximar de mim e segurar a minha cinturinha com as duas mãos.
— Como eu poderia não gostar, se é você quem me chama assim? — me deu um beijo em meio aos nossos sorrisinhos. — Você é tão lindo, sério...
Confesso que ficaríamos dando uns beijinhos ali, entretanto, ouvimos o barulho da porta, por incrível que pareça. Olhamos rapidinho para o lado e quem vinha era o Hobi.
— E temos aqui os mais novos noivos! — nos abordou com alegria, com um sorriso de orelha à orelha, aproximando-se.
E ao que fomos nos afastando, Hobi apoiou seus braços em nós dois, ficando no meio.
— Caraca, nunca pensei que presenciaria um momento desses!
— Poderia ter ficado mais um pouco lá dentro, né? — Jungkook cruzou os braços ao soltar seu resmungo.
— O quê? Não fez o pedido ainda? — sua expressão fechou na hora, muito preocupado.
— Ele fez, ele fez! — respondi, vendo seu sorriso aumentar de novo ao me encarar. Hobi se desvencilhou de nós.
— Ahhhhh, eu quero anunciar isso pra já! — deu seus passos pra trás. Como assim?
— Pronto, lá vai ele anunciar pra todo mundo naquela mansão que vamos casar. — Jun revirou os olhos.
Pra todo mundo?!
— Eles precisam saber! Irei reunir geral, todo mundo vai amar! — bateu palminhas, afastando-se de nós enquanto ainda estava de costas, indo aos poucos em direção à sua casa.
— Boca aberta. Se eu não tivesse feito o pedido, você ia estragar tudo, vacilão! — brincou com o amigo. — Mas eu posso me amostrar um pouco, sim. Espera a gente! — aumentou o tom com ele, que parou na porta, no aguardo.
Jungkook entrelaçou a sua mão na minha, mas o meu coração estava um pouco mais acelerado do que o normal.
— Os meninos também vão ficar chocados quando... — ria, até que parou completamente, quando acabei segurando o seu braço com a mão livre, enrolando os meus dedos no tecido de seu terno. Acuado.
Parecia que eu estava me escondendo atrás dele.
E eu, de fato, estava.
Ele olhou pra mim e eu lhe dei um sorriso sem jeito. Não acho que conseguiria falar pra ele o quanto me expor ao público sobre qualquer assunto em relação a minha vida pessoal poderia me deixar ansioso e desconfortável.
Diferente do meu namorado, digo, noivo, que agora é uma estrela, eu nunca fui uma pessoa que gostava de ser o centro das atenções.
Sempre tive muitos problemas quando isso acontecia.
— Hobi, esquece. — ao voltar o olhar para o amigo, disse. Eu arrumei a postura de surpresa, não compreendendo de início. — Melhor não expor essas coisas assim, tem pessoas que nem nos conhecem ali. Vamos apenas contar pros caras, só, em particular depois.
Eu estava enganado.
Realmente, eu nem precisava falar nada para o Jungkook. Ele me conhecia muito bem.
E reconheceu o meu desconforto sem eu precisar me pronunciar como certamente deveria.
— Por quê? Sério? — demonstrou total desânimo, ele parecia querer muito anunciar para todos, na maior felicidade. Tadinho. — O pessoal é super de boa!
— A vida pessoal é um bagulho meio complicado de ficar expondo muito. — estava me sentindo mais leve, não me agarrando mais tanto nele. Fiquei tranquilo. — E sabe como é, não quero ficar chamando nenhum desconhecido pro meu casamento puro e sagrado. Tá ligado, muitos ali sabem que sou famosinho.
"Puro e sagrado".
Puro...
Ai, esse Jungkook...
— Tá bom, eu entendo. — assentiu, desanimado. Se aproximou de nós repentinamente: — Sou muito fofoqueiro, né? Falem a verdade.
— Pra porra. — Jun respondeu na lata, coloquei a mão na boca pra rir. Hobi abriu a dele em descontentamento.
— Aigh, que boca suja! — fingiu que ia limpar, esfregando o ar e fazendo uma careta de nojinho. Hobi era extremamente engraçado.
— Não podemos entrar mais, não? Eu quero comer. — sério e falando tudo na caruda como sempre fez, Jungkook perguntou.
— Entra logo, desgramado! — foi até a porta e nos deu espaço, abrindo-a. Ele olhou pra mim quando passei. — Eu que dei a ideia de ele propor aqui, viu?
— E eu deixei você me expôr assim? — Jungkook ouviu, virando-se pra ele e colocando as mãos na própria cintura. Hobi levantou as suas em redenção.
— A fofoca me criou como ser humano, foi mal, tive que avisar! — deu uma risada contagiante, fazendo Jungkook lhe queimar com seu olhar.
— Vem logo, irritadinho! — achando aquilo tudo engraçado o suficiente, puxei Jun comigo dessa vez, pegando em sua mão.
O meu agora, noivo.
💸
[JUNGKOOK]
— Verdade ou consequência com shot de bebida! Quem não responder ou fazer o que foi pedido, bebe! — Taehyung exclamou em um volume alto, levantando o braço como se fosse uma sugestão.
Estávamos chegando no mesmo lugar de antes, onde todos eles estavam. Hoseok ia com a gente, em primeiro.
— Sabia que ia sugerir isso! — Yoongi hyung falou ao seu lado. Realmente era uma sugestão, pelo jeito. — E os pombinhos chegaram bem na hora!
— Do que vocês estão falando? — Jimin se sentou ao lado de Hoseok, que havia se sentado primeiro na cadeira. Eu me sentei logo depois, ao lado do meu noivo.
Puta merda, noivo.
Eu realmente vou me casar!
Bom, voltando pra linha de raciocínio, respectivamente, agora estava de um lado da mesa: Nam e Jin hyung, que provavelmente nem saíram muito do lugar, Yoongi e Taehyung. Do outro lado havia o Hoseok, o Ji e eu. Nada mudou muito. Na real, sempre estávamos bagunçados.
— Estamos tentando descobrir que jogo vamos jogar agora. Dispensaram as cartas. — Yoon explicou, sentado do outro lado, na frente do Ji.
— E "verdade ou consequência" ganhou? — Hobi pareceu interessado. Homem fofoqueiro da peste. Bateu palmas, decidido e ajeitando sua própria postura. — Opa! Eu tô pronto!
— Na verdade, estamos decidindo. Taehyung sugeriu esse agora. — Nam respondeu.
Haviam cinco garrafas de Soju na mesa.
— Gente, eu adoraria participar, mas... — Ji começou a falar, também percebendo as bebidas na mesa, fora a ideia do melhor amigo. — Não costumo beber...
— Convenhamos que isso é puro álcool. — Jin complementou. Concordei com a cabeça.
— É só o Jimin dizer sempre a verdade e cumprir os desafios. — Taehyung deu de ombros, fiquei impressionado.
— Que ótimo melhor amigo! — Jimin também ficou, sentindo a provocação do mais novo.
— Te love! — fez um coração com as duas mãos pra ele, que riu. — Certo, pode ser só verdade.
Também sorri.
Amo a risada do meu Jimin.
— Tudo bem, eu aceito.
— Também topo. — aproveitei pra me pronunciar, descansando as costas na cadeira. De boa.
— Bora?! — Tae, o mais animado de todos pra esse brincadeira, encarou todo mundo com esperança e as mãos juntas quase suplicando pelo sim geral.
— Tá, eu já bebi pra caramba mesmo! — Jin riu, aceitando de bom grado. Bêbado controlado, eu diria. Ou não.
— Se todos forem, eu vou.
— Tô com o Nam. — Hobi concordou.
— E você, amor? — Taehyung sorriu gigante para o namorado. Yoongi revirou os olhos, assentindo com a cabeça.
— O que eu não faço pra te ver feliz, hein? Mas pode ser bacana.
— E o que vamos girar? — apontei para o meio da mesa, lembrando. Taehyung pareceu pensar em tudo, simplesmente colocando uma garrafa vazia deitada no centro. — Caralho, tá prevenido.
— Eu penso em tudo.
— Beleza, gira logo. — Yoon, sem paciência nenhuma pra delongas, foi quem girou sem pensar.
O jogo poderia parecer divertido, mas era tenso também, eles que vão achando que não pra ver se não caem no conto do vigário.
E então, para a minha surpresa, a garrafa parou com a boca na minha direção. Logo eu, tranquilo, de braços cruzados.
A parte de trás da garrafa de Soju vazia, estava na direção do Namjoon hyung.
Certo, ele me ama demais pra pegar pesado comigo.
— Olha só, que beleza... — me encarou bem do engraçadão, e eu franzi o cenho.
— Eu adoro isso! — Tae riu, observando nós dois.
Jimin me encarou, também reprimindo uma risada.
— Manda, hyung.
— É verdade que você tem ciúmes do Yoongi comigo?
— Tá de sacanagem? — descruzei os braços e rebati na hora, achando injusto. Ele riu. Hoseok também.
— Eu já sabia. — Yoongi insinuou.
— Sabia de nada, não, parceiro. — apontei pra ele, falando sério. Ele riu também. Encarei novamente o Nam. — Pô, hyung!
— Ah, para, essa foi super fraca, foi só pra quebrar o teu ego, mas todos nós sabemos a verdade, só responde! — falou.
Só tive uma alternativa.
Desviei meu olhar desse povo fofoqueiro.
— Beleza, eu tenho.
— Fofo. — Jimin apertou a minha bochecha.
— Próximo! — Hoseok girou a garrafa novamente. — Oh, eu e o Taehyung!
— Pergunta sua pra mim.
— Calma, calma... — animado, pensou. — Já sei! Gostou do Yoongi desde a primeira vez que o viu?
— Lógico que sim, só faltou eu babar em cima dele! — afirmou na hora. Yoon riu. — Ai, vocês não sabem fazer pergunta boa! Gira isso! — e girou. Hoseok mostrou a língua, contestando:
— Eu tô tentando criar um clima familiar por aqui!
— Ahá! — e caiu bem no rei da brincadeira, perguntando diretamente pra ninguém mais, ninguém menos do que eu.
— Eu não acredito que não pensei nessa possibilidade... — de cair ele perguntando pra mim? Pois é, o arrependimento bateu.
— Preparado?
— Manda logo.
— Ok, você que pediu. — deu de ombros. — Você, durante esses meses que passaram depois do lançamento da sua música, em algum momento, fez com o Jimin o tal do... "seven days a week"? Sem descansar um único dia? Ou não seria fiel à sua música?
Hoseok tapou a boca.
Jin riu, esperando pela resposta.
Todo mundo atento.
Bando de fofoqueiros.
Eu encarei Jimin brevemente antes de responder. O rosadinho me olhava, envergonhado.
— Sim. Mais de uma vez. — confirmei, me sentindo. — Acham que eu só escrevo o que vem em mente?
— Mais uma semana?! Quê?! Não foi só uma vez?!
Taehyung ficou surpreso como os outros, encarando Jimin em seguida.
— Jesus Christ! — girou a garrafa de novo, sem pensar tanto. — Eles são mesmo uma máquina!
Aproveitei a garrafa girando e os meninos comentando sobre a nossa vida sexual e aproximei meus lábios ao ouvido do Ji.
— E a greve, hein? Hora de acabar.
— Fica quieto. — me deu uma leve cotovelada.
Caiu em mim.
— Porra, eu de novo nessa bosta?! — e pra responder, de novo! Eles riram.
— Premiado! — Jin disse, após a garrafa parar nele para me perguntar ou desafiar.
— Tanto faz, manda pro pai logo.
— Engraçado você, hein? — Jin me fez uma careta. — Se eu não soubesse tudo sobre você, eu mandava umas bem polêmicas, mas deixa pra lá. — encostou as costas na cadeira e se afastou da mesa, olhando bem pra mim. — Vamos lá, estive curioso.
— Sobre?
— Você ficou ou se interessou por outras garotas antes de realmente começar a namorar com o Jimin? Ou sei lá, antes de perceber que estava apaixonado por ele.
— Calma lá, você diz antes de eu conhecer o Jimin?
— Não, depois. Você já conhecia ele, interagiu com ele, mas ainda não havia caído a ficha que estava apaixonado. Tentou esquecer esse sentimento ficando com alguém?
Jimin virou a cabeça num único instante, mantendo seu olhar em mim e esperando uma resposta assim como os outros.
Nem foi tão difícil de responder, na real.
— Quis me ferrar, né, Seok? — encarei-o desconfiado.
— Responde, viado.
— Não, não fiquei com ninguém a partir do momento em que conheci o Jimin pela primeira vez. Nem me interessei. — revelei.
— Nossa senhora, que baitolagem... — Tae comentou.
— Ah, qual é, vocês sabem. Conforme eu fui vendo o Jimin mais vezes, comecei a olhar até pros meus próprios comportamentos. — disse, sincero.
— Notei de cara. — Nam hyung se pronunciou. E ele, eu sabia que sim.
— Era como se eu o namorasse antes mesmo de ser dele oficialmente. — encarei Jimin. Em seguida, me orgulhei pros meus amigos: — Muito fiel, fala aí.
— Eu nem tenho o que dizer. — Jimin riu, e seu sorriso definitivamente sempre mexeu comigo. Vê-lo feliz me deixava feliz instantaneamente.
— E vamos giraaaaar! — Hobi girou a garrafa.
Jimin veio me dar um beijinho nos lábios.
— Depois contamos pra eles, sim?
— Relaxa, podemos contar amanhã ou qualquer outro dia. — respondi meu loirinho. — Pessoal tá bem bebinho hoje.
— Jin e Yoongi?
— Quem? — Yoon rebateu Hobi. A garrafa saiu do centro e parou, na direção de Jin e Yoon que estavam lado a lado. — Ih, é.
— Segura a bomba que o Jin tá afiado hoje. — o namorado já alertou. Jin deu risada, alcoolizado, mas consciente.
— Nada, ele quis me atacar com pau e pedra mas não conseguiu, fica de boa, Yoon. — logo falei, brincando. Jimin estava com a cabeça descansando em meu ombro.
— Tenho até medo. — Yoongi riu, apoiando o cotovelo na mesa e levando a mão até a boca.
— Min Yoongi... — começou, mirando bem no amigo ao lado.
— Sim?
— Ouvi uns boatos faz tempo. — citou.
— Pronto, já tô vendo. — Yoon disse, rimos.
— É verdade que antes de se interessar pelo Taehyung... Você se interessou pelo Jimin?
— Quê?! — franzi o cenho, que porcaria é essa?
Jimin imediatamente levantou a cabeça, eu me inclinei mais pra frente, endireitando-me.
O clima mudou.
— Seokjin! — Namjoon pareceu lhe alarmou.
— O Jungkook não sabia?! — perguntou ao namorado, disperso.
— Você não sabia?! — agora, foi o meu namorado.
— Não lembro!
Hoseok se calou com as risadinhas, e Taehyung levou sua mão à boca em surpresa, mas olhando pra mim. Como se já soubesse disso.
— Eu acho que também não precisava ser tão apelão, né? — Yoongi tentou dar uma risada pra descontrair, mas eu não entendi nada nisso tudo.
— Bebe logo. — Jimin foi quem disse, rápido, simplesmente para Yoongi.
— Não, como assim "bebe logo"?! — eu tornei meu olhar pra ele.
— É passado, foi só uma qued-
Vi uma movimentação e agi rapidamente antes que Yoongi realmente pegasse uma das garrafas de Soju fechadas. Segurei-a ao mesmo tempo.
— Responde.
Ele soltou o ar, revirando os olhos.
— Sim, tive sim. Feliz? — foi dito. — Ficou tudo no passado, foi só uma quedinha. E vocês nem se bicavam.
— E você sabia disso também, Taehyung?
— Sabia, mas ninguém me contou! — deixou claro. — Eu mesmo percebi com algumas atitudes que o Yoon tinha com o Ji. Mas olha, nem eu tenho ciúmes porque estamos muito bem acompanhados e realmente, foi só um crush.
— E eu já estava muito a fim de você. — Jimin complementou.
— Por que eu sou sempre o último a saber dessas coisas?!
— Ah, não, Jeon! Agora, vai ficar chateado com uma coisa dessas? — Yoongi resmungou. — Vai ver tu sabia e nem lembra!
— Gente, vai começar? — entediado, Nam hyung interveio.
Tudo certo por aqui. Eu não estava chateado.
— Relaxa, o Jimin nunca teve interesse por mim de volta.
— Foi aí que eu apareci. — Taehyung sorriu amarelo. Olhei feio.
— Beleza! — Hoseok pegou a atenção pra si, batendo na mesa com as duas mãos, sem muita força. — Querem continuar?!
— Eu topo.
— Claro que você topa, Taehyung, adorou botar lenha na fogueira agora há pouco. — Jin riu, o único que sequer conseguia ficar em um climão, convenhamos que bem alteradinho.
— Se algumas pessoas não levarem tanto pro coração coisas que aconteceram no passado, quem sabe. — Namjoon citou, o encarei boquiaberto.
— Por que não fala na minha cara?!
— Se sentiu ofendido, foi? — comprimiu os olhos. Jimin levou sua mão ao rosto, como se fosse se esconder ali mesmo.
— Só não vou aumentar a situação porque sou um homem do bem. Mas só espera, filhão, só espera. — estendi a palma da mão em sua direção.
— Que garoto irritante, hein? Como eu aguentei todos esses anos? — e ele não parava, me atiçando a revidar.
— Garoto, não! Olha lá como você se dirige à mim, agora que sou um homem prestes a casar! — levantei o indicador, apenas dando a letra, quase apontando o dedo em sua cara.
Então, vi Jimin virar seu rosto pra mim de imediato e todos pararem de falar.
Também não era como se estivessem antes, mas adoravam assistir a minha discussão com Namjoon hyung de camarote. Achavam engraçado.
E eu acabei falando demais.
— Prestes a o quê?! — Jin questionou após engolir com tudo a bebida, porque se eu jogasse isso aos ventos um pouquinho antes, ele cuspiria toda ela de sua boca.
— Casar? — Namjoon tornou-se surpreso.
— Mas que caceta é essa?! Q-Que... Que história é essa Park Jimin?! — Taehyung se surpreendeu bastante também, depois de reagir quase pulando da cadeira.
— Isso é sério? — Yoon questionou, simultaneamente olhando pra nós dois com um sorriso abrindo-se em seus lábios.
— Ai ai, eu já sabia. — Hoseok relaxou, como se faltasse pouco pra ele ser o primeiro a fofocar sobre isso. Enfim, tirou um peso das costas. O peso era a fofoca mesmo.
— E não me contou nada?! — Taehyung mirou nele, apontando em sua direção.
— O Jungkook me pediu pra não contar nem pro próprio Jimin! — se explicou. — Calma que foi hoje, eu ajudei ele no pedido!
— Hoje?!
— Relaxa, deixa eles falarem. — Yoon acalmou o namorado afobado demais com a notícia, e eu me endireitei naquela cadeira. Mas admito que demorei demais pra falar.
— Ele me fez uma surpresa. — Jimin foi quem tomou as rédeas. — Bom, na verdade, era pra ser uma surpresa pra vocês também. — riu com timidez.
— Porra, desculpa... Vacilei. — murchei naquela cadeira. Fiz cagada, não deveria ter exposto assim na lata.
— Tudo bem, amor. — Jimin me olhou com carinho e fez um carinho no meu braço.
— Já é permitido chorar de emoção? — Nam brincou, e eu ri, junto dos outros. — E decidiram quando isso vai acontecer?
— Ainda não... Foi agorinha, né... — respondeu.
— Sim, demorei muito, inclusive. Era pra ter pedido a mão dele no mês retrasado, mas achei muito cedo, sei lá. — contei.
— Mas pra quê quer a mão dele? É emprestado? O que vai fazer com ela? — Jin tinha que soltar suas piadas. Que óbvio!
E ainda riu que nem o tio da zoeira que chega nas festas de fim de ano. Alto.
— Seokjin, eu não acredito... — Jimin riu, com vergonha e negando com a cabeça ao mesmo tempo.
— Eu tenho que ouvir umas dessas várias vezes por dia, tsc. — o namorado admitiu.
Senti meu celular vibrando, mas não me importei muito, continuei curtindo.
Decidimos não girar mais, não brincar desse joguinho mequetrefe. Jin começou a falar várias bobagens e que queria fazer uma tatuagem na testa, escrito: "o cérebro de Kim Namjoon é sexy demais para ser suportado". Sinceramente...
Se passaram uns quinze minutos, e meu celular vibrou pela quarta vez. Mas que porra, não me importei nem um pouco com quem estava me ligando.
— Limãozinho... — Jimin segurou a minha mão por debaixo daquela mesa, descansando a cabeça em meu ombro. Começou a fazer círculos e desenhos desconhecidos na palma da minha mão, aliás.
— Sim? — os meninos ainda conversavam bastante, riam, bebiam. Menos Jimin e eu. Particularmente, ele havia bebido um pouco de vinho.
— Não ficou chateado com aquele assunto do Yoongi comigo não, né? Não mesmo?
— Ah, eu fiquei meio bravo. — resolvi ser sincero. Ele riu.
— Opa, espera um pouquinho. — após pegar o celular e ver quem estava ligando, pois o celular dele também vibrava, ele me pediu.
Li o nome na tela. Era a sua mãe.
— Oi, mãe! — sorriu.
Era bom vê-lo se dando tão bem com ela.
Em compensação, o meu celular vibrou também. De novo.
— Deixa eu atender essa bosta de uma vez. — me estressei e peguei o celular, estralando a língua no céu da boca e me deparando com um dos números da empresa. — Alô?!
— Jungkook, você está aonde? — era um dos meus staffs. Também servia de segurança por ser grandão. Cuidava de muita coisa na empresa, e particularmente eu me dava muito melhor com ele do que com qualquer outro.
— Eu? Em uma festa de comemoração do meu amigo. Aconteceu alguma coisa, cara?
— Por que não me atendeu antes? — soltou um suspiro. — Nos ligaram da delegacia em sigilo. Bang atendeu, ele ficou maluco.
— Da dele... — quase extrapolei, mas reparei que estava em público e principalmente por Jimin estar ao meu lado, mesmo que ao telefone também. Me virei um pouco e retomei, baixo, quase em sussurro: — Da delegacia?!
— Primeiro, nos responda, você conhece uma mulher chamada Jeon...
Ah, beleza. Era só o que me faltava.
Travei por alguns segundos, foi bem repentino.
Ele falou o nome daquela mulher.
— Um minuto, aqui tem muito barulho. — virei-me novamente e fiz um carinho na bochecha do meu noivo pra que ele percebesse a minha saída, e me levantei.
Era melhor falar sobre isso lá fora.
O clima estava bom demais aqui dentro.
Tive que sair da festa por um momento.
Decidi ir para o lado de fora, estava chovendo e ninguém estava lá pelo motivo anterior.
Coloquei as costas na parede, ainda debaixo de uma cobertura da casa, evitando a chuva dessa vez. Gostaria de um pouco de silêncio, e o som abafado do interior da mansão do Hoseok desde o momento em que fechei a porta e fiquei do lado de fora, estava ótimo. Sempre foi.
— Desculpa, agora acho que fica melhor pra me ouvir e vice-versa. Voltando... — pigarreei.
Eu admitia conhecê-la ou apenas fingia que não?
— Por quê? Ela é alguma doida que citou o meu nome por aí?
Decidi desviar.
Nunca diria que aquilo era a minha mãe.
— Ela foi presa esta tarde. — anunciou. Naquele instante, nem havia dado tempo de ficar em choque. Eu já poderia esperar por isso, até ele completar: — Estava com a sua irmã. Jeon Jangmi, esse é o nome dela? Não me lembro desde a última vez que saiu com ela.
— Quê?! — questionei no mesmo segundo em que terminou. Tive que dizer a verdade diante daquela informação: — S-Sim, sim, é a minha irmã, é o nome dela. Por quê? O que aconteceu? Ela tá bem-
— Está tudo bem com ela, aparentemente sua irmã está brincando em uma área infantil que tem na delegacia. Ela citou o seu nome, mas não sabia me dizer sobrenome e nem nada do tipo. Disse que era a única pessoa que poderia ficar, não conhece nem seus avós direito quando foi perguntado.
— Mas... — tentei raciocinar, estava um pouco sem reação. Virei pra um lado, depois para o outro, quase começando a caminhar de um lado para o outro definitivamente. Eu não sabia o que fazer e o porquê do repentino. — O que aconteceu? Vocês estão na delegacia? Por que ela-
— A mulher estava sob investigação. Foi acusada de algumas coisas, e de maus tratos, não sei te dizer. Ela tentou fugir do país com a criança, sem nenhum consentimento e furtou um carro da vizinhança. — disse.
— Como é que é?! Essa mulher é louca?!
— Louco estamos nós! — rebateu. — Pelo jeito, a sua irmã vai ter que ficar com você até resolverem o caso da mãe dela. Espera, ela é sua mãe também?
— Isso não vem ao caso, continua. Ela não é a minha mãe, nunca me tratou como uma. — ouvi ele soltar o ar, como se estivesse em apuros.
— Cara, estão pensando em retirar a guarda da mãe e passar para outro responsável, mas tem vários problemas nisso. Eles nos disseram que é mega complicado decidir isso quando ela só tinha os pais ao redor, mais ninguém. Os avós não são presentes, nunca viam a neta. Você é irmão, mas só descobriu isso recentemente e não a conhece completamente, fora outros motivos. O jeito mais fácil seria talvez, deixá-la em uma casa de adoção-
— Nem fodendo. Eu fico com ela. — lhe cortei na hora. — Não vou deixar a Jangmi assim. E irei buscar ela agora.
— Jungkook, você está pensando direito?! — ele me perguntou, e eu sabia muito bem que sim.
Antes de ele continuar a falar.
— Cara, você é uma figura pública agora. Tem fãs, faz shows, é uma celebridade em crescente ascensão. — me lembrou. — Tudo bem, eu sei que é um momento frágil e eu, tendo irmãos, também estaria em apuros. Mas por exemplo, pensa comigo, por mais que saibam da sua sexualidade, isso ainda é uma polêmica. Sempre haverão comentários negativos sobre você namorar outro cara que vivem querendo descobrir sobre a vida pessoal dele.
Meu coração estava acelerado.
Pressionei os olhos, não conseguindo pensar em uma solução aceitável.
— E provavelmente vão descobrir. Você ainda vai ficar mais famoso, e vão acabar stalkeando tanto o que você faz que o Jimin acabará sendo apontado.
— Tá, porra, que merda, por quê tá citando o Jimin desse jeito?! — minha cabeça iria explodir. — Ele não tem nada a ver com isso!
— Será mais uma polêmica, mais uma dor de cabeça. Quer a guarda da sua irmã? O que acha que irão pensar disso?!
— Eles precisam gostar da minha música, não tentar ver os defeitos na pessoa que eu sou. Porque eu não pretendo mudar.
— Isso é a fama, Jungkook. — disse, e parou. Eu não o respondi, ouvindo ele respirar fundo e uma voz atrás. Talvez de Bang, do chefia. — Certo, eu sei que é foda, porque você faz sempre o que vem em mente e ainda mais se for sobre algo ou alguém que você ama. Mas tem certeza de que quer arriscar de novo? Todos vão enlouquecer quando descobrirem.
— Mas e se não? — rebati com a sugestão. — E se não descobrirem sobre isso? Pelo menos por agora. Sei lá, porra, fãs de verdade não deveriam se importar com coisas desse tipo, existe tanto idol filha da puta que não recebe um único cancelamento, e eu, que só quero viver feliz e fazer quem eu amo feliz, uma criança, é errado? Eu vou ser taxado de quê? De irresponsável? Quando eu nitidamente tô fazendo algo responsável pra cacete? Vocês sabem muito bem que eu pensei muito em ficar com a Jangmi, faz tempo, mas fingiram que era só uma ideia passageira da minha cabeça. Eu quero ficar com ela, o Jimin também.
— Jungkook, você é maluco. — disse, não se extendendo. Quase perdi o meu folêgo de tanto jogar aquelas palavras ao ar. Coisas não ditas que ficavam presas conforme eu o ouvia. — Tem noção de que pode virar um dos idols mais polêmicos da Coréia? Não tem medo do cancelamento?
— Por estar fazendo o certo? — questionei. — Eu não vou abandonar a minha irmã. E também nunca iria abandonar a pessoa que eu amo só porque o meu país é conservador pra caralho. Ou quer dizer, finge ser.
— Sabe que nós temos orgulho da pessoa que você é. — respondeu. — Todos nós prezamos pela sua carreira, por conta do seu potencial e da sua capacidade de ir mais alto. Qualquer passo errado pode acabar-
— Podemos fazer desse jeito? — interrompi, sentindo que deveria me apressar. — Começamos discretamente com isso até ver onde vai dar.
— Você vai na delegacia hoje?
— Estou indo nesse exato momento. — me preparei, obviamente não esquecendo que não estava sozinho. — Mas preciso avisar o Jimin antes e vou direto pra lá.
— Achamos melhor ir sozinho e causar menos olhares. Ligaremos pra delegacia e pra sua sorte, só há quatro policiais esta hora. Ainda chegarão mais, então, seja rápido, por favor, está tranquilo por enquanto e eles disseram manter isso tudo sigiloso, pois felizmente não são um bando de fofoqueiros. — fui assentindo. — Isso não pode vazar em nenhum lugar e seria terrível viralizar que você foi visto em uma delegacia.
— Certo, daqui a pouco chego lá. Valeu.
— Se cuida e cuide da sua imagem. — após isso, desliguei o celular.
Soltei todo o ar que mantive preso e só não cambaleei porque a parede atrás de mim havia servido de apoio. Fechei os meus olhos, atordoado.
Aquela imbecil tentou mesmo sequestrar a própria filha? Isso sequer era possível?
Fugir do país? A ficha é tão suja assim?
Foram feitos um para o outro.
Espero que aproveitem juntos na cadeia.
De certo modo, senti que precisava respirar um pouco melhor. Ainda de olhos fechados, comecei a inspirar e depois soltar, repetidas vezes.
Eu não posso ter paz?
Espera, Jungkook. Está tudo bem.
Eu terei paz, muita paz a partir de agora.
Sem ninguém me causando tanto tormento.
Nenhum daqueles dois.
Nunca mais.
Ah, por Deus. Sinto que deveria ser rápido, ao mesmo tempo em que sentia que deveria ir devagar, mantendo a calma, que Jangmi estava bem e eu ainda precisava contar ao Jimin.
Os meninos também precisariam saber.
Calma, uma coisa de cada vez.
Primeiro, o Jimin.
Segundo, ir depressa até a Jangmi.
Caminhei até a porta, e quando abri, foi como se estivéssemos sempre em sincronia. Jimin estava do outro lado, e me encarou surpreso.
— Oh, eu estava indo até você. — disse, e se aproximou, fechando a porta atrás de si. — Tá chovendo, por que ficou tanto tempo aqui? Era uma ligação importante? Quem era?
— Ji, eu-
— Por que sua cara tá tão pálida? — colocou suas duas mãozinhas fofas em meu rosto, olhando bem pra mim. — Eu achei que só eu havia ficado preocupado com a minha ligação, mas você-
— O que houve? Quem te ligou? — não pensei que fosse a delegacia por eu não ter atendido antes ou sei lá, a empresa pra contar o ocorrido. Eles não meteriam o Jimin nessa sendo sempre tão cuidadosos comigo. E conosco.
Eu era o porra louca.
Eles mantinham a minha imagem, e eu a lascava cada vez mais na visão de alguns.
— Ah, não é nada. — desviou o olhar, descendo as mãos para os meus ombros e as retirando. Era algo sim. — Minha mãe teve uma recaída e começou a chorar, lembrando do meu pai, que ele foi preso e enfim... — suspirou. — Ela pediu pra que eu fosse lá ficar com ela essa noite.
— Você vai?
— Eu posso? — perguntou, meio sem jeito.
— Que tipo de pergunta é essa? É claro que sim, eu não mando-
— Não, eu perguntei isso porque você que tá dirigindo. — abriu um leve sorriso, percebendo a minha confusão com a sua questão.
Mal ele sabia o quanto a minha mente estava confusa por razões anteriores.
— Eu não quero estragar a sua noite com os meninos também, por isso pensei em pedir um táxi rapidinho.
— Nem pensar, eu levo você. — peguei em sua mão. — Que tipo de cara eu seria?
— Oh, Jun, espera... — o levei comigo, mas antes mesmo de chegarmos no carro, naquela rua sem ninguém, ele parou e se afastou. — Por que a pressa? Eu tô preocupado com a minha mãe, mas sei que ela está bem e só precisa de um pouco de companhia. Pra desabafar também. Mas não vai nem se despedir dos meninos?
Pensei no que dizer.
E não saiu nada.
— Ah, é verdade. Você vai voltar? — perguntou.
Eu contava?
— Espera, antes, aconteceu alguma coisa? — ele se aproximou novamente, me encarando com seus olhinhos abençoados. — Eu sinto que sim. Seu rosto me diz que aconteceu. O que foi?
Sim ou não, Jungkook? Que merda!
Era melhor não preocupar ele mais ainda, sem contar que ele faria questão de vir comigo ou enlouquecia também por querer ir com a mãe e ir comigo ao mesmo tempo.
Cada um tinha seu assunto para cuidar.
Por isso, achei melhor contá-lo depois e cuidar disso sozinho.
— Não tem nada acontecendo. — peguei em seu rostinho e lhe dei um pressionei os meus lábios contra os seus por alguns segundos. Sorri. — Foi uma ligação da empresa.
— Jun, sério, não me deixa mais preocu-
— É sério, depois te explico melhor. — acariciei seu cabelo. — Vem.
Trouxe ele comigo até o carro e após entrarmos, parecia que minha mente havia entrado em alerta novamente.
Eu não poderia demorar. Eu tinha que buscar Jangmi na delegacia agora mesmo.
Jimin pegou seu celular e começou a mandar mensagens para a sua mãe. Distraído, acelerei um pouco o carro e fui em direção à sua antiga casa. Atualmente de sua mãe.
— Que fofa. A Srta. Lee também disse que vai lá amanhã. Elas irão cozinhar juntas. — me contou enquanto um sorriso se abriu.
— Incrível... — disse, sem muito ânimo, mas tentando parecer que sim.
Com sorte, não fui bombardeado de perguntas por Jimin estar o tempo todo digitando com sua mãe, indo de sorrisos até expressões preocupadas por ler algumas coisas que sua mãe dizia. Ele precisava cuidar dela no momento. E eu, da minha irmã.
— Chegamos. — disse, em frente.
— Obrigado, amor. — se inclinou e me deu um beijinho. — Precisar de alguma coisa, me chama, por favor.
Apenas assenti.
— Tenho que ir, minha mãe começou a chorar de novo. — suspirou, abrindo a porta. — Se divirta com os meninos, beijo.
E assim, ele se foi.
Eu também, depois de esperar ele entrar.
Corri.
Até finalmente chegar na delegacia.
Em passos apressados, entrei e olhei ao redor do departamento bem vazio, por sinal.
— Jeon Jungkook? — uma voz me distraiu, estava no canto do local, se levantando da cadeira.
— Boa noite, policial. — me curvei rápido, educado, mas ainda disperso olhando para os lados.
— É um prazer te ver pessoalmente, pena que não em um momento muito bom. — tentou ser engraçado, e senti uma verdadeira simpatia vinda de si, mas não consegui retribuir com nem um sorriso. — Bom, Jangmi está aqui.
Ele foi na frente, seguindo até o outro cômodo do local e fazendo eu me deparar finalmente com ela.
Brincando de boneca em uma mesinha colorida que ficava em cima de um tapete colorido de quebra cabeças.
— Deixamos bem dividido a ala das crianças pra casos como esse, e principalmente pra que nesse meio tempo em que as crianças acabam vindo pra cá, que elas não vejam qualquer confusão que aconteça aqui na delegacia. — uma parede dividia o departamento, quase uma sala isolada. Ele me contava, vestindo seu uniforme e com suas mãos nos dois bolsos da calça.
— Agradeço por isso, de verdade.
— Não acredito que você chegou! — a voz fininha se fez presente, e quando percebi, ela havia notado a minha presença, se levantando do chão.
Abri um enorme sorriso e ela veio correndo até mim, me dando um abraço maravilhoso ao que me agachei para ficar da sua altura.
— Eu vou pra sua casa?! — foi a primeira pergunta que me fez, com seus olhinhos brilhando. Coloquei uma mechinha sua para trás do cabelo escuro.
— Você quer?
— Sim! — levantou os dois braços em vitória. Ri, que fofa.
— Jangmi-ah, como você tá se sentindo? — algo em mim achou a pergunta necessária. Era bom entendê-la.
— Feliz porque você veio me buscar... — disse, mas eu sabia que haveria algo além: — Mas meio triste que a mamãe fez coisas erradas...
Ela abaixou a cabeça, chutando o ar com seu pé para distração, mexendo uma mãozinha na outra.
— Só que você não fez nada de errado, tá bom? Quero que frise isso na sua cabeça. — ela me olhou.
— O que é "frise"? — soltei uma risada sincera.
— Guardar. Quero que guarde isso na sua cabeça.
— Eu vou. — sorriu. — Prometo.
— Ótimo, fico feliz. — sorri de volta.
Eu me levantei, pegando em sua mão minúscula.
— Jangmi-ah, temos que ir embora, agradeça ao policial que cuidou de você, ele foi bem legal, não foi? — a incentivei.
— Obrigada, policial. — ela se curvou rapidinho, sorrindo, fofa. O homem abriu um sorriso também.
— Que nada, fico feliz de ter ajudado. E ah! — ele direcionou seu olhar à mim. Em seguida, fez a insinuação de fechar um zíper na boca com a mão. Ri.
— Obrigado, isso seria um caos.
— Sim, eu entendo. A minha filha é sua fã, mas manterei isso em segredo. — disse.
— Eu realmente agradeço.
E depois de sair daquele lugar, com tantas coisas na cabeça, estava levando Jangmi pra casa. Nos bancos de trás, com o cinto de segurança enquanto levava uma das bonecas da delegacia pra casa.
— Eu não preciso mais voltar pra lá, né? — ela me perguntou de repente, e a princípio, não entendi muito bem.
— Pra delegacia? Não. — neguei, com um sorrisinho. — Por que voltaria?
— É só que... — ela suspirou, o que me preocupou. A encarei por um momento bem rápido por estar focado na direção. Jangmi mexia nos cabelos de lã de sua boneca.
— Pode falar, estou ouvindo.
— Não quero que seja que nem o papai e a mamãe. — disse, contida. — Eu não quero ser e acho que você e eu somos bem parecidinhos... Não vamos ser como eles, né?
Ouvir isso foi imaginar sentir uma facada.
De repente, senti medo.
— Nunca. — respondi. — Seremos pessoas boas.
Apertei o volante em volta dos meus dedos, um pouco apreensivo.
— J-Jangmi-ah, sabe... — resolvi trocar de assunto, abrindo um sorriso falso e a vendo através do retrovisor. — Acho que vai adorar ficar com a gente!
— Meu Deus, é mesmo! — ficou surpresa. — Eu também vou ficar com o moço bonito! Eu quero brincar com ele!
— E você vai. — ri um tantinho, me acalmando.
Ficamos conversando na ida. Nos divertindo, mesmo que eu estivesse meio pilhado.
Assim que chegamos no apartamento, Jangmi encheu o local de elogios. Disse que estava ainda mais bonito do que quando veio da última vez, mesmo que estivesse praticamente a mesma coisa.
Fiz um lanche natural e suco pra ela.
— Tem alguma restrição? Algo que não pode comer? — me sentei em sua frente.
— Não. — negou com a cabeça claramente.
— Ótimo!
Então, peguei o meu celular.
Caralho, trocentas mensagens do meu staff. Esqueci de avisar.
Depois que Jangmi dormiu no quartinho de hóspedes, era meia noite e meia. Eu me sentei na minha cama, pensativo.
"Não quero que seja que nem o papai e a mamãe".
Jimin me ligou.
— Oi, amor. Tá tudo bem?
— Por que não voltou pra festa? Você não me disse que voltaria pra casa. — me perguntava.
— Ah, merda... — resmunguei, quase arrancando meus próprios cabelos quando enfiei os dedos entre os fios e abaixei a cabeça. — Desculpa, eu esqueci de contar que-
— Jeon, o que está acontecendo? — e assim, o meu disfarce foi descoberto antes mesmo que eu pudesse revelá-lo. — Estava tudo bem, você se divertiu à beça, mas depois da sua ligação, você simplesmente começou a ficar frio.
— Frio? — me preocupei. — Espera, eu fui frio com você?
— Um pouco. — respondeu, sentido. — Eu nem prestei a atenção devida porque estava pensando na minha mãe, mas agora que parei pra analisar, percebi o quanto você repentinamente ficou estranho comigo...
— Meu Deus... — soltei o ar, arrependido. — Me desculpa, eu só não soube me expressar muito bem depois do que aconteceu, eu-
— E o que aconteceu? — se ligou, e foi aí que eu também me liguei que contei sem querer.
Esperei um pouco.
Particularmente nem sabia porquê estava escondendo.
— Eu prefiro contar pessoalmente. Você vai dormir aí? — esperava que não.
— Não. Minha mãe está bem.
— Quer que eu busque você agora?
— Por favor. — pediu. — Agora, você me deixou preocupado.
— Tá tudo bem comigo, pode ficar tranquilo. Foi só um susto que talvez... Possa te assustar um pouco também.
— Jungkook, o que é?!
— Eu vou até você, me espera. Beijo. — levantei e desliguei a ligação.
Esperava estar tudo seguro pra que eu fosse sem acordá-la. Mas estava tudo sob controle, me lembrei de como ela dorme como um anjinho, ou também uma pedra, quando veio aqui da última vez.
Peguei o carro e fui em direção à casa que Jimin morava com seus pais. Será que ele sentia a mesma sensação ruim de antes quando botava seus pés lá dentro?
Ou ele havia superado muito bem.
Eu também superei.
Mas por que minha mente anda atirando tantos pensamentos ansiosos e especificamente negativos?
Assim que ele entrou no carro, ele me encarou, decidi primeiramente dirigir.
— Me diz o que aconteceu agora. — foi praticamente um comando.
— Antes, você ficou bem? — encarei-o por um segundo, antes de voltar minha atenção para a direção. — Voltar pra casa onde viveu momentos ruins é meio tenso... Fiquei preocupado.
— Eu fiquei bem. — disse, curto e direto, sem virar seu rosto para a frente, apenas olhando pra mim. — Mas e aí? Vai me dizer ou não?
— Assim que chegarmos em casa.
Jimin resmungou, revirou seus olhos e virou seu rosto para a janela, irritado com a minha demora.
E quando chegamos no apartamento, eu abri a porta para que ambos entrassem e retirassem os sapatos. Eu e ele.
— Se você continuar prolongando desse jeito, eu vou-
— Shiii! — coloquei meu indicador em frente aos meus lábios, indicando silêncio. Jimin franziu o cenho. — Senta aqui.
Eu o puxei para o sofá, fazendo ele se sentar ao meu lado. Até que ele reparou na pequena mochila vermelha que estava no canto da sala.
— De quem...
— A empresa me ligou. Quer dizer, meu staff e o Bang, meu chefe e dono, você o conhece muito bem. — ele assentiu, abaixando o dedo que apontava diretamente para a mochila nitidamente infantil. — Foi porque os ligaram da delegacia pra tentarem se comunicar comigo.
— Da delegacia?!
— Sim, aquela mulher foi presa. — contei.
Jimin, primeiramente, entreabriu os lábios em pura surpresa, colocando a mão na frente.
— Sequestro e roubo, além das suspeitas de maus tratos e de ser cúmplice do marido. — afirmei.
— Sequestro? Mas ela tentou alguma coisa contra você?! O que você tem a ver com-
— Jangmi. — disse, fazendo o Ji parar. — Eles me ligaram por causa dela. Não tem mais ninguém com quem ela fique. Os pais presos e provavelmente sem guarda futura, e os avós nem a conhecem muito.
— E você... — olhou para a mochila novamente. — Decidiu trazê-la pra cá?
— Sim, eu... — suspirei. — Não tive escolha. Foi um puta dilema tentar conversar com o pessoal da empresa e convencer o Bang.
— Mas por que não me avisou antes? — questionou. — Por que não pediu a minha opinião sobre isso quando moramos juntos?
— Eu sei... — tombei a cabeça pra frente. — Eu deveria ter contado antes, mas...
Suspirei.
Estava me sentindo esquisito.
— Eu achei que não esconderia mais nada de mim.
— Não, isso não! — levei minha mão à sua e me aproximei mais, olhando em seus olhos. — Eu compartilho tudo com você, mas aconteceu de você também precisar cuidar da sua mãe e eu fiquei meio sem saída, você teve seus problemas e me veio essa bomba ao mesmo tempo e... Porra, desculpa, eu só não queria encher a sua cabeça com mais alguma coisa porque eu sei que você iria querer vir comigo.
Jimin abaixou seu olhar, parecendo incerto.
Isso sim, me preocupou bastante.
Caralho, Jeon, para de foder mais ainda.
— Eu te decepcionei de algum jeito? — acabei perguntando no meu ato mais puro de desespero. Não queria que Jimin se machucasse de novo por minha causa. Muito menos hoje, que o pedi em casamento. — Desculpa... Eu não... — fechei os olhos em arrependimento. — Amor, eu pensei em certas coisas que mexeram comigo. Jangmi também comentou algo que me deixou meio preocupado e antes, quando recebi a ligação... Achei que fosse algo meu pra tratar.
— O que a Jangmi disse? — perguntou, apenas. Estava sério.
— Tá chateado pra caralho comigo, né? Eu estraguei o dia de hoje?
— Não, Jun. — negou com a cabeça. — Eu só me preocupo com você também, poxa! As questões sobre a Jangmi sempre fomos nós que tratamos, você sabe disso também. Tudo bem, poderia ter me dito na mesma hora, que pelo menos eu ficaria mais tranquilo agora.
— Você iria ficar mais ansioso, acha que eu quero isso? Imagine você com a sua mãe, prestando pouca atenção justamente por estar pensando o que eu estaria passando. Se ocorreu tudo bem, se estamos bem. Iria me encher de mensagens, tô enganado?
— ... Não. — abaixou a cabeça novamente, logo me encarando de novo. — Mas deveria ter me dito.
— Desculpa. — me inclinei um pouco pra frente e lhe dei um beijinho rápido. — Errei.
— Tá tudo bem, Jun. — disse. — Mas o que a Jangmi disse? Sua cara ainda tá um pouco pálida. Comeu alguma coisa com ela?
— Só fiz um lanche pra ela. Não comi.
— Jungkook! — me repreendeu.
— Depois da mãe também ser presa, além daquele cara, ela... — comecei a contar, Jimin tornou-se atento ao assunto. — Me disse que tinha medo de sermos como eles. De eu ser como eles.
Engoli em seco. Jimin continuou me encarando, ouvindo e talvez com a informação ainda entrando em sua mente.
Porque na minha, estava no 220.
— Tenho medo, Jimin. — minha garganta doeu um pouco. — Tenho medo de ser que nem... — soltei o ar preso, não conseguindo pensar direito sobre.
— Jun... Como? — perguntou, de cenho franzido. Encarei meu rostinho preferido tombar a cabeça um pouquinho para o lado. — Como você seria assim se é uma boa pessoa? Não percebe que somente pessoas com um mau caratismo gigante agem dessa maneira no futuro? Isso se não agiam assim a vida toda.
— É que o meu passado é um tanto... — fiz uma careta. Não gostava muito de lembrar. — Eu era sujo pra caralho.
— Mas você só era... — deu de ombros. — Metido a pegador e exibido. Continua sendo exibido, mas pelo menos não usa mais ninguém pra jogar fora depois.
— Caralho, quer me humilhar? — rebati, e nós dois acabamos abrindo um sorriso, rindo pouco.
— O que eu tô dizendo, é que você era só um jovem imprudente demais.
— Nossa, desculpa, senhor de sessentão.
— Idiota. — me deu um tapa no braço e riu.
— É, bem idiota... Era isso que eu era. — concordei, balançando a cabeça em afirmação e mirando os meus olhos na televisão desligada, pensativo.
— Jungkook, você é uma pessoa maravilhosa. E se comparar com dois monstros que tem índoles tão grotescas que nem aquele babaca, é maluquice! — dizia, indignado.
— Não tinha pensado por esse lado... Sei lá, só pensei que talvez eu fosse tão imprudente que de repente, surtava e fosse preso, deixando você e a minha irmã desamparados. — soltei. — Que nem aquela vez na boate onde perdi o controle e esmurrei a cara do filho da mãe que quis se aproveitar de você.
— Meu Deus, você se lembra disso? — acabou soltando uma risadinha. — Jungkook, isso foi uma briga porque você me defendeu de um assediador, o que tem de criminoso nisso?
— Eu poderia ter matado esse... — essa cena me causava raiva. — Se bem que ele merecia, um cara como esse-
— Viu só? — Jimin me cortou, dando um carinho rápido na bochecha e sorrindo pra mim. — Eles foram pra cadeia por crimes nojentos. E que são verdadeiramente crimes. Já as coisas que você fazia ou qualquer raiva que tenha e queira me defender ou se defender, não é nem algo pra se comparar com o que aqueles dois fizeram. Jun, você fez uma comparação que realmente me doeu, porque você nunca foi e nunca seria esse tipo de pessoa. Você é bom.
Sinceramente, senti vontade de chorar.
Tudo que Jimin me dizia, fazia com que o coração dentro do meu peito saltasse, e que todo o peso que eu sentia por carregar um passado cheio de traumas, desaparecesse.
Eu nunca seria como eles.
Porque eu não sou uma pessoa ruim.
Na verdade, as últimas horas haviam sido meio intensas, mas isso não tirou a alegria do meu dia, da minha noite.
Mas Jimin sentiu que eu estava ficando meio para baixo, entrando na minha auto sabotagem, e decidindo me manter em seu abraço quentinho. Ele acariciou o meu cabelo e enroscou seu corpo com o meu, naquele sofá, como se fôssemos um só.
Ali, ele também abraçou todas as minhas fraquezas e inseguranças.
E depois de algumas horas, na cama junto dele, no escuro, onde só a luz fraca do abajur nos iluminava e eu enxergava os seus olhinhos em cores diferentes, fofocamos um pouco.
— Juro pra você, ele estava dizendo isso mesmo! Só percebi quando desliguei a ligação. — riu, me contando sobre o que aconteceu no momento em que eu estava fora da festa.
— Ele não percebeu que falou merda? Puta merda... Tinha que ser o Yoongi.
— Ah, mas ele não falou nada demais, vai! — arregalei os olhos em pura indignação e Jimin riu na hora.
— Nada, imagina, só disse "vou me ajoelhar que nem o Jungkook fez pro meu namorado também ali no banheiro e já volto"! Ele literalmente falou de boque-
Tapou a minha boca, ainda rindo.
Que pilantrinha.
— Jeon, olha a boca!
— Oras, o que é isso agora? — questionei assim que ele moveu sua mão de volta para longe. — Decidiu virar santinho de novo?
— Não vou falar sobre isso! Boa noite! — fechou os olhos e fingiu dormir num passe de mágica.
O quarto entrou no silêncio.
Resolvi dizer o mais esperado:
— E o término da greve? Nada ainda?
Ele abriu os olhos na hora.
— Jungkook, você é inacreditável... — abriu um sorriso em seus lábios.
— Tive que perguntar, tô sentindo falta... — lambi os próprios lábios.
— Como se tivessem passado dez anos!
— E não é? — cheguei mais perto na cama, de frente pra ele.
— Não vamos dormir? — disse antes que eu agisse. — Se sim, eu elimino a greve agora mesmo.
— Ah, nem vem com essa... — colei meus lábios nos seus, levantando a cabeça um pouquinho para beijá-lo e preparado para sentir nossos corpos esquentarem debaixo daquela coberta que dividíamos.
Beijei aquela boquinha como se estivesse sentindo saudades, mesmo que nos beijássemos todo santo dia. É claro que eu não me cansava, e qualquer coisinha fofa ou descarada que ele fazia, conseguia me deixar com aquelas famosas borboletas no estômago.
Entretanto, me virei na cama e fiquei por cima dele, sem camisa, deixando o cobertor descer gradualmente pelas minhas costas e parar bem no fim delas.
E então, surpreendentemente, senti a mão dele pegar onde não deveria.
No caso, deveria sim. Mas causaria problemas.
Tive que parar o beijo, me dando um leve susto pela surpesa.
O loirinho sorriu descaradamente pra mim.
— Sensível? — uma risadinha fez presença.
— Decidiu acabar com a tal da greve? — lhe dei mais um beijo, pressionando nossos lábios um no outro antes de continuar: — Ou era só um joguinho comigo?
— Será? — mordeu o lábio inferior e apertou onde não deveria de novo.
Jimin não pareceu pensar duas vezes quando se levantou e me fez afastar o meu corpo do seu, invertendo as posições e ficando por cima. Entretanto, não aproximou nossos rostos, mas sim, os afastou mais ainda, deslizando seu corpo para baixo.
Mais especificamente, debaixo da coberta.
Com aquele rostinho malicioso e a boca rosadinha.
Entendi tudo.
Ele jogou a coberta por cima de si, me fazendo abrir um poucos as pernas no automático e sentindo suas mãozinhas mexerem nas minhas peças de baixo.
Deitado e sem poder agir de nenhuma maneira a não ser manter-me preparado para o que viria e o que porra, eu estava animado pra caralho, Jimin abaixou apenas o suficiente a última peça que ainda me cobria.
Fechei os meus olhos no exato momento em que senti os seus lábios macios em mim. A sua saliva rodeando com a língua.
Ele ainda me deixaria louco.
Mais do que eu já era por ele.
Eu só conseguia me preocupar com duas coisas naquele momento: em acabar atingindo o meu limite rápido demais, ou em acabar, por ser mais forte do que eu, jogar Jimin deitado novamente nessa cama e transar a madrugada toda sem deixá-lo fazer um único barulho pra não acordar a criança do quarto ao lado.
Mas deixei ele saborear o quanto quisesse.
Na real, eu vou acabar fazendo aquela minha segunda preocupação. Pode ser que Jimin abra uma porta para a greve novamente, mas eu duvido.
Ele adora esses momentos.
Acha que me engana, com esse rostinho angelical e a manha que ele faz quando quer se fazer de inocente.
Mesmo que virássemos quase que como dois cachorros no cio algumas vezes, eu só pensava no quanto eu o amava e o quanto ele era lindo.
Sendo bem literal, Park Jimin é o amor do meu passado, do meu presente e do meu futuro.
Ele é o amor da minha vida inteira.
💸
[QUATRO ANOS DEPOIS]
— Jungkook, eu juro que vou te jogar da janela agora mesmo! Vem aqui! — gritou, e parecia bem nervoso.
Apareci de trás da bancada na cozinha, me levantando e ficando de pé. Fui praticamente de fininho até perto da porta, onde ele estava.
— Preciso ir pro ensaio. — disse, quase baixo demais pra se ouvir, com as mãos juntas atrás.
— Ah, vai passar a noite fora que nem a semana passada? — de bravo, sua expressão se tornou ficou melosa. — Nós vamos dormir sem você?
— Desculpa, o show é amanhã e sabe que me exige bastante. Tenho que ensaiar com os dançarinos e fora que é o primeiro, temos viagens pra fazer.
— Puts, é mesmo... — começou a pensar, mudando totalmente o humor de quando chegou no apartamento. Começou a contar nos dedos respectivamente: — Coréia agora, semana que vem tem o Japão, depois é os Estados Unidos, Brasil, e a França...
— Sim, apenas mais quatro países por enquanto. — ri. — Você acertou todos, Coradinho.
— Nós todos iremos? — afirmei com a cabeça, era pra eu ter avisado antes, mas ocorreu um leve imprevisto...
— Isso é verdade?! Vamos viajar?! — o garotinho saiu correndo também de trás da bancada após ter escutado a conversa e eu pressionei os olhos e abaixei a cabeça. Ferrou.
Jimin mudou a expressão na hora.
— Bonito, não é?! — cruzou os braços, encarando-o. — Correndo perigo desse jeito!
Ele se escondeu atrás de mim, gargalhando.
Sobrou pra mim. O verdadeiro culpado.
— Eu posso explicar-
— Andando de moto com uma criança de cinco anos?! — esbravejou, eu sabia que iria ouvir. Errei, fui moleque. — E se ele acaba caindo?! Você tem noção do que poderia ter acontecido, Jeon Jungkook?!
— Eu segurei bem ele! — me defendi. — E foi só uma volta no quarteirão! Foi tipo, uns dois minutos!
— Ele sentou na frente! Ainda mais perigoso!
— Pô, e eu vou fazer o quê se ele me pediu pra andar com ele?
— Negar! — respondeu como se fosse a coisa mais simples do universo.
— Papai não tem culpa! Tchau! — Jinseok deu as caras e saiu de trás de mim, enfrentando Jimin e saindo correndo depois, rindo como se eu ouvindo um monte fosse o auge da graça.
— Olha esse garoto... — desistiu de continuar, negando com a cabeça enquanto colocava a mão no rosto.
Abri um sorriso genuíno. Foi mais forte do que eu.
— Que nem o pai. — passei a mão na nuca, meio bobo e tal.
— Rebelde que nem o pai, você diz?
— Jinseok é um anjo, não brigue com ele. — levantei o indicador em sua frente e fiz o gesto de "não". Jimin levantou as sobrancelhas.
— Mas eu não brigo com o meu filho, eu brigo com você! — disse, então, acabei rindo.
— Tá bom, amor, desculpa. — me aproximei, querendo abraçá-lo e beijá-lo vendo a cara de mau que ele tentava fazer.
— Vamos viajar?! — uma voz fina fez presença na sala. Jangmi-ah.
— Está criando um fofoqueiro. — Jimin me encarou desconfiado e eu ri, nós nos viramos para ela. — Sim, pelo jeito.
— O Jinseok te contou? — perguntei, vendo Jangmi agarrada com o José Limão no colo e os olhos quase saltando pra fora com a novidade. Ela afirmou com a cabeça. — Iremos pra quatro países diferentes.
— Minha nossa! — pulou duas vezes, abrindo um sorriso de orelha à orelha e voltando para o quarto.
Ouvi apenas gargalhadas e as crianças falando alto sobre isso antes de fecharem a porta como se estivessem compartilhando algum segredo.
— Esses dois... — encarei Ji, que sorria.
— Bem que o Taehyung me disse que quando ele precisou ficar com eles em um final de semana, se ficasse mais um dia, ele iria direto pra um hospício. — ele riu alto.
— Ah, não, essa histórias de novo, não! — disse, ainda rindo. — Eles nem são atentados, isso é exagero com os meus bebêzinhos.
— Jangmi é tranquila, apesar de agitada. Agora, o Jinseok...
— Para, ele também é bem tranquilo.
— Claro, que nem semana passada lá na casa do Jin, que a Hanna correu do quarto dela abrindo o bocão de chorar porque o nosso filho tranquilo pegou a barata de mentirinha dele, e jogou na cabeça dela! — recordei, memorável.
Isso tirando o fato dos dois brigarem por causa do nome de ambos, debatendo sobre qual era o mais bonito. Jinseok e Seokjin. Seokjin e Jinseok.
— Ele é igualzinho você. — disse, olhando em meus olhos. Com um sorriso dócil. — Tinha uma cópia espalhada por aí sem me contar?
— Impressionantemente, a Jangmi além de ser nossa filha também, é minha irmã. Mas acredita que ela é igualzinha a você?
— Tranquila, aceita um "não", é na dela...
— Tá, beleza, já entendi o seu ponto! — ele riu enquanto abracei a sua cinturinha. — Nunca mais boto aquela criança numa moto.
— O mínimo, Jungkook. Não faça mais isso. — levantou o dedo indicador pequeno na minha frente e ficou sério de novo. Assenti.
Fiz a janta da noite.
Sem querer, ou talvez para a minha própria sobrevivência, virei quase um chef.
Bom, pelo menos a minha família amava a minha comida. Especificamente os meus filhos.
No dia seguinte, fui na sorveteria do Jin. Ele finalmente criou uma franquia, e a sua sorveteria cresceu pra caralho.
Fechamos a sorveteria em um dia só pra mim e a minha família, de manhãzinha, pelo óbvio: evitar impresa, site de fofocas ou fotos indesejadas do meu marido e também das nossas crianças.
Na real, Jin foi vigiar as crianças brincando lá dentro, onde havia a salinha dos brinquedos agora. Jeon Jangmi, Jeon Jinseok e a Hanna.
Depois de checar como elas estavam, dei dois toquinhos na mesinha onde Jimin estava. Ele levantou o olhar e sorriu ao me ver. Me sentei em sua frente.
— Está tudo bem por lá? — eu confirmei.
— Tranquilo.
— Isso é nostálgico. — riu, olhando ao redor.
— O quê?
— Parece que foi ontem que eu conheci o cara todo de preto de mechinhas verdes no cabelo, que me abordou quando eu estava no meu pior dia. — me fez lembrar desse momento.
O dia em que nos conhecemos.
Bom, pela segunda vez.
O dia em que eu o conheci como Jimin, e não como Joo.
— Eu me crucifiquei nesse dia. — achou graça, apoiando os cotovelos na mesa, super interessado para me contar. — Eu te disse que fiquei gamado em você logo de primeira? Parecia que você brilhava.
— Contou. — ri. — Quantas vezes vai dizer que eu sou lindo? Eu sei disso. — dei de ombros, convencido.
— Ah, que bobo! — revirou os olhos e se afastou, encostando as costas na cadeira em desistência.
— Que tal... — também apoiei os meus braços cruzados um no outro na mesa, parecendo que estava me apaixonando por ele de novo ao fitá-lo. — Tomar um "Green Heaven" hoje?
— Oh, eu não tomo esse sorvete fazem anos! Ainda tem?!
— Uhum. Se não tiver, mando o Jin fazer surgir do chão. — disse, todo carinhoso, assistindo Jimin rir. — Mas e o significado? Esqueceu dele também?
— Jamais.
— Alcançou o seu céu?
— Sim. — suas bochechas começaram a ficar vermelhinhas. Fofo. — Alcancei tudo que eu mais queria na minha vida. Relacionamento, família, emprego, amigos. Tudo. Acho que não poderia ser melhor.
Nossos olhos não desviavam nenhum segundo, atento ao que o outro falava, como se fosse a declaração mais romântica do mundo.
— E o seu céu? Conseguiu alcan-
— É você. — disse, simplista. — Você é o meu céu esverdeado, Jangmi e Jinseok são as estrelas que o céu pôde me proporcionar quando finalmente o alcancei.
Vi os olhos do meu marido se encherem de lágrimas rapidinho. Ele piscou e uma caiu, deixando ele sem graça. Tentou disfarçar a limpando resmungando:
— Ai, Jungkook, como você é sem noção, viu...
Era engraçado como toda vez que eu dizia alguma das minhas gracinhas, ele ainda se envergonhava.
Retomando um pouco antes, há quatro anos atrás, descobrimos que Jangmi realmente teria de ficar conosco. O processo durou mais de um ano, sendo sincero. É claro que haviam as questões da mídia, e por pouco, por também saber o tamanho do apoio que tínhamos da empresa para o que precisaríamos, não desistiram de nos dar a guarda.
Mas a questão mais discutida nem havia sido sobre eu e Jimin sermos um casal. E sim, por receio da mídia acabar aterrorizando a criança.
Eu e Jimin a manteríamos segura.
Até quatro depois, a minha vida privada é como se estivesse trancada por sete chaves. Nove, contando com nossos filhos e dez, contando com a empresa no geral.
Ainda com a adoção em processo, Jangmi passou a ficar de tempos em tempos com outras crianças na casa, e conosco também. Bom, principalmente com Jimin, mesmo que eu desse um jeitão, até porque havia uma agenda para cumprir.
Dei graças à Deus por ter cumprido o serviço militar bem cedo. Jimin também, por sorte, ou estaríamos ferrados com essa palhaçada.
— Papai! — Jinseok veio correndo, abraçando Jimin e me ignorando completamente. Ele o pegou no colo. — Eu quero sorvetinho! Tio Jin disse que tem...
— E eu? Nada de abraços? — me senti indignado o suficiente por isso. O pilantra revirou os olhos.
— Depois dou, tô com fome... — passou a mãozinha na barriga.
— Eu também vou comer! — Jangmi veio tranquila, com uma boneca em mãos.
Hanna veio em seguida, seguindo o pai dela.
Sobre o Jeon Jinseok, ele está com a gente há mais ou menos, dois anos. Como decidimos isso? Ah, calhou de quando buscamos Jangmi para ficarmos definitivamente com ela, conhecemos esse baixinho.
Jangmi formou um carinho muito grande por ele. Como se fosse o seu irmão mais novo. Bom, depois de um tempo, ele acabou se tornando.
E eu perdi todo o meu receio de ser um bom pai de um menino. Um pai mil vezes melhor do que aquilo que sempre idealizei na minha cabeça. Acabou que Jinseok se tornou uma segunda versão de mim.
Aliás, Jin me zoou pra porra quando soube o nome da minha criança. Disse que eu o amava tanto e amava tanto os seus sermões que atraí um filho com o nome dele ao contrário.
Jimin se tornou dono da clínica veterinária onde atuava, atendendo também, assim como sempre sonhou. E eu, bom, eu me tornei um idol bem sucedido. Com shows, agendas lotadas, premiações e também tendo que separar um tempo com a minha família.
Se eu precisei me cuidar? O tempo todo. Temos seguranças, mas quando preciso sair em público, geralmente saio sozinho. Costumamos viajar pra fora e ficarmos bem distantes de câmeras ou o que quer que seja. Mesmo sendo complicado, vivemos maravilhosamente bem. E sim, os meus fãs sabem que eu sou um homem casado e com filhos. Se eles me abandonaram? Nah, confio neles cegamente.
Sobre os criminosos, não há noticias, era como se eles nunca mais existissem. E era melhor assim.
Sana me contatou do Japão no ano passado. Ela começou a namorar e estava feliz, mantemos contato por alguns dias mas depois, fomos perdendo. Nossa amizade ia e vinha.
Eu definitivamente não sou a melhor pessoa do mundo para dizer o caminho certo que cada um há de seguir ou não.
Sei que cantar e tocar é o meu "tipo de coisa", e sinceramente, se tornou o meu caminho para a vida inteira.
Hum, dinheiro também era o meu tipo de coisa. Mas nunca mais precisei me preocupar com isso.
E pra falar a verdade, eu até posso ser o tipo de todo mundo. Mas Jeon Jimin era o meu.
Dois dias depois, eu tinha uma entrevista marcada.
Em seguida, teria que ir no apartamento de Namjoon. Ele iria se mudar, para morar com Jin e Hanna. Yoongi e Taehyung também ajudariam. Jimin pegou o dia de folga para assistir filmes com as crianças, esperando que mais tarde eu chegasse.
As primeiras perguntas da entrevista foram bem tranquilas. Sobre agenda e clipe.
— Boatos de uma próxima produção, sim? — a entrevistadora riu, e eu sorri por fora, porque no fundo, estava querendo matar o Bang por ter soltado isso pro mundo. Eu ainda nem tinha terminado a música.
— Pode ser! Ainda estamos trabalhando nisso.
— Que ótimo! Estaremos ansiosos para a nova música e quem sabe, um novo álbum! — sorri, sem graça porque não havia muito o que dizer. Em compensação, a entrevista corria bem confortável.
No final, terminamos e o programa passou Standing Next To You no canal. A minha mais nova música, lançada recentemente.
Terminei o trabalho e fui direto para o apartamento de Namjoon, sentir um pouco de nostalgia.
— Nossa, achei que eu que iria arrastar todas as malas! — Taehyung disse no momento em que cheguei, mostrei a língua pra ele.
— Cadê eles? — fechei a porta atrás de mim.
— Tomando um cafézinho. Acredita que fizeram uma pausa e me deixaram terminar tudo aqui? Nossa! Só porque não sou fã de café. — usando um conjunto de moletom preto, Taehyung colocou as mãos na cintura.
— Eles são malucos? — ri. — Eu vou lá. — ouvi as vozes conhecidas vindo da cozinha.
— Jungkook! — Namjoon sorriu e se levantou, me dando um abraço.
— Eita porra, tá tão feliz assim que vai se mudar?
— Lógico, um apartamento maior e uma vida mais saudável!
— Vida sexual, ele quis dizer. — Yoongi também se levantou, zoando mesmo sério como sempre e levando as canecas aparentemente vazias para a pia.
— Eu nunca disse isso, da onde você tirou?! — e Nam hyung contestou.
— Tá aprendendo muito com o Taehyung, hein.
— Já deveria ter aprendido o suficiente estando tanto tempo juntos. — Namjoon complementou.
— Eu tenho mais controle da minha boca.
— Quem me citou aqui?! — Taehyung apareceu, eu neguei com a cabeça. Esses dois não mudam.
— Talvez quando o Tae me pedir em casamento, quem sabe eu viro mais descarado, sabe... — após lavar as canecas e secar, Yoongi colocou-as em uma caixa. Sua fala nos surpreendeu.
— Caralho, Min Yoongi, mandou o rajadão, filhão! — soltei, surpreso da mesma maneira que um Namjoon boquiaberto ao meu lado.
— Por que você joga isso assim? E-Eu... — sem graça, Taehyung perdeu a fala. Literalmente, ele não sabia o que dizer e pareceu surpreso também.
— É melhor deixar o casal se resolver. — Nam riu, comentando comigo. Assenti. — Ah, na verdade, você tem que dar uma passada no seu antigo quarto. Tem uns rascunhos de músicas nas gavetas que você acabou esquecendo quando se mudou e ficou aí até hoje. Eu nem mexi, só fui ver esses dias quando comecei a arrumar tudo.
— Mentira, é sério? — já dando um passo para trás, iria verificar aquele quarto.
— Sim, melhor pegar. Vai que se torna útil. Também tem algumas outras coisas que você deixou colado na parede.
— Beleza, tô indo!
Caminhei até o famoso quarto. Onde eu afogava todas as minhas mágoas e cantava sozinho, esperando que o meu mundo se ampliasse.
Assim que abri a porta que eu costumava bater quando discutia com o Namjoon hyung, e pisei naquele cômodo que se manteve fechado, senti um pequeno aperto. Mas não era ruim, era extremamente nostálgico.
Nem havia mais nada, levei tudo e mais um pouco. Fui direto nas gavetas e as abri, encontrando alguns papéis e canetas espalhadas.
Me sentei na cama, decidindo guardar todos pra ler depois. Encontrei a caixinha onde guardei o anel por tanto tempo, achando que o Joo tivesse me abandonado.
Irônico de se pensar.
Não fiquei por muito tempo ali, pegando o que tinha que pegar pra levar pra casa e preparado pra ajudar os meninos na mudança, e assim, indo finalmente para os meus amorzinhos.
De repente, me deparei com a parede atrás da cabeceira da cama, onde eu colava os meus pôsteres que inclusive, ficaram por lá. Eu arrumei outros, esses estavam bem velhos.
Retirei um post-it azul bebê que lembro de ter colado. Acontece que havia outros dois colados embaixo, da mesma cor.
Li primeiro a última.
Essa eu tinha lido.
"Sua voz é linda, parabéns.
Não consegui ver seu rosto direito por observar tudo de longe, mas sua voz foi o suficiente pra me deixar mais calmo.
Obrigado, estranho, por aliviar meu ataque intenso de ansiedade, hoje foi um dia difícil e eu parei aqui sem perceber.
Invista no seu sonho, você tem futuro! Quero que seja bem famoso, apesar de que eu nunca vá saber quem você é.
Ps; na verdade sou eu quem realmente espera nunca encontrar você. Acredite, eu não sou uma pessoa interessante."
Nossa, eu me lembro disso.
Acho que era do meu primeiro fã.
Quer dizer, Jimin havia me dito que foi ele na nossa viagem em Jeju.
Sinceramente, parecia que nunca seria suficiente retribuir tudo que ele já fez por mim. Mas lembrar que nos conectamos sem nem nos conhecermos e que isso o ajudou em um momento tão frágil, me aquecia.
O curioso era ele nunca ter me dito que havia escrito em mais um e colado. Há quanto tempo estava aqui?
Abaixando a post-it de cima, pude ler a que estava na frente, colada depois. Comecei a ler, atento.
Então, caí sentado na cama.
Passei para a próxima post-it e senti a minha garganta incomodar. O choro vir.
"Oi, de novo!
Que coincidência, não?
E mais uma vez, gostaria de ressaltar que a sua voz é linda mesmo. Pude ouví-la de perto.
A sua voz ainda me deixa calmo.
E eu fiquei muito feliz por ter guardado o meu bilhetinho. Sua voz melhorou o meu dia e a minha crise, assim como você vem fazendo.
Coincidentemente, te encontrei outras vezes.
Talvez seja o destino, caso acredite nisso.
Não sei quando vai ler isso, mas espero que não fique bravo por eu não ter dito nada ao ter em mente que você gostaria de saber quem era o dono do bilhete. Bom, na verdade, espero que já tenha dito quando estiver lendo isso.
Continue cantando.
Você é o meu artista, Limãozinho.
Não que eu me ache tão interessante ainda, mas você faz eu me interessar mais por mim mesmo.
Obrigado por ser você. Coincidentemente você.
Amei a música que fez pra mim.
Naquele palco, quando gesticulou "eu também" depois que eu gesticulei que estava apaixonado por você, quase surtei.
Que vergonha!
É isso! Queria escrever mais, mas isso é um papel muito pequeno!
E se eu dissesse que gostaria de dividir mais da minha vida com você?
Para o meu Limãozinho,
do seu Coradinho."
Me peguei com lágrimas nos olhos.
Faz bastante tempo.
Na minha vida, sempre havia sido o Jimin o tempo todo.
E sempre seria ele, mesmo que no início, nós lutássemos contra.
Eu estive com ele por anos.
E com esse tempo, construímos uma família.
Então, apenas repetindo:
Jeon Jimin, você se tornou a melodia das letras que eu escrevia e cantava.
A inspiração para os novos acordes da minha guitarra. Porque a música era o meu tudo, e eu nunca pensei que você pudesse virar ele também.
Então, hoje, mais uma coisa foi cravada na minha mente, assim como toda cor verde na minha vida, me lembrava dos seus olhos. Um fato:
De que eu nunca perderia você,
nem a música,
nem a nossa família,
e nem o nosso amor.
Opa! Achou que acabou?
Os carrds atualizados:
Já sabem né? Podem comentar sobre cada personagem depois de chegar até aqui! E no final, comentem sobre a história.
[Limãozinho]
[Coradinho]
[Dono do Yoongi]
[Dono do Taehyung]
[Jin pai, CEO e marido]
[Dono do sermão]
[Alegria que realmente era hetero...]
(porque nem tudo é o que parece hehe)
FIM!!!!!
Aqui, podem deixar seus comentários sobre a história:
Espero que tenham gostado! 🥹
E aqui deixo como o Jun estava vestido na festa da mansãoooo:
Eu agradeço IMENSAMENTE por acompanharem a fanfic e deixarem tanto amor nela! Ela foi muito especial pra mim, e espero que tenha sido pra vocês também. Foi dureza terminar.
E aqui deixo meu beijo e abraço, do Coradinho e do Limãozinho, e até a nossa próxima história!
💚💸
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