[19] 나쁜 ending.
#JiminCoradinho
(usem depois que ler a att lá no twitter)
Já se esqueceram do Limãozinho e do Coradinho? 😪
VOLTEI! Demorei muito, mas tenho explicações: preciso trocar de celular com urgência, mas pra trocar de iphone pra outro iphone novo é uma facada. Enfim, a bateria desse celular tá com saúde em 50% E FECHA APLICATIVO ÓDIO AINDA BEM QUE WATTPAD SALVA ONDE PAROU
Outra, o dia 05 do mês passado que eu falei pra ficarem ligados, era o lançamento de Mercúrio em livro físico KKKKKKK MAS ENFIM, ELE LANÇOU!!! E vai continuar em pré venda até dia 20 desse mês (se ela não for estendida hein). Lembrando que todos os brindes incríveis do livro só serão dados na pré venda, além do preço que tá com desconto de pré venda tbm hein! 🥺 portanto, mesmo sem ser na pré venda, vocês vão adquirir também??
Por último, o próximo capítulo já está na metade. Não vou demorar pra voltar, MAS COM UMA CONDIÇÃO: COMENTEM BASTANTE.
Amo ver as reações de vocês e NESSE CAPÍTULO EU QUERO VER MESMO porque tem coisas aí que...
De qualquer forma, já ouviram a música "7UP - Boys In Space"? É a música do capítulo. Ouçam, quebra corações mas combina com a história todinha praticamente!
💚
💸
[JIMIN]
Desde que o conheci e de tanto me avisarem, Jungkook nunca foi bom em disfarçar.
Fiquei na frente do espelho do banheiro há uns vinte minutos somente tentando raciocinar tudo e encarando meu pescoço com um chupão bem aparente de quando estávamos na banheira. Ele também não sabia ser discreto. Mas dava pra tapar com uma gola alta.
Pensei na noite passada.
Gente, que maluquice. Parecia um sonho.
Nunca pretendo esquecer.
Foi muito bom.
Confesso ter levantado da cama um pouco bambo. As minhas pernas pareciam super cansadas. E confesso... Ter me sentido doloridinho um pouquinho.
É, nem tão pouco assim...
Em compensação, quando saímos da banheira, eu tive que ser carregado pelo Jungkook. Mal consegui andar direito, e estava com sono também, sentindo-me esgotado no zero.
Havia mais um motivo pra eu estar parado por tanto tempo me olhando.
Jungkook disse que me ama.
Ele falou com tanta dificuldade.
Inimaginável.
Depois disso, só me lembro que nos beijamos por mais tempo e bebemos até que ficássemos rindo por besteira. Ele, na verdade, porque pra minha tolerância, vinho era bem tranquilo.
— Toc, toc. Posso entrar? — Jungkook bateu na porta aberta, entrando livremente. Saí dos meus pensamentos e abri um leve sorriso.
— Você já fez isso. — ele veio por trás, me abraçando.
— Tá aqui tendo pensamentos pecaminosos olhando pra banheira? — revirei os olhos, assim como virei meu corpo pra si e o apoiei naquela pia.
— Você só pensa nisso? — ele deu de ombros, com um sorrisinho de sacanagem.
Ele me deu um beijinho.
Dois.
— Quer ir na piscina? Esqueceu que somos chiques agora?
— Eu sei que eu sou, esqueceu também? — rebati. Ele levantou as sobrancelhas, surpreso.
— Uau, atrevido. Quase me esqueci que é um príncipe de castelo. — então, sua expressão mudou, tornando-se mais pensativa. — Aliás, eu queria te perguntar uma coisa que nunca perguntei antes.
— O que?
— Sei que não é um bom momento, mas...
— Não tem problema, amor. — sorri. Ele desviou o olhar por um segundo, somente pra focar em mim de novo com mais segurança.
— Seu pai não pode cortar todo seu dinheiro já que não vive mais com ele? — questionou.
Realmente, não era um momento para se falar da minha família. Muito menos do meu pai, por quem eu sofri tanto, além da humilhação que ele me deu de presente todos os dias em que estive debaixo do mesmo teto que ele.
Relevei, era só uma curiosidade.
— Eu tenho uma conta bancária no meu nome. E é verdade, eu sempre dependi do dinheiro do meu pai. — suspirei, um pouco arrependido por isso. — Provavelmente nem vou ser mais digno de herança caso ele partisse, até porque faz alguns dias desde que ele bloqueou todos os cartões que eu até pensei que estivessem no meu nome. Ele tinha acesso a todos.
— Mas na conta, não?
— Não, essa eu fui mais esperto e troquei a senha. — sorri involuntariamente. — Tem muito dinheiro, ainda consigo usar por bastante tempo. E procuro fazer alguns investimentos pra não ficar sem nada.
— Ah... — compreendeu, com a sua carinha bem bonitinha enquanto balançou a cabeça em concordância. — Mas e se você começasse a trabalhar na área que você gosta? Eu disse que posso te ajudar, não disse?
— Como assim? — franzi o cenho. — Em veterinária? — ri um pouquinho. — É um pouco improvável, eu terminei o curso faz tempo.
— Isso não significa nada, você se formou. Um diploma é tão necessário quanto qualquer outra coisa, sabia?
— Nem sempre, bobinho. — toquei seu nariz. — E eu não vou usar um diploma pra virar veterinário. Eu quero saber ser um. Quero ter competência pra isso.
— Que fofo. Tão certinho... — comentou, me fazendo cair o olhar em seus lábios. Mas sem controle, acabei mirando no vermelho em seu pescoço.
— Isso foi um chupão? Eu que dei? — lhe encarei ingênuo sobre a situação, afinal, sequer me recordava. Nem tinha feito isso de maneira tão forte como o qual ele fez em mim. Jungkook riu, descrente.
— Uma mordida, Park Jimin. — afirmou, me fazendo arregalar um tiquinho meus olhinhos.
— Mordida? Eu te mordi?
— Isso mesmo, Coradinho. Ficou tão bêbado que não lembra? Foi uma baita mordida, viu, vou te contar...
— Meu Deus, e machucou assim? Desculpa-
— Foi gostoso, relaxa. — me deu um selinho, cortando as minhas palavras. O cafajeste sorriu, passando a língua entre os lábios lindos. — Dorzinha gostosa. E eu também te deixei um presente. — encarou o que eu imaginava, o chupão que ele deu.
— Você não tem vergonha na cara? — o indivíduo negou com a cabeça.
Jungkook levou o rosto ao meu pescoço, não dizendo mais nada, deixando beijos na minha pele arrepiada pelo simples toque. Quase fechei os meus olhos quando seus braços abraçaram a minha cintura.
— Tão cheirosinho. Parece cheiro de neném. — deu mais um beijinho ali e voltou a me olhar, me apertando contra si. Sorriu. — Ah, verdade, você é o meu.
— Que panaca. — dei um soquinho leve em seu peito, rindo graciosamente com a sua provável cantadinha.
Um de seus braços me soltou, somente para que seus dedos longos tocassem meus fios, afastando uma mechinha loira do meu rosto.
— Quer aproveitar a piscina também? Logo vamos embora e não teremos mais tempo pra isso. — perguntou. Eu assenti.
— Mesmo se a gente não for, eu ainda quero voltar pra Jeju com você. — garanti. E diferente do que eu pensei, ele suspirou, desviando o olhar do meu.
— Certo. Eu vou me trocar, tá? — visivelmente mais alto do que eu, Jungkook me deixou um beijinho na testa.
Ele se afastou, e naquele exato momento, só por aquele segundinho, mesmo que nada estranho estivesse acontecendo entre a gente, eu o senti distante.
Será que era por conta da sua confissão na noite passada? Isso era tão difícil pra ele assim? Ou ele não me amava o suficiente e acabou dizendo por impulso?
Eram muitas perguntas. Mas eu me mantive confiante, porque eu verdadeiramente o amava demais pra ser pessimista.
Não sabia que poderia amar tanto alguém assim.
Taehyung era a única pessoa no mundo que sabia das minhas inseguranças com o meu corpo, e agora Jungkook também. Eu me entreguei totalmente pra ele, então, não haviam motivos pra sentir vergonha de ir em uma simples piscina. Ou tinha, porque haveriam mais pessoas lá. Talvez.
O meu problema não era exatamente pensar que os outros achariam meu corpo feio, porque nos meus melhores dias, vejo que não há nada de errado com ele. Já recebi muitos elogios do meu melhor amigo e não duvidava, sabendo o quanto ele era sincero.
A questão eram os olhares. Eu nunca gostei de chamar a atenção. Seja por ser bonito ou feio.
O entrave em si era que agora, independente do que eu queira, era impossível fazer com que as pessoas não me encarem. Ainda mais com Jungkook ao meu lado.
A pessoa mais retraída namorando a pessoa mais exposta que conheço. Como deu tão certo?
Jungkook estava cantarolando baixo enquanto nos aprontávamos. Quando saí do banheiro, vi meu namorado sem a camiseta e lembrei de tudo que fizemos na noite passada como um filme. Eu nem sabia que poderia. E olhando assim para suas costas nuas, suas tatuagens, quase mudei de ideia pra ficar aqui trancado com ele e reproduzir tudo de novo.
— Você não perde essa mania, né? — se aproximou, e eu nem tinha notado que Jungkook já estava de frente pra mim, pertinho.
— O que? Do que? — confuso, pisquei algumas vezes ao sair do meu transe. Estive focado demais em seus músculos, em seu corpo, na serpente com a meia lua que traçava o fim do abdômen.
Foi ele quem me olhou de cima a baixo agora. Sua mão veio ao meu queixo.
— Lembra de quando você andou no meu carro pela primeira vez depois da festa do Hoseok e ficou me secando quando tirei a camisa? — ele abria um sorrisinho safado de pouco em pouco. — Ainda ouço você dizendo que só tava me secando porque achou meu corpo bonito. Tsc, que feio, Coradinho...
Ele sabia como me deixar sem reação e tímido. Usava sempre isso ao seu favor, claro. Bati em seu braço e tirei sua mão de perto de mim.
— Já disse que são águas passadas! Não posso mudar meus sentimentos, oras?
— Pode, quem disse que não? — cruzou seus braços, folgado e irônico, segurando o riso. Revirei os olhos, começando a ficar impaciente.— E cadê? Você vai entrar assim? De camiseta preta? Tá calor.
— Eu vou tirar antes de entrar, é só no caso de ter muita gente, seu chato. — resmunguei, dando as costas pro engraçadinho.
E lá vamos nós.
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— Ah, que delícia. — Jungkook tinha sua cabeça pendendo pra trás, aproveitando-se da água em seu corpo todo, debaixo da piscina. Eu estava no cantinho, sentindo a água quentinha por conta do sol também. Estava bom.
Não havia mais ninguém além de nós dois. Talvez houvéssemos chegado aqui cedo demais, ou as pessoas preferiram a praia. Se eu fosse escolher, eu particularmente era mais adepto à piscinas.
A piscina era imensa, extensa, não muito funda quanto pensei que seria quando chegamos. Era como qualquer outra comum, a água em seu limite batendo abaixo do meu peito com meus dois pés no chão.
Encarei Jungkook nadar do meu lado umas duas vezes, desta vez saindo debaixo da água com os fios molhados caindo nas laterais de seu rosto úmido e ele os passando para trás. Não consegui tirar meus olhos dele vindo até mim. Olhei em suas orbes escuras em um céu tão claro acima de nós.
Era cedo e eu já estava tendo pensamentos inapropriados com este homem?
— Nada comigo, sabe nadar? — parou bem na minha frente, diferenciando nossos dez centímetros de altura.
— Sei, mas só a base da natação na escola. — ri pouquinho. Ele também. Então, sua mão se apoiou ao meu ladinho, na borda da piscina. Já comecei a ficar um pouco nervoso e eu nem sabia o por quê.
— Posso te ensinar, aprendi isso indo na piscina que o Hoseok tinha na mansão dele na época que a gente era ainda mais amigão que hoje. — contava.
— Pra quê? Não quero aprender nada agora, quero ficar com você. — disse, direto. Ainda estávamos descontraídos, por mais que seus lábios úmidos estivessem tentadores apenas os fitando.
Se controle, Jimin.
— Nossa, que namorado atencioso. — sorriu de canto, colocando os fios molhados pra trás de novo, por caírem nas laterais de seu rosto. Não faz essas coisas... — Eu só acho que devíamos aproveitar enquanto ninguém-
Me inclinei e beijei, pegando nos seus ombros sutilmente. Foi rápido, e eu sabia que provavelmente nem faríamos nada aqui a princípio e que Jungkook somente brincava sobre fazer qualquer coisa inapropriada na piscina, mas a minha vontade foi maior. Ainda mais estando completamente sozinhos.
Jungkook me fitava com seus olhos presos em mim, talvez um pouco surpreso. Mais nenhum barulho foi ouvido, nem mesmo da água se movendo por conta de nosso corpo. Estávamos encarando um ao outro, e minhas mãos pousaram em seu peitoral, paralisado. E agora?
Foi como da primeira vez, onde o dei um beijinho primeiro.
— Tem sorte de não ter ninguém por perto, Jimin. — começou a dizer, sério. — Porque eu não daria a mínima se alguém estivesse vendo.
Partindo da sua atitude, ele me agarrou pela cintura e tomou a minha boca. Instantâneo, subi deslizando os braços em volta de seus ombros e me entreguei ao beijo por desejá-lo desde que saímos do quarto.
Beijando seus lábios, mordi o inferior com o piercing, e Jungkook aproveitou-se da situação ao passar seus dedos no meu, do mamilo, superficialmente. Sua mão desceu pra debaixo d'água, até chegar no meu quadril e agarrar a minha bunda sem hesitação alguma.
Seu corpo empurrou o meu contra a borda, sentindo um leve arranhãozinho nas costas por conta do piso um pouco áspero em volta da piscina, sentindo seu desejo subir muito rápido. Completamente recíproco.
Ele chupou meu lábio, em prol de deixá-lo vermelho o suficiente, apertando minha bunda e automaticamente seu corpo contra o meu, me fazendo gemer bem baixinho colado na sua boca por culpa de nossos membros roçarem um no outro.
— Parece que com você, eu sempre quero mais... — beijou meu lábio com uns dois selinhos demorados antes de me olhar nos olhos.
— Eu também... — sentindo a luxúria me corroer, eu não desviei nenhuma vez. E passando a mão pela lateral do meu pescoço, observando aquele ato, me beijou novamente, puxando-me para si com o mesmo desejo.
É como se eu estivesse viciado nele.
E ele, em mim.
Não consegui me segurar tanto quanto deveria por nossos corpos colarem-se um ao outro, esfregando-se despretensiosamente. Eu estava me tornando entregue demais e não parecia certo pra mim fazer o que estávamos prestes a fazer, em público. Só que com Jungkook, parecia tudo tão... Bom.
Mas para a minha infelicidade, ouvi vozes e passos chegando na área de banhistas. Descolei nossas bocas que quase se tornavam uma só.
— Jungkook, tem gente vindo! — dei duas batidas em seu ombro, e ele se afastou, suspirando alto. Eu também estava no clima, mas não podia arriscar.
— Tá, e o que tem? — resmungão, ainda mantinha seus dedos apertando minha cintura.
— Não gosto que ninguém fique olhando pra mim, muito menos ficar se pegando na frente das pessoas. — falei a última parte mais baixinho, como se alguém fosse escutar se eu a dissesse em meu tom normal. Jungkook soltou uma risadinha.
— Coradinho envergonhado. Como ninguém vai adivinhar o que a gente tava fazendo se as suas bochechas já entregam tudo? Sua boca, então, parece que beijou por horas. — sorrindo graciosamente pra mim, acabei abrindo um sorriso em meus lábios também, pra rir, revirando os olhos.
O empurrei levemente, lhe fazendo se afastar de mim no susto com uma falsa ameaça de que iria chutá-lo.
Na mesma hora, um casal apareceu, e eu sorri simpático de volta quando eles nos notaram, como se nada tivesse acontecido. Jungkook começou a rir, o que me fez sentir uma leve vergonha.
Arregalei os olhos pra ele, que continuou rindo, apoiando o braço e deitando a cabeça sobre ele na borda da piscina, de costas pras pessoas, gargalhando da minha cara sem que ninguém ouvisse.
Comecei a rir também, tentando segurar e soltando quando o casal sequer ligava pra gente. Encarei Jungkook, me aproximando de sua cara de pau e rindo junto com ele.
— Quer que eu te afunde nessa piscina, seu emo panaca? — ameacei baixinho, quase que entredentes, o que lhe fez distanciar-se brevemente e colocar a mão no peito, fingindo choque.
— De namorado carinhoso pra safado, e agora, agressivo? — levantou as sobrancelhas em falsa surpresa, eu só dei-lhe um soco no ombro. E se escutassem suas falas? Ele gargalhou.
Boboquinha. Não consegui me conter também.
O que tornava tudo mais engraçado era o jeito que estávamos minutos antes e agora, a diferença gritante.
Éramos definitivamente dois extremos que quando se colidem, quase causam uma explosão.
O meu pedido no momento e durante um bom tempo, era que de entre tantas explosões boas que causamos um ao outro, as ruins nunca passassem a existir.
Eu poderia ficar rindo com ele o dia todo. Não queria que esses momentos acabassem, nem por míseros segundos. Não queria encarar a minha vida complicada em Seoul.
E se eu pudesse, também ficaria em Jeju com o meu Limãozinho pra sempre.
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[TAEHYUNG]
Yoongi era lindão pra um cacete. Cabelo úmido, camiseta preta e calça larga. Tatuagens expostas.
Marcamos mais um encontro, depois de Yoongi me dizer por curtas mensagens que gatos lhe davam traumas por culpa de Jungkook.
Dessa vez, ele estava na minha casa. Sim, eu confesso que sou uma pessoa bem direta e sem medos.
A diferença era que Yoongi parecia bem conservador, isso sim. Ele recusou vir, mas depois de não encontrarmos nenhum lugar bom e que não fosse tão clichê, ele acabou aceitando meu pedido. Era só vir e comer comigo, nada demais. Eu sou tão perigoso assim? Ele é um crente fiel porém tatuado? Não faria o menor sentido.
E nem era um encontro. Pensei em torná-lo um, mas Yoongi e eu nem estávamos nesse nível, onde era o começo de tudo. Nem sequer chegamos a começar algo. Estávamos na linha de partida.
— Curiosidade... — disse, de repente, com a sua voz suave, sugerindo dizer algo. Eu me virei, ajeitando a mesa da cozinha antes que ele viesse sentar. Estava olhando ao redor da casa. — Tem quantos cômodos aqui?
— Nove. — sorri amarelo. Ele arregalou um pouco seus olhos e inclinou levemente a cabeça pro lado.
— Caramba, quanta coisa. — levantou as sobrancelhas, surpreso.
— Ah, nem é. Contando que meus pais também moram aqui, apesar de quase nunca estarem aqui de fato. — contei, terminando e me sentando. — Vem, vamos comer.
— Você que fez? — encarou o prato ao se aproximar, com a macarronada especial lindíssima que eu sinceramente fazia de vez em nunca, mas que era extremamente boa, só dava um trabalhinho do cão.
— Fiz, tá gostoso que nem vo... — paralisei no exato momento em que o encarei já sentado, me olhando desconfiando. Fiz um bico ao invés de continuar. É, as palavras saíam da minha boca sem que eu pudesse segurá-las por contra própria.
— O que?
— Nadica. — dei de ombros, fingindo a sonsa. Peguei meu garfo e comecei a enrolar as primeiras cobrinhas do macarrão.
— Nunca vi alguém tão direto como você. — soltou um riso abafado e eu o vi negando com a cabeça devagar, também preparando-se para a primeira garfada.
Abri um sorrisinho contido olhando pra ele e ouvindo isso. Isso significava que ele gostava desse meu jeito?
Tô maluco? Ou tô mesmo pensando em agradar um macho?
Alguém como eu, se apaixonar?
Talvez eu estivesse sem todos os meus parafusos na caixola, isso sim.
— Também fiquei curioso com outra coisa, caso não te ofender ou não for confortável... — começou novamente, e eu me atentei numa boa. Não pensei em nenhum assunto no momento que fosse ser um incômodo pra mim.
— Sim? — e continuei a comer, de boca cheia.
— Não tem problema seus pais ficarem tão ausentes assim? Você não sente falta deles?
— Ah, eles sempre foram muito presentes quando eu era pequeno, sei lá. Nossa relação sempre foi boa. Principalmente com a minha mãe. — contei. — E eu sinto sim, mas eles sempre me ligam e me mandam mensagem. Finais de semana sempre nos vemos. Na verdade, sinto mais saudades do Tannie, isso sim, meu cachorrinho que eles decidiram levar dessa vez por um tempo. Odiei. — ouvi sua risada fraca.
— Tá, então, por que eles continuam morando com você? Porque é como se eles fossem só uma visita na sua casa, com todo respeito. — ainda estava curioso, educado e suave. Sorri um pouco.
— Não nos importamos com isso, nem sequer pensamos nisso. Eles tem outros lugares alugados e quando querem ficar fora sozinhos, ficam. Mas tem vezes que eles ficam um mês todinho comigo. É bem de boa, amo eles, mas por serem desapegados, acabei me tornando uma pessoa desapegada também. Com tudo.
— Entendi, talvez seja uma coisa boa. Não necessariamente os pais devem ficar grudados nos filhos a vida inteira. — balançou a cabeça em concordância.
— Só talvez. Eu não sou uma pessoa que entende muito de apego. Um mal que isso me trouxe foi a dificuldade pra relacionamentos. — e continuei a comentar sem pensar, só jogando.
— Hum...
— Você mora sozinho? — perguntei, direto.
— Moro. Mas atualmente e vez ou outra tô invadindo por vários dias a casa do Certinho e o Erradinho. — franzi o cenho.
— Quem?
— Namjoon e Jungkook. Na ordem.
— Oh. — quase engasguei, rindo. Agora sim, entendi os apelidos. Ele também abriu um sorriso sincero, dando mais uma garfada em seu prato. — Ah, não fala assim do seu melhor amigo, coitado.
— Ele é pior comigo. Reparou nessa cicatriz no meu olho? — arregalou os dois, apontando pra um deles, na cicatriz em risco que atravessava-o, vindo da sobrancelha até um pouco abaixo do olho.
— Espera, ele te arranhou?!
— Ele jogou um gato em mim! — rebateu, e eu não me segurei, abrindo a boca em surpresa por alguns segundos somente pra começar a gargalhar da situação.
Jesus, que menino terrorista! Ri alto, Yoongi também acabou soltando sua risada rouca. A qual particularmente nunca ouvi, e que me fez parar somente pra ouvir, rapidão. Acabamos trocando olhares, e ele quem pigarreou quando parou de rir, voltando a focar na comida.
Que porra do caralho, eu provavelmente estava apaixonado!
— Acho que nunca chegou a me responder. — soltei, enrolando meu garfo de novo como se não fosse nada, apesar de eu estar muito atento em sua resposta.
— O que? Você me perguntou algo? Foi mal, eu nem-
— Sobre ter interesse em alguém. — dessa vez, esperei alguns segundos e não ouvi mais nada. Levantei a cabeça, encarando seu rosto. Ele suspirou, ainda sem olhar pra mim, brincando com seu garfo.
— Taehyung... É que tipo...
— Jimin, né? — eu sabia, portanto deixei que ele me fitasse surpreso. Abri um sorrisinho de canto, tendo a confirmação só pela sua reação. — Já sabia, fica tranquilo.
— Como?
— Deu pra notar. Quando a gente ajudou o Ji no apartamento novo dele, só consegui ver você a todo dispor pra ele, fazendo quase tudo e perguntando toda hora se ele precisava de algo.
— Mas não é o que uma pessoa normal faria?
— Não olhando do jeito que você olhava pra ele. — e o calei mais uma vez. Yoongi suspirou novamente, dessa vez endireitando-se na cadeira.
— Só que eu não tô mais apaixonado pelo Jimin. Foi uma atração maluca que eu tive quando vi ele pela primeira vez. — explicou-se, sendo bem decidido. Mas tive a sensação de que Yoongi estava tentando ainda mais se explicar pra mim. — E eu tava ligado que não ia dar em nada, o Jimin já se conectou com o Jungkook desde o começo.
— Eu não ligo, sério. — fui sincero. — Jimin é o meu irmão, meu bebê e meu protegido. Eu nunca trocaria ele por nenhuma outra pessoa. E pode parecer maluquice da minha parte, mas eu ainda o escolheria em qualquer circunstância.
— Admiro o amor e carinho que vocês tem um pelo outro. Vocês são bem diferentes. — comentou. Acabei abrindo um sorriso, soltando uma risada.
— Eu fico ofendido ou me acho?
— Não, não é isso! — mexeu as mãos em frente ao corpo, preocupado em me fazer entender corretamente o que ele quis dizer. Fofo. — É que a diferença de vocês é alta, por isso funcionam tão bem e tipo, mesmo assim, eu acabei... — parou, ainda me encarando. Não desviei o olhar, pois nunca fui desses. — Meio que me interessando pelas duas personalidades.
Levantei as sobrancelhas, um pouco surpreso com a sua confissão repentina e discreta, quase oculta. Ele desviou o olhar pra terminar de comer, o que me fazia pensar:
O que ele tem de malvadão e grosseiro na aparência, não reflete em absolutamente nada na sua personalidade. Ele parecia ser bem carinhoso.
Eu gosto de caras fofos.
Agora, eu gosto.
— Mas fica de boa, Jimin ama o Jungkook e eu não pretendo me envolver nisso de jeito nenhum. O Jungkook também é muito importante na minha vida.
Continuou sobre o assunto, e eu enrolei mais macarrão, colocando na boca. Me descontraindo totalmente na conversa a partir de agora até terminarmos de comer.
E com um sentimento ardente dentro de mim. Ele estava interessado também? Era isso mesmo?
— É, de fato. Só quero que o meu bebê seja feliz, sabe? Depois de tudo que ele passou com a família horrível dele. Apesar de que o Jimin tem a fatal dúvida do Jungkook amar ele ou não. Sei lá, o que eu sei mesmo é que ele ama muito esse perfurado. — dei de ombros. — Ele já comentou sobre isso contigo? Falo do Jeon.
— Ah, sendo bem sincero, mesmo depois de tudo que ele aprontou, é foda pro Jungkook dizer que ama alguém. Ele passou muita coisa com a família também. — dizia. Disso eu não fazia ideia.
— Realmente, não posso julgar pela capa. E beleza, até perdôo que ele tenha parado de ser um pegador nato pelo que fiquei sabendo. Ainda bem que tomou juízo. — ri.
— Pois é, também cansei de ficar dando sermão pra ele por conta de mulher, acordo de grana suja e toda a teimosia dele com tudo que a gente tenta avisar. Mas convenhamos que a teimosia, o Jungkook tem até hoje. — ele riu, distraído. Dessa vez, minha mente paralisou por um tempo. Franzi o cenho.
— Acordo de grana suja? — levantei o rosto, completamente confuso. Disso, eu não sabia. Acho que Jimin não me contou a fofoca.
— É, aquela merda de acordo que isso sim, quase me fez intervir no namoro dos dois, porque tu não faz ideia do quanto era angustian...
Yoongi parou de falar imediatamente, me encarando na mesma hora. Seu rosto ficou pálido nitidamente.
E o meu provavelmente também.
Soltei o garfo na mesa.
— Como assim, um acordo?
Min fechou seus olhos instantaneamente, suspirando e negando com a cabeça. Então, ele realmente falou demais e eu o peguei na hora. Mas não era como se eu tivesse entendido completamente.
— Tae, escuta, esse assunto é um pouco-
Até que finalmente passou pela minha cabeça a pior das hipóteses. A qual jamais poderia ser a certa:
— O Jungkook fez algum tipo de acordo ou aposta com alguém e colocou o Jimin no meio? — estive pasmo. — Não, teve o Jimin como alvo principal? E que envolva dinheiro?
Mas não mais pasmo do que fiquei a partir do momento em que percebi que não tive respostas suas no mesmo instante como havia feito minutos atrás pra se explicar melhor sobre um assunto paralelo.
— Yoongi, pelo amor de Deus, porra, não me diz que... — aumentei um pouco a altura da minha voz, soltei o ar pela boca, desviando meu olhar e encostando minhas costas na cadeira.
— Desculpa. — passou a mão no cabelo. — Eu falei merda, não deveria ter deixado escapar, sério, foi burrice da minha parte. Não foi uma aposta, e saiu da minha boca sem querer que-
— Não, você fez a melhor coisa que poderia ter feito agora! — o cortei, afirmando aquilo. Me tornei desesperado. — Pois agora vai ter que me contar tudo.
— Isso não é um assunto meu, Taehyung. Eu tenho certeza que o Jungkook vai dizer-
— Esse filho da puta enganou o meu melhor amigo por qual motivo, Yoongi?! Então, aquela conversinha de vocês no banheiro naquele dia sobre ele enganar alguém era isso?
— Eu também fui contra desde o início, mas ele não me ouviu e pagou com a própria língua. Acontece que ele também se apaixonou. Ele desistiu do acordo, Taehyung!
— Meu Deus, você tem noção das mensagens e das fotos que o Jimin me manda da viagem deles, cara?! Sabe o quanto esse menino tá vivendo os dias mais felizes?!
Eu senti vontade de chorar, sendo bem sincero comigo mesmo e com a situação. Yoongi se calou, abaixando a cabeça e passando a mão no cabelo repetidamente. Também não soube o que fazer ou me dizer. Ele não tinha culpa, de fato.
— Tenho que contar pra ele. — decidi, me levantando da cadeira.
Rapidamente, Yoongi veio e segurou-me pelo pulso, me fazendo pensar outra vez.
— Você mesmo disse que ele tá feliz. — disse, tentando não desviar dos meus olhos preocupados. — Não quer ser aquele a acabar com essa felicidade, né? Logo o melhor amigo dele.
Me soltei, respirando fundo.
Eu não o contaria, não agora.
Esperaria até sua volta.
— Tenho certeza que o Jungkook vai contar, eu posso falar com ele. Não pode esperar até amanhã?
Dentro da minha garganta, parecia ter um nó. Eu sabia que descobrir por outras pessoas seria pior pro Jimin. Mas encarei Yoongi de novo, chegando na conclusão, mesmo sem saber dos detalhes:
— E o que importa quem vai contar ou não se o resultado vai dar no mesmo? No final, o cara pelo qual ele tá apaixonado pra caralho é quem, pelo jeito, vai partir o coração do meu anjinho em pedacinhos.
💸
[JIMIN]
A cafeteria era tão grande que se dividia em duas partes. Havia muita gente, não era como se estivesse lotado, mas haviam pessoas o suficiente para quase lotar todas as mesas.
— Vir aqui é tão clichê. — soltei, encarando Jungkook enquanto ele mexia em seu suco com o canudo pra lá e pra cá. Ele me olhou. Mordi um pedaço do morango que também pedi.
— É romântico?
— Tinha que ser você pra me trazer aqui. — ri. O jeito romântico de ser do Jungkook era um pouco único.
— Gostou do seu café? — me fez uma cara enjoada.
— É Cappucino. Por que não pegou um? Você gosta, boboca.
— Pensei que esse não fosse tão bom quanto o que eu faço. E esse suco é horrível. É azedo.
— Que nem você? — ri de sua face indignada desta vez, e empurrei com cuidado meu copo em sua direção. — Quer tomar do meu também?
— Opa, se não se importar... — o pegou sem reclamações. Eu só sabia sorrir largo. — Tá lindo hoje, sabia? Mais radiante.
— Isso é algum tipo de bajulação? — tive que soltar uma gargalhada. — Só por causa de um Cappucino?
— Não, é que você tá bem brilhante hoje. Vai ver é porque transou muito. — engasguei com a minha própria saliva e Jungkook tomou do canudinho normalmente. Olhei ao nosso redor, arregalando os olhos em sua direção.
— Ficou louco? — me inclinei na mesa em sua direção. — E se alguém ouvisse?
— Eu sou louco. Ainda não confirmou esse fato? — levantou as sobrancelhas, orgulhoso. Soltei o ar em descrença e revirei os olhos, voltando ao meu lugar normalmente.
— Algumas vezes dá vontade de te bater. — cruzei os braços, emburrado. Sua cara não mentia, ele segurava o riso enquanto tomava a minha bebida gelada. — E se você tomar meu café todo, eu vou te fazer comprar o mais caro pra mim.
E foi assim que nos tornamos brincalhões naquele local, brincando um com o outro e provocando na mesma medida. Era o nosso último dia inteiro juntos em Jeju, e deveríamos aproveitar ao máximo e o mais confortável possível. Mas sempre juntos. Inseparáveis.
Acho que estava me acostumando bem mal.
De repente, nossa conversa acaba. Eu fico olhando para o lado de fora do estabelecimento pelo vidro, o qual me lembrava a sorveteria de Seokjin.
— Jungkook, que tal se... — reparei em sua face aérea, com o rosto mirado para o lado. Inclinei-me um pouco para encará-lo, mas ele parecia fixado. — Jungkook?
Chamá-lo provavelmente não funcionaria, portanto, decidi virar o meu rosto e fitar a mesma coisa que ele, procurando e não demorando muito pra encontrar quando alternei meus olhares nele e em uma pessoa com uma criança.
Era um garotinho pequeno e o pai, ao que me parecia. Estavam na mesa ao lado, distante. A mãe havia acabado de retornar, sentando-se com ambos enquanto o filho tinha o sorriso de orelha a orelha, brincando na mesa com seu mini carrinho de brinquedo.
Eu sabia que Jungkook nunca teve uma boa relação com o pai, assim como eu atualmente, e que o homem mais velho foi definitivamente um monstro consigo, sendo até mesmo pior por conta de inúmeros fatores. E não eram coisas fác eis de se esquecer. Jamais. Se nem mesmo eu esquecia-me da forma como meu pai começou a me tratar depois que me assumi...
Eu só não sabia que Jungkook ainda poderia se sentir tão machucado vendo uma família feliz.
— Ei. — estalei os dedos perto do seu rosto e ele voltou pra si, me encarando finalmente.
— Sim? Desculpa, fiquei distraído. — um pouco aéreo ainda, empurrou calmamente meu copo meio vazio do Cappucino. — Aqui, pode tomar tudo agora.
Ele não parecia totalmente bem. Talvez sentisse falta do que nunca pôde ter.
Eu já tive uma família feliz. A qual eu achava ser perfeita. Mas e Jungkook? Quando foi que, ainda sendo uma criança, ele conseguiu olhar e entender que tinha uma família feliz?
Decidi não tocar no assunto. Não era bom pra nenhum de nós.
Eu só esperava que um dia, esse vazio fosse preenchido por algo maior e mais belo. Como um filho onde ele pudesse tratá-lo com carinho como nunca foi. Ao menos, eu faria a minha partezinha. Trataria-o com amor.
Nosso futuro não deve ser adivinhado como se fosse um joguinho em que você escolhe o seu próprio caminho. Não tinha certeza se estaríamos juntos por mais e mais anos.
Mas particularmente, acredito que Jungkook seria um pai maravilhoso.
💸
As malas estavam prontas. Sairíamos do hotel.
— Me sinto um pouco triste agora, eu queria ficar mais. — suspirei alto, sentado na cama e apoiando meus cotovelos nos joelhos, com as duas mãos no rosto. De pé, Jungkook mexia no celular.
— Enquanto você tomava banho, liguei pra aquele cara que me parou quando eu tava cantando. Sabe? — me encarou, eu assenti. Levantei da cama curioso, me aproximando.
— E aí? Ele te chamou pra fazer alguma coisa quando voltar pra Seoul?
— Eu vou visitar a empresa dele. Ele me convidou de novo. — vi seu sorriso preso nos lábios, tentando contê-lo.
Pois rapidamente, abri o meu, somente para lhe dar um abraço rápido e em seguida segurar o seu rosto com as minhas mãozinhas. Admirando seus olhos escurinhos e esperançosos ao levantar um pouco.
— Você é capaz de chegar onde tanto quer, Limãozinho. E eu soube desde o primeiro momento em que ouvi a sua voz. — resolvi contar: — Lembra do post-it? Que deixaram uma vez te elogiando quando terminou de se apresentar na boate.
Ele pensou um pouco. Então, seus olhos voltaram aos meus subitamente em surpresa.
— Os que eu colei na parede porque foi a primeira vez que me fizeram isso? — confirmei com a cabeça. Ele levantou as sobrancelhas. — Foi você?!
— Sim. E você me acalmou na minha crise de ansiedade. — ri um tiquinho, ainda encarando a sua expressão de surpresa. — Eu sempre vou ser grato por isso.
Sua face se suavizou, e Jungkook abriu um leve sorriso pra mim. Envolvi meus braços em volta de seu pescoço, e não precisaria fazer mais nada além de continuar admirando ele.
Jungkook me abraçou pela cintura e me deu um beijinho na testa. Em seguida, no meu nariz, voltando a me fitar com um sorrisinho amável.
— Ah, verdade. — recordou-se de algo, em alerta. — E os seus remédios? Não tô vendo você tomar, você trouxe? Esqueceu?
— E se eu te contar que não tomo faz... — pensei. — Algumas semanas? Ou dias? — Jeon se afastou, franzindo o cenho.
— Jimin, como assim? E se uma crise acabar vindo do nada e você precisar deles? Mesmo que não tenha nenhuma, você ainda tem ansiedade e pode-
— Calma, calma! — o cortei, lhe dando um selinho em seguida. — Eu tô bem, eu trouxe meu remédio e qualquer coisa, ele tá guardado.
— Mas eu não acho isso certo, amor. — sua expressão preocupadinha me fez soltar uma risadinha. — E não tem graça, seu remédio foi receitado por um médico, o que significa que é de extrema importância você tomar.
— Esse remédio me deixa carente demais, eu não gosto muito. Mas alivia muito a minha ansiedade, em compensação. — dei de ombros.
— Mas a carência, é só deixar que eu resolvo. Só vir correndo pra mim. — pegou minha cintura, engraçadinho. Me puxou pra ele novamente. — Vai dormir coladinho comigo hoje de novo?
— Não posso nem passar mais tempo na minha casa nova? — ri, ele negou com a cabeça.
— Namjoon vai pra um evento que tem a ver com o trabalho dele. Yoongi tomou a decisão de acompanhá-lo por conta de ele ainda estar em repouso. E eu nem tô a fim de ir também, quero aproveitar e ficar com você.
— De novo? Você deveria ir, poxa. E o tema é trabalho. — bati em seu braço. — Ah, verdade, agora você vai se tornar uma celebridade. — revirei os olhos.
— E você, um veterinário. — levantei as sobrancelhas.
— Da onde tirou isso? Já disse que terminei a faculdade faz tempo.
— Você vai ver, escreve o que eu tô te falando. — garantiu. Eu ri, decidindo fazer piada com a sua frase convicta.
— Não tô com papel, nem caneta. Desculpa. — debochei. Ele quem revirou os olhos desta vez. Soltei mais risos, porque estar com Jungkook era sempre divertido.
Aceitá-lo como meu namorado foi a melhor decisão que eu poderia ter tomado. E conhecê-lo foi o melhor acontecimento.
💸
[JUNGKOOK]
Eu vou fazer um jantar pro Jimin.
Como da primeira vez em que nos beijamos, mas muito melhor.
Eu nunca fui bom na cozinha, mas enquanto ainda estávamos na viagem, pedi pra que Namjoon me enviasse as melhores receitas.
Claro que ele tirou sarro de mim quando pedi pra me mandar as mais românticas, mas pouco me importei.
Waffle.
Morangos.
Muito kimbap.
Talvez vinho de novo.
Ou suco natural.
Não sei como toda essa mistura daria certo, mas eu esperava que a ordem em que eu colocasse, desse.
Na verdade, eu só peguei todo tipo de receita que o hyung me enviou. Eu nem sabia quais combinavam, não existia pessoa pior em saber sobre comida do que eu. Só queria dar o meu melhor por ele.
Também porque era hoje.
Porém, tivemos os melhores dias das nossas vidas aqui, em Jeju.
O dia mal começou, era de manhãzinha, Jimin e eu ainda sairíamos do hotel e eu somente aguardava que ele terminasse de se arrumar.
Hoje à noite eu contaria toda a verdade.
Sentado na cama, meu peito batia forte.
E quando Jimin me disse que não estava tomando seus remédios, tudo me preocupou ainda mais. Em uma dose pesada.
Comecei a olhar para o chão.
Ele ficaria muito chateado comigo?
Ao menos seria eu, quem o contaria.
Jimin iria embora?
Ele me abandonaria?
Talvez eu entendesse. Fui o maior mentiroso que eu mesmo, já pude conhecer.
— Ei, distraído! — estalou os dedos em frente ao meu rosto, me tirando de meus próprios pensamentos mais catastróficos sobre a noite de hoje, por mais que tentasse deixá-la a mais romântica possível. — Ainda tá dormindo?
Ele sorriu largo, colocando a mala de rodinhas na frente de seu corpo e me mostrando que já estava pronto.
— E a sua mochila? Pegou tudo?
Seu sorriso era o sorriso mais bonito que eu já vi em toda a minha vida. E eu definitivamente não queria desfazê-lo.
Eu não queria deixar o coração de vidro de Jimin cair no chão de um lugar tão alto.
Até porque fui eu quem o coloquei lá.
— Jungkook? Aconteceu alguma coisa? — seu rosto tornou-se sério, mas seu biquinho nos lábios rosados me quebrava todinho.
— Tô suave! — levantei com tudo, suspirando e voltando ao meu habitual. — Relaxa, só não queria ir embora também. — fiz bico.
— Podemos voltar mais vezes. — sorriu de novo. Se aproximou, pegando na minha mão e entrelaçando nossos dedos. — Vamos?
— Não esqueceu nada?
— U-uhm. — negou. — E a sua mochila?
— Tá com tudo. — virei um pouco de lado, mostrando-o que estava em minhas costas. — E até parece que tinha muita coisa. — rimos.
Foi dessa maneira que finalmente, contudo, infelizmente, saímos do quarto. Tranquei com a chave, levando-a comigo até chegarmos na recepção e particularmente na mulher que deu em cima de mim em todas as oportunidades que obteve ao me ver.
Sem graça, pegou a chave sem dizer nada, um pouco atrapalhada. Quando encarei Jimin ao meu lado, ele a fitava fixo nos olhos com uma expressão nada agradável de raiva. Me segurei pra não rir. Ela agradeceu e sentou-se novamente, nem olhando pra nossa cara.
Continuei segurando na mão do meu namorado e saímos do hotel onde permaneceriam memórias de momentos inesquecíveis. Senti o vento em meu rosto e mechas do meu cabelo voavam, o céu estava bem azul e esperávamos o primeiro táxi.
Jimin virou um tagarela com a mulher que dirigia. Ela comentava sobre os pontos turísticos de Jeju e quais deveríamos visitar nas próximas vezes. O Coradinho adorou ouvir e não parou de falar sobre os momentos que mais gostou.
Tirando o sexo, claro.
Esses estavam em segredo.
Um frio veio na minha barriga quando percebi o quanto Jimin parecia radiante ao transbordar tanta felicidade.
Chegando no aeroporto, o Coradinho tocou em um assunto que me deu arrepios e uma batida fora do normal dentro do peito enquanto esperávamos o nosso vôo e eu levava sua mala cheia de coisas.
E olha que eram mais produtos de skincare do que roupas. Durante a primeira noite, eu praticamente tomei um susto quando Park apareceu do nada com uma máscara branca na cara no meio da madrugada.
— Infelizmente vou ter que ir pra casa dos meus pais pra pegar algumas coisas que deixei lá. E também tenho que ajudar a Srta. Lee com os pertences dela. — comentou, sentando na cadeira e suspirando alto.
Fiquei sério, engolindo em seco.
— Te falei que contratei ela? E vou dar um pouco mais do que meu pai dava porque ela merece e ele dava uma mixaria. Além de que vou dar todo amor do mundo.
— Isso é muito fofo da sua parte. — estiquei o braço e alcancei o topo de sua cabeça, esfregando seus fios loiros. — Mas não é perigoso? Quer que eu vá junto?
— Eu já sei me defender do meu pai, pode ficar tranquilinho. — me garantiu. — Às oito estarei com você. E se eu atrasar um pouco, é porque eu tive que arrumar tudo em casa. Mas te mando mensagem.
Assenti, não tinha muito o que fazer.
Só torcer pra que tudo desse certo.
💸
Jimin dormiu no meu ombro durante a viagem inteira. Estava cansado. Eu também estava, mas a ansiedade no meu peito definitivamente não me permitia desligar.
Tinha mudado de ideia, antes dele adormecer em mim. Eu poderia fazê-lo jantar comigo amanhã pra que ele pudesse ficar tranquilo em casa, mas Jimin realmente queria ir me encontrar depois.
Afinal, ele veria seu pai novamente. E me disse que a única fórmula de deixá-lo sem passar por uma possível crise, seria estar comigo.
No aeroporto de Incheon, Taehyung chegou buzinando alto e fazendo todo mundo prestar atenção em nós, escandaloso, como sempre.
Eu tinha Jimin em meus braços, enquanto de pé encostado na parede e deixando o coradinho descansar em mim. Rapidamente, quando avistou o melhor amigo parando na frente da calçada onde estávamos e recebendo um susto com a buzina junto comigo, despertou de imediato e correu.
— Taehyung-ah! — fui atrás, mais lento.
— Eu te disse que ia vir te buscar, não disse, meu loiro tingido? — falou, brincalhão. Contudo, ao que me coloquei ao lado de Jimin, ele parou com os olhos em mim, decaindo a expressão grandiosamente.
— E aí, cara. — acenei, de boa. Mas pelo jeito, Taehyung tinha algum sexto sentido que lhe fazia me odiar cada vez mais, mesmo que eu pense que estávamos nos dando bem. Ele continuou sério.
— Vai precisar de carona também? — virou o rosto pra frente, com a mão no volante. Perguntava claramente de modo indiferente. Jimin me encarou, confuso.
E a sua carinha me amolecia. Eu acabei aceitando, mesmo sabendo que provavelmente Taehyung esperava que eu simplesmente negasse.
Ambos ficaram conversando nos bancos da frente sobre a nossa viagem, e eu apenas concordei com certas coisas que Jimin direcionava pra mim. Taehyung nem olhava na minha cara. Eu fiz algo de errado? Ou ele estava com tanto ciúmes assim do amigo?
Finalmente em casa, caí no sofá completamente deitado. Não poderia nem explicar o quanto a viagem havia sido incrível.
Passou tão rápido...
Meu Coradinho 🤤
| Me espera, hein!!!!!!
| Tô indo deixar minhas coisas no apartamento e depois vou pra minha antiga casa 😵💫 mas vai dar certo, vou ver e ajudar a srta. Lee, minha segunda mãe!!! Gosto muitão dela!
| Beijo, já sinto sdds 🥹
Qualquer coisa, me liga ok? |
qualquer coisinha mesmo, serião, neném |
Meu Coradinho 🤤
| 🤭🤭 Tá bom!
| Eu te amo.
A tela do meu celular caiu direto na minha cara e eu resmunguei. Logo, me ajeitei de novo e peguei meu celular ainda deitado, sem sair do lugar, lendo a mensagem de novo. Meu coração bateu forte.
Sorri.
Mesmo assim, sempre foi difícil pra mim até mesmo escrever estas palavras. Mas no fim das contas, Jimin me ensinava e me abria portas para muitas coisas.
Jimin me dizia que era eu quem fazia isso consigo. Mas mal ele notava, que desde o primeiro momento, era ele quem já estava me transformando em outra pessoa bem diferente da qual fui desde a adolescência.
Eu também te amo, Coradinho 💚 |
Desliguei a tela e larguei o celular no sofá, me levantando com tudo ao ver que ele ainda não havia visualizado. Fiquei com vergonha de ler sua resposta e senti meu rosto esquentar.
Dei um tempinho pro celular e para o Jimin se ajeitar. Levei minha mochila comigo até o meu quarto e deixei lá.
Quando cheguei no aeroporto, bem antes, havia avisado Namjoon, porque qualquer coisa eu já estaria em casa. Mas avisei sobre o Jimin também, portanto ele não se preocupou em demorar para voltar.
Por onde eu começo?
Fui ao mercado. Comprar o que faltava. Principalmente os morangos do Jimin.
Jimin não me mandou mais mensagens. Será que ele estava bem? Contando que nem chegou a visualizou.
Acho que estava sendo grudento pra caralho.
— O que eu falo primeiro? — arrumei a mesinha dobrável de centro, abrindo-a e colocando as almofadas no chão. Não eram nem cinco horas da tarde, mas eu com certeza demoraria para fazer tudo.
E estava pensando em como contar toda a verdade pra ele.
— Eu digo que me apaixonei de verdade e depois solto a bomba, ou faço ao contrário? — franzi o cenho em confusão, caminhando até a cozinha.
Não queria atrapalhar Namjoon com as minhas dúvidas enquanto ele estava provavelmente ocupado. Além de que, certas decisões, eu precisaria tomá-las totalmente sozinho.
Cedo, Yoongi me mandou uma mensagem dizendo que gostaria de conversar comigo amanhã, porque hoje estava atolado de trabalho, além do evento que quase deixou de comparecer. Era importante, a princípio.
— "Jimin, tenho uma coisa pra te contar, mas não pense que eu não ame você". Não, muito clichê. — neguei com a cabeça, abrindo a geladeira para pegar alguns ingredientes do kimbap. — Mas que porra... O que eu falo, cara? Sem ideia...
Separei os pratinhos, ainda decorando cada frase que eu deveria dizê-lo quando o deixasse à vontade, mas tentando não me distrair demais. Parei na frente da pia, apoiando as mãos na borda e soltando o ar, frustrado.
— Eu vou realmente fazer isso? Precisa ser hoje? — pensei. Talvez se eu deixasse rolar mais alguns dias...
Fechei os olhos. Respirei fundo.
Então, me decidi:
— Sim, tem que ser hoje.
💸
[JIMIN]
— Eu não tô com tanto medo quanto ficaria ao saber que tô indo ver meus pais de novo, sabia? — comentei com Taehyung na ligação, que me ligou assim que soube.
— Não, você vai ajudar a Lee, somente isso. Não vai ver aqueles intolerantes por vontade própria. — dizia.
Somente sorri, guardando a mala esvaziada que trouxe de viagem ao lado do guarda roupa grande e preto do meu novo quarto. O qual não estava completamente cheio também.
— Eu vou buscar algumas coisas minhas também. Tem roupas bem bonitinhas que me lembrei que estão lá.
— Mas isso você pode comprar! — afirmou. Caí de costas na cama, aos risos.
— Tô me sentindo bem. Queria falar isso pra você, Tete. — disse, após me analisar por longos minutos no espelho comprido em uma das portas do próprio guarda-roupa.
Coloquei meu moletom cinza e a calça jeans da Balenciaga. Eu dormiria mais um pouco pra depois enfrentar primeiro o inferno e depois o céu em um dia só. Contudo, acredito que demorei no mínimo umas duas horas somente tentando arrumar meu guarda-roupa.
— Como assim? Ji, você tem tomado seu remédio? — perguntou em pura preocupação. Ele provavelmente me mataria ao saber que não.
— Bom... — soltei uma risadinha. — Eu nem quis dizer mentalmente, quis dizer que tô me sentindo bonito.
— Lindo eu sei que você é, mas eu quero saber se tá se cuidando direitinho, se tá tomando o remédio pra sua ansiedade. E as crises? Sentiu algo esses dias? — mudou a rota do assunto. Suspirei, sentando-me na cama de casal que comprei.
— Tá tudo bem, Tae, sério. Eu não tenho mais as crises como antes e quando quase tenho, consigo me controlar melhor. — expliquei, sendo verdadeiro. — Eu ainda tomo remédio mas não com a mesma frequência que antes, lembra que o psiquiatra dizia que eu poderia ir parando aos poucos quando as mudanças fossem notáveis?
— Isso não significa que tem que parar pra sempre. — seu tom ainda era preocupado. A coisa era que Taehyung não estava sendo brincalhão comigo nenhuma vez desde que voltei de Jeju.
— Eu sei, eu sei. — pensei. Levantei, ficando apenas sentado, sério. — Tete, você... Tá bravo comigo por algo?
— O que? Com você? Não, jamais! — negou de imediato. Portanto, ouvi seu suspiro do outro lado. Minha expressão murchou um pouco, incerto. — Só não quero que se machuque.
— Ah, por causa de hoje? — abri um sorriso, um pouquinho mais aliviado. — Tete, eu sei que posso contar com você pra tudo. Então, qualquer coisa que acontecer, você vai ser o primeiro a saber. — e sussurrei, divertido: — Só não conta pro Jungkook.
— Anjinho, sobre o Jungkook-
— Ele disse que me ama. — interrompi, animado pra lhe dizer. Então, fechei meus olhos com pura vergonha e resolvi contar abertamente: — Tivemos nossa primeira vez juntos na viagem e ele se confessou pra mim.
Eu não ouvi mais nada, só o meu coração batendo forte. Abri os meus olhos, mordendo o lábio de nervoso.
— Meu Deus, tudo isso aconteceu e você me conta só agora, garoto?! — seu tom divertido finalmente voltou à tona, e eu soltei uma risada. — Você gostou? Ele fez você se sentir bem? Caralho, eu sabia que esse momento iria chegar pra você!
— Sim, o Jungkook... Esse homem é realmente incrível. Eu nem sei como dizer, também porque vou me atrasar nos horários se ficar contando tudo em detalhes. — ri, passando a mão no cabelo.
— E ele disse que te ama? — perguntou, sem muito ânimo na voz como antes.
— Finalmente sim. — olhei pros meus próprios pés e pernas inquietas. Era uma ansiedade boa. — No começo, pensei que fosse só pra eu ter uma resposta ou... Enfim, ele me respondeu hoje também dizendo que me ama por mensagem.
Lembrei de como Jungkook disse pela primeira vez, e o que estávamos fazendo de tão íntimo juntos, aproveitando o silêncio do outro lado da linha.
— Ele parecia nervoso. Procurando conforto pra falar, sabe? — continuei, detalhando sentimentos. — Mas Jungkook disse isso olhando nos meus olhos, Tae. Eu me senti seguro, entende?
Mais uma vez, estranhei a falta de suas falas. Taehyung nunca ficava calado para absolutamente nada e sempre tinha uma resposta pra tudo que as pessoas diziam. Até para as coisas mais sérias.
Abri a boca para perguntar o que havia acontecido de fato, mas nenhuma palavra foi proferida, pois meu melhor amigo quem fez isso primeiro:
— Toma cuidado, se segurar demais em alguém nunca é tão bom assim. — disse, seriamente. Consegui visualizar a sua expressão.
— Ainda não confia nele, né? — me decepcionei um tiquinho, mas não reclamava. Taehyung não tentava mais interferir tanto na nossa relação.
— Não, não é nada disso, Ji... Eu só não quero que se machuque. — contou o que não era uma novidade, de certo modo. — E quanto às suas coisas? Não vai ir buscar?
— Oh, verdade. — fiquei de pé imediatamente. Eu já estava pronto. — Nem sei onde vou colocar minhas coisas que deixei lá, acho que vou pegar alguma sacola porque tô sem mochila. Minha única bolsa ainda tá lá, sabe a da Versace?
— Meu Deus, essa eu espero que aquele velho não tenha jogado fora! — resmungou.
— Putz, nem pensei nisso, de que ele poderia ter jogado o resto das minhas coisas fora. — suspirei alto, passando a mão no cabelo e o colocando para trás. — Ai, mais uma dor de cabeça.
— Não quer mesmo que eu vá junto? Mano, se esse homem começar a falar merdinhas pra foder teu psicológico, você-
— Vou ignorar, eu prometo. Qualquer coisinha que ele quiser falar sobre mim, eu vou dar as costas, tá? Também não quero me sentir mal por conta dele. Já fiz muito isso.
— Faz um tempo desde que você não o vê. Tem certeza disso, Ji?
— Tenho. Além de que, ele só sabe falar as mesmas coisas. O que meu pai me diria de novo pra tentar me desestabilizar? — neguei com a cabeça. — Ele só sabe demonstrar a homofobia dele e o quanto ele me odeia agora por ser do jeito que eu sou.
— Tem razão, ele provavelmente tem só essas merdas pra falar. Então, ignore mesmo que doa muito, tá bom? — pediu. — Eu deixo você chorar no meu ombro qualquer coisa, porque você é bem bebê chorão.
— Mentira! — ouvi seu riso, rindo também em seguida. — Depois vou ver o Jungkook de novo. Acho que ele vai ser a minha válvula.
— Fui substituído mesmo, Park Jimin?! — demonstrou indignação na voz, soltando o ar. — Eu tentando de tudo pra deixar ele numa boa, e esse loirinho safado me fala uma coisa dessas! Que fui substituído indiretamente!
— Bobo, olha só como me chama, hein!
— E eu menti? Tu é um safado, transou muito nessa viagem e nem me contou tudo, né?!
— I-Isso é história pra se contar pessoalmente! Depois! — fiquei envergonhado, falando mais alto.
Acabamos aos altos risos. Taehyung adorava me envergonhar de propósito com suas palavras sem censura alguma.
Não poderia mentir que estar com ele ou até mesmo escutar a sua voz me deixava mais calmo. Kim Taehyung era a minha outra metade do morango. Porque morango era a minha fruta preferida.
Dei um beijinho no José Limão, meu gatinho pequenininho do qual me arrependi de ter dado a chance de Jungkook sugerir um nome. Porque apesar de serem todos ruins, infelizmente pegava fácil. E esse, ficou.
— Papai volta. E quem sabe não volta pra te levar pro seu outro papai também. Podemos dormir abraçadinhos, hm? — acariciei nosso bebêzinho, brincando com o estofadinho da própria caminha verdinha clara que comprei pra ele.
Agora, eu enfrentaria uma tempestade.
Que ela acabe logo.
Que eu esteja com Jungkook logo.
💸
[JUNGKOOK]
Levantei do sofá num pulo mais uma vez.
Já eram oito horas e eu fiquei durante uma hora todinha fazendo a mesma coisa. Sentando e levantando como louco, parecendo uma cena de comédia. Andando de um lado para o outro.
— "Jimin, eu.." não! Chamar pelo nome é pedir pra piorar tudo. — cocei a cabeça, virei meu corpo e comecei a caminhar repetidamente.
A mesa de chão estava pronta. Kimbap que eu fiz, decorei e deixei o mais fofo possível. Eu sabia que estava sendo meloso demais a partir do momento em que desenhei o formato de um coração com cada uma das rodelinhas. Fitei e me chamei de último romântico quinhentas vezes.
Pensei até em colocar velas e fazer um jantar de respeito. Mas eu não queria prolongar tanto, o dia havia sido longo para ele e ao menos queria fazê-lo se alimentar direitinho.
Pelo menos, Jimin ficaria com os olhinhos brilhantes que eu particularmente amava me deparar. Suas cores só sobressaiam-se mais. Isso se conseguisse, pois o sorriso largo fazia com que ambos virassem duas meia luas.
O vinho estava na geladeira. Decidi não fazer waffles, eu provavelmente iria queimar o apartamento inteiro com toda a minha distração e Namjoon me daria um chute na bunda daqui direto pra rua.
Haviam morangos pro meu Coradinho também. Comprei bastante. Tudo pra ele.
E por ele.
— "Amor, eu te amo muito, por isso achei melhor te contar uma coisa que venho guardando há um tempo e vem me massacrando por dentro"? — parei de andar, me questionando e endireitando o corpo com o que disse. Levantei o indicador, como se fosse uma grande ideia. De fato, foi a melhor fala que pensei até o momento em questão. — Porra, gostei!
Oito e meia.
Há quinze minutos atrás, quando chequei meu celular, Jimin sequer havia ficado online. Ficar tanto tempo assim sem aparecer poderia ser bem comum. Mas sabendo onde ele havia ido?
Peguei o meu celular.
Assim que abri as nossas mensagens, pude ver Jimin digitando, após nossas conversas carinhosas de muito antes.
Meu Coradinho 🤤
| Estou chegando, desculpa pelo atraso!
| Tudo bem ir agora?
tudo ótimo, neném 💚 |
e como foi lá? tá tudo bem??? |
E foi digitando que decidi me sentar no sofá, mais calmo. Jimin não me respondeu, saiu do chat na mesma hora em que mandou as duas mensagens que apesar de demonstrarem que ele estava bem, me preocupavam um pouco.
Comecei a remexer as pernas de breve ansiedade. Juntei as mãos acima dos joelhos e esperei até que o meu namorado chegasse.
Não sabia se estava mais nervoso em saber se aconteceu algo enquanto esteve na casa dos seus pais, ou se era por ser o "D-Day". O ruim, apesar de esperar que não e que ele me compreendesse.
Outra dúvida começou a me pairar:
Contava antes ou depois do jantar?
Mas não pude tomar uma decisão ou sequer pensar direito. A campainha tocou.
Levantei de imediato, passando as mãos nas laterais da calça de nervosismo, parecendo que era a primeira vez que encontraria meu crushzinho de escola. O que me fez rir um pouco enquanto caminhava até a porta. Que sensação nada a ver.
Abri e me deparei com literalmente o amor da minha vida, com seus fios loiros levemente bagunçados e o moletom com as mangas longas que poderiam cobrir suas mãozinhas de tão pequenas. Usava uma bolsa preta consideravelmente média, de marca.
— Oi, bebê. Tudo bem? Foi tranquilo lá? — fui mais rápido e o abracei forte, sem mais. Senti seu perfume gostoso e sorri largamente com ele em meu aperto.
Me afastei, olhando em seus olhos enquanto ainda segurava seus braços bem cobertos.
Ele assentiu com a cabeça.
E a abaixou, sério desde o momento em que o vi. Minha face mudou, preocupado.
— O que foi? Tem certeza de que não aconteceu nada? — só segui seus olhos e me soltei de si, atento, quando ele levantou seu rosto pra mim.
Jimin não disse nada, apenas continuou me encarando por meros segundos.
— Jeon... — mordeu o lábio, hesitante. Franzi o cenho, aguardando. — Foi só... — desviou o olhar, o qual não parava. Sua voz saiu trêmula, ele comprimiu os lábios rosados.
Passei meus olhos por todo seu rosto e corpo visivelmente coberto. Não havia nada demais, seu pai não tinha como ter lhe agredido fisicamente de novo.
Então, fitou em mim.
— ... Foi só por dinheiro?
De repente, era como se a minha realidade tivesse dado um pause.
Eu paralisei.
Meu coração bateu muito forte como um susto gigante e meu corpo parou de se movimentar.
— Por favor, eu... — abaixou a cabeça, fechando os olhos por um tempo, respirando fundo uma única vez. Até voltar a me encarar firme. Não, mantendo-se firme. — Quero saber se o que ouvi, é verdade.
Resolvi reagir, permanecendo intacto. Engoli em seco, falhando na respiração e continuando a olhar seu rosto sem quaisquer desvios.
Ele descobriu.
Será que quando seu pai o encontrou, ele...
É por isso que ele não me importunou mais? Estava planejando algo?
— Quem contou pra você?
Portanto, não recebi uma resposta.
Um tapa veio direto ao meu rosto.
Fazendo-o virar-se cruelmente com o impacto.
Senti as lágrimas subirem rápido aos meus olhos, ainda tentando processar. O silêncio entre nós me queimava.
E foi quando, devagar, vi que o brilho dos meus olhos, agora estava igual ao seu na minha frente. Repleto de tristeza.
Mas talvez no seu, as lágrimas fossem de clara raiva. Assim como em sua expressão explícita.
E nas suas palavras.
As quais mais me destruiram em sequência.
— Você mentiu tão bem pra mim, não foi? O quão longe você iria?
— N-Não... Não faz isso, Jimin. Não é assim, eu posso explicar tudo, tudo! — senti o desespero tomar conta de mim, um desespero do qual eu nunca presenciei. Choroso. — Eu juro que ia te contar, hoje mesmo eu-
Ele soltou o ar, desacreditado.
Minha garganta doía amargamente.
— O-Olha pra mim, acredita em mim, e-eu realmente-
— Não quero ouvir, preciso ir embora. — tentou dar as costas, mas fiz questão de segurar seu braço com as minhas duas mãos, como se clamasse. Ele nem olhava mais pra mim.
— Espera, n-não, não, não... — trêmulo, quase chorando, realmente clamei.
— Ah, já sei o que você quer. — soltou-se bruscamente, puxando seu braço e me deixando ali, assistindo-o focar em sua bolsa preta e abri-la. Ainda em choque.
Portanto, o que veio em seguida foi o que nunca imaginei passar em toda a minha vida.
Notas de dinheiro foram jogadas em bolo sobre mim, sobre o meu rosto.
— Dinheiro, né? Cinquenta mil, acertei? — questionava duramente. — Posso mandar o resto na sua conta depois.
Encarei os papéis no chão, percebendo a lágrima caindo em um deles.
— Achei que fosse melhor que isso, Jungkook. Que não fosse o que tanto me avisaram.
Não, eu não era desse jeito. Não mais.
Eu era diferente. Muito diferente agora.
Mas não consegui proferir uma sequer palavra.
Levantei a cabeça, devagar, me sentindo totalmente destruído.
Nossos olhos se encontraram, mas Jimin os desviou, virando o rosto e prestes a ir embora, apertando a alça grossa de sua bolsa com força suficiente pra notar sua palma esbranquiçada. Talvez minha voz nem saísse mesmo se eu tentasse dizer algo.
Doía muito.
Até o nosso silêncio.
E Jimin fez questão de quebrá-lo.
Assim como me quebrou por inteiro, sem nem precisar olhar para a minha face:
— Você acaba de morrer pra mim.
Ih... Pensaram que seria assim mesmo ou diferente? Ou... Que o Jimin o entendesse? O que acham que aconteceu?
Nem anotação diária vai ter.
Luto por esse relacionamento feliz. 😫
E se acalmem, pois no próximo capítulo, vocês vão saber TUDO o que aconteceu pro Jimin tomar essa decisão e reagir dessa forma, como foi a ida dele na casa dos pais e etc.
Já imaginam, né?
Espero que não tenha feito ninguém chorar. 👀 amo vocês e até o próximo capítulo, comprem meu livro ou eu não faço um físico de BAD TYPE 😪 (brincadeirinha
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