[14] 나쁜 couple.
#JiminCoradinho
Usem a tag pra dizer lá no TT o que acharam do cap e o que estão achando do andamento de tudo, hehe. 🔥
Hoje é dia de boiolar? Sim.
Hoje é dia de "UEEPA"? Sim.
Hoje é dia de sofrer? Talvez.
Compartilhem a fanfic com mais pessoas, conseguimos 150K, agora VEM 200K PRA EU SOLTAR O PRÓXIMO!!! 🤧💚
E claro, comentem, eu amo ler TUDO. Até os xingamentos. 😎✋🏻 qualquer erro, perdão.
💚
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• LEMBRANÇAS •
[JUNGKOOK/JUN]
Ensino Fundamental.
— Esse é o seu presente. — me deu a caixinha azul marinho em minha mão na hora que saímos da escola, longe das pessoas, apenas esperando o ônibus escolar chegar para nos levar em segurança pra casa. — Tenho um pra mim também. Olha, é um anel de prata de verdade! — levantou sua própria mão pequenininha, mostrando o seu no dedinho anelar, com um orgulho inocente.
— Joo... — surpreso, abri. — Que lindo!
— Isso significa que nunca estaremos separados. — sorriu, amável. — E porque você merece, Jun.
— Não é verdade... — fiz um bico, encarando seu rosto tímido agora. — Eu não sou um amigo tão bom assim.
— Que absurdo, poxa. É claro que é! — bateu o pé.
Eu fitei o anel de novo, pegando em mãos e guardando a caixinha rapidinho no bolso da calça larguinha por conta da minha constante perda de peso.
Joo era tão amável comigo.
A única pessoa, na verdade.
— Entendido! Eu aceito, então, sem reclamar! — coloquei em meu dedo como ele também fez e ajeitei a postura como um soldado às ordens. Meu coração batia rápido, talvez porque aquilo havia sido bem inesperado. Joo riu. — Prometo nunca perder ou jogar ele fora!
— Eu também! — disse, me imitando, convicto de suas palavras enquanto sorria largamente. Quando desfez a pose, nós dois acabamos rindo juntos. — Dei muito duro pra comprar, juro.
— Foi caro? — me preocupei, suavizando a expressão. Ele riu e negou com a cabeça.
— Que nada, uma amiga minha me ajudou.
— Uma amiga? — estranhei, não sabia que Joo tinha outras amizades. Encarei meu anel, era lindo. Só eu tinha um igual ao dele, né?
— Ela trabalha lá em casa. — explicou. Oh, talvez fosse uma empregada doméstica. Era um emprego muito comum para pessoas ricas pelo pouco que eu sabia.
— Uau, seus pais tem dinheiro até pra pagar uma moça pra limpar toda a casa? — fiquei boquiaberto, literalmente uma criança curiosa. Ele riu de novo, divertindo-se.
— Sim, mas ela cuida de mim também assim como a mamãe. Não muito, mas me ajuda nas tarefas da escola, por exemplo. — explicou, tranquilo. — Ah, e ela me chama de patinho!
— Patinho?
— A minha boca. — ele fez um bico de propósito e apontou. Fofo. Quando entendi, gargalhei com ele. — É grandezinha. Eu gosto.
Continuamos a conversar, marcando de poder passearmos juntos pra tomar sorvete, nem que nós dois fugíssemos escondidos da escola no meio das aulas. E também, eu continuava admirando e paparicando o meu anel hora ou outra.
Foi repentino, apesar de Joo ter me avisado, ainda no ônibus de ida que gostaria de me dar um presente hoje, como um selo de melhores amigos pra sempre.
Fiquei ansioso e com razão.
Me sentia muito grato.
Ele era incrível.
E não sei ele, mas eu nunca mais largaria esse anel. E se virássemos dois adultos chatos, também não o jogaria fora, mesmo que comprássemos outro melhor.
Afinal, eu sempre estaria conectado com Joo de alguma forma.
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[JIMIN]
Eu tive uma sensação estranha com aquela mensagem. Por motivos desconhecidos.
Até que vi Jungkook sair da farmácia e automaticamente saí do aplicativo de mensagens, ao mesmo tempo em que coloquei o aparelho de volta em cima de seu banco.
Quando ele abriu a porta, a primeira coisa que fez foi tirar o celular dali e sentar-se, o colocando no suporte do carro.
— Prontinho. — disse, levantando a sacolinha pequena com a pomada dentro. Eu a peguei, impedindo que ele levasse sua mão ao veículo e trazendo ela pra mim de forma ágil. — Você vai passar agora?
— Sim. — peguei em sua mão tatuada, vendo suas juntas um pouco machucadas com a força que usou. Mas não estava tão feinho assim.
Peguei a pomada na sacola e deixei sua mãozinha na minha coxa enquanto eu abria o objeto. Mas senti ele subir milimetricamente na minha perna, e logo dei um pequeno sobressalto que lhe causou uma risada.
— Nem nos seus sonhos! — peguei em seu pulso, afastando a mão boba de mim.
— Eu nem cheguei a fazer nada, neném. — muito engraçadinho pro meu gosto. Revirei os olhos e peguei nela novamente, agora focado em cuidar dele.
— Não adianta me chamar desse jeito, nem vem. — disse, colocando um tiquinho da pomadinha no meu dedo e passando na onde estava machucadinho.
— Só dei uma brincada com você. — riu. — E você fica corado com pouca coisa, né?
— Eu tô?! — olhei pra ele na hora, surpreso comigo mesmo. Tudo bem, não posso negar que senti arrepios quando sua mão subiu na minha coxa completamente coberta pela calça, mas eu não deveria ser tão explícito dessa forma nas minhas reações.
Ele riu como bobo, confirmando com a cabeça. Suspirei ao revirar meus olhos, ignorando e tentando focar somente nos seus leves machucados que poderiam se tornar piores caso eu não cuidasse direitinho.
— Sei que não deveria, mas... — comecei, um pouco incerto. — Seu celular ficou acendendo por conta de algumas mensagens e eu fiquei curioso...
— Espera, e você pegou no meu celular? O que era? — ficou um tanto surpreso e eu nem sabia o motivo.
— Calma, eu não li nada demais, só... Era um número desconhecido, alguém que dizia que sentiu a sua falta. — comentei, ele pareceu mais tranquilo no banco.
— Ah, deve ter sido alguma garota. — deu de ombros.
Não acho que tenha sido, porque a mensagem foi um pouco específica, eu não tinha certeza...
— E você se orgulha disso? — perguntei, sentindo um pequeno incômodo com sua fala, mesmo que soasse sem importância.
— São elas que correm atrás de mim, não posso fazer nada. E eu sou bem disputado, cuidado. — me alfinetou com a frase, relaxado no banco do motorista. Eu encostei em seu machucado com a pomada com um pouquinho de força e ele resmungou. — Ai, porra, isso arde!
Me forcei a segurar minha risada enquanto ele me encarava com incredulidade após o feito proposital.
— Você fez de propósito, não foi? — eu continuei sem dizer nada, fazendo "a sonsa".
— Terminei, vai sarar rapidinho. — falei e vi ele sorrindo pra mim com pura cara de quem iria aprontar.
Jungkook logo afastou sua mão da minha, a colocando no meu banco ao lado da minha cabeça e aproximando seu rosto do meu repentinamente. Me assustei, sentindo meu coração acelerar no mesmo instante.
— Eu tenho certeza que vai, confio nos seus cuidados... — tentou me intimidar com o jeito que me olhava. E funcionava. — Jimin...
Continuei olhando pra ele, engolindo em seco por não saber o que fazer. Eu provavelmente parecia sempre um garotinho assustado, principalmente por nunca saber nada, muito menos ter tido uma única experiência como as que Jungkook provavelmente teve, já que era o rei do flerte.
— Sabe que eu não vou deixar mais ninguém machucar você, não é? — dizia, pertinho de mim. Eu confiava no Jungkook, porém, hoje foi um pouco tenso...
— Eu não quero que você se machuque.
— Nem doeu. — sorriu e deu de ombros. — E se for no seu lugar, por mim tanto faz.
— Jungkook, poderíamos simplesmente ter saído correndo dali, não precisava fazer isso com a sua mão e-
— Isso não foi nada, Jimin. — negou, despreocupado enquanto ainda me encarava nos olhos.
Só conseguia reparar no quanto ele é lindo.
— Até se fizessem isso comigo. — fingiu ser esfaqueado no peito, socando-o, fazendo uma expressão dramática no rosto que me rendeu uma risada. — Não ia deixar nem que uma faca atingisse você. Eu sou quase um homem de ferro, acredite, pode deixar que eu levaria todas. — bati em seu peito, soltando mais um riso com a sua graça. Apesar de ser engraçado, tive um pressentimento ruim.
— Para de brincar com coisa séria, Jungkook! Você pode atrair o que diz, sabia?! — falei, ele riu, ainda me fitando firmemente. Deu de ombros.
Aquele momento era bom, até mesmo a famosa troca de olhares que me deixava envergonhado com o minuto de silêncio ficou boa. Parecia tão íntimo.
— Já disse que seus olhos são lindos hoje? Seu sorriso, seu cabelo...
— Para. — falei, sentindo-me com mais vergonha. Contudo, nem por isso deixei de citar: — Amo essas suas mechinhas verdes. Já disse isso também?
Até que o silêncio veio novamente. Meus olhos miraram dos seus olhos até sua boca rosada, e no seu piercing também. Senti sua respiração contra a minha. E se eu...
— Sabe... Uma vez você me disse que era heterossexual. — aquilo cortou todo o clima, tanto que assim que ouvi, lhe encarei desacreditado e me endireitei no meu banco, virado pra frente. Ele até gargalhou. — É sério, eu lembro!
— Águas passadas. — revirei os olhos. — Vai, vamos embora daqui.
— Bobinho. — continuou a me ter como piada, enquanto negava com a cabeça. Jeon voltou ao seu banco direitamente também, pegando no volante para seguir em frente.
Mas tomei um baita susto quando ouvi batidinhas do outro lado da janela onde estava Jungkook, arregalando meus olhos e com medo de ser algum tipo de assalto.
Parecia uma mulher.
Jungkook demorou alguns segundos encarando a pessoa através do vidro fechado, talvez tentando saber quem é. Segundos depois, quando decidiu descer a janela do carro, quase me desesperei de medo, mas realmente era apenas uma garota de cabelos compridos.
Extremamente linda.
Ela usava um vestidinho rosê colado ao corpo, cheio de glitter. Estava realmente muito bonita e parecia ter saído de algum tipo de festa.
— Jennie? — ele questionou, sem certezas.
Oh, ele a conhecia?
— Jungkook, puta merda! — xingou, totalmente surpresa. — Não acredito que encontrei você assim!
— Como sabia que era eu?
— Reconheço seu carro e seu vidro não é nada preto né, meu amor. — riu, debochada. — Qual é, faz tanto tempo que não te vejo. Sério, que coincidência, fui numa festa hoje e me lembrei de você, ela era muito tua cara. Tocaram umas quinhentas músicas que você escutava antes.
— Sério? E de quem era a festinha? — super interessado, perguntou.
— Você não conhece, foi de uma amiga minha. — sorria de orelha à orelha. Me senti excluído nesse meio tempo, alheio. — E como anda? Bem?
— Com as pernas. — sorriu também, brincalhão. Ela riu, negando com a cabeça.
Eu só revirei os olhos, aquilo seria engraçado se ele não estivesse num super papo com uma garota super bonita.
Mas por que eu me incomodaria com isso?
— E aí, é um amigo do Jungkook? — quando percebi, ela perguntava diretamente pra mim. Jungkook também me encarou.
— Sim.
Tentei sorrir, mas não foi muito verdadeiro da minha parte. Quando ela assentiu e voltou a olhar pro Jeon, eu virei meu rosto pra frente e cruzei os braços. Isso iria demorar? Fala sério.
— Bom, eu tenho que ir, vou encontrar a Lisa, tenho outra festança! — dizia. Que vida agitada.
— Caralho, você definitivamente continua popular. — disse, divertido. Ela deu risada.
Minha cara estava tão fechada que eu esperava que ninguém notasse. Não sou nada bom em disfarçar.
— Que nada, talvez eu seja só agora, porque hoje em dia eu vou mais em festas do que na época que a gente namorou! — falou, achando aquilo super engraçado, o que me deu um despertar no automático com a informação de graça.
Eles já namoraram?
Enquanto Jungkook continuou a conversa, devagar observei a tal da garota Jennie de novo, reparando mais na sua beleza. Seus cabelos escorridos, o pouco de seu corpo agachado aparecendo na janela para falar com o Jeon também era como de uma modelo. Os olhos maquiados sutilmente, a boca pequena e seu sorrisinho fofo. Até sua voz era dócil.
Eu reparei em tudo aquilo pra ter a certeza de que Jungkook tinha padrões muito altos.
Jennie é linda.
Perto dela, o que eu sou?
E ela provavelmente estava interessada nele novamente, o que me deixava totalmente pra trás. Nunca, em qualquer circunstância, alguém negaria uma mulher como ela, pra ficar com um idiota como eu. Ainda mais um cara mais acostumado com mulheres desse tipo.
Assim, ela acenou um "tchau" rapidamente pra nós dois e saiu andando, mostrando suas pernas lindíssimas.
Eu me considerava uma pessoa magra, mas uma coisa que eu não gostava definitivamente eram as minhas coxas e o meu quadril. Não era um exagero, eu emagreci muito depois da minha infância odiando meu peso e minha barriga era digna pra fingir que fiz academia, mas eu daria tudo pra ser fininho assim. Já me bastava ter nascido com os olhos diferentes...
Fiquei olhando por tanto tempo minhas próprias mãos paradas nas pernas que nem notei que o carro já estava andando.
— Tudo bem pra você? — perguntou. Eu saí do meu transe e encarei Jungkook ao meu lado.
— O que?
— Eu disse que vamos pra minha casa. — repetiu, e eu nem havia escutado da primeira vez. — Aconteceu alguma coisa?
— Ah, nada. — encarei o céu escuro através da minha janelinha.
Então, o carro simplesmente parou ao lado de uma calçada próxima, sem mais. Franzi o cenho e rapidamente encarei Jungkook.
— Mas-
— Fala. — ele largou o volante, olhando fixamente pra mim. — Fala o que aconteceu, Jimin.
— Eu disse que não é nada, por que você quer sempre arrancar as coisas assim de mim? — me exaltei, encarando seu rosto com irritabilidade.
— E por que você tem que ficar guardando se é uma coisa que obviamente te incomoda? Aliás, parecendo ainda por cima que é sobre mim? — rebateu. Era verdade, mas de qualquer forma, quem decide contar ou não seria eu.
E realmente era irrelevante.
— É bobagem, Jungkook. — virei pra janela de novo, não vendo ninguém naquela calçada. Deixei pra lá.
— Ficamos num clima muito bom. Mas de repente, você fica emburrado. — estava lhe ouvindo, ele soava calmo. — Jimin, se eu fiz algo que te incomodei, você pode-
— Não quero falar sobre isso. — interrompi.
— É algo com a Jennie? — acertou na mosca, me fazendo virar o rosto de imediato pra si. Foi totalmente impulsivo. Ele descansou as costas no banco, suspirando. — Ah, deveria imaginar.
— É tão visível assim?
— Não, mas foi o único motivo que eu encontrei. — respondeu. — Ela é minha amiga, Jimin. Ou colega, que seja. — começou a explicar. Eu queria dizer que não precisava justificar nada. — Nunca mais nos falamos, e nem iremos, só nos cumprimentamos como hoje.
— Entendi... — balancei a cabeça em concordância, olhando pra baixo e brincando com meus próprios dedinhos. Jungkook deve me achar patético. — Não precisav-
— E sim, nós já namoramos. — afirmou. Isso me fez parar qualquer movimento que eu fazia. — Ela foi a minha primeira e acho que única namorada de verdade.
O quão pior isso poderia ficar após eu ter sido notificado sobre isso?
Aquela garota foi provavelmente o seu primeiro amor...
— Ela é linda. — soltei, baixinho. — Muito mesmo.
Silêncio.
Por que ele não diz nada?
Decidi encarar seu rosto, e seus olhos miravam em mim sem sair do foco. Não compreendi.
— Você não vai falar mais nada?
— Quer que eu a elogie também? — retrucou, mais sério. — Porque parece que sim. Jimin, isso é passado, ela é passado, não tem importância se a Jennie é bonita ou feia, ela-
— É fácil tentar ajudar com essas palavras quando você não entende o que eu sinto. — o interrompi. Desviei o olhar novamente e fiquei quietinho por alguns segundos.
— Jimin, olha pra mim. — eu odiava quando ele dizia isso, porque eu obedeceria. Não precisou nem repetir, apenas o encarei nos olhos. — Por que ficou incomodado? É porque soube que nós dois namoramos antigamente?
— Como se eu tivesse o direito, né? Eu e você não temos nada. — falei a verdade. — Acontece que eu sou inseguro, esse é o problema.
— Ah, então era isso? — suspirou alto. — Não acho nada certo você se invalidar desse jeito. Sério, você não tá ligado na própria beleza, nem deve se olhar direito no espelho.
— Verdade, eu não me olho. — rebati com a afirmação. Já me sinto mal o suficiente comigo mesmo agora. — Mas você realmente não deve entender nada sobre baixa autoestima, já que sempre foi cobiçado e tem a aparência perfeita.
— Sempre? — repetiu. — Jimin, baixa autoestima não se resume só em beleza. E mesmo se fosse, sabe o quanto eu já fui zoado por diversas coisas na minha aparência?
Dei de ombros, fazendo um bico com os lábios quando abaixei o olhar. Tanto faz.
— E você é lindo. Para de ser birrento.
— Não sei se acredito, se essa Jennie ficasse em cima de você, aposto que nem seria maluco de negar.
— O que? — eu o encarei, ele franziu o cenho. — Eu não me interesso por ela, nem soube de muita coisa dela depois que terminamos e cada um foi pro seu caminho, Jimin.
— Mas parece que ela não se esqueceu de você.
— E isso importa? — batia na mesma tecla, agindo como se não ligasse. Na verdade, Jungkook era mesmo uma pessoa bem despreocupada em relações. — Ah, além do mais, ela citou uma garota chamada Lisa e não sei se você ouviu o restante da nossa conversa, mas ela disse que era a sua namorada.
— Oh, namorada? — o encarei curioso. Jungkook assentiu. — Ah...
— Olha... — soltou o ar, calmo. Talvez eu estivesse lhe irritando também. — Tudo bem, eu sei que não pareço uma pessoa muito confiável, mas dessa vez, pode pelo menos confiar em mim? — soava convicto naquilo, pedindo de maneira genuína. — Posso ter fama de cafajeste ou o que for, mas se eu tô com alguém, não importa se for namorando ou ficando, tendo uns rolos, o que seja. Quando não quero mais nada, simplesmente falo com a pessoa. Nunca a trairia. E nesse caso, já deixei claro meu interesse por você. Não ignoraria tudo que a gente passou assim.
Eu não sabia o que pensar exatamente. Jungkook nem precisou me esperar pra respondê-lo sobre o assunto, fez questão de dar continuidade ou um fim para as suas palavras. Agora, ele pareceu ficar meio desconfortável, desviando olhares.
— Meu pai traía a minha mãe, e eu sabia de tudo. — meus lábios se abriram, também porque estive prestes a falar, mas Jeon continuava com mais: — Pensava todos os dias em contar pra ela, mas se eu fizesse isso, meu pai viria me bater. — suspirou, não olhando pra mim. — Aconteceu uma vez. Fiquei uma hora e meia trancado no meu quarto tentando convencê-lo a parar de ser ruim comigo só na conversa. — então, ele soltou uma risada fraca, nada feliz. — Imagine uma criança tentando conversar com um adulto ou sequer convencer ele.
— Desculpa... — pedi, arrependido. — Não queria que chegasse nesse ponto de contar as coisas que te machucam.
— Sem problemas, eu contaria pra você de qualquer jeito. — negou com a cabeça, sincero.
— É que eu sou uma pessoa ansiosa, você sabe. — suspirei. — Tenho medo de muita coisa, me desculpa de verdade. Fui muito desnecessário...
— Gosto de você, Jimin. — encarei seu rosto. Ouvir isso fez meu coração acelerar. — Isso é tudo que precisa ter em mente.
— Por que? — perguntei, curioso. — Por que você gosta de mim?
— Porque você é você. — deu de ombros, voltando a colocar sua mão no volante para dirigir novamente. — É clichê dizer isso, eu sei. Mas gosto do seu jeitinho adorável e teimoso, me deixa confortável e me permite ser quem eu sou. Claro que isso não invalida o quanto você é bonito também. Te acho interessante desde a primeira vez que te vi, só não sabia disso ainda.
Acabei deixando um sorriso escapar, vendo o carro começando a se mover de novo. Eu acreditava nessas palavras, e por mais que eu fosse uma pessoa muito insegura, Jungkook me transmitia certa segurança.
Jennie é mesmo linda, mas é a sua ex. Sem contar as várias outras meninas que dão em cima dele. Pode ser que até homens também tentassem.
Mas eu sou a pessoa que ele gosta.
— Posso perguntar o motivo de vocês terminarem? Prometo não me incomodar de novo. Só se quiser me contar... — curioso como sou, me senti um tantinho invasivo, mas deixei avisado caso ele não quisesse me dizer.
— Eu e a Jennie? — questionou, olhando para o caminho. — Ah, é complicado, o erro foi meio meu. Ela queria mais de mim.
— Mais?
— Eu nunca dizia que a amava. E também, nada me prendia naquele relacionamento.
— Oh, você não amava ela?
— Não é que eu não a amava, o amor é algo muito confuso pra mim. Tipo, eu amo os meus amigos, mas não entendo nada disso no sentido romântico. — explicava com naturalidade. — Meu pai não amava a minha mãe, e eu cresci em um lugar onde esse sentimento era falso. Até porque, acabei me tornando uma criança que aprendeu que o amor em si não era seguro, já que as pessoas que diziam me amar, me maltratavam tanto mentalmente quanto fisicamente.
— Então isso não foi amor, Jungkook... — me senti triste com as suas revelações. Saber sobre o seu passado apertava o meu coraçãozinho demais. — Amar é cuidar.
— Eu não sei o que é isso, Jimin. — riu fraco, porém aquilo me preocupava. E era pior ainda saber que ele não teve preocupações com esse fato nesse tempo todo. — Na verdade, até sei, os meninos cuidam de mim e eu também tenho você. — olhou pra mim brevemente, me dando um pequeno sorriso.
— Você cuida de mim, Jungkook.
— Porque você me ensinou. — rebateu, sorrindo enquanto dirigia.
Às vezes, Jungkook me mostrava esse seu lado diferente do que eu costumava ver. Do que as pessoas costumavam. Em certos momentos, ele só parecia querer resgatar sua essência, ou até descobri-la, da mesma forma que queria aprender muitas coisas.
Coisas simples.
Como se apaixonar.
E amar.
— Pode me levar pra casa, tá bom? — endireitei melhor minha postura no banco e decidi, mudando de assunto e de clima também. Não quis deixá-lo triste ou pensativo, muito menos sabendo que era a minha culpa ter começado toda a neura. — Acho que meus pais já dormiram, eles realmente dormem cedo.
— Não quer dormir comigo? — me olhou com um bico nos lábios, triste. Eu nem soube o que dizer, abrindo os lábios pra proferir algo, mas vendo Jungkook sorrir logo em seguida. — Tô brincando, eu te levo pra casa, sim. — fiquei aliviado de repente. — Viu? Eu ia te convencer fácil.
— Engraçadão. — revirei os olhos, soltando uma risada também.
E nem demorou pra que chegássemos na porta da minha casa. O que me deixou confuso naquele momento foi avistar uma mulher com uma vassoura em mãos limpando ao redor do quintal grande ao redor da casa. Franzi o cenho.
— Meu Deus, ela voltou?! — arregalei meus olhos em esperança.
— Quem? — Jungkook questionou, e pareceu fazer um movimento para ver quem era assim como eu. — Essa é a sua empregada?
— Sim! Quer dizer, eu não só a considero assim, apesar de ser o trabalho dela. — corrigi. — Ah, agora tô feliz! — sorri mais largo. A mulher que trabalhava em casa me tratava sempre bem e me protegia desde pequeno, sem contar que seu jeito era fofo. Ela tinha uns quarenta e poucos anos, como havia me dito antes de tirar férias. Mas estava sempre bonita.
— Parece que você gosta mesmo dela. — soltou, e eu apenas concordei com a cabeça, ainda a observando. — Fico tranquilo que tenha alguém pra te apoiar ali agora. Qualquer coisa, você sabe que pode me ligar, belê?
Ela parecia cansada, eu com certeza iria ajudá-la, afinal quanto tempo ela deve estar fazendo isso porque meu pai mandou? Já era muito tarde...
Agora, assenti com a cabeça de novo, dessa vez voltando a encarar o rosto de Jungkook. Sabia que sim, eu sempre correria pra ele quando precisasse. E quando quisesse, porque tinha em mente que Jungkook estaria ali pra mim como eu estaria pra ele.
— E na próxima vez, vou escolher um dia em que o Woosung não esteja na boate. — eu ri de imediato, sem ter tempo de segurar.
— Jungkook, por que todo esse dramalhão?! — aquilo era muito engraçado, e o pior era a sua cara toda séria ao que sempre tocava no assunto.
— Ele tá interessado em você, pô! Não posso ficar incomodado?
— Ora, mas você tem que confessar que o Woosung é estiloso e legal, sim! Além de ser super gentil. — soltei propositalmente, não falando nenhuma mentira, porém lhe provocando. Jungkook mirou fixo seus olhos em mim por alguns segundos. Me segurei pra não rir alto.
— Você quer brincar comigo desse jeito? É isso mesmo? — a pergunta saiu séria, enquanto seu corpo levemente se virava pra mim. Coloquei a mão na frente da boca pra não rir de sua expressão abismada.
— Desculpa, não pude evitar. — sorri, e então levei minha mão ao seu rosto para lhe fazer um carinho rápido. E fiz, em sua bochecha. — É você que faz meu coraçãozinho acelerar. Fica tranquilinho, meu Limãozinho. — tomei toda a minha coragem, e vi a face do Jeon se suavizar com meu toque também.
Retirei minha pequena mão de sua pele, saindo do transe que era trocar aqueles profundos olhares com ele, e me preparando pra sair do carro para voltar à minha turbulenta casa.
Porém, apesar de tanta confusão o dia inteiro, eu ainda assim me sentia satisfeito por estar esse tempo todo com o Jeon. Principalmente por eu poder fazer as coisas que queria, sem ficar preso, me sentindo vivo.
— Eu vou indo, tá bom? — tirei meu cinto de segurança. — Ah, e aliás, quando chegar em casa me manda uma-
Parei de falar imediatamente porque fui interrompido, senti os dedos de Jungkook agarrarem sem muito cuidado o meu queixo e consequentemente levantando meu rosto ao seu, que se aproximou de maneira ágil.
Seus lábios quentes vieram aos meus, e com isso iniciava-se mais um beijo nosso. Senti frio na barriga, porque sempre parecia a primeira vez que o beijava e meu coração quase saiu pela boca com o repentino.
Jeon chupou meu lábio inferior sem cuidado nenhum também, mordendo no final e me deixando completamente arrepiado. Somente pousei minha mão na lateral de seu pescoço e continuei lhe retribuindo o beijo ao trazê-lo mais pra mim, agarrando alguns de seus fios.
Senti seus dedos agora na minha coxa, desta vez deixando um aperto e me desestabilizando inteiro, fazendo com que eu até parasse de beijá-lo e brevemente fechasse os meus olhos.
— Jungoo, eu tenho que ir... — disse, baixinho e quase sem conseguir. Afastei nossos rostos e olhei em seus olhos ameaçadores demais pra negar qualquer coisa, os quais também pareciam me devorar. Ele mordeu o lábio inferior.
Eu parecia uma presa muito tentadora.
E eu gostava disso.
Jeon me beijou de novo sem pensar duas vezes, embolando sua língua com a minha e me deixando aproveitar o momento, ainda sentindo seu toque na minha perna, como se deslizasse sua mão entre as minhas coxas, e eu sequer sabia qual era a sua real intenção naquele momento.
Mas Jungkook me deixava imerso, ele estava tão lindo naquela roupa, seu cheiro, seu cabelo chamativo, tudo nele me deixava um pouquinho fraco, confesso.
— Eu não posso... — soltei, assim que senti seus lábios descerem no meu maxilar. Ele parou de repentino, voltando a me encarar nos olhos.
— Pensando bem, é melhor que vá mesmo, porque puta merda... — concordou comigo, respirando fundo. Não compreendi aquelas palavras de primeira. — Ficar aqui com você nesse espaço tão apertado deixa a minha imaginação muito fértil.
Nem consegui proferir nenhuma palavra, entendendo e me surpreendendo com isso. Lambi meus próprios lábios e desviei meu olhar do seu, assentindo com a cabeça e preparado pra sair desnorteado.
— Até outro dia. — tentei não olhar em seus olhos diretamente, e vi Jungkook voltar direitamente ao seu banco do motorista. Ele suspirou. Nossa, eu o deixei assim?
— Eu mando uma mensagem quando chegar. — disse, também preparando-se pra sair.
Céus, era uma disputa de quem deixava o outro mais louco.
Reencontrar a Srta. Lee finalizou por completo a minha noite. Ela ficou feliz, e no automático eu também. A ajudei com a limpeza ao lado de fora da casa, mesmo que ela insistisse pra que não. Mas ao menos uma vez, eu queria me sentir útil.
Ela me perguntou como eu estava e se eu estava saindo mais de casa depois dos meses que ficou longe, e eu apenas a contei um pouco sobre as coisas que aconteceram. Saí mais, fiz novas amizades e consequentemente também me apaixonei.
Srta. Lee ainda não sabia sobre a minha orientação sexual. Ela já não estava aqui quando me assumi. Mas... Eu a contaria em breve.
💸
[JUNGKOOK]
Meu dia seguinte começou uma bosta.
Só ficou bom porque Jimin me mandou mensagem no fim da tarde.
Coradinho 🤤
| Olha essa música, lembrei de vc
| Bad Guy - Billie Eilish.
| Já ouviu?
Lógico, sou eu |
😎😎😎 |
Coradinho 🤤
| que bobão. 🙄
Fofinho.
Mas voltando ao meu dia merda, recebi menos do que eu deveria pelas minhas apresentações na boate e tive que tirar satisfações com aquele velho "caça talentos", o dono da KISSB. O problema era que seu telefone se encontrava fora de hora.
Além de que eu queria ajudar Namjoon com o apartamento e pagar as contas, por conta disso teria que deixar algumas com ele, de qualquer forma.
Fora que haviam pessoas querendo meu contato pra inúmeras coisas que eu estava com uma profunda preguiça de ver o que era. Números desconhecidos me ligando ou mandando mensagem dizendo que queriam show particular, mas não é bem assim que eu trabalho.
Ainda mais sabendo que tipo de shows eram esses. Já estava acostumado, não caio nessa.
O que alegrou meu dia foi uma foto que Jimin me mandou de ele comendo um sorvete de creme. Estava fofo, suas bochechas ressaltando em seu rosto e seus olhos tão claros que chamavam a atenção. Ele pediu desculpas pela foto desajeitada e por ter sido do nada, mas eu pedi pra que Jimin fizesse isso mais vezes.
Namjoon também me ligou, perguntando como estavam as coisas e dando notícias. Jin veio em seguida me ligar, o que acabou ocasionando uma "reunião dos amigos" num barzinho. Eu, ele e o Yoongi.
Eu gostaria de ter chamado Hoseok, mas ainda não sinto confiança como achei que estivesse sentindo quando conversamos.
— Como eu parei aqui? Deus, tenho uma filha pra cuidar! — Jin negou com a cabeça, colocando Soju no copo pela segunda vez.
— Qual é, você deixou ela com quem? — Yoongi questionou, também bebendo.
— A Hanna tá passando uma semana com os avós. Ela não via eles fazia um tempo e achei justo. — suspirou. — Assim também consigo me concentrar no trabalho e entre outras coisas, mas mesmo assim eu sinto falta da minha filhinha. — riu fraco.
— Quero ter filhos um dia. — Yoongi comentou, eu fiz uma careta pra ambos e levei o copinho de bebida pra boca.
— Não gosto dessa ideia, eu não teria. — dei de ombros.
— Tá, mas isso nem é novidade vindo de você. — rebateu. — Jin, diz aí, você fez o quê nesses últimos dias sem a Hanna?
— Só agilizei meus trabalhos na sorveteria e visitei o Nam.
— O que vocês dois tem, hein? — Yoongi ousou, mas pelo jeito, já estava ficando bêbado. Ele falou com toda graça, mas Jin lhe encarou sério e desconfortável. Sua expressão fechou na hora ao notar. — Desculpa.
— E você e aquele loirinho? — Seokjin hyung foi quem mudou de assunto, me encarando dessa vez enquanto vi o clima quase esfriar. Min bebeu mais. Sobrou pra mim.
— O Jimin? Estamos bem. — respondi, sentindo que provavelmente chegaria no meu limite também. Foram vários copos, nem sabia como estava conversando normalmente.
— Espero que esteja tratando ele bem.
— Quem você acha que eu sou? — questionei, indignado com aquilo. — Oras, eu gosto muito do Coradinho, poxa! — fiz bico, era a bebida fazendo efeito.
— Coradinho? Que apelido é esse? — Yoongi riu.
— São as bochechas dele. — também ri, lembrando da fofura que era. Coloquei mais Soju. — Ai, é a coisa mais linda. — comecei a sorrir como um maluco, imaginando e relembrando as cenas de seu rostinho.
— Ih, tá apaixonado. — Jin começou a rir engraçado também. — Jesus, essa é nova. Jeon Jungkook apaixonadinho!
— Puta merda, viu... — Yoongi também parecia achar graça, mas só colocava mais bebida em seu pequeno copo de chopp, negando com a cabeça ao mesmo tempo. — Espero que esteja mesmo.
— Tô feliz agora. — não raciocinava nada direito de repente, sentindo meu rosto esquentar e sentindo calor também. — Hyungs, eu acho que tô completamente fodido, mas tô feliz... — ri. Eles também.
— Pô, e eu? Acho que tenho que desencalhar logo, mas só me meto em furada. — Jin resmungou, e depois foi a vez de Yoongi:
— Aí, eu sou o pior de todos vocês. — dizia, parecendo orgulhoso, só que não. — Gosto de um cara que não gosta de mim. — riu da própria merda também.
Cheguei na conclusão que ninguém ali estava entendendo mais nada com nada. E que todos provavelmente apagariam no momento em que chegassem em casa.
Mas era bom ter um momento entre amigos.
A única pessoa que me fazia falta era quem nos levaria pra casa e consequentemente cuidaria de todos nós. Mesmo resmungando, o que chegava a me fazer rir.
Namjoon hyung...
💸
[JIMIN]
Sentadinho na minha cama e mexendo no celular enquanto comia um pote com morangos bem vermelhos, comecei a ver alguns vídeos de beleza enquanto estava conversando com Taehyung.
Mas o engraçado foi que assim que terminou a reprodução, um dos vídeos sugeridos era de um tatuador fazendo uma tatuagem na costela de algum cliente aleatório.
Minha curiosidade se expandiu rapidinho, automaticamente cliquei no vídeo e comecei a analisar aquilo. Nossa, deve doer.
Foram quase quinze minutos de vídeo. Tete já me mandava umas cinquenta mensagens, mas eu não lhe respondia, estava realmente vidrado naquela tatuagem com uma escrita simples. Em seguida, queria assistir uma no pescoço. Muito bonita também.
E então, Taehyung me ligou.
— Eu estava ocupado, Tae! — resmunguei logo de cara, descansando ainda mais meu corpo na cama em desistência.
— Ocupado fazendo o quê? Conversando com o teu macho, caralho?! — atirava com tudo pra cima de mim. Eu até daria risada se não estivesse com raiva dele ter me atrapalhado, mordi minha frutinha.
— Estava vendo um videozinho, poxa.
— Jimin, você não assiste pornô, você é um bebê. — simplesmente jogou essa, e eu dei um sobressalto no colchão ao que quase engasguei. — Tudo bem que já te mandei inúmeros, só que-
— Taehyung! Não era isso, meu Deus! — me exaltei, achando aquilo um absurdo. — E eu não sou bebê nenhum, sou adulto o suficiente pra assistir coisas assim se eu precisar!
— Precisar? Olha só, hein... — dizia. Ai, maldita boca, viu. — E idade não define maturidade. Mas relaxa, homem, te aconselho a ir naturalmente com as coisas, não precisa ficar vendo pornô pra saber como faz os paranauê. Você aprende na prática.
— Jesus, é sério que você tá tentando me aconselhar sobre sexo agora?
— Ora, e o que tu tava assistindo que era tão importante?
— Um vídeo de um cara fazendo uma tatuagem na costela. — confessei, e mais: — Eu acho que quero fazer uma. Bem nesse local, acima da cintura. A minha segunda opção é no pescoço ou-
— Eita porra! Assim do nada?! — surpreso, questionou. — Quem te deu essa ideia maluca? Aquele tatuado?!
— Nem foi, embora as tatuagens dele serem bem bonitas... — lembrei do seu tronco desnudo e o braço repleto de tinta e desenhos. Mordi o lábio inferior e me crucifiquei com os meus pensamentos pecaminosos. — Enfim, quando podemos ir? Sei que quer ver o Yoongi de novo também.
— Sim, e era sobre isso mesmo que eu queria falar porque tô conversando com ele esses dias. Na verdade, só é um "bom dia" mesmo, mas... — parou de repente. — Espera aí, você disse que quer marcar pra fazer uma tatuagem?!
— Pode contar a fofoca do Yoongi, eu tô escutando e quero saber o desfecho. — falei, realmente interessado no assunto, comendo.
— Mas já falei, só foram cumprimentos porque eu tenho vergonha!
— Você? Com vergonha? — franzi o cenho. Que Kim Taehyung era esse? — Isso é inédito.
— Posso ser tímido também, sabia? E aquele macho me dá arrepios! — se explicava, exaltando-se da sua forma.
— Ah, mas o Yoon é super gentil.
— Entre quatro paredes, eu duvido! — falou.
— Sério que você só pensa em se-
— Deixa isso pra outro momento, eu quero é saber da onde veio essa sua ideia maluca de tatuagem, isso sim! Jimin, você bebeu?!
— Não e nem posso, né? Infelizmente e felizmente. — revirei os olhos. — Só queria fazer todas as coisas que eu sinto vontade, sabe? Tive que ser limitado por toda a minha vida. Agora quero me tatuar.
— Ah, meu amor... Eu tentei te ajudar o máximo que pude, sempre, mas você também não pode fazer nada por impulso. Tatuagem é pra toda a vida, você sabe disso. — era um fato.
— Eu sei, mas acho tão legal... E já tenho várias ideias... — pensei, tinha até mesmo algumas palavras em mente ou desenhos. — Mas e se eu colocasse um piercing, então? Porque se ficasse enjoativo, eu tiraria.
— Jimin, você nunca citou colocar um piercing. Gente do céu, acho que meu amigo endoidou! — acabei rindo, continuando a comer meus moranguinhos. — Já ouvi dizer que piercing pode doer mais que uma tatuagem.
— Hum, pensando bem, não colocaria nenhum no meu rosto, acho que me arrependeria. Talvez em outro lugar... — suspirei.
— Só não coloque no pau e tá tudo tranquilo. Aliás, descobriu se o perfurado tem um lá?
— Acho que ele não tem, toquei no assunto mas acredito que seja difícil alguém colocar, deve doer. — fiz uma careta e me subiu um arrepio pelo corpo. Me remexi inteiro com calafrios ao tentar imaginar. — Credo, consigo até sentir a dor!
— Você tocou no assunto?! — quase gritou no meu ouvido. — Jimin, puta que pariu, você literalmente perguntou pra ele se ele tem um piercing na genitália?! No pauzão dele?! De graça?!
— Não foi assim, calma! — expliquei, ouvindo seu suspiro aliviado através da ligação. — Só citei, sei lá, saiu sem querer.
— Jimin, quando foi que ficou tão safado? — perguntou de repentino, com desdém no tom de voz.
— Eu não sou... — me encolhi um pouquinho, abaixando a voz e segurando um sorrisinho.
— Só te peço uma coisa genuína, de coração mesmo. — dizia, e eu prestei atenção no seu tom agora, todo sério. Fora isso, ouvi Yeontan latir perto, provavelmente estando em seu colo nesse momento. — Pelo amor de Jesus Cristo, use camisin-
— Você pirou de vez?! — cortei sua fala rápido. — Deus me livre, Taehyung!
— Oras, por que? Tu nunca vai transar, por acaso?
— Não consigo me imaginar nisso, deve ser horrível.
— Só se você for o passivo, aí vai doer. E pelo jeito, é nisso que tá pensan-
— Para! Quem disse isso? Eu nunca falei nada! E eu posso simplesmente não ser, você que não sabe! — queria mudar de assunto, aquilo me deixava muito envergonhado. Vermelhinho demais como os morangos que degustava.
— Sei, tu é muito safado, isso sim. Beeeem safadinho. — riu. — Contudo, é melhor pensar mais um pouquinho. Quando você for tatuar ou perfurar, eu também quero!
— Não vale ser a mesma coisa que eu. — falei, brincalhão.
— Eu não, vai que decide tatuar o rosto do teu emo aí.
— Nem pensar! — gargalhei, tanto pelo apelido quanto pela minha imaginação. Quem faz uma coisa dessas? Então, respirei fundo. — Enfim, o que você tá fazendo, Tete?
— Nada, tô totalmente entediado. — ele respondeu, terminando o riso. — Ai, eu queria um namorado.
— Vai começar... — me segurei pra não rir de sua cara de novo e nem revirar meus olhos, já que Taehyung era aquele tipo de amigo solteiro que de vez em quando, reclamava sem parar do quanto se sentia carente ou sozinho.
— Fica na sua, tu tá com teu macho! — jogou na cara, e eu nem me atrevi a dizer nada. Apesar de não ter nenhum relacionamento explicitamente amoroso com o Jungkook, não poderia negar que estávamos mais íntimos do que eu imaginaria. — Aliás, tudo bem com você?
— Comigo? — estranhei a questão repentina. Ele não pareceu brincar com a frase. — Eu tô bem, por que?
— É que há um tempo, você ficava preocupado em querer se esconder, negando que gostaria de pessoas do mesmo sexo e tudo mais... — me relembrava. — Fico aliviado por toda essa situação com o Jungkook ter te distraído da ideia maluca de tentar virar uma pessoa normal no seu ponto de vista. Eu ficava realmente triste quando apontava a homossexualidade como algo ruim. Ou a bissexualidade, que é o meu caso.
— Ah... Me desculpa... — desconfortável, posicionei-me melhor com as costas retas na cabeceira da cama, contorcendo os lábios e me arrependendo de algumas palavras ditas. — É que você sabe... Meu pai... Minha mãe e meus sentimentos abalados...
— Eu sei, meu amor, não precisa me explicar. Sou seu melhor amigo e te conheço muito bem.
— Encontrar o Jungkook foi um alívio. — soltei um suspiro, mas meu coração ficava quentinho quando eu falava sobre ele. — Acho que perco até a noção das minhas próprias atitudes quando estou com ele. No bom sentido, é claro. — ri. Era verdade, uma particularidade era a minha facilidade de me soltar quando estava junto dele.
— E as suas crises? — perguntou, conversando comigo, um pouquinho preocupado também.
— Ainda não tive nenhuma muito forte. — contei. — Na verdade, quase tive uma por conta do meu pai.
— Ah, não! O que foi que ele fez?! — alterou seu tom para um pouquinho mais exaltado. Eu entendia a sua preocupação e dava total razão pra ela.
— Meio que discutimos e ele falou sobre os meus olhos. — lembrar me doía. — Disse que sou defeituoso.
— O que?! Mas que porra... — parou, mantendo a calma. — Certo, mas não te atingiu totalmente, né? Você-
— Iria, se o Jungkook não tivesse me mandado mensagem bem na hora. — revelei. — Passei umas horas com ele e fui visitar a boate, nós dois passamos um tempinho juntos e eu vi ele cantando.
— Park Jimin seu filho duma égua, aconteceu tudo isso e você só me conta agora?! Pode me dando de-ta-lhes! — dizia, desacreditado. Eu soltei um riso baixo.
— Eu conto, mas é sério, acho que tô apaixonado de verdade. E sinto que ele também sente o mesmo... — mordi o lábio, sentindo uma realizaçãozinha dentro do meu peito. Como um cara daqueles se apaixonaria por mim?
— Ai, meu amor... Nossa, eu quero tanto saber a forma como ele te trata, vejo que isso tá te deixando tão bem, tão-
Alguém bateu na porta e automaticamente afastei o celular da minha orelha, encarando a porta. E se fosse o meu pai? Ou a minha mãe? Pra eles, eu só deveria estar dormindo. Não queria que me enchessem o saco.
Devagarinho, a porta estava sendo aberta, sem pressa e apenas uma frestinha.
— Sou eu. — disse, baixinho. Era a Srta. Lee.
— Oh. — não entendendo muita coisa, me levantei da cama depressa com meu pijama favorito. — Tae, nos falamos depois, te mando uma mensagem. — rápido, me despedi também em um tom mais baixo porque era bem provável que meus pais não estivessem acordados. Desliguei o celular e deixei na cômoda.
Eu abri mais um pouco a porta, estranhando a presença da empregada de repente à essa hora. Ela sorriu pra mim, mas parecia confusa.
— É que... — começou, bem baixinho pra não acordar ninguém. Fez um gesto com a mão, apontando com o dedão para atrás de si mesma. — Tem um rapaz lá embaixo, ao lado de fora. Eu escutei ele chamando seu nome enquanto estava limpando a sala de estar e rapidamente abri pra saber quem era, até porque também se seu pai ouvisse, seria uma confusão total. É seu amigo?
— Espera, como assim? — tentei raciocinar, franzindo o cenho. — Tem alguém-
— Ele tem um cabelo colorido, é um pouco esquisito e confesso ter ficado com medo de ser algum maluco. Inclusive, acho que ele está bêbado. — contou, receosa. — Quer que eu chame a polícia?
Eu não conheço ninguém assim a não ser...
Meu Deus do céu.
— Cristo amado... — resmunguei baixo, o que esse homem veio fazer aqui essa hora? Céus...— Obrigado, eu conheço ele, sim. Já volto.
Passei por ela também sem tentar fazer barulho, ouvindo um "cuidado" seu enquanto descia as escadas o mais rápido que eu poderia, tentando ser o mais silencioso possível.
Quando cheguei na sala, abri a porta calmamente, mas não encontrei absolutamente ninguém na minha frente, a princípio.
Estranhei, me aproximei mais do lado de fora e olhei pra um lado, não vendo nada.
Mas assim que virei a cabeça pra olhar para o outro, tomei um susto gigante que poderia render um grito alto, porém me segurei e coloquei as mãos no coração.
Jungkook estava simplesmente com a cabeça recostada na parede e o corpo próximo, com um bico nos lábios, como se a parede estivesse lhe segurando.
— Tô com saudade... — murmurou, olhando pra mim. Eu arregalei os meus olhos, vendo seu estado.
— Jungkook, por Deus, o que você faz aqui?! — sussurrei o mais alto que pude, se é que isso era possível. Saí da casa e me aproximei do esverdeado. — Bebeu?
— Um pouquinho... — meio grogue, me respondeu. — É que eu tava feliz... — abriu um sorriso, vindo até mim como um bobo.
Jungkook envolveu seus braços na minha cintura com o intuito de um abraço e colocou a cabeça na curvatura do meu pescoço, sem mais. Eu tentei lhe segurar, afastando-o e sentindo seu cheiro de álcool.
— Pode me dizer o que ocorreu pra ficar desse jeito, Jeon? — olhei tudo em si, mas não havia nada de errado com ele.
— Bebê... — colocou as mãos no meu rosto, abrindo um pequeno sorrisinho ao me fitar. Eu rapidamente as retirei. E se alguém nos visse? — Fica tão lindinho nessa roupa...
Corei.
— É melhor você entrar comigo, vem logo. — tentei segurá-lo nos braços e Jeon também se equilibrou sozinho, afastando-se de mim para endireitar-se e obter apoio.
Bom, era mais do que óbvio que eu já estava colocando Jungkook pra dentro da minha casa em plena noite de sexta-feira.
Srta. Lee já se encontrava no andar de baixo, vindo em nossa direção quando entramos, e rapidamente fechou a porta para tentar me ajudar a levá-lo. Jungkook parecia querer dormir até aqui nos meus braços mesmo.
— Eu vou levar ele pro meu quarto, não se preocupe. — contei, e ela me encarava com receio.
— É seu amigo?
— A-Ah... — fiquei sem jeito de dizer outra coisa. Nem eu sabia o que éramos. — Sim.
Ela só assentiu, me seguindo na escadaria até o meu quarto caso um de nós dois se desequilibrasse ou alguma coisa acontecesse de repente, algum barulho soasse alto.
Srta. Lee era como uma mãe pra mim. O que ela pensaria se descobrisse que eu sou... gay?
Eu não poderia deixar que ela tivesse a mesma reação que os meus próprios pais. Não posso perder mais ninguém. Talvez eu só não lhe contasse, pelo menos não agora.
Entrei no meu quarto, trazendo Jungkook comigo e agradecendo ela por ter me acompanhado e me dado cobertura. Senti alívio, e ela mesma decidiu fechar a porta para me dar privacidade ao pensar no que fazer. Levei o Jeon pesado pra minha cama.
— Nossa, Jungkook! — soltei o ar, ele era grande o suficiente pra ser dificultoso aguentá-lo dessa forma. Quando encarei o indivíduo, seu corpo estava jogado na minha cama grande e seus olhos fechados. Ele resmungava.
Me apressei e revirei os olhos quando me aproximei pra levantar seu corpo, deixando-o sentado e sentindo o cheiro de bebida vindo até meu nariz. Retirei seu casaco com um pouco de dificuldade e joguei no chão. Ele simplesmente caiu na cama grande novamente, agora corretamente com a cabeça em meu travesseiro branquinho.
— Pra quê foi beber tanto assim? E por que resolveu vir pra cá? Não sabe o perigo que corre? — questionei, mesmo que fosse praticamente em vão. Ele esticou as pernas na extensão do colchão.
Soltei o ar e tentei tirar seu cinto também, mas Jungkook puxou meus braços pra si e fez com que eu me desequilibrasse, caindo na cama também, bem pertinho dele. Me assustei.
— Eu fico feliz com você, Jimin... — abraçou meu corpo, deixando meus braços presos em nosso meio. Eu ergui a cabeça um tiquinho pra poder ver seu rosto adormecido. Ou pelo menos, que eu achava estar.
— Jungoo... Por que você vei-
— Meu coradinho... — apertou seus braços em mim, nos deixando bem juntinhos. Dessa vez, fiquei sem o que dizer, realmente corando com a sua voz soando baixinha o apelido que colocou unicamente em mim. — Só meu, e eu não aceito mais nenhum outro cara de bunda ficar na sua cola. Se vier, eu caio pro pau.
Dizia, naturalmente. Porém, influenciado pelo álcool. Tentei me mover devagar, desprendendo meus bracinhos e me afastando dele pelo menos um pouquinho pra conseguir me mexer. Ele continuou comigo, deixando os seus braços descansando na minha cintura. E eu basicamente me deitava sobre um deles.
Suspirei, olhando para o seu rosto e seus olhos fechadinhos.
— Por que não foi pra casa e tomou um banho friozinho? — questionei. Ele provavelmente nem estava me ouvindo. — Ah, só você mesmo...
Abri um sorrisinho vendo sua face também corada por conta da bebida, o que lhe deixava fofo. Seus fios verdes espalhados na testa, os quais tentei arrumar sutilmente com meus dedinhos.
— Eu queria cuidar de você direitinho, dar um banho em você ou te dar algo pra comer. Amanhã você vai acordar com dores de cabeça, provavelmente... — murmurei, enquanto assistia Jungkook respirando levemente. Ele se moveu um pouco, me trazendo mais pra perto.
— Não vai... — disse, arrastado.
— Não vou pra onde? — ri. — Doido.
Acredito que ele estava dormindo bem pesado agora. A porta estava trancada, o que me deixava aliviado caso alguém quisesse invadir a minha privacidade. No caso, meu pai.
Fiquei fazendo um carinho no seu rosto, lhe admirando. Contornei seu piercing na boca, e em seguida seus lábios, sentindo a textura deles. Automaticamente a vontade de beijá-lo surgiu.
Eu não faria nada. Só...
Me aproximei, deixando apenas um selinho sutil de puro carinho. Jungkook realmente cheirava bebida alcoólica, um cheiro que me deixava facilmente tonto se eu inalisse demais, por conta de tudo que passei. Na verdade, eu poderia beber vez ou outra, mas tinha que saber os meus limites.
Contudo, eu estava bem, acredito que deveria fazer uma limpa completa quando ele fosse embora pela manhã, porque o cheiro iria impregnar meu quarto e os lençóis.
Ele disse que havia bebido muito porque estava feliz. Qual era o sentido? E por quê?
Tudo que eu sabia era que agora tinha um Jeon Jungkook bêbado dormindo na minha cama como um anjinho, e o que eu poderia fazer era somente vê-lo, assim como também deveria dormir junto. Quem nos visse dessa forma, pensaria que somos um casal.
— Joo... — ouvi sua voz e abri os meus olhos com rapidez. Os arregalei. — Eu queria... Jo...
— O que você...
Joo?
Ele estava me... chamando?
Franzi o cenho, esperando que ele dissesse mais alguma coisa. Aquilo me lembrava...
— Eu queria assistir Jojo... — terminou o que provavelmente iria dizer. Eu soltei o ar e revirei os olhos, negando com a cabeça. Fala sério.
Só que pra piorar, Jungkook veio com seu bração em cima de mim novamente pra me colocar contra ele cada vez mais, agora me deixando quase com o corpo colado ao seu, e a minha cabeça em seu peito. Tá de brincadeira.
— Se assistir comigo, eu assisto Haikyuu com você também. — falava, todo grogue ainda, mas eu conseguia entender suas palavras. Ignorei por um momento, afinal percebi que aquele abraço não estava tão ruim assim.
Estava confortável. Me senti bem, envolvendo meu bracinho em volta de seu corpo também, por cima, sentindo aconchego e sua respiração em meus fios, quase na altura minha da franja.
— Eu assisto o que você quiser. Até mais de uma vez. — falei baixinho, sabendo que agora era uma certeza de que ele dormia. — Quero fazer tudo com você. Só com você.
— Desculpa. — então, pediu. — Eu faço muita merda... — soava tristonho. Acariciei suas costas por não compreender suas palavras, e nem concordar com elas.
— Você não fez nada, para.
— Eu tô feliz, queria ver um anime com você, mas não consigo parar de pensar no quanto eu sou um merda... — dizia arrastado. Ele sabia o que estava dizendo?
— Jungkook, chega. — mandei, incomodado com a forma que ele falava sobre si. Ele resmungou coisas inaudíveis e continuou a dormir. Talvez estivesse sonhando.
Era uma pena estar em um lugar tão perigoso e mais triste ainda, era saber que esse lugar era a minha própria casa. Na verdade, temporária. Taehyung e eu estávamos de olho em um local não muito longe, mas ainda faltavam algumas etapas para que eu me mudasse de fato. Como documentação.
Que burocracia chata sendo que eu pago à vista. Queria estar longe daqui hoje mesmo. Mas tudo que posso fazer pelo menos no momento, era arrumar as minhas próprias coisinhas para então, vazar.
Nunca pensei que aguardaria a hora de me livrar dos meus pais. Achei que sempre fosse querer viver ao lado deles.
Assim como também pensei que eles me apoiariam sem relutarem.
— Só não me machuca que nem eles... — pedi, desejando que Jungkook ficasse comigo por mais tempo.
Ou pra sempre.
É, eu queria que fosse.
Jungkook era livre.
E ele me fazia sentir como se eu pudesse ser e fazer qualquer coisa também.
💸
Acordei com batidinhas na minha porta.
E Jungkook me chamando.
— Jimin! — clamou baixinho, tocando meu braço sem que me remexesse tanto. Eu resmunguei e abri os meus olhos. Só então, notei a situação e me levantei depressa.
— Meu Deus! — senti minha visão escurecer, afinal havia levantado rápido demais. Quase perdi os meus sentidos por pouco.
Dei uma olhada pra Jungkook, que deu de ombros e fez um bico com os lábios, sem fazer ideia de quem seria atrás da porta.
Sem dar nem o tempo de dizê-lo para se esconder, corri até a porta sem me importar com mais nada, a abrindo brevemente para que aparecesse somente a minha cabeça e meus olhos curiosos. Também medrosos.
Aliviado, relaxei quando vi quem era.
— Seu pai irá acordar pra ir trabalhar daqui meia hora, Jimin. — Srta. Lee avisou, preocupada comigo. Ela tentou olhar mais pra dentro do quarto, e assim, abri mais a minha porta.
Jungkook se assustou, tentando se esquivar da visão da mulher, mas eu o encarei como se estivesse tudo bem, lhe dando um olhar de confiança.
— Você está melhor, garoto? — ela perguntou pro Jeon que assentiu sem entender, e eu fiquei um pouco encolhidinho na minha, ainda de pé em sua frente. Era bom saber que ela não me fazia tantas perguntas como meus pais. Que talvez confiasse em mim. — E você, Jimin?
— Oh, eu? — pisquei algumas vezes seguidas. — Tô bem.
— Certo... Podemos conversar depois? Antes de seu pai ir trabalhar, inclusive você deve ir embora depressa. — dizia apontando para o Jeon, porém, transmitindo calma. Ela queria conversar comigo sobre o quê exatamente? Sua presença pode ser confortável, mas ainda assim eu continuava uma pessoa ansiosa... — Ah, esqueci. Hoje você tem que acompanhar o seu pai. — arregalei meus olhos.
— O que? Acompanhar na onde?!
— Fale baixo. — quase sussurrou, olhando para os lados com preocupação. — Hoje ele tem uma reunião importante e quer apresentar você como seu sucessor, pelo que entendi e pelo que ele me avisou ontem.
— Ah, eu não quero ir pra aquela empresa... — chiei, chateado.
— Mas pense pelo lado bom, você terá o cargo importante de seu pai em breve. Pense no quão grandioso pode ser para o seu futuro. — tentou aliviar, mas aquilo só piorava.
— O problema é que eu realmente não quero.
— E o que você quer ser, filho? Está mais do que na hora de saber o que seguir pra sua vida... — e essa era a exata pergunta que eu não sabia nunca responder.
A verdade era que eu fiquei tantos anos sem ter qualquer tipo de experiência talentosa, estudando a maior parte do meu tempo em casa ou com professores particulares, que acabei não encontrando meu potencial.
Eu deveria ter algum talento ou gosto especial.
Fiz apenas uma faculdade. Eu gostava, mas não exerci a profissão. Apesar de que também nunca tive muito apoio...
— Vamos conversar depois, agora resolva as coisas e trate de se arrumar também. — se aproximou e fez um carinho rápido no meu cabelo, distanciando-se em seguida. Fechei a porta, suspirando.
— Ela não vai contar nada? — perguntou, curioso. Virei pra Jungkook e neguei com a cabeça.
— E você? — me aproximei. — Não tá com dores de cabeça ou-
— Pra caralho. — riu, de pé na minha frente. Meu rosto puro de preocupação não mudava. — Mas passa, é normal. — sorria.
— Não deveria tomar um remédio? Ou-
— Relaxa, eu me cuido quando voltar pra casa. — garantiu. Confiei em sua palavra.
— Quando se arrumou? — encarei seu casaco cobrindo seus braços tatuados novamente e o cabelo melhor do que quando chegou.
— Há uns vinte minutinhos atrás, acordei primeiro. Eu demorei uns dez pra me situar de onde eu estava e me lembrei de fragmentos de ontem. Desculpa por vir do nada. — soltou um riso, eu neguei com a cabeça. — Bebi com os meus amigos, fui voltar pra casa e parei aqui.
— Só você mesmo, hein... — continuei negando, sério.
— E essa sua carinha, hum? — levou os dedos em minha bochecha e a apertou. Sorriu sugestivo. — Dormiu bem, pelo jeito.
— Céus! — desviei meu olhar do seu assim que notei meu estado. Meu rosto tinha a grande probabilidade de estar todo inchado por eu ter acabado de acordar. — Eu tô horrível!
Tentei me virar, mas Jungkook me pegou pelo braço, impedindo.
— Vem aqui. — se aproximou mais de mim também, levando as mãos em meus cabelos e parecendo ajeitá-los. Fiquei lhe observando atentamente. — Seu rostinho fica a coisa mais fofa quando acorda, sabia?
Era inevitável. Jungkook me colocava lá em cima.
— Isso... Gosto quando você fica com essa franjinha na frente. — as quais tampavam praticamente toda a minha testa, e que talvez me deixasse parecer uma pessoa inocente demais.
Não me segurei muito, só envolvi meus braços no corpo do Limãozinho e lhe abracei, sentindo o quente de seu corpo se chocar com o meu. Encostei a cabeça em seu ombro e fechei os olhos.
— Isso significa indiretamente que você não quer que eu vá embora? — divertido, questionou, dessa vez me fazendo um cafuné. Seu abraço era tão gostoso. Afirmei com a cabeça. — Mas você tem que se apressar também.
— Eu detesto aquela empresa onde o meu pai trabalha. — contei, agarrado em seu corpo sem soltar um segundo. — Todo mundo naquele lugar te critica só com o olhar.
— É só hoje, sabe se lá quando você vai precisar ir de novo, e se for também. — dizia.
— Quero encontrar o que eu realmente quero fazer. — suspirei, agora voltando a olhar pra ele, levantando um pouco meu rosto. — Acho que não tenho talento nenhum, Jungoo.
— É claro que tem. — corrigiu. — Quer que eu te ajude a encontrar um? — assenti com a cabeça. Ele riu. — Eu ajudo, pequeno.
Sorri.
Paz e segurança.
— Já disse que não sou pequeno.
— Sua altura diz o contrário. — caçoou.
— Sabe o que é pequeno? — levantei as sobrancelhas para provocá-lo, ainda com os braços agarrados em seu corpo.
— Não ouse tentar dizer isso de novo, gracinha. — respondeu, e então, Jungkook me deu um selinho. — Porque você sabe que eu posso provar.
— Prova. — ousei. Vi sua expressão se tornar puramente de surpresa.
— Parece que alguém está se revelando, hum? Acho que o Jimin inocente nunca existiu nessa parada toda, viu? — passou os dedos na minha franjinha. Abri um sorriso.
— Hyung. — corrigi. Ele não pareceu entender de primeira, me encarando sem dizer mais nada. — Eu sou mais velho que você, ou seja, você tem que me chamar de hyung.
— Ah, não... — sorriu largo, soltando um riso nasal pela minha fala. — É sério? Esse é o seu fetiche, Coradinho?
— Jungkook! — bati em seu peito, soltando nossos corpos unidos.
— Posso dizer os meus agora, então? Eu vou adorar, você só não pode se assustar... — dizia, com um sorriso ladino.
— Sem essa! — lhe bati de novo, ele resmungou um "ai", mas riu da minha reação. Eu mostrei a língua pra ele como uma mal criação, rindo também.
De qualquer forma, eu teria que levar Jungkook lá pra baixo o mais rápido possível. Ontem, nem sequer mandei uma mensagem pra Taehyung como disse que faria, mas assim que o esverdeado fosse embora, eu contaria ao meu melhor amigo tudo que aconteceu.
Me restava a curiosidade do que a Srta. Lee gostaria de falar comigo.
💸
O mais ajeitado possível naquela roupa e com aquele cabelo bem feito penteado no gel, meu rosto ficava bem mais aparente, e não me deixava com as bochechas tão gordinhas. Pelo menos, não no espelho comprido que havia no closet.
Acontece que eu havia começado a gostar um pouquinho mais delas em certos momentos.
— Patinho? — era a voz da Srta. Lee, me virei e a avistei no batente da porta, não entrando totalmente no cômodo. — Com licença. — assenti, permitindo sua entrada.
Ela me chamava assim de vez em quando. O apelido surgiu quando eu ainda era criança. Quando eu era pequenininho, meus lábios se sobressaíam ainda mais no meu rosto miúdo, o que era engraçado.
Eu gostava deles, confesso.
A mulher fechou a porta silenciosamente, se aproximando de mim com seu uniforme azul marinho e detalhes em branco, seu cabelo amarrado em um coque bem preso. Ela veio com um sorriso doce, mas consegui sentir um pesinho de receio em seus olhos sobre a minha pessoa.
— Está muito bonito, sabia? Precisa de ajuda para algo mais? — perguntou, com seus olhos grandes e castanhos, amáveis. Eu neguei com a cabeça e sorri em agradecimento.
— Precisava falar comigo? — toquei no assunto, afinal surgia na minha mente inúmeras vezes desde o momento em que ela citou. Ajeitei meu terno preto e me endireitei em sua frente.
— Ah, sim, sim. — afirmou, passando as mãos na saia longa como se as secasse, não muito confiante no que diria.
— Tem algo... De errado? — me preocupei.
— Não, claro que não! — respondeu com calma, mexendo as mãos na frente de si. — Eu só me peguei um pouco curiosa, e talvez eu esteja sendo intrometida o senhor... — sua expressão parecia de arrependimento.
— Já disse pra não me chamar desse jeito, pode sempre me tratar informalmente, tá? — a interrompi para lembra-lá, ela assentiu.
— Desculpe, tem razão... É uma dúvida muito grande minha, eu posso não ser a sua mãe, e nem mesmo sou casada ainda, porém tenho sobrinhos lindos que são quase como se houvessem saído de mim, por isso, conheço as crianças que crio. E em muitos momentos eu criei você, Jimin.
Assenti com a cabeça. Por mais que eu reconhecesse os meus pais, uma parte do meu coração com certeza era da Srta. Lee.
Acho que por conta dela, me tornei uma pessoa que tratava bem o próximo. Ela me ensinava a nunca responder aos meus pais e a não tratar as pessoas com preconceitos. Já o meu pai sempre foi um exemplo ruim pra um filho, mesmo que a nossa proximidade fosse consideravelmente boa antes da minha assunção.
E bem, a minha mãe era a melhor pra mim.
Era. Porque infelizmente ficou no passado.
— Pode me perguntar o que quiser, eu não acho que a senhorita seja intrometida nem nada do tipo. — lhe garanti, prestando atenção. Ela pareceu mais aliviada.
— É que... Bem, eu andei um pouco observadora ontem à noite, quando aquele rapaz bêbado veio e vocês dois subiram juntos para o seu quarto. — começou a contar. — E hoje também, quando vi ele ainda lá no momento em que abriu a porta pra mim.
Aquilo não me cheirava bem. Será que eu deixei escapar alguma coisa? Eu falei algo suspeito? Não, e se Jungkook fez isso e eu sequer notei? Será que ela viu alguma coisa fora do normal?
Comecei a me preocupar ainda mais, desviando meu olhar pra baixo e não sabendo nem o que a diria assim que terminasse suas observações. E tinha receio da onde ela queria chegar com aquilo tudo também.
— Jimin... Quando retornei, você me disse que havia se apaixonado, não disse? Por acaso, aquele rapaz todo diferente e você... — devagar, olhei pra ela, sério e com medo do que eu poderia escutar em seguida. — Estão tendo alguma relação?
Merda.
Mil vezes merda.
Pisquei várias vezes antes de pegar todo o ar possível pra poder me explicar imediatamente, antes que...
— Você não precisa se preocupar, Jimin. — logo me cortou antes que eu pudesse falar, me deixando com a feição assustada e intacta, não entendendo. — Está tudo bem. — disse, com a expressão mais calma possível. Meu peito desceu, e eu senti minha respiração voltando ao normal.
— Como assim você... — hesitei.
— Seja lá o que ele for seu, tudo bem. — me fez um carinho no braço, sorrindo pequeno. — Eu conheço você desde criança, patinho. E uma coisa que eu sempre tive certeza, era de que todas as suas escolhas eram feitas com o maior cuidado possível.
— É que não foi exatamente uma escolha... — engoli seco, abaixando o olhar de novo em decepção.
— Foi a do seu coração. — disse, e quando a vi, ela sorriu pra mim como forma de conforto mais uma vez.
— Você não tá decepcionada comigo?
— Por que eu estaria? — franziu o cenho. Eu senti vontade de chorar. — Ele faz você se sentir bem?
— O Jungkook? — nem precisei pensar, ficando contido. — Sim...
— Esse é o nome dele? — perguntou em seguida, colocando uma mecha solta do meu cabelo atrás da orelha. — É bonito, diferenciado que nem ele.
Quando eu simplesmente assentiria ainda sem compreender quando tudo ficou tão mais fácil, arregalei meus olhos pra ela em súplica.
— Por favor, não conta-
— Seu pai não vai saber. E nem a sua mãe, não se preocupe, eu também fico preocupada tanto quanto você. — sua feição se tornou mais medrosa. — Na realidade, é por isso que quis verificar. Agora que sei, vou tentar manter isso o mais guardado possível, tudo bem?
— Eu já... — comecei, pegando sua atenção ao que eu contaria. — Eles já sabem. Eu mesmo contei há um tempinho. Por isso você pode ter notado o quão parecemos distantes agora, eu e os meus pais.
— Oh, tem razão... — ficou surpresa. — Eles não...
Neguei com a cabeça.
Não, eles não me aceitaram.
Sequer fizeram o mínimo esforço.
— Ah, meu anjinho... — ela me puxou pra um abraço caloroso, me reconfortando. — Se precisar de mim, estarei aqui a disposição. Pode ser em meu trabalho, como amiga ou se me permitir, tentarei dar alguns conselhos que uma mãe daria pra um filho, tudo bem?
— Mesmo se o seu filho fosse apaixonado por um outro cara? — perguntei baixinho, ainda medroso, e ela nos afastou pra me olhar nos olhos.
— Você continuaria sendo meu filho, nada deve mudar. — disse, fazendo com que eu me segurasse em lágrimas de pura emoção. — E eu quero que você seja feliz, não sabe como eu me sinto bem por te ver com pessoas novas, como esse rapaz de ontem.
— Obrigado, de verdade. — era tudo que eu podia fazer, agradecê-la. — Também farei o possível se me pedir qualquer coisa.
— Para com isso, sou eu quem tem que cuidar das coisas por aqui. — disse risonha. — Mas me diga, esse homem não fuma e nem se envolve com drogas, não é? Não estou julgando pela aparência, é que bebendo daquele jeito, ele-
— Não, não! — ri com sua suposição. — E eu por acaso usava quando bebia?
— Claro que não, mas mesmo assim, nunca se sabe. — dizia, aquilo era engraçado. Ela também riu. — Estou brincando, você sabe o que faz e aquele homem também. — fez um carinho rápido em meu rosto. — Só espero que ele cuide bem de você, patinho envergonhado.
— Espera, você também acha que eu sou tão envergonhado assim? As minhas bochechas ficam vermelhas? — questionei como se minha vida dependesse disso. Ela segurou um riso.
— Foi o que eu notei quando você estava com aquele Juncoiso lá. — contou.
— É Jungkook. — corrigi, rindo com isso também.
Ela diria mais algo, levando as mãos para a minha gravata e ajeitando-a melhor pra mim. Porém não por muito tempo.
Me recordei de algo importante.
— Meu Deus, lembrei que em hipótese alguma meus pais podem entrar no meu quarto. — falei mais baixo, com medo de ser escutado. Ela franziu o cenho. — É que... O cheiro da bebida-
— Ah, pode deixar! — sorriu pra mim. — Eu limpo e jogo alguma fragrância boa lá dentro.
Meu sorriso se formou, porém, antes que eu sequer pudesse agradecê-la de coração quentinho...
— Está pronto? — meu pai entrou no quarto sem nenhuma educação, simplesmente entrando. Srta. Lee se afastou, deixando com que meu pai se aproximasse de mim agora e lhe fazendo uma reverência. Ele a ignorava.
Meu desconforto começou.
E infelizmente duraria por horas.
Coloquei as mãos na frente do corpo, esperando seus comentários e prestes a respondê-lo.
— Sim.
— Gostei da roupa, formal e correto. — disse, e mirou no meu rosto. — Que bom, não passou nada nessa sua cara.
Pois eu deveria.
— Já sabe, não é? Você é o meu sucessor da empresa e em breve conseguirá ser o dono dela quando eu me aposentar. Isso é muito importante pra nossa família. — ditava.
— Eu não posso simplesmente escolher o que eu quero pra mim? — ousei em perguntar, cansado disso. Vi a Srta. Lee levantar o olhar pra mim também, longe de nós.
— Escolher? — soltou um riso forçado, se aproximando mais de mim, completamente sério. — Já escolheu coisas erradas demais.
Resolvi ficar em silêncio, só queria que terminasse logo.
— E trate de agir como um homem, não quero passar vergonha com você. — continuei olhando pra baixo, afinal eu desisti de tentar fazê-lo pensar diferente. — Porque se falhar, tenha certeza de que nunca mais vai esquecer desse dia, pois eu farei questão de acabar com o seu.
Eu não o responderia.
Mesmo que meus punhos se fechassem.
— Entendeu? — aguardou a minha confirmação, e não hesitei.
— Entendi. — isso me machucava, mas era tudo que eu poderia fazer. Não gastaria mais da minha energia pra bater de frente com ele todos os dias. Me deixava exausto, de verdade.
— Ótimo. — deu as costas, satisfeito. — Você, empregada. — apontou para a Srta. Lee. — Meu quarto está sujo, vá limpar, vá. — expulsou-a sem gentileza alguma. E ela se foi como mandado.
Então, pra finalizar, ele se virou brevemente pra mim novamente e eu continuei no mesmo lugar.
— E vê se pinta esse seu cabelo de preto, você não é nenhuma mulher loira pra deixar ele dessa corzinha aí por tanto tempo. — disse, com a expressão enojada. — Olhando assim, realmente parece um viadinho, tsc. — negou com a cabeça, indo embora do meu quarto, finalmente.
Mal sabia ele que desde que Taehyung me ajudou a descolorir, minha autoestima em relação ao meu próprio cabelo havia crescido.
Soltei todo meu ar preso e fechei os meus olhos. Sim, eu estava com muita raiva agora.
Tudo que eu pensava era o quanto ele era um filho da puta.
E eu nem costumava falar palavrões.
Mas como eu queria xingá-lo alto bem na sua cara. Agora eu definitivamente odiava seus comportamentos, suas falas, tudo. Tudo nele me dava raiva.
Me segurei muito pra não explodir, respirando fundo, quando sinto meu celular vibrar no bolso.
Limãozinho 💚
| Boa sorte, bochechudinho
| Coradinho*** 😛
| vai dar tudo certo, confia no limãozinho doce aqui 😎👍 qualquer coisa me dá um toque blz
| Dê o seu melhor e seja você.
💸
[JUNGKOOK]
Por mais que eu houvesse bebido muito, isso foi ontem. Eu não entendia os motivos da minha cabeça ainda dar pontadas por conta da ressaca até agora. Poxa vida, já se passavam das dez da noite do dia seguinte que consumi álcool.
Jin e Yoongi estavam bem, ao menos.
Tomei um banho, e como eu estava completamente sozinho, fiquei sem roupa nenhuma para terminar de desembaraçar o meu cabelo. Segundos depois, observei que meu corpo já estava sentindo saudades de novas tatuagens.
E de fato, eu queria fazer alguma grande perto do abdômen ou emendar as do braço com o peitoral, alguma coisa do tipo. Lembrei de quando Jimin pensou que eu tivesse um piercing aqui embaixo e ri, recordando de sua face vermelha.
Depois que me troquei e coloquei uma roupa no mínimo confortável, tentei escrever mais um verso de uma música nova que eu estava compondo faziam duas semanas. Toquei o acorde da guitarra mas sequer pensei em algo criativo.
— Porra, que ressaca... — pressionei meus olhos fechados, mas não adiantou nada. Tudo que fiz, com todo meu estresse, foi deixar a guitarra de lado juntamente ao meu caderno e a caneta, levantando da cama.
Eu sabia que quando bebia muito, minha cabeça muito provavelmente doeria mais tempo do que o comum para os outros. Não é como se eu soubesse os motivos, mas talvez algo tenha dado um bug quando sofri o meu "acidente" na infância e bati a cabeça.
Bom, ele fez aquilo, né.
Resmunguei inúmeros xingamentos possíveis enquanto caminhei até o banheiro pra pegar remédio pra dor.
Abri o espelho e peguei a cartela, tirando um comprimido branco e colocando-o na boca, guardando novamente e caminhando até a cozinha.
Peguei um copo com água e tomei, sentindo o líquido descer pela minha garganta junto com o remédio que eu esperava que fosse apaziguar as pontadas agora fracas, porém irritantes, na minha cabeça. Suspirei.
Me espreguicei, bocejando. Eu estava com sono. E pensei que realmente fosse bem melhor dormir nesse caso.
Baguncei meu próprio cabelo e desisti de compôr, indo para o meu quarto somente pra cair na cama e dormir.
Porém, antes mesmo que eu passasse pela porta do cômodo, a campainha tocou.
Essa hora?
Passava da meia noite.
— Quê? — estranhei. Caminhei pela sala, indo até o famoso "olho mágico" pra ter uma noção de quem seria antes de abrir.
Olhando assim, pelo pouco que via... Cabelo loiro... Não dava pra ver seu rosto por conta do garoto olhar para o chão, mas...
Abri a porta.
— Jimin?
Me questionei os motivos pelo qual ele estava na minha frente agora, vestindo roupas casuais como uma camiseta simples e uma bermuda pra sair. E mais ainda porque em suas costas havia uma mochila preta, carregando bastante coisa. Franzi o cenho em repleta confusão pela cena que estava presenciando, além de Jimin sequer olhar nos meus olhos.
— O que-
— Posso ficar um pouquinho aqui? — perguntou, baixo. — Por favor.
— Espera aí, por que você... — me aproximei, e foi quando Jimin levantou seu rostinho pra mim e eu entrei em choque.
Uma de suas bochechas estava vermelha.
Mas não era por corar.
Haviam indícios de inchaço.
— Não faz perguntas, eu só... — hesitou, com os olhinhos cheios de lágrimas que não desciam. A voz estava trêmula. Ele também parecia inquieto. — M-Me deixe ficar aqui alguns dias.
— O que aconteceu? — logo perguntei, sério e totalmente preocupado, encarando seu rosto machucado e tentando encontrar qualquer outra coisa em si, pegando em seus bracinhos e analisando cada parte deles com atenção. Em choque. — O que aconteceu com você? Por que seu rosto ficou assim?!
— Jungkook...
— Porra, quem foi que fez isso com você, Jimin?! — aumentei meu tom de voz por impulso, e ele mordeu o lábio inferior pra segurar seu choro.
Se era o que eu estava pensando, eu sabia como era o sentimento, a dor também. Mas Jimin definitivamente não merecia passar por isso de jeito nenhum. Pelo amor de Deus, que não seja...
Comecei a sentir uma raiva inexplicável e a minha dor de cabeça só piorou.
E quando ele confirmou, senti algo quebrar dentro de mim.
— F-Foi... — começou, tremendo nas minhas mãos que lhe seguravam com cuidado. Ele fincou os dedos na minha roupa, apertando o tecido. Mal conseguia falar agora. Soluçou com o choro persistente. — F-Foi... O m-meu pai, J-Jungkook. Ele f-fez isso.
Existiam pessoas que nunca foram boas com palavras.
Eu nunca fui bom com atitudes.
Chegou um certo momento em que ninguém mais acreditava nas coisas que eu dizia ou prometia. Até porque, eu era um alguém duvidoso somente por me portar da maneira que estive acostumado. E eu entendia isso completamente.
Para muitos, eu só era o cara com um certo mau caráter, que não faria nada por ninguém. Egoísta.
Sim, eu admitia isso também. Eu agia com egoísmo em muitas ocasiões.
E agora, eu estava praticamente tendo uma crise de identidade.
Porque eu faria de tudo pelo homem que estava na minha frente neste exato momento.
— J-Jungkook, eu não sei o que f-fazer... — estava em prantos na minha frente, segurando-se em mim.
— Fique aqui, eu vou lá. — com a minha mente totalmente nublada, tentei passar, mas Jimin continuou me mantendo em sua frente. Ele negou com a cabeça no mesmo instante e eu o olhei.
— Não vai, p-por favor! — pediu. E ver seus olhinhos tão lindos diferentes um do outro naquele estado, me machucava também. — Por favor, n-não quero mais brigas e nada disso...
Eu respirei fundo.
— Vem. — coloquei meu braço em volta de seu corpinho e o trouxe pra dentro do apartamento que dividia, fechando a porta devidamente depois.
Retirei a mochila de suas costas e a coloquei no sofá, assim como da mesma forma levei Jimin até o estofado, sentando-me ao seu lado. Ele soluçava, mas seu choro estava cessando.
— Já volto, preciso cuidar de você. — falei, sério, olhando sua bochecha e deixando um carinho em seu queixo antes de me levantar.
Para que aquilo se tornasse pior, eu iria tentar apaziguar com o pouco que sabia de primeiros socorros.
Porque era uma necessidade saber quando eu ainda era uma criança.
Ele assentiu, quietinho, e fui para o banheiro rapidamente, abrindo o espelho e procurando tudo que eu precisava. Mas não estava ali. Abri a gaveta da pia e consegui encontrar a pequena compressa térmica fria.
Abri o espelho novamente e também peguei uma pomada para machucados e cortes, não sabendo exatamente se Jimin havia sofrido algum, mas por precaução.
Me atrapalhei ao que quase derrubei várias caixinhas de remédios que estavam ali, justamente pela minha enorme preocupação e desespero no momento.
Esse cara deveria ser preso.
Mas eu sequer poderia fazer alguma coisa.
Antes de sair do banheiro, respirei fundo e fechei os meus olhos. Eu ainda estava com uma tremenda dor de cabeça, e a raiva só a pesava duas vezes mais.
E queria chorar pelo motivo mais óbvio.
— Respira, Jungkook... — murmurei pra mim mesmo, segurando-me ao máximo. — Você sabe que grande parte disso é culpa sua.
Tentei me acalmar, mas precisava cuidar de Jimin. Saí do banheiro, andando em passos largos até ele e sentando ao seu lado mais uma vez.
— Aqui. — levei a compressa até seu rostinho avermelhado. Iria inchar. Esperava muito que não. — Fica pressionando, tá doendo?
— Tá gelado... — respondeu, fazendo o que pedi. — Mas dói um pouco porque foi recente.
— Como esse desgraçado teve coragem de... — hesitei, tentando não me deixar vencer pela pura ira. Respirei fundo e fechei brevemente os meus olhos. Encarei seus olhos úmidos, ao menos Jimin não chorava mais. — Como isso aconteceu?
— O motivo dele foi que eu não consegui disfarçar muito bem e fiz ele passar vergonha. — respondeu, triste, sem me fitar diretamente. Jimin tinha a cabeça baixa. — Eu só fiz o que ele disse que era pra fazer, eu não entendo... Não pude fazer amizade com uma moça gentil e ele simplesmente me crucificou. Meu pai só queria que eu ficasse sério o tempo todo e fingir ser o grande hétero que ele ainda pensa que eu sou.
— E por isso ele te bateu?
Jimin assentiu com a cabeça, receoso.
— Eu o confrontei também. Disse que não fingiria nada, que seria quem eu sou, ele querendo ou não. M-Mas... — suspirou. — Esse foi o resultado...
— Por que você teria que fingir ou se esconder, Jimin? — questionei, incrédulo com a capacidade de um ser humano ser tão desprezível. — Não volte mais pra lá. — mandei, ele me encarou.
— Eu ainda tenho que buscar algumas coisas... — dizia, pressionando a bolsa contra seu rostinho.
Por um momento, não vi mais nada. Somente deixei tudo pra lá e envolvi Jimin em meus braços, abraçando seu corpinho. Ele largou a bolsinha térmica e correspondeu ao abraço, recostando a cabeça em mim.
— Você tem que ficar com a-
— Não quero. — me cortou, nem deixando com que eu me afastasse. — Você é muito mais eficaz pra mim, Limãozinho.
Eu não sabia o que lhe responder, sinceramente porque ainda estava em estado de choque com tudo que aconteceu em tão pouco tempo.
— Jimin... — apertei-o fortemente contra mim. Acariciei seu cabelo loirinho, fazendo um carinho. — Você nunca mereceu isso.
— Nem você. — rebateu, me fazendo um carinho nas costas. Meus próprios pensamentos me deixaram desconfortável ao que ele estava insinuando. — E agora que eu tô com você, me sinto mais calmo e seguro. Não tive tempo nem de ter uma crise de ansiedade porque a primeira pessoa que veio na minha cabeça depois de ser agredido assim foi você.
Park se afastou, me encarando com a bochecha machucada bem melhor. Talvez não ficasse tão inchado.
— Além do Tae, que sempre vai ser o melhor pra mim. Inclusive tenho que falar com ele sobre isso, e tenho certeza de que ele vai surtar. Por isso não o deixei saber primeiro, né... — contou, com receio.
Eu não parava de olhar para o seu rosto.
Presenciar isso me deixava muito triste.
— Jungkook. — chamou, pegando a minha atenção para os seus olhos focados nos meus. — Tô bem, não precisa se preocupar. Foi só um tapa.
— Ele bateu em você, Jimin. — afirmei, sentindo a raiva subir novamente com o quão grave isso era.
— Isso não vai mais acontecer porque eu nunca mais quero saber do meu pai, tá bom? — disse, tentando apaziguar a situação. — Talvez eu mantenha contato com a mamãe, mas o mínimo possível... Quero viver a minha vida agora...
— E o apartamento?
— Taehyung estava me ajudando, daqui uns dias é provável que eu já consiga me mudar. Minhas caixas estão prontinhas, tive sorte de ter arrumado a maioria das minhas coisinhas. O resto talvez eu jogue fora. — explicou, balançando a cabeça positivamente.
Soltei um suspiro de novo, sério ao ouvi-lo, e Jimin voltou sua atenção em mim. Ele abriu um sorriso pequeno nos lábios.
— Eu já disse que estou bem, Limãozinho. — repetiu. Continuei sem dizer nada por alguns segundos, ainda raciocinando.
— Jimin-
Senti suas mãozinhas em meu rosto e seus lábios nos meus por um momento bem rápido. Park somente me deu um selinho e se distanciou novamente.
— Foi um beijinho de garantia pra você saber que me sinto melhor e mais seguro agora. De verdade. — falou, olhando pra qualquer lugar que não fosse o meu rosto.
Não comigo.
Peguei em sua mão pequena e a segurei, trazendo pra mim. Fiz um leve carinho nela com o polegar. Quis deixar os pensamentos ruins e as preocupações de lado. Tentei me manter leve.
Também, levei a compressa para sua bochecha mais uma vez, pressionando um pouquinho.
— Está com sono? — ele apertou a minha mão, assentindo com a cabeça. — Podemos ir dormir, então.
— Quero dormir do seu lado. — pediu, e eu sorri automaticamente, quase soltando uma risada.
— E achou que dormiria onde? — vi um sorrisinho seu também aparecer.
Seria uma longa noite pra mim. Por mais que as dores se fossem aos poucos por conta do efeito do remédio, ainda assim eu as sentia na minha cabeça. Ainda mais agora, depois disso.
O pai de Jimin era realmente um monstro.
💸
Meus olhos se abriram bem aos poucos, com preguiça. Eu sinceramente gostaria de ainda estar dormindo.
Resmunguei um pouco, tirando a coberta de cima de mim minimamente pra me espreguiçar melhor. Minha cabeça se encheu de dúvidas no momento em que encarei o teto do meu quarto.
Franzi o cenho.
Oras, o Jimin não estava aqui? Só havia eu mesmo na minha cama.
Levantei, lentamente seguindo até o banheiro. Quando saí do quarto, o apartamento continuava silencioso. Eu olhei ao redor, mas Jimin pareceu realmente não estar aqui.
Escovei os meus dentes, arrumando um pouco meu cabelo bagunçado e esfregando meus olhos, ainda com um tiquinho de sono.
Estava saindo do banheiro quando a porta da sala se abriu, mostrando um Jimin com duas sacolas em mãos entrando no apartamento. Ele fechou a porta sem sequer ter notado a minha presença.
Eu me aproximei no cômodo, primeiramente confuso, lhe vendo virar-se e tomar um leve susto comigo em sua frente de repente.
— Oh, você acordou! — disse, acalmando-se.
— O que é isso? — olhei para as sacolas.
— Ah, é comida! — disse, me encarando com um sorrisinho genuíno. — Eu abri a geladeira e os armários mas só via miojo e coisas nada saudáveis. Então, resolvi comprar comida boa, e comprei carne também. — levantou uma delas, orgulhoso.
— Carne?! — arregalei meus olhos. — Mas carne é car-
Lembrei e nem continuei.
Jimin é rico.
— Esquece. — balancei a cabeça como se afastasse aquele assunto. — E o seu rosto? — fitei sua bochecha desta vez e me aproximei mais do menor, pegando em seu queixo com cuidado, analisando onde ele havia sido agredido.
— Eu estou bem, eu juro. — afirmou. — Só ficou doloridinho, mas eu quase nem sinto.
Mirei em seu rosto, seus olhinhos brilhantes pra mim. Eu o fazia ficar desse jeito? Não era possível que eu pudesse deixá-lo tão confortável.
Jimin estava mesmo apaixonado.
Assim como eu estava por ele.
Não pude me conter ao ver seu rostinho fofo, com uma expressão adorável e o sorrisinho na boca. Eu lhe dei um beijinho, soltando seu rosto em seguida.
E Jimin corou completamente.
Ri.
— Fofo. — me afastei, pegando as sacolas de suas mãos pequenas e levando-as comigo pra cozinha. Acredito que ele continuava parado no mesmo lugar.
Comecei colocando as coisas em cima da bancada da pia na cozinha, pronto para guardar cada uma delas.
— Você dormiu bem? — ouvi a sua voz atrás de mim, parecendo um pouco distante. Eu assenti, ainda sem encará-lo.
— Sim, acho que até acordei mais tarde do que costumo. Que horas são? — perguntei, terminando de esvaziar a segunda sacolinha de compras.
— Deve ser meio dia. — respondeu. — O seu amigo Jin me ligou, ele disse que você não atendia. Então, ele pegou meu número com o Yoongi porque pensou que eu provavelmente soubesse onde você estava.
— Sério? — me virei, tentando pensar no motivo. — Aconteceu alguma coisa?
— Na verdade, ele nos chamou pra ajudar na sorveteria que trabalha, hoje. No caso, a gente deveria estar pronto e ir às uma, mas eu achei que você estava dormindo tão gostosinho... — disse, fazendo uma expressão de puro dó no final com um biquinho triste.
Tive que me aproximar dele, segurando um sorriso. É claro que eu dormi bem.
Nem tanto assim, afinal demorei para realmente conseguir.
— E a sua dor de cabeça? Ouvi você resmungando algumas vezes ontem... — e esse foi o motivo de eu ter pegado no sono somente pela madrugada. Jimin pareceu preocupado.
— Ah, não sinto mais. Dessa vez, passou. — contei, aliviado. Lhe dei um sorrisinho e recebi outro em troca. — Vamos nos arrumar? Já que meu querido amigo resolveu arranjar um passeio pra gente de última hora. — disse com graça, o que me fez rir.
— Sim, mas... — de repente, questionamentos vieram na minha cabeça. — Será que realmente aconteceu algo e ele não me disse? Porque esse seu amigo geralmente tem um ajudante lá trabalhando, não tem? Ou foram só nos dias que eu fui?
— É um primo distante dele, sei lá. Só sei que ele não tá frequentemente na sorveteria. — expliquei. — Quem o ajuda às vezes sou eu, mas ultimamente tem sido o... — parei, engolindo em seco ao lembrar de Namjoon.
Senti um aperto no peito.
Logo, carinho no meu cabelo.
— Não precisa dizer, eu entendi. — disse, olhando pra mim com um olhar que me passava tremenda calmaria. — E ele vai ficar bem, tá?
Tudo que eu pude fazer era assentir que sim. Eu já não tinha mais certeza de absolutamente nada, mas as minhas esperanças nunca se esgotariam.
Meu celular vibrou, e quando Jimin se afastou de mim pra poder manter o foco em se arrumar, eu peguei no aparelho.
Hyung Moranguinho
| E aí meu dongsaeng fofo
| Tenho boas notícias do Nam 🥺
| e hoje tenho uma missão pra você, conquistador apaixonado.
💸
[JIMIN]
Encarei meu rosto no espelho de Jungkook por alguns minutinhos. Coloquei uma camiseta que trouxe, e fui de encontro com Jungkook pronto na sala.
Todo de preto. Fofo.
— Podemos ir? Acho que o Jin vai arrancar o meu couro porque estamos uma hora atrasados. — falou, sério. Eu acabei rindo.
Mas ele parecia estranho, piscando algumas vezes e passando a mão no próprio cabelo. Como uma pessoa diagnosticado com transtorno de ansiedade, vi o quanto parecia que ele estava com alguns sintomas, isso sim. Além de que não parava quieto, mexendo as pernas, não ficando parado.
— Tudo bem, nós vamos. — assenti, e me aproximei mais de Jungkook, olhando bem em seus olhinhos grandes. Jabuticabinhas. — O que foi?
— Huh? Ah, é que... — pareceu imerso de repente, no entanto, me encarou com os olhos escurinhos brilhantes. Ele pegou nas minhas mãos, me deixando um tantinho surpreso. Jungkook abriu um sorriso, estava elétrico agora. — Yoongi me disse que o Nam vai realizar a cirurgia. — contou, eu levantei as sobrancelhas em total surpresa. — Vai ser hoje, e eu sei que não deveria ficar tão feliz sem saber no que vai resultar, mas... — soltou o ar, aliviado. — Você não sabe o quanto essa notícia fez o meu dia!
Era por isso que de uma hora pra outra, após estarmos prestes a sair, ele estava diferente de uma horinha atrás. Namjoon havia dado notícias e elas eram tremendamente boas.
Jungkook estava feliz.
Mas haviam chances de dar certo? Eu não sabia o que aquela doença fazia, mas quando pesquisei, entendi que provavelmente teria cura. Não fui tão afundo.
E vê-lo sorrindo pra mim dessa forma me deixou de coração quentinho. Assim como eu acreditava que o seu também estava.
— Isso é ótimo, Jungoo! — peguei em seu rosto, colocando minhas mãozinhas nele como se o segurasse. — Sabe o quanto eu também fico feliz por isso?
— É por isso que da mesma forma que eu não quero estar longe do Nam... — respondia, direto e fitando meus olhos atentos. — Eu também não quero estar longe de você, Jimin. — fiquei sem fala, Jungkook retirou minhas mãos de si e as pegou, juntando as suas. Talvez eu estivesse corando com o que havia dito nesse momento. — Ainda mais de você.
Eu estava intacto. Parecia tão surreal estar ouvindo essas palavras. Não que não fosse imaginável Jeon Jungkook dizendo coisas do tipo, mas a sinceridade contida nelas parecia impressionante. Além de que ninguém nunca demonstrou tanto por mim, sem contar meu único melhor amigo.
Sei que Jungkook nunca pareceu ser alguém romântico e carinhoso. Mas no fundo, tive certeza de que ele era. Tudo que ele tinha era medo.
— Bom, acho que devemos ir. — mudou de assunto, cortando todo o clima e o meu transe profundo.
— Claro, claro. — concordei sem jeito, me endireitei de pé e segui sozinho até a porta, esperando que ele me seguisse.
Acontece que eu estava no apartamento dele, por que raios estava tomando a frente? É, talvez por vergonha, querendo sair dessa situação logo.
Descobri que a sorveteria que Seokjin era cercada de lojas de roupas também quando entramos na rua. Pela janela do carro, eu via as roupas bonitas nas vitrines. Claramente, era tudo dividido entre lojinhas comuns, e as de marca.
Então, com o carro parando no sinal, olhei para Jungkook que também encarava algo pela janela ao seu lado. Mirei na mesma loja, reparando na vitrine da Louis Vuitton.
Havia um conjunto preto de camisa e calça tie-dye muito bonito em um manequim, cheio de cores e que chamava a atenção. E muito provavelmente Jungkook estava olhando exatamente pra isto.
— Gostou dessa roupa? — perguntei, simples.
— Nossa... — reagiu, alheio. Suspirou. — Eu olho pra ela toda vez que passo por aqui. Tá há um mês e mais um pouco, então acredito que seja um lançamento bem popular, porque ela sairia da vitrine rapidinho, não ficaria esse tempo todo aí com tantas coisas novas virando moda. — dizia, realmente interessado naquele conjunto.
— E você quer? — fiz outra pergunta, uma que agora não interessava somente ele.
— O que? Não! — virou o rosto pra mim, colocando a mão no volante e preparado pra continuar a dirigir. Negou com a cabeça, soltando um riso frouxo. — Tem noção do quanto custa? Da última vez que chequei, eram quase dois mil dólares* cada peça ou mais.
— Mas você não quer? Parecia com tanta vontade olhando pra essa roupinha. Sem contar que ficaria linda em você. É o seu estilo. — reforcei. O sinal abriu, e Jungkook voltou a sua atenção para o caminho, mas me encarou brevemente com um sorrisinho sem graça.
— Infelizmente eu não tenho dinheiro pra isso ainda, Jimin. — disse, logo prestando atenção na rua. — Talvez um dia tenha, quando eu realmente me tornar um artista bem sucedido. Hoje tô bem longe disso, mas vou conseguir, você vai ver. — riu, descontraindo.
Senti uma pontada da dor da realidade. Não era como se eu entendesse o que ele sentia, porque não, eu não entendia. Porém, tudo que eu queria era ser compreensivo no meu total com ele. Sem contar que também acreditava intensamente no seu potencial.
Jungkook com certeza seria cantor.
— É, quando eu tiver dinheiro, essa roupa já vai ter saído da vitrine. — ditou mais baixo, pra si mesmo, desconsiderando totalmente a ideia de tê-la.
— Ah, entendi... — somente lhe demonstrei compreensão, ouvindo Jungkook mudar de assunto dizendo que estávamos chegando. Ele estava feliz, e eu não queria tirar isso dele continuando a falar sobre o que ele queria e não podia ter porque simplesmente não poderia pagar.
Mas eu posso.
E repetindo, aquela roupa definitivamente ficaria linda nele.
💸
— Finalmente, sabe o quanto você demorou, Jeon?! — Jin saiu de trás do balcão e veio até nós assim que chegamos, tentando ser discreto. — Venham comigo rapidinho. — e sem nos deixar cumprimentá-lo direito, deu as costas depressa, nos fazendo segui-lo.
Uau, o local já estava com bastante gente. A maioria eram adolescentes e famílias com crianças.
— Ora, eu tenho culpa? Tu que resolveu chamar a gente de última hora.— Jungkook tornou-se indignado com a bronca e Jin apenas deu de ombros. Eu olhava ao redor quando chegamos na parte oculta que ninguém que estava na sorveteria via, atrás de onde eles atendiam, era como um depósito pequeno.
— Toma, aqui estão as camisetas do uniforme. Escolham uma cor. — dizia, nos mostrando uma branca e uma azul bebê dobradinhas corretamente em suas mãos, nada amassadas.
Ele usava uma rosa clarinha, bem clara mesmo. Todas tinham o nome do lugar estampado em uma escrita preta e delicada na camada de bolso.
— Qualquer uma, eu não me importo. Qual você quer? — Jungkook me encarou.
— Ah, eu... — pra mim também não importava, na verdade. — Acho que a azulzinha... — apontei timidamente.
— Beleza, se vistam aqui e venham ajudar, prometo que vai ser divertido, chamei vocês pra isso e fico feliz que tenham vindo. — disse, caminhando para voltar ao trabalho, portanto, me fitou antes de ir. — Jimin, seu amigo vem também? — assenti na hora. Jeon pareceu me olhar em confusão. — Certo. Jungkook, chamei o Yoongi. Acho que todos nós precisamos de distração e agora podemos nos divertir um pouco mais.
— Oh, sim. Yoongi me disse que viria, na verdade... — afirmou. Jin encarou Jungkook como se falasse apenas com o olhar, segurando um sorriso em seus lábios. Jeon respirou fundo, me encarando em seguida e dando um meio sorriso. Não entendi muito bem, mas ignorei, afinal deveria ser coisa de melhores amigos.
Desdobrei a camiseta azul e a achei fofa por inteiro. Era de botõezinhos, e a sua cor em si era fofinha.
— Que amigo seu que vem hoje? — perguntou, curioso. Jin já havia saído e fechado a portinha.
— Woosung. — brinquei.
— O que?! — aumentou seu tom no automático e no susto. Eu comecei a rir, não aguentei depois dessa. Ele chegou mais perto. — Mas-
— É brincadeira, quem vem é o Tae. — falei, e o Jeon relaxou. Continuei a dar risada de sua cara. — Para de ser dramático.
— Engraçadinho. É bom mesmo, não quero aquele enxerido aqui. — revirou os olhos. Azedinho.
Então, Jungkook começou a tirar sua camiseta, segurando na barra dela e rapidamente a retirando de seu corpo como se eu nem estivesse ali. Me virei rápido, de olhos arregalados. Meu Deus, de novo?
— E-Eu não vou olhar! — avisei, por precaução.
Ouvi sua risada.
Acho que tô com calor.
— Mas você já me viu sem camisa, não é como se eu estivesse pelado, Jimin. — agia indiferente.
Mesmo assim, meu coração conseguia sair de ritmo só o vendo desse jeito, então preferia continuar de costas. Tentei me acalmar, focando em desabotoar a roupa que segurava.
— Não vai tirar a sua? — tomei um susto quando ele cochichou isso no meu ouvido bem atrás de mim. Dei um sobressalto.
— Jungkook, seu cara de pau! — me virei pronto pra lhe empurrar, mas ele já estava com o uniforme, terminando de abotoar os últimos dois botões.
E um sorriso sacana em seu rosto, de praxe.
Revirei meus olhos, ficando mais de boa. Então, vendo que só faltava eu, um pouco tímido, desviei o olhar pro chão e decidi pedir.
— Você pode... hum... se virar pra eu me trocar? — foram míseros segundos de silêncio, até eu escutar uma risadinha sua. Falei baixinho, envergonhado.
— Sem problemas. — deu de ombros, virando de costas.
Aproveitei e não enrolei, retirei minha camiseta, prestes a colocar o uniforme.
Meu Deus, nunca abotoei algo tão rápido na minha vida.
— Pronto. — e ele se virou, me encarando de braços cruzados.
— Foi rápido, hein. — sorriu de canto. — Achou que eu iria dar uma espiada?
— Claro que não, seu bobo. — franzi o cenho ao fazer uma cara de bravo que literalmente não deu certo, revirando os olhos. Ele abriu mais seu sorriso. O safado sabia que eu havia mentido.
Finalmente saímos, e com isso, me deparei com Taehyung debruçado no balcão conversando com Seokjin, talvez se conhecendo, usando o devido uniforme também, só que em um amarelo bem clarinho.
Quando me viu, na hora veio correndo até mim.
— Que fofinho meu bebê! — apertou minhas bochechas e eu resmunguei, me afastando no impulso.
— Ai, Taehyung... — fiz uma expressão de dor por conta da minha bochecha dolorida, e isso fez com que eu colocasse a mão nela, tentando apaziguar. Ele estranhou.
Jungkook me encarou de olhos arregalados ainda ao meu lado, preocupado. Eu neguei com a cabeça.
— Que foi? Eu nem apertei muito for-
— Nada, doeu só um tiquinho. — tentei deixar o verdadeiro motivo esquecido por enquanto e resolvi mudar de assunto antes que seu questionário me atingisse. — Onde colocou o uniforme?
— No banheiro. — riu. — Eu cheguei e o meu novo amigo Jin disse que vocês estavam se trocando juntos, aí decidi ir sozinho pro banheiro, vai que eu abria a porta e via vocês dois se pegando, né? Ugh. — se tremeu todo com um leve nojo ao pensar. Ele é maluco?
— Taehyung! — chamei sua atenção. Estávamos em público atrás do balcão fazendo quase uma baderna. Ele deu de ombros, fazendo um "tsc".
— E aí, bonitão. — mirou em Jungkook, que lhe encarou com um pouco de receio porque ambos sequer haviam se dado bem. O Kim se aproximou do esverdeado com o indicador quase em sua cara. — Já sabe que eu corto seu amiguinho fora se machucar o Jimin, sacou? Eu posso-
— Finalmente ele chegou! — Jin soltou sem chamar muita atenção e o sininho da porta tocou. Nossa atenção foi toda para lá.
Era Min Yoongi, vindo com seus braços todos tatuados e a regata preta em seu corpo.
— Puta merda. — Taehyung xingou, desfazendo toda sua pose contra Jungkook e eu lhe cutuquei no braço com o cotovelo. Kim veio pra minha frente rapidinho, falando em um "sussurro gritante": — Por que não me disse que o meu futuro namorado viria?! Eu tô desarrumado, porra do caralho!
— Para de ser louco e foca no que a gente vai fazer! — também sussurrei, mantendo-o na linha.
— E aí, pessoal. — disse, e meu melhor amigo rapidamente virou-se para lhe dar um sorriso amarelo, ficando lado a lado comigo e o Jeon. — Oh, você também veio, me lembro de você! — apontou para o Tae, logo depois me encarou com seu olhar calmo. — E você também, Jimin. Que bom... — sorriu fofinho.
Yoongi, pelo amor de Deus, se liga no Taehyung e não em mim! Ele literalmente tá tããão na sua, poxa.
Jin também lhe deu a camiseta para vestir, dessa vez uma verdinha. Estávamos todos coloridinhos e adoráveis, na minha opinião.
— Eu amei a ideia de sermos quase um arco íris, vejo que isso chama muito a atenção das crianças. Foi você quem teve? — fiquei curioso, me aproximando de Jin enquanto Yoongi ia ao banheiro.
Ele negou com a cabeça, sorrindo enquanto separava alguns ingredientes no outro lado do balcão, onde ele provavelmente fazia tudo.
— Foi a Hanna. — disse. Fiquei raciocinando por um tempo, até ele me encarar. — A minha filhinha. Muitas coisas aqui da sorveteria foram ideias dela.
— Oh. — aquilo era definitivamente muito adorável. — Que amor... Ela deve ser muito fofa.
— E ela é. — riu, confortável ao falar da filha. Eu sorri, ele parecia amá-la bastante.
Logo, quando estávamos todos prontos, na medida que os clientes estavam indo embora após comerem, chegavam ainda mais pessoas no local. Pude ver que hoje era um dia bem movimentado.
Para eles não parecia ser, mas pra mim e talvez um pouquinho pro Tae, tudo era muito novo. Bom, interessante também.
Jin nos disse pra ajudá-lo em coisas diferentes. Jungkook, Yoongi e Taehyung iriam servir as pessoas e anotarem seus pedidos. Já eu, iria ajudar Jin com os sorvetes.
Na realidade, decidi me posicionar pra isso quando ele estava distribuindo as tarefas, porque gostava muito e poderia experimentar o que ele me pedisse, ou até ajudá-lo ao fazer e repôr os sabores diversos.
Longos minutos depois, vários clientes estavam com seus pedidos em suas devidas mesinhas e Taehyung vinha pra mim com o intuito de levar mais pedidos. Basicamente, Jin colocava os sorvetes e eu os organizava de maneira visualmente agradável nos pratinhos ou bandeijas.
Encarei Jungkook entregando uma com três sorvetes e dois bolinhos decoradinhos para os pais e a filhinha. Ah, os pedaços cheios de morangos havia sido eu que decorei!
Jeon estava tão fofo com um sorriso educado em seu rosto, as mãos pra trás e o cabelo penteadinho, parecendo um garçom. A garotinha da mesa parecia ter dito algo ao apontar para o seu cabelo que o fez sorrir ainda mais, e vê-lo assim me deixava...
Apaixonadinho.
Suspirei olhando pra ele.
— Prove este aqui. — Jin pediu, e eu resgatei meu foco para a casquinha com uma bola de sorvete que ele fez pra que eu provasse o sabor. A peguei. — É de menta, acabou e eu fiz mais porque é o sabor que gera mais pedidos, sem contar que já tem uns três agora. Geralmente é o meu ajudante que faz esses caseiros, mas eu tentei, vê como ficou.
Provei apenas mordendo um pedacinho, saboreando. Levantei as sobrancelhas e dessa vez lambi o sorvete.
— Ficou incrível, eu adorei! — disse, e Jin sorriu gentilmente.
Lambi mais uma vez, chupando uma vez porque estava realmente muito bom e eu gostava de sorvetes de menta. Além de que precisava comer rápido para que pudesse continuar ajudando. Mordi, degustando do doce.
— Não sabia que podia usar essa língua vermelhinha tão bem. — ouvi a voz de Jungkook bem baixa no meu ouvido e entrei em choque. Meu corpo se arrepiou inteiro.
Ele passou atrás de mim numa boa. Fiquei intacto olhando pro nada. Duro no lugar com a casquinha na mão. Meu coração quase saltou da boca.
Ouvi risadas ao meu lado.
Quando tomei coragem pra olhar, era o previsível Kim Taehyung, colocando dois pedaços de bolo de morango em pratinhos.
— Nem sei o que ele te falou, mas é só ele chegar no seu ouvidinho... — tentou se conter, rindo mais, porém baixo. Franzi o cenho em raivinha dele caçoando de mim na cara dura, sem esconder. — Caralho, hein, Jimin, o gostosão perfurado te tem na mão.
— Cala a boca. — mandei entredentes. — Eu também vi você tímido várias vezes quando o Yoongi falava com você. — falei, lhe fazendo fechar a cara e sair rapidinho de perto.
Com isso, virei meu rosto e ainda com os pensamentos embolados, olhei pro Jeon arrumando outra bandeijinha numa boa, com um sorriso bem filho da mãe no rosto.
Jungkook mirou em mim e eu rapidamente desviei.
Ele faz de propósito.
E eu odiava admitir, mas ele realmente me tinha na palma da mão. Qualquer ato seu me quebrava por inteiro.
Mas pelo menos, era do jeito bom.
Passamos o resto do dia atendendo e também nos divertindo ao ajudar nos pedidos. O clima era muito bom, os clientes amavam Jungkook, principalmente as crianças e os adolescentes, porque além de bonito, ele era diferente do comum de certa forma. Yoongi também era cobiçado na mesma quantia pelas suas tatuagens e por, na realidade, ser um amorzinho de pessoa.
Taehyung era muito piadista e certas vezes me deixava envergonhado. O dono, Jin, amava as interações que ele fazia com as crianças pequenas. Todas riam com o Tete, e isso me deixava feliz também.
Duas meninas que pareciam ser do ensino médio vieram pagar e me elogiaram. Disseram que eu era bonito. Eu corei, agradecendo.
Jungkook estava do meu lado. Não disse nada, apenas sorriu fofo pra mim ao ouvir tudo.
Eu não queria que o dia de hoje acabasse nunca. Era o melhor clima do mundo.
Estar entre as pessoas que gosta.
Com isso, também me senti mais próximo de Seokjin, que me fazia rir quando fazia algo bem bobo de errado e não levava isso tão a sério.
O horário de fechamento da sorveteria havia chegado, e nenhum de nós ali não poderia estar mais satisfeito. Foi um dia produtivo.
Marcamos de sair pra comer, então limpamos tudo rapidinho. Agora, estávamos na entrada da sorveteria, ainda dentro do estabelecimento.
— Primeiro, eu queria agradecer por terem me ajudado aqui, de coração. — Jin começou a falar. — O Baek é meu primo, e um amigo muito próximo dele acabou sofrendo um acidente, então ele teve que passar no hospital e também não quis que ele trabalhasse hoje pelos acontecimentos. — explicou-se. — Mas eu vou separar a grana toda que recebemos e vou dividir pra gent-
— Não, nem pense nisso! — foi Taehyung que lhe interrompeu, estando ao seu lado. — Fica todo pra você, quero que use bastante, inclusive com a sua filha.
— Ah, mas... — vi que Jin tentou esconder a sua gratidão por isso, porém tentou contornar. — É que vocês também trabalharam, por isso pensei em dividir, é o mínimo.
— Eu prefiro que fique tudo pra você. Hoje o dia rendeu muitos ganhos. — concordei com o meu amigo.
— Todos os dias você fica aqui fazendo a maior parte das coisas, Jin hyung. — Jungkook continuou, sincero. — Não é como se precisássemos.
— Gente, sério... — sem o que dizer, suspirou. Jin abriu um sorriso. — Eu odeio esse jeito fofo de vocês porque eu fico sem graça, odeio mesmo! — tornou-se sério, soltando uma risada em seguida. Todos nós acabamos rindo. — Obrigado, eu devo a vocês e quero pagar a bebida de hoje.
— Bebida? — repeti involuntariamente, fechando a expressão. A última vez que bebi foi por conta do meu pai, e eu sabia que precisava ficar longe disso o melhor possível.
— Sim, você não bebe? — questionou em inocência, todos acabaram me olhando.
— Ah... é que... bem, eu-
— Ele não gosta, vocês podem beber e eu fico sem beber com ele. — Jungkook me cortou, praticamente me salvando de tocar em um assunto desconfortável. Levantei meu rosto e lhe encarei, grato.
— Certo, eu vou indo pro carro, quer uma carona? — Yoongi se pronunciou, perguntando diretamente pra Taehyung. Uau.
— E-Eu? — arregalou seus olhos um pouquinho. O Min afirmou, indiferente. — Ah, claro! — aceitou, indo para o seu lado e me dando um olhar surpreso. Eu me segurei pra não rir e quebrar todo seu disfarce. — Jin, você pode vir também.
— Eu vou com o Jungkook. — já avisei. Todos assentiram. — Vamos? — encarei o Jeon, vendo os meninos saindo também. Yoongi nos deu um último olhar antes de sair, principalmente pra Jungkook, mas não parecia ser da minha importância.
— Bom... — ele começou. — As nossas roupas ainda estão lá dentro. — de fato, eu me recordei na hora. É mesmo, as nossas camisetas! Ainda éramos os únicos a vestir os uniformes.
— Jesus, como eu pude esquecer? — todos saíram do local já com as luzes apagadas, e eu corri pra poder pegar nossas peças esquecidas.
Troquei a minha rapidinho e peguei a de Jungkook, vendo que ele não havia vindo pra cá se trocar também. Saí.
— Jungkook, você não-
As luzes estavam ligadas novamente. Na realidade, vendo bem, apenas uma estava, clareando uma parte da sorveteria coloridinha. Jungkook estava com as mãos em seus bolsos, recostado em uma mesa, e eu não conseguia ver mais nenhum carro lá fora além do de Jeon.
— Eles já foram? — perguntei, em repleta confusão. — Mas... — parei, não entendendo muita coisa. Eu me aproximei. — Aconteceu alguma coisa?
— Não. — respondeu, mais sério. — Mas eu quero te pedir uma.
— O que? Como assim? — sem entender, franzi o cenho. Pedir?
— Bom... Os meninos conversaram disso comigo e eu realmente achei melhor botar pra fora, ainda mais depois das coisas que discutimos que nem dois bobos também. — contava, ficando pertinho de mim.
— Que coisas?
— Sobre não sermos nada um do outro, Jimin. — expôs. Me senti sem falas, porque não havia nada para que eu refutasse.
— Mas... Realmente não somos... — desviei o olhar, mordendo o lábio devagar e tímido. Não sabia se ficava triste com o fato ou somente aceitava. — Desculpa se eu toco sempre nesse assunto...
De repente, senti seus dedos em meu queixo, levantando meu rosto pra cima, no propósito de encarar o seu.
Nossas alturas se diferenciaram, e o vendo daquele jeitinho, no lugar totalmente vazio e nesse silêncio intenso, literalmente só com ele aqui e em um fim de tarde tão bom lá fora, minhas vontades pareciam se aflorar ainda mais.
— E você quer? — questionou, sem tirar os olhos dos meus. — Quer que sejamos algo?
— ...Como? — proferi baixinho, com seu rosto próximo. Ele retirou seu toque da minha face, passando a língua brevemente nos próprios lábios bonitos.
— Acho que não posso suportar esconder os meus sentimentos por você e também não consigo segurar mais nada. Eu já aceitei, hyung.
Hyung.
Meus lábios se entreabriram e eu fiquei sem palavras. O que eu diria?
— Por isso, eu quero que seja... — mirou na minha boca, voltando aos meus olhos diferentes mais uma vez.
Esperei ansioso. Não fazia ideia do que ele diria, mas o meu coração batia forte.
— Quero que isso aqui se torne algo. Quero que realmente seja meu, Jimin. — isso sim, parecia surreal. — O meu Coradinho.
[Anotação do dia: Jungkook]
GENTEEEEEEE SERÁ QUE VEIO AÍ?????
Sei que muitos esperavam por esse momento, outros só estão esperando a discórdia acontecer logo. Também tem aqueles que aguardam os momentos 🔞 que eu sei KKKKKKKKKK
E É POR ISSO QUE EU DECLARO AQUI QUE NO PRÓXIMO CAPÍTULO...
Ai. Vou falar nada, fiquem tentando descobrir. 😋😋😋
Dessa vez, sinto que demorei muito pra atualizar E MIL PERDÕES KKKKKK espero que não me abandonem, fico horas escrevendo e revisando por vocês e porque amo escrever. Eu amo ler os comentários e tbm amo o fato de vocês lerem de verdade, entrando na história e até criando teorias. Obrigada, vocês me fazem sempre voltar. 💚💚💚
⚠️ E VOLTAREI!!!!!!!!! Não sei quando porque vou começar a estudar, irei pra faculdade, tem meu trabalho, mas JAMAIS VOU SUMIR!!! Eu volto ainda esse mês ou se ficar muito pesado pra mim, no comecinho do outro de novo, mas acho que no final DESSE, tô aqui de volta.
Pensamento aleatório dos Jikook de BT: dizem que existem almas gêmeas e as chamas gêmeas... se os vmin são souls... o Jungkook é a chama gêmea do Ji... 🥺🥺🥺💚
Kisses da Mimi.
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