[13] 나쁜 body.

#JiminCoradinho
Usem a tag também, hein.

Quase 20k de palavras, ou seja, me amem. MEU IPHONE POCKET ATÉ TRAVA PRA ESCREVER DE TANTA PALAVRA!!!

Comentem, hoje tem de tudo.
Amo vocês e compartilhem a fanfic com mais pessoas, isso me deixa de coração quentinho! (Ver vocês comentando também, até quando querem me bater) 💚🥺

Bora bater 150k de view!

💚

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LEMBRANÇAS

[JUNGKOOK/JUN]

Ensino Fundamental.

— Ei, Joo! — o chamei, na saída da escola. Ele pegou nas alças de sua mochilinha com as duas mãos e veio correndo. Sorri grandemente.

— Vamos embora juntos de novo? — Joo perguntou animado. Assenti.

Costumávamos ir embora juntos. Morávamos longe, apesar de nos acostumar com o ônibus escolar levando e buscando nós dois na escola todos os dias.

— Queria poder te levar pra casa. — eu disse, sendo sincero enquanto estive sentado ao seu lado no ônibus cheio de outras crianças. Ele me encarou confuso. — Vi em um filme.

— Aqueles que os garotos adolescentes acompanham as meninas em casa? Jun, eu não sou uma menina! — riu, fiquei um pouco sem graça. Não era bem isso que eu quis dizer, mas também não saberia explicar direito. — Olha, amanhã vou comprar sanduíches pra nós de novo, tá?

— Eu queria comprar dessa vez. Mas... — abaixei a cabeça. — Eu não tenho nenhum dinheiro...

— Nem seus pais?

— Não... E eles nem me dariam nada, você já sabe. — falei a mais pura verdade. Porém, uma pequena esperança se fez presente, por isso lhe encarei com mais animação. — Joo, prometo que quando for mais velho, vou trabalhar e comprar várias coisas pra você! Ou então, vou ser um artista!

— Mas pra mim? Eu não preciso, Jun... — dizia, soltando uma risadinha. — Por que quer me agradar? Não precisa retribuir as coisinhas que faço por você. Afinal, você é o meu melhor amigo.

— Eu sei, por isso quero sempre te deixar feliz pra que nunca se canse de mim.

— Bobinho, eu não me cansaria de você, nem pense nisso! — aquilo esquentou o meu coração. Joo sorriu. — Só não precisa se sentir na obrigação de que eu seja retribuído pra sempre ou que deve cuidar de mim, ouviu? Mesmo quando não puder retribuir, eu sempre vou querer você como o meu melhor amigo, nada vai mudar!

Eu neguei com a cabeça, ainda o encarando sorrindo genuinamente pra mim. Eu era novo demais, mas sabia que muitas amizades acabavam, só esperava que Joo cumprisse sua palavra. Mesmo assim, quis frisar:

— Pretendo fazer isso até o dia em que você não me queira mais.

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[JUNGKOOK]

Como eu adivinhei, as coisas logo sairiam do controle. E muito antes do que eu pensava.

Taehyung me encarava sério, de braços cruzados enquanto Jimin tinha seus olhos perdidos sobre os meus.

Eu mal sabia abrir a boca pra dizer uma sequer palavra. Estava literalmente encurralado naquele momento e não fazia ideia de que milagre poderia acontecer pra que nada desse errado.

— Tá... — o Kim se pronunciou, descruzando os braços e tornando-se mais calmo. Ele suspirou alto, como se fosse derrotado ou apenas estivesse sem paciência pra continuar. — Não é nada, deve ser assunto desses dois.

Espera, Taehyung literalmente estava me livrando dessa? É sério isso?

— Mas você também sabe? — Jimin lhe encarou perdido, tentando compreender de certa forma.

— Eu não faço ideia de nada, na verdade. Ai, eu hein. — disse, suspirando alto ao ar de novo e dando as costas.

Jimin o seguiu com o olhar até que Taehyung saísse do banheiro. Ele tentou dizer algo pra impedir, mas seus lábios somente abriram levemente e fecharam logo em seguida, desistindo por completo.

— Desculpa, Jimin. — Yoongi quem tomou a voz agora, fazendo o menor encarar nós dois. Eu confesso me sentir um pouco preocupado, enquanto Yoongi endireitou-se de pé, falando sério. — Acho que seu amigo acabou escutando algumas coisas fora de ordem, coisas que eu e o Jungkook compartilhamos, apenas.

— Ah... Ele é assim mesmo. — abaixou sua cabeça, talvez decepcionado. Voltou a nos encarar, principalmente a mim. — Espero que isso não tenha incomodado vocês e que também não tenham perdido o raciocínio todo da conversa que tinham. — riu, mas foi de nervoso.

Jimin não parecia confortável. Ele colocou as mãozinhas na frente do corpo e deu um passo pra trás.

— Bom... Encontro vocês depois. — sorriu fraco, prestes a dar as costas também e ir embora.

Mas fui mais rápido e em um único passo grande, peguei levemente em seu braço e lhe virei diretamente pra mim, o deixando um pouco surpreso e curioso.

— Pode me chamar depois? Me ligar ou qualquer outra coisa assim, caso você tiver que ir embora agora. — falei, antes que eu me arrependesse.

— Eu acho que vou, sim... — contou, sem ânimo, afastando-se de mim. — Lembrar que ainda tenho que voltar pra aquela casa me dá arrepios bem ruins pelo corpo... — citou um pouco mais baixo, porque de certa forma, eu sabia o que se passava dentro de sua casa. Ou pelo menos, uma partezinha minúscula que dizia muito. — Mas tá tudo bem, eu pretendo me mudar em breve.

— Tem que voltar hoje? — perguntei, Jimin assentiu. — Não quer ir pra minha casa de novo?

Dessa vez, ele não me respondeu, parecendo relutar muito pra me dar uma resposta clara. Eu sabia que não seria uma opção possível e que talvez eu estivesse dificultando demais a sua situação com a própria família, inclusive com seu melhor amigo. Talvez eu só estivesse sendo um tiquinho egoísta.

Percebi que eu era literalmente o caos em pessoa. E na vida de todos que conhecia, também.

— Tudo bem, você não pode. — concluí, não sendo o que nenhum de nós dois queríamos de fato. Ele suspirou. — Só que se-

— Acho que vocês tem todos os dias de suas vidas pra conversarem sobre qualquer coisa, né? — Yoongi nos interrompeu de forma séria, se aproximando.

— Desculpa, eu tenho que ir lá com o Tae, de qualquer forma.

— Não, não é você, Jimin, relaxa. Desculpa se pareci um pouco grosseiro. — Min se justificou, parecendo bem calmo. Jimin assentiu com um sorrisinho fraco e eu me afastei. Ele olhou uma última vez pra mim.

— Qualquer coisa eu te ligo, tá? — disse, somente balancei a cabeça em afirmação.

Quando o vi sair do local, soltei um suspiro um pouco longo. Eu sabia que estava em um beco sem saída em relação às consequências das minhas próprias escolhas. Quando percebi, Yoongi ainda mantinha seus olhos sobre mim, como se soubesse me decifrar detalhe por detalhe.

— Por que eu já imaginava que isso iria acontecer? — soltou, negando com a cabeça devagar. — Isso era muito previsível, só você não notou.

— Eu fui pelo momento, cara, sei lá. — sequer soube no que pensar, minha cabeça estava um turbilhão de frases pessimistas repletas de dúvidas agora.

— E eu te disse claramente que isso era uma ideia sem noção, e que fazer esse tipo de coisa te pintava como um mau caráter!

— Mas eu não sou, tá legal?! — de repente, era notável que estávamos discutindo. Pelo menos nesse momento. Eu estava estressado. Yoongi respirou fundo. — E não podemos mais falar disso em público, alguém pode ouvir e naquela hora poderia ter sido o Jimin.

— Jungkook, eu não vou sair do seu lado, você sabe disso. Eu nunca nem saí. — afirmou com um tom calmo e confiável, olhando nos meus olhos. — Mas não posso passar a mão na sua cabeça pra tudo que você faz.

— Não precisa repetir o que eu já sei. — desviei o olhar por alguns segundos diretamente pro chão.

— Cancela essa merda logo, Jungkook. — falou calmamente, mesmo que eu sentisse seu pequeno desespero, tive que encarar seu rosto novamente. — E protege o Jimin, por favor. Porque eu tenho certeza que o pai dele vai querer fazer um inferno em cima do próprio filho quando cair a ficha de que você desistiu do acordo e simplesmente começou a gostar do filho dele.

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[JIMIN]

Fomos pra casa do Tete em silêncio. Eu mal me despedi do Jungkook e isso realmente havia me deixado um pouco abalado.

Recebi uma mensagem do meu pai e sequer consegui terminar meu café no estúdio de tatuagem, assim como também não me despedi do Yoongi, que era um cara super gente boa. Nem mesmo Taehyung conseguiu o número dele diretamente, porque havia ficado preocupado com a minha situação.

Eu fazia todos se preocuparem comigo.
Infelizmente por culpa do meu pai controlador e pela forma como ele andava me tratando.

Ele disse que eu deveria ir pra casa naquele exato momento. Respondi dizendo que somente arrumaria as minhas coisas. Eu preferi não visualizar suas outras mensagens ignorantes e quando cheguei na casa, fui correndo direto para o quarto pegar minhas roupas.

— Por que toda essa pressa? Calma, assim não dá, ou isso nem vai fechar depois. — Taehyung surgiu atrás de mim, pegando no meu pulso e me parando de simplesmente tentar colocar todas as peças em cima de sua cama que trouxe na mochila de qualquer jeito, somente pra ser o mais rápido possível. — Tem que dobrar direitinho, eu te ajudo.

— Eu odeio isso. — suspirei, desistindo de tentar ser ágil. — Tô cansado de ser tratado assim, Tae.

— Imagino. — ele também soltou um suspiro, e eu me virei para o meu melhor amigo de pé ao meu lado. Quis que ele fosse sincero.

— Quero comprar uma casa ou um apartamento só pra mim. O que você acha? É bom, não é? — perguntei, preocupado. Mesmo que eu estivesse triste, essa era uma questão que tinha desde os meus vinte anos de idade. Agora, eu me sentia ainda mais corajoso pra tomar essa decisão.

— Eu acho ótimo, Jimin! — pareceu um pouco surpreso em seu olhar com as sobrancelhas erguidas, mas logo continuou: — Já tava na hora também, certo? Tudo bem que idade não define absolutamente quase nada nesses quesitos, mas acho que eu também deveria ir morar sozinho. — riu. Acabei fazendo o mesmo com seu comentário.

— Você praticamente mora, já que seus pais vivem viajando.

— Exatamente, mas todo dia decidem me ligar pra saber se estou me alimentando direito. — falava, divertido. Eu ri, mas um pensamento surgiu na minha mente ao vê-lo falar de sua família.

— Cadê o Yeontan, inclusive? — olhei ao redor e em volta de nossos pés, mas o cachorrinho amável não estava presente por enquanto.

— Você acha mesmo que logo hoje, que eu deixei o quintal todo aberto pra ele brincar, ele iria querer ficar com dois chatos como a gente? Ah tá, ele é muito esperto, isso sim, deve estar sendo o cachorro mais feliz desse mundo lá fora na grama! — explicou, e eu gargalhei.

— Tem razão. — e aos poucos, nossas risadas iam parando, principalmente a minha.

O quarto se tornou um pouco silencioso. Eu levei meu olhar ao do meu melhor amigo na minha frente, de novo. As coisas não estavam tão favoráveis na nossa amizade ultimamente por conta de vários desentendimentos e as nossas opiniões divergentes. Eu queria pedir desculpas de alguma forma.

— Jimin... — mas foi ele que começou. Lhe encarei atento. — Acredito que eu tenha me deixado levar. E acabei acreditando em outra pessoa ao invés de acreditar em você, que é como se fosse o meu irmão. — admitiu, não muito confiante. — Tenho que me desculpar por ter sido bem injusto, por deixar as minhas suposições me guiarem e sequer te dar um momento de fala pra que eu pudesse compreender melhor os seus sentimentos.

Fofo. Fiquei aliviado ao ouvi-lo desse jeito, dei um sorrisinho de canto, ainda contido depois de termos brigado tanto pelo mesmo assunto contínuo. Era besteira, afinal, sempre fomos quase que inseparáveis, e me deixava triste toda essa confusão bobinha.

— Tudo bem, eu-

— Não, espera. — pediu ao brevemente colocar a mão aberta em minha frente, como se fosse pra realmente parar, querendo consertar. — Já percebi que o Jungkook andou mudando você. E ainda tá.

Certo, Taehyung não iria apontar outra coisa ruim sobre o Jungkook, não é? Minhas esperanças de ter seu apoio e carinho estavam prestes a ir para o ralo.

— Eu gostei disso. — concluiu, e quando ouvi essa frase, quase não acreditei. Meu olhar aumentou, ficando mais atento nele e voltando a me sentir esperançoso. — Jungkook não parece ser uma pessoa tão ruim. Foi um achismo muito cruel da minha parte...

— Tae...

— Desculpa. — respirou fundo com seus olhos fechados, parecendo difícil de admitir que estava errado em suas suposições.

Eu sabia que o Kim estava sendo sincero comigo. Taehyung era uma pessoa que eu sabia ler muito bem, assim como ele tinha a mesma vantagem comigo. Ele tinha o pavio muito curto e a personalidade forte desde que o conheci, suas opiniões nem sempre batiam com as minhas, mas eu entendia que na maioria das vezes, ele só queria ser cauteloso.

Taehyung sempre teve uma boa relação com seus pais. A verdade é que ele gostava mais era de estar na sua própria companhia, — com Yeontan juntinho — ou comigo. Por isso negava viajar com eles. Mas eu conseguia ver refletido na sua preocupação presente em mim, a preocupação que ele tanto preservava de seus próprios pais. Que se preocupavam, sim, mesmo estando longe.

E Taehyung sempre quer estar perto de mim pra qualquer coisa que acontecesse. Parecia um reflexo de como os seus pais lhe tratavam com tanto cuidado e atenção. Só que Taehyung acabava levando isso bem ao pé da letra.

Parecia controlador, mas algumas vezes eu conseguia perceber que até mesmo ele notava isso e tentava parar. Não me incomodava, porque eu o amava desse jeitinho.

Decidi lhe abraçar, envolvendo meus braços sobre seus ombros e sentindo os seus em volta de mim.

— Te amo, Tete. Não tem problema ser cuidadoso, só tenta conversar mais comigo da próxima vez pra que possa me entender, ok? — fui dizendo. Ele assentia com a cabeça.

— Tá bom, é que vocês são tão diferentes que eu acabei querendo saber sobre esse cara que nem um louco. — falou, e eu soltei uma risadinha. — Sério, eu só... Ah, mas que caralho, eu tenho medo de que você seja machucado. — explicou do seu jeito.

— Olha. — nos afastei, olhando em seus olhos. Era engraçadinha a forma como ele falava sobre isso, mas eu queria deixar algo mais claro. Até mesmo pra mim. — Eu não sou uma criança, Taehyungie. Posso parecer um pouco ingênuo, eu sei, mas quero poder tomar as consequências das minhas próprias decisões.

— E se for muito difícil?

— Eu sou forte também, né? — falei. — Poxa, acha que qualquer coisinha me derrubaria? Assim, você me ofende, nossa. — fingi um desapontamento e ele deu um empurrãozinho na no meio da minha testa com seu indicador. Eu ri.

— Bobo. — cruzou os braços, abrindo um sorriso quadrado. — E se toca, eu só aceito ser amiguinho desse teu ficante se ele me passar o contato do tatuador.

— Eu passo, também tenho ele. — falei, Taehyung pareceu ficar com os olhos brilhantes de repente, aproximando-se de mim. Gargalhei. — Vou te passar depois, relaxa!

— Tá, beleza, agora... — pensou, mudando de assunto quase que na velocidade de luz. Ele sempre foi mais ou menos assim. — Tipo, quero saber de outra coisa que eu lembrei e andei muito bravo pra ficar chocado o suficiente... — dizia, próximo de mim como se fosse contar ou ouvir algum segredo. — Você disse que deu seu primeiro beijo, não foi? Puta merda, a sua fucking primeira beijoca!

— Ai meu Deus... — levei as mãos ao rosto involuntariamente de timidez ao recordar de tudo e quase o cubro com elas, mordendo meu lábio inferior.

— Conta pra mim, o perfurado beija bem? — de olhos arregalados, questionava. Eu confirmei com a cabeça, passando a mão no cabelo de nervoso. Ele bateu palmas fortemente uma única vez como se tivesse acertado algo inimaginável. — Isso! Pelo menos seu primeiro beijo foi bom.

— Sim, acho que o Jungkook me ajudou muito... — concordei. — Eu dei um selinho nele porque não me aguentei, mas nem sabia como beijar de verdade assim, sei lá. Ele que me mostrou depois. — mordi o lábio de novo.

— Mentira que ele tem pegada também?! — aumentou um pouco seu tom, curioso como nunca.

— Para! — bati em seu braço. — Ele tem... — eu provavelmente estava vermelho ao responder sobre isso.

— Ai, Jimin, seu safadinho... — sorria, olhando pra mim. Eu mal conseguia lhe encarar de vergonha. E sim, eu estava bem felizinho por tudo aquilo ter acontecido. — Não quero detalhes da sua pegação, mas eu sinceramente fico curioso com uma única coisinha desde que vi ele pela primeira vez, tipo, real mesmo, sem brincadeira e nem patifaria. Com todo respeito, claro. — pareceu pensativo de repente. Prestei atenção.

— Curioso sobre mim ou sobre ele?

— Ele, pô. Tipo, será que o Jungkook, além da cara, também tem um piercing no pau ou uma tatuagem pertinho dali? — franziu o cenho, realmente pensando no assunto. Eu arregalei meus olhos e senti minhas bochechas queimarem. Lhe dei um tapa forte no braço desta vez e ele resmungou alto.

— Pelo amor de Deus, como eu vou saber disso?!

— Já sei! — levantou o indicador, como se tivesse uma ideia genial. E eu tinha certeza que ela não iria prestar absolutamente nadinha.

Taehyung nem me deixou falar, só veio pertinho e colocou suas mãos em formato de concha em volta da própria boca, a aproximando do meu ouvido como se fosse me contar um baita segredão.

— Sugere um boquetinho pra saber, rapidex. — sussurrou na maior cara de pau e saiu correndo pra longe de mim.

Eu quis dar um chute no meio da cara dele por me fazer ouvir isso repentinamente e peguei o primeiro travesseiro que vi na sua própria cama pra atacar diretamente na sua cabeça antes mesmo que ele saísse pela porta do quarto, gargalhando alto da minha reação.

Eu definitivamente deveria estar parecendo um tomate gigante.

Mas...

Ele não tem um piercing , né?

Não pude nem pensar muito, ou até mesmo rir, meu celular tocou automaticamente no meu bolso e eu o peguei na hora, lendo quem era na tela. Antes de atender, respirei um pouco depois de toda a minha conversa com o Tae.

— Oi, Yoongi! — disse, mais animado. Fiquei curioso do motivo que ele encontrou pra me ligar, porque realmente não éramos próximos. Na verdade, talvez ele estivesse tentando ser. E eu definitivamente não negaria novas amizades.

Jimin, que bom que atendeu! — pareceu aliviado. — Você tem um minuto? Eu não queria me estender demais, mas também achei que precisava falar com você.

Decidi me sentar na beira da cama, ficando um pouco preocupado com o início da nossa conversa.

— Aconteceu alguma coisa?

Não, nada com que se preocupar! — riu, e eu soltei o ar, tornando-me mais relaxado. Ainda bem.

— Que bom, fiquei assustado. — também ri, descontraindo. — Pode falar, estou ouvindo.

Jimin, você gosta do Jungkook?

Eu quase engasguei com a minha própria saliva. De repente a pergunta veio sem nenhum obstáculo, direta aos meus ouvidos. Quantas pessoas enxergavam os meus sentimentos? Ou eu deixava tudo muito exposto?

— A-Ah... Bom, e-eu...

Desculpa, te peguei de surpresa, né? — ele riu de novo, e agora provavelmente da minha cara. Eu fiquei com vergonha, apesar de que eu nem precisava responder.

— Não, tá tudo bem! — disse, me recuperando do meu coração acelerado ao pensar no Jeon de novo. — E sim... Eu gosto dele...

Yoongi parou por um momento, e eu não soube o que dizer ao ouvir o silêncio repetino, assim como também pensei na possibilidade de ele ter a mesma reação que o Taehyung. É, esse pensamento foi bem passageiro porque acredito que não, afinal ele era um dos melhores amigos do Jungkook.

Ótimo, então acho que posso te dizer isso, vou ser bem direto mesmo. — afirmou. Antes que eu pudesse sequer abrir a boca pra lhe fazer perguntas, Yoongi continuou: — Eu meio que tive uma queda por você, Jimin. Super me interessei e tudo mais, por isso pensei em até me aproximar rápido.

O que?! — tomei um susto. — Como a-

Sim, eu sei que a gente mal se fala, a coisa é que desde a primeira vez que falei com você, não consegui parar de pensar. — dizia, e eu ainda estava boquiaberto com a confissão.

— Em mim?

Isso. — suspirou, porém parecia estar melhor após se confessar. — Mas já quero adiantar que não vou tentar nada, porque eu conseguia ver de longe o quanto você e o Jungkook acabaram tendo sentimentos um pelo outro. E a pergunta que eu te fiz, ajudou a confirmar o que eu já desconfiava.

— Espera, ele também tem sentimentos por mim? — a pergunta veio na minha mente no momento em que ouvi aquilo. Foi inevitável e acabei ouvindo uma risada fraca de Yoongi.

Viu só? Você gosta dele. — afirmou. — Você caiu nos encantos de Jeon Jungkook.

— Ah, não gosto disso... — minha emoção foi embora naquele instante, porque aquela frase parecia se assimilar ao Jungkook cafajeste que tanto falavam.

Do que? Eu falei alguma coisa errada?

— É que ficou parecendo que o Jungkook faz isso de propósito com todo mundo...

Eu... Não vou dizer que é mentira. — disse, realmente cortando minhas esperanças de ouvir um "não é nada disso". Eu me sentia inseguro e ansioso com os meus pensamentos de insuficiência. — Antes.

— Quê? Como assim?

Ele costumava fazer isso antes. Não sei bem como o Jungkook anda se sentindo agora, mas acredito que ele também tenha caído nos seus encantos, Jimin.

Como se eu tivesse algum... — mordi o lábio, um pouco nervoso com o assunto.

Uau, eu ter me interessado por você só na primeira vez que te vi não foi o bastante pra você? Sério? — riu, dócil. Eu sorri, tímido.

— Quanto a isso... Eu realmente gosto de falar com você e do jeito como você me trata, vejo que é muito amigo do Jungkook e-

Ei, eu não preciso de um discurso pra ficar friendzone, Jimin, eu tô bem! — ele dizia, e eu acabei rindo um tiquinho quando ouvi seu tom divertido. — Não vou te evitar por conta disso, você é uma pessoa incrível.

Acha mesmo? — perguntei, em dúvida. — Droga, me desculpa...

Não precisa pedir, você não cometeu nenhum crime. — falou. — Talvez... Só de ter se apaixonado pelo Jeon. — brincou, de novo.

Eu sorri, achando engraçada a minha própria situação preocupante aos olhos de quem assistia e sabia. Mas antes de estender a conversa ainda mais, Taehyung entrou no quarto com sua xícara cor-de-rosa em mãos.

— Quer chocolate quente? — perguntou, encostando-se no batente da porta. Eu neguei com a cabeça. — Tá falando com quem? O tatuado?

Ao mesmo tempo, Yoongi também me perguntou se era o meu melhor amigo que visitou o estúdio que estava falando comigo agora, pois provavelmente dava pra ouvir sua voz nada discreta pela ligação. Eu tentei dizer "Yoongi" sem emitir tanto som pra que o Tae pudesse me entender.

E assim que ele entendeu e eu afirmei pro Yoon pelo celular que era sim, o meu melhor amigo na minha frente, Taehyung arregalou seus olhos e colocou a xícara na prateleirinha colada na parede ao lado de seus action figures de desenhos e séries.

Ele correu pra se sentar ao meu lado, curioso.

Acho melhor eu desligar, preciso dar uma agilizada no meu trabalho também. Só queria soltar isso que ficou preso pra te dizer há um tempo. — Yoongi continuou, sincero.

— Oh, claro, claro... — assenti. No fim, começamos a nos despedir. — Certo, me desculpa de novo e obrigado por ser tão gentil comigo, de verdade... — e Taehyung me cutucava, querendo saber do que estávamos conversando. — Até mais, irei sim ao estúdio quando precisar, obrigado!

Quando terminei rápido e desliguei, mal pude raciocinar o que acabou de acontecer. O Kim se levantou em um pulo rapidamente para ficar de pé na minha frente com a sua pior feição de curioso.

Eu não o contaria completamente o que Yoongi me disse. Nós acabamos de virar amigos, e o Taehyung demonstrou um interesse gigante no tatuador. Talvez aquele sentimento do Yoongi fosse passageiro, e por fim, quem sabe ele pudesse enxergar que meu melhor amigo era a verdadeira pessoa que estava interessada nele.

Min Yoongi era muito bonito, tinha seus charmes e me tratava super bem. Eu me sentia confortável pelo pouco tempo que passei em sua presença, não ficava com receio de dizer as coisas porque ele parecia saber sempre o que dizer. Qualquer um poderia ficar caidinho por ele também. Inclusive eu.

O diferencial era que eu fiquei caidinho justamente por um cara com uma personalidade completamente diferente.

Não muito, porque Jungkook também era gentil comigo. Ele sabia ser fofo do seu próprio jeito, e por mais que ele fosse um completo atacante de flertes e trocadilhos, eu sinceramente gostava...

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[JUNGKOOK]

Três dias se passaram e a minha mente ainda estava a milhão desde o momento em que saí do estúdio de tatuagem do Yoongi.

Ele me falou várias coisas, desde sobre eu estar confuso com os meus próprios sentimentos até o fato do acordo ainda não ter um desfecho. Isso porque eu não havia bloqueado o pai do Jimin pelo motivo de que ele nem me mandava mais mensagens.

O que era bom. Só me dava um certo medo de até que ponto aquela ideia de fazer seu filho mudar poderia chegar. Ele encontraria outra pessoa pra que pudesse iludi-lo, como era seu objetivo principal?

Bom, se bem que seria claramente uma ideia falha. Porém, o velho era burro. Eu contava com isso.

Só um banho pelo fim da tarde conseguiu me fazer esfriar a cabeça com o turbilhão de pensamentos que rodaram a minha mente.

Desliguei o chuveiro e peguei a minha toalha, secando meu corpo e a enrolando em volta da minha cintura. Quando pego meu celular em cima da pia, só reparo em uma única mensagem.

Nam hyung 💚
| Como anda o meu garotinho rebelde?
| Pode vir me ver hoje?

Eu despertei completamente de qualquer devaneio que eu estava, saindo do banheiro depressa. Coloquei uma roupa confortável, algum conjunto preto que eu tinha no guarda roupa atolado de coisas e simplesmente peguei a chave do carro.

Quase voei pro hospital, mesmo tendo o mínimo de cuidado na rua. Namjoon me chamou pra ir vê-lo e meu coração já estava todo atrapalhado de esperanças de que o hyung poderia melhorar. Ou que ele já estava melhor e decidido de que faria a maldita cirurgia. E que ela daria super certo, aliás.

Yoongi havia dito que ele ficaria muito triste se eu estivesse lá. Talvez Namjoon não se sentisse mais dessa forma. Eu sentia a falta dele.

É tanta coisa acontecendo.

Assim que pisei naquele local com as luzes estouradas de tão claras, fui direto me identificar como visitante do Nam. Estava tão apressado com aquilo que mal prestei atenção no que a mulher havia dito sobre ele estar no momento com outra pessoa no quarto e outras coisas que pouco me importei.

Poderia ser Jin ou Yoongi.

Mas quando virei o corredor vazio quase correndo em meus pés, tentando recuperar um pouco fôlego perdido, a primeira pessoa que vi saindo exatamente do quarto onde meu melhor amigo estava era Jung Hoseok.

Ah, eles eram amigos de certa forma. Eu que estraguei tudo, na verdade.

Comecei a caminhar mais devagar e calmo, percebendo que provavelmente estava realmente tudo bem com o Nam. Uma ou duas pessoas passavam ali, ou então, os próprios profissionais.

Hoseok andou em minha direção, me fazendo parar no momento em que o tive de frente pra mim, me encarando da mesma forma que eu fazia.

— Oi, Jungkook.

— E aí, firmeza? — falei do meu jeito, sério, sem querer dar tanta importância, afinal ele nem gostava de mim.

— Eu posso falar um pouco com você antes de entrar lá? — perguntou, sequer parecendo rancoroso como sempre esteve comigo. Eu demonstrei dúvida. — Tá tudo bem com o Nam, não se preocupe. E só preciso de alguns minutinhos.

— Tá. — assenti, prestando atenção desta vez.

Ele suspirou antes de começar. Nem fazia ideia do que Hoseok me diria, na real.

— Primeiro, pode parecer loucura, mas eu fiquei pensando tanto ontem que cheguei em uma conclusão. — disse, decidido. — Eu falei com o Taehyung, amigo do Jimin. Conheço ele há um tempo também.

— O que? Vocês se conhecem? — franzi o cenho, aquilo era curioso. Até que minha lerdeza me avisou do equívoco e eu lembrei rapidinho. — Ah, é verdade, eles foram na sua festa e tals.

— Sim, e eu conheço bem o Jimin também, mas ele nunca foi de fazer amigos, acho que Taehyung o ajudava muito nessa parte de socializar.

— Não é culpa dele. — logo, rebati. Hoseok me encarou confuso de primeiro momento. — Não é culpa do Jimin ser reservado dessa forma.

Eu sabia que toda a privação dele de fazer amizades ou de conhecer pessoas novas era por conta de seus próprios pais. Ambos o criaram dessa forma e fizeram Jimin agir como se fosse ser o filho perfeito e protegido deles pra sempre. Sem relacionamentos ou qualquer coisa que lhe desviasse do que seu pai queria.

— Tudo bem, eu imagino. — concordou. — Mas eu queria te pedir desculpas, ontem troquei umas mensagens com o Taehyung e ele percebeu que o Jimin ficou triste com algumas coisas que eu acabei expondo sobre você, que fez o Taehyung automaticamente contar.

— Você fez o quê?! — arregalei meus olhos por um instante. — Contou que eu-

— Sim, sobre a minha irmã. — afirmou, eu fechei meus olhos e soltei o ar. Mas não era alívio, e sim, pura vergonha.

— Porra, Hoseok, por que-

— Eu guardei muito rancor de você, eu sei. — me interrompeu, apenas decidi ouvi-lo antes que a raiva me tomasse. — Mas não se preocupe com o Jimin, ele não se importou muito ao saber disso. É passado.

— Acho que você mais do que ninguém deveria colocar isso na cabeça. — falei, começando a me irritar. — Afinal, falta só você contar pro mundo inteiro o que rolou com a sua irmã.

— Tá bom, não precisa falar mais nada! — disse, aumentando o tom somente nessa frase. Suspirou. — Minha irmã vai se casar, e eu acho que ela superou isso muito rápido, há tempos, mas parece que só eu senti.

— Isso é meio normal, você é o irmão dela.

— Deve ser. — suspirou de novo, agora me encarando firmemente. — Eu não sou assim, Jungkook. Eu não sou uma pessoa rancorosa, e não quero ter inimizade alguma com você. Nunca tive, mas quero evitar ainda mais. Não só porque é você, mas porque já fomos muito amigos. — dizia. — E me desculpa por ter sido idiota.

Eu o conhecia. Apesar do afastamento todo, sabia quando Hoseok estava falando a verdade. Ele prezava muito pelas pessoas que amava, e parecia guardar tudo consigo que faziam de ruim para essas mesmas pessoas. No fim, ele encarava tudo de bom humor como se nada acontecesse.

Hoseok era realmente um tanto rancoroso, por ele mesmo e por quem se importava. Porém, isso nunca iria parecer combinar com ele de cara. Sua vida parecia-se mais como um arco-íris: completamente colorida e com o provável ouro no final de cada dia completo.

— Eu pedi naquele tempo, mas peço desculpas de novo. — decidi me manifestar, ajeitando a minha postura e jogando o cabelo pra trás. Sempre fui um pouquinho orgulhoso e certas coisas necessárias me deixavam desconcertado, mas haviam exceções. — Desculpa, Hobi.

Quando olhei pra ele, Hoseok sorriu pra mim. Não posso negar que sentia falta das nossas saídas e de quando ele me contava seus problemas aleatórios, ou das suas viagens mirabolantes no comecinho do emprego.

— Tudo bem, agora vai lá ver o Namjoon, conversamos melhor depois. Ou marcamos algo. — esticou seu braço e me deu dois tapinhas nas costas, saindo da minha frente.

Assenti, porque era a hora. Eu veria Namjoon depois de dias preocupado. Com ele e com todas as outras coisas na minha vida atualmente.

Abri aquela porta e foi um grande alívio dentro do meu peito que me cercou. Namjoon estava sentado, com as costas no travesseiro e o lençol cobrindo suas pernas esticadas. Lia, mas assim que me viu e eu fechei a porta ainda quase que intacto no lugar, ele fechou seu livro e colocou no móvelzinho pequeno ao lado.

— Achei que tivesse ignorado a minha mensagem. — brincou, descontraindo.

Tudo que eu fiz foi me apressar e lhe dar um abraço de imediato.

— Nossa, isso tudo é saudade de mim? Ou é um pedido desesperado de ajuda porque você não consegue tomar conta do apartamento sozinho? — soltou, ainda se mantendo divertido.

Eu me segurei pra não chorar, afinal ele não estava vendo o meu rosto enquanto lhe abraçava.

— Eu sou a pior pessoa do mundo.

— O que? — parou com toda a graça, pegando nos meus braços e me tirando de si. Funguei, quase a chorar, me afastando de Namjoon pra estar direitamente de pé ao lado de sua cama. — Pra quê dizer isso? Não me vê faz dias e dias, mas é isso que me diz quando vem?

— Ah, foi mal, é que... — suspirei, era difícil até olhar pra ele também. Minha voz tremeu. — Eu me sinto culpado, sabe? Eu só-

— O que você fez, Jungkook? — perguntou, calmo, uma pergunta que eu sinceramente não sabia como lhe responder. — E se você não fez nada, por que se culpa tanto?

— Porque é sempre culpa minha.

— E o que você fez? Colocou isso que eu tenho dentro da minha cabeça a força por acaso? Jungkook, eu nunca vejo essa culpa da forma que você a vê dentro de você.

Sem saber o que dizer, eu simplesmente me sentei na cadeira que havia ao lado em desistência, abaixando a cabeça por alguns segundos em puro silêncio. Logo, encarei Namjoon ainda me esperando responder.

— Como você tá? — comecei o que eu realmente estava interessado em saber. — E a cirurgia? Ela vai acontecer? O que deu?

— Sim, os médicos estão avaliando se é muito arriscado ou se podem interferir dessa maneira. — respondeu.

— Eu não entendo nada disso, mas quero me prometa que vai ficar bem. Você promete? — ele soltou o ar pela boca.

— Jungkook, mesmo com a certeza, você sabe que a vida ignora as nossas previsões e-

— Foda-se, foda-se a vida e essas filosofias, eu só quero que você fique bem logo de uma vez, hyung! — em meio ao desespero, soltei. Namjoon me encarava ainda com seu rosto sereno, e eu tinha o maxilar travado por tanto estresse ou preocupação.

— Eu vou ficar. — disse, acalmando meu coração com pequenas faíscas de positividade. — Mas você também tem que ficar.

— Não tô doente assim, hyung. Não se preocupa comigo. — falei, me sentindo mais calmo e abaixando a cabeça.

— Eu não falei nesse sentido, estava falando da sua saúde mental. — disse. O encarei. — Essa culpa que carrega nas costas nunca foi sua, Jungkook.

Fiquei poucos segundos em silêncio olhando pra ele, sentindo uma dor de cabeça surgir.

— Sempre foi, hyung. — afirmei. — Quando eu era criança, com você, com todos os meus amigos, e agora com o cara que eu gosto.

— O cara que você gosta? — repetiu, e assim, eu notei o que havia falado por impulso. Foi involuntário. — Espera, é o Jimin?

Engoli em seco, desviando o olhar algumas vezes ao tocar nesse assunto. Pigarreei.

— Sim, mais ou menos. — abaixei a cabeça, olhando meus próprios dedos das mãos brincarem uns com os outros.

— Como assim? Você acabou de admitir que gosta dele.

— Eu sou uma pessoa confusa. — rebati quase com um bico nos lábios.

— Não, não é. Isso é o que você idealiza na sua cabeça porque sempre acha que vai estragar tudo.

— E eu sempre estrago.

— Você reproduz o que fizeram com você. — afirmou, e aquela frase me pegou. Eu o encarei devagar, levantando a cabeça.

— Ninguém me deixou confuso, eu só sou assim, hyung.

— Jungkook, você passou por tantas coisas que te deixaram confuso pelo motivo de nem saber porquê estava passando por elas. — explicou. — Além de que, você acabou de falar que sente culpa de quando era criança. Jungkook, sabe o peso dessas palavras pra si mesmo?

— Mas eu não era um filho tão perfeito assim. — desviei o olhar, inseguro.

— E precisa ser? Nenhuma criança sequer tem a necessidade de ser perfeita, Jeon. — dizia, com convicção. — Você me disse que era tão bem humorado, que fazia amizade facilmente com as outras crianças, ria de coisas bobas! Isso é tão injusto, Jungkook... — tinha um aperto no meu peito ao me lembrar do passado. Não era bom, mas o que Namjoon me dizia era verdade. — Você era sim, uma criança incrível e que não tinha culpa de absolutamente nada de errado que acontecia. Além de todo talento que você desenvolveu em praticamente tudo. E sozinho.

Senti um embrulho no estômago.

— ... Então por que ele fazia aquilo comigo? — ainda olhando pro lado, questionei, me segurando um pouco.

Eu nunca entendia.

Ouvi o suspiro do Nam. Minhas pernas começaram a ficar agitadas.

— Jungkook...

— Por que? — o encarei, não aguentando mais. — Por que ele queria tanto me bater até que eu chorasse de dor ou então tentava...

Parei.
Aquilo era demais pra lembrar.

— Eu sei. Eu sei de tudo, não precisa falar mais disso. — Namjoon me acalmou só com o seu olhar. Ele também estava preocupado comigo, mas não demonstrava tanto. — Já disse que posso te ajudar com psicólogo.

— Não quero que você fique cuidando das minhas coisas quando tá doente. Eu já tenho idade pra fazer tudo sozinho. — falei, decidido com um bico de novo em meus lábios.

— Nossa, agora sim esse marmanjo adulto demonstrou responsabilidade. — disse, brincando. Eu ri pouco.

— Talvez.

— Jungkook. — prestei atenção, Namjoon falava sério novamente. — Eu sei que puxo sua orelha por muitas coisas que faz, mas também sei muito do que você passou. Eu ainda me lembro do dia que saiu, faz muito tempo, e voltou completamente assustado pra casa por ter visto alguém parecido com o seu pai.

— Eu espero que ele nunca mais apareça. — rebati em convicção. A única pessoa capaz de me desestruturar de verdade, da pior forma possível, infelizmente era ele. Suspirei, apertando uma mão contra a outra e as encarando. — Nem sei se quero que ele esteja vivo.

— E o Jimin?

— O que tem ele? — encarei Namjoon, que me deu um pequeno sorrisinho.

— Você tem que buscar por sentimentos bons. Já parou pra analisar o que ele te faz sentir quando tá com ele? — fez uma de suas questões reflexivas que sinceramente fez com que eu pensasse por um momento.

Várias coisas.

— Nunca fiz isso, eu só me sinto um pouco... — pensei, nervoso. Coloquei o cabelo para trás com uma das mãos, colocando meu corpo pra frente e apoiando os cotovelos em meus joelhos. — Confuso...

— Talvez porque você nunca se apaixonou de verdade. — disse, e eu não pude saber o que dizer. Particularmente, não sabia se era paixão ou alguma outra coisa desconhecida.

Porque ao mesmo tempo que eu queria estar perto do Jimin genuinamente, olhar pra ele e admirar seu rosto enquanto falava comigo, eu tinha medo de que ele descobrisse do que me motivou a conhecê-lo.

Eu sentia um misto de medo e euforia boa quando estava com ele.

Nos meus pensamentos, ultimamente, tudo que eu ouvia era o seu nome. Jimin.

Eu estava apaixonado?

— Aliás, pelo que eu me lembre, senhor Jeon... — colocou a mão no queixo, pensativo, pronto pra provavelmente me zoar de algo quando lhe encarei. — Não era você que disse olhando bem no fundo dos meus olhos que não precisava de sentimentos?

Desviei o olhar, me endireitando na cadeira.

— "Ai, não é como se eu precisasse deles, mimimi". — tentou imitar minha voz de forma mais grossa e da maneira mais tosca possível.

— Entendi, entendi. — logo cortei, antes que Namjoon continuasse a jogar as verdades na minha cara. — Podemos mudar de assunto?

— Ótimo. — estalou os dedos. — Porque eu quero falar sobre a boate.

— Lá vem.

— Amanhã é dia. Você vai?

— Não consigo sem você.

— Leva o Jimin. Ele nunca conheceu lá, e principalmente porque ele pode te ver cantar. — sugeriu. Eu considerei a ideia, porque queria que ele fosse me ver e também porque havia o convidado há uns dias.

— Convidei o Jimin, mas não sei se é um lugar muito bom pra ele. — fiquei incerto ao pensar melhor. Tinha muita gente totalmente maliciosa naquele lugar.

— Ah, que fofinho cuidando dele. — falou com uma voz irritante. Eu revirei os olhos.

— Eu não sou fofo.

— É sim, mas paga de garanhão. Parece uma criança birrenta. — rebateu na hora, levantei as sobrancelhas em incredulidade pro hyung. — Queria saber também se minha vida vai ser abençoada agora.

— Como assim?

— Se você vai parar de pegar mulher e levar lá em casa escondido como se eu não soubesse.

— Ah. — murchei. — Olha só, em minha defesa-

— Isso foi uma pergunta, sabia? — me interrompeu, olhando fixo pra mim. — Não quero forçar uma mudança repentina em você porque ninguém é assim do dia pra noite, mas já se passou um tempinho bom desde que aceitou aquele acordo e agora eu preciso saber se esse Jungkook ainda quer continuar sendo essa mesma versão de sempre.

— Eu não vou parar de cantar e nem de ir pra boate tão cedo, hyung. — respondi com certeza. Ainda mais cantar, que era o dom que me fazia ser grato.

— Mas eu tô falando justamente das garotas que dão em cima de você toda santa vez que pisa naquele lugar. E o pior, você aceita praticamente todas.

— Tá me chamando de fácil? — questionei de sobrancelha erguida.

— Isso, e de rodado também.

— A maioria eu só beijei e não fui pra cama, tá achando que eu quero que meu pinto caia?

— Jungkook, pelo amor de Deus! — riu, colocando a mão na cara.

— E não. — soltei, abaixando a cabeça e voltando pra posição de antes, com os cotovelos nos meus joelhos em apoio. Pude sentir que seus olhos miraram em mim e por isso, continuei: — Não pensei nenhuma vez em pegar mulher alguma desde que comecei a passar mais tempo com o Jimin.

— Uau, quem é esse novo Jeon Jungkook? — demonstrando surpresa, até se endireitou na cama que estava.

— Porra, eu tô afimzasso dele. — falei mais baixo, soltando mais pra mim mesmo cair na real do que pra Namjoon, que claramente ouviu tudo.

— Jungkook, você tá um pouquinho... — começou, e eu lhe encarei. — Digamos que talvez muito... Ferrado, sabe? Negar mulher não é do seu feitio. — dizia, e eu nem sequer concordava, porque sabia que acabou se tornando um fato. — Agora você me diz que quer levar o Jimin pra boate, mas quer proteger ele do lugar e-

— Eu beijei o Jimin. — revelei de uma só vez. Namjoon parou automaticamente todo seu raciocínio e me encarou firme com o cenho franzido. Ele estava boquiaberto. — É, como eu disse, andei passando algum tempo com o Jimin. Eu queria detalhar melhor, mas resumidamente, rolou um clima em casa e a gente acabou se beijando.

— Você e o... — apontou pra mim, ainda sem crer totalmente. — Vocês dois... Você não era heterossexual, oras?

— Sim, mas desde então eu não consigo parar de pensar nele. Na verdade, desde o dia em que o vi, o que é bem estranho. — falei. Namjoon ainda estava surpreendido.

— Eu não acredito nisso, por que não me contou antes? Uma mensagem ou qualquer outra coisa.

— Fiquei com medo até de me comunicar com você depois do Yoongi dizer que se eu viesse te ver ou falar com você, era capaz de te deixar triste. Eu não queria parecer desesperado também, porque ando muito preocupado com você, hyung. — respondi, sincero.

— Tudo bem, mas vocês realmente se beijaram? E depois? — parecia um fofoqueiro. Eu quase ri.

— Estamos em um clima bem favorável, eu diria. Comemos juntos esse dia, eu mesmo tentei fazer algo pra ele, estamos nos dando muito bem e o Jimin confia muito em mim, a gente gosta um do outro. Eu sou uma pessoa confusa, você sabe, não entendo bem esse negócio de sentimentos, mas o Jimin já me deixou claro que tem sentimentos por mim. — expliquei, mas quando prestei atenção, sua face não parecia mais tão animada como há de segundos atrás antes de eu dizer tudo isso.

— Ele confia em você? — perguntou sem ânimo. Eu assenti na mesma hora, sem dúvidas. — E não é pouco, porque você acabou de dizer que ele confia muito, não é?

Sim.

Até que eu mesmo me toquei.

Minha expressão mudou.
Ah, é verdade.
Isso era ruim.

Respirei fundo antes de abaixar a cabeça por alguns segundos novamente.

— Sou um idiota.

— Não diz isso, eu tenho certeza que ele vai entender você, basta falar tudo. — sugeriu, confiante naquilo.

— E se o pai dele fizer alguma coisa? — em extrema preocupação, lhe olhei. — Namjoon, você sabe das coisas que eu passei por conta do meu. Acha que eu quero que o Jimin sofra com isso também?

— Você era uma criança, o Jimin já é um adulto. Seus pais se aproveitaram da sua ingenuidade e te largaram até mesmo ainda sendo menor de idade. — dizia a verdade. Era algo que me machucava recordar. — E ele tem pessoas ao lado dele, Jungkook. Tem você.

— Ele vai me odiar.

— Não se você decidir contar tudo. Desde o acordo, até os sentimentos que tem por ele. Seja o mais transparente possível pra que ele possa entender que é tudo verdade. — aconselhou. Neguei com a cabeça.

— Estraguei tanto a minha vida que ninguém mais acreditaria em mim.

— Quem disse? Aposto que ele acreditaria. E chega de se sentir culpado por absolutamente tudo, entendeu? Chama o Jimin pra ir amanhã com você e aproveita com ele o máximo que puder. Já que vocês confiam um no outro, passem mais tempo juntos. — dizia. — E eu sei que o Jimin faz tão bem pra você quanto faz pra ele. Eu confio nisso, assim como também confio em você, Jungkook.

Namjoon tinha razão. Eu sequer sabia em qual intensidade todas essas coisas chegariam, mas poderia ignorar as minhas próprias preocupações se estivesse com Jimin.

Quis falar mais coisas, mas se eu iria pra boate no dia seguinte, precisava ajeitar o que faria lá, arranjar algumas músicas boas, e chamar os caras que subiriam comigo no palco pra tocar.

Decidi finalizar aquilo e tocar no assunto sobre a cirurgia da qual nem ele tinha tanta certeza assim, mas que eu botava fé de que ela iria acontecer.

Eu poderia ter todos os amigos desse mundo, mas Namjoon também era minha família.

E com o Jimin, talvez eu não me sentisse um cara tão mau assim quando estava perto dele. Sentia borboletas no estômago.

Por isso, Jimin era literalmente a única pessoa que me fazia lembrar de borboletas de uma forma boa.

💸

[JIMIN]

Consegui adiar a minha volta pra casa com a minha mãe, ao menos. Meu pai estava uma fera.

Eu não queria voltar.
Estava com medo.

Eu e Taehyung, particularmente, procuramos apartamentos ou casas pela região para que eu pudesse morar por horas. Eu sinceramente poderia comprar qualquer uma, eu só estava em dúvida.

Mas infelizmente tive que voltar pra casa dos meus pais no dia seguinte, em um fim de tarde. Taehyung queria ao menos esperar por alguns minutinhos depois que eu entrasse em casa, caso acontecesse alguma coisa tensa e eu tivesse que sair. Deixei que ele me levasse, mas pedi pra que fosse embora logo após. Qualquer coisa, eu o ligaria.

Abri a porta e a minha mãe estava na sala, arrumando o sofá com as almofadas amarelinhas. Ela parou imediatamente com aquilo quando me ouviu, me encarando fixamente. Tranquei a porta, já estando dentro de casa. Senti um desconforto.

— Oi, mãe. — disse, sem empolgação.

Ela suspirou, antes de vir em passos apressados até mim e parar bem na minha frente, quase do meu tamanho, sendo só alguns centímetros mais baixa.

— Onde você ficou? Com Kim Taehyung? — perguntou, a princípio somente preocupada comigo, e não especificamente com quem eu estava. Ela me analisou por inteiro até voltar aos meus olhos de novo.

— Sim... — eu não quis detalhar, muito menos contar sobre Jungkook.

Por mais que certas vezes — mesmo com todos os contras — eu sentisse vontade de contar algumas coisinhas pra minha mãe, eu também sabia de qual lado ela ficaria. E infelizmente não era do meu.

— Ah, bom... — se endireitou de pé, aliviando totalmente a sua preocupação depois de perceber que eu realmente estava bem. — Seu pai chegou agora há pouco do trabalho e ficou reclamando que você não voltou.

— Como sempre. — finalizei, revirando os olhos automaticamente.

— Jimin, não é assim, ele é seu pai... — pacífica até demais, ela afirmava. — Ele só quer o seu b-

— Então, o descarado resolveu encontrar o caminho de volta pra casa, hein? — meu pai descia as escadas, e só então notei que ele já estava quase aqui. — Ficou esse tempo todo com aquele seu amiguinho desfavorável?

— Eu não vou discutir de novo. — falei mais pra mim do que qualquer um que estava ali, como se o ignorasse. Era exaustivo.

Assim que ele colocou os pés no chão após a escadaria, eu fui em sua direção e tentei passar por ele sem nem olhar na sua cara, somente querendo ir pro meu quarto em paz.

— O que é isso? Está até me desafiando agora? — perguntou, pegando no meu braço para me parar. — Ora ora, ficou bastante tempo com aquele sujeito tatuado, foi?

— Pai, eu não quero discutir com você mais uma vez. — falei, calmo, tentando me manter na linha como sempre. Ele parecia querer me provocar.

— Que pena, sabia que homens assim são os piores? — jogou, ainda segurando meu braço. Com isso, eu mesmo me soltei. Ele levantou as sobrancelhas com a atitude e sorriu. — Poxa vida, é verdade. Ele são os mais mentirosos, meu filho querido. — soltou aquilo como se não fosse nada, tirando uma.

E eu ignorei, com o intuito de subir as escadas, mas novamente fui tomado pelo braço, só que com uma forcinha indesejável agora. Ele me puxou e colocou à força em sua frente. Minha mãe estava apreensiva, mas isso era costume, já que ela nunca nem sequer impedia.

— Quem pensa que é pra ficar sumindo desse jeito pra ir atrás de macho? — questionou com seriedade e grosseria desta vez.

— Eu sou um adulto, pai.

— Mas ainda mora debaixo do meu teto. — rebateu. — E a partir disso, você faz o que eu mando e se eu não admitir alguma atitude sua, irei te impedir.

— A vida é minha, por que quer me controlar dessa forma?

— Porque fui eu quem te criei.

— E eu me sinto muito feliz por não ter virado alguém como você. — retruquei, soltando o que estava preso. Ele se manteu calado. — Eu não vou mais mudar por sua causa, pai.

— Então você escolheu mesmo esse tipo de vida, não? Que vergonha.

— Eu nunca tive poder de escolha. Acha que eu escolhi ser assim? — ainda o encarava, decidido.

Mas por dentro, eu só estava me quebrando de novo.

— Eu deveria saber que você veio ao mundo com defeito desde a primeira vez que te vi nascer com esses olhos esquisitos. — falou, me atacando completamente.

— Por favor, não diz isso... — minha mãe interferiu, colocando-se ao meu lado e com a sua calma, implorando ao meu pai. — Ele demorou tanto tempo pra aceitar essa diferença quando criança, e isso é tão bonito nele, não pode-

— Estou falando com o Jimin! — a cortou duramente com um aumento no seu tom de voz, levando o indicador quase em sua cara, somente para mirá-lo em mim logo depois. Senti raiva. — Todo mundo deve pensar que você é uma aberração, isso sim. — falou sério, olhando no fundo dos meus olhos. — E eu acho é bom que todos esses caras que conhecer, olhem pra você e queiram apenas te usar, porque assim você aprende que nem tudo são flores.

Como um pai poderia desejar isso para um filho?

Porque o meu simplesmente deu as costas pra mim, dando a palavra final e me deixando com uma sensação pesada no peito. Sua energia era imensamente ruim, principalmente quando estava neste estado de raiva ou de rejeição comigo. E eu senti, senti muito.

Segurei o meu choro. Minha mãe se colocou na minha visão e tentou abrir a boca pra falar com preocupação em seu rosto, mas dessa vez fui eu quem virei as costas pra ela.

Eu a amava muito, mas se ela me deixaria ficar com o coração sendo pisoteado todas as vezes sem interromper, ou ao menos me defender, então preferia evitá-la também.

Subi as escadas com pressa e ao mesmo tempo, dificuldade. Minha respiração estava ficando pesada, e assim que entrei no corredor e coloquei a mão na maçaneta do meu próprio quarto, senti ânsia.

Ele também não precisava afetar a minha aparência, que era justamente o que eu luto todos os dias pra começar a gostar.

— Calma, Jimin... — tentei respirar fundo.

Eu teria uma crise de ansiedade agora.

Até que senti meu celular vibrando no bolso de trás da calça.

Oh.
Era Jungkook.

Atendi, começando a tremer involuntariamente.

E aí, sabe que eu também sinto saudades de você, né? Posso saber por que o Coradinho nem sequer me mandou uma mensagem nesses últimos dias? — perguntou, brincalhão.

— A-Ah... Eu passei um tempo com o Tae, m-mas... — respira, Jimin. — Eu não consegui pegar no celular direito, achei melhor p-porque-

Por que tá falando assim? — perguntou na hora, antes que eu terminasse.

— Assim... como?

Você tá bem? Onde você tá?

— Em casa... — respondi, a um passo de me virar e ir embora correndo daqui.

Então saia, estou indo buscar você. — foi rápido, falando sério.

Eu despertei na mesma hora, tirando minha mão devagar da maçaneta dourada e dando um passo para trás.

Se você não tá sentindo bem com seu pai aí, é melhor ficar longe.

Sim, eu concordo...

E perto de mim, claro. — concluiu, fazendo meus lábios formarem um pequeno sorrisinho involuntário, mesmo praticamente no meio de uma crise.

Aquilo me deu coragem pra sair do corredor com luz fraca e descer as escadas, mas decidi fazer isso silenciosamente. E tudo bem se ouvirem também, afinal eu já era um adulto, não precisava dar satisfações, muito menos pras pessoas que me deixavam desconfortável, além de me tratatem mal ou encobrirem a maldade.

Jungkook me mandou uma mensagem dizendo onde eu deveria esperá-lo, e assim que fechei a porta de casa, já ao lado de fora e torcendo pra ninguém ter notado a fim de pelo menos não causar mais confusões, caminhei uma quadra quase inteira até virar em uma rua vazia, demorando uns cinco minutos.

Mas eu travei completo antes de adentrar aquele local, pois parecia o mesmo beco onde me pararam para dizer coisas horríveis, me agredindo fisicamente.

Meu coração ficou acelerado.
Agora, ainda por cima, eu estava com medo.

— Ei, achou que eu ia demorar? — tomei um susto e dei um sobressalto quando ouvi a voz atrás de mim. Me virei e vi Jungkook com um sorrisinho sacana em seu rosto. — Moro perto, não esquece disso. Sou pobre, mas com privilégios. — tentou brincar, mas eu sequer liguei pra isso direito.

Simplesmente envolvi meus braços no corpo de Jungkook e o abracei com força, fechando os olhos, tentando me acalmar. Coloquei meu rosto contra o tecido do seu moletom branco com uma estampa preta.

— O que foi, hm? — ele correspondeu, colocando seus braços em volta de mim e acariciando meu cabelo. — Ouviu coisas ruins de novo?

Eu somente afirmei com a cabeça, não conseguia falar, só queria abraçá-lo e sentir o seu cheiro.

— Jimin, você tá tremendo.

— Tá parando, eu juro. — falei, recebendo seu carinho. — Você me acalma, Jun...

Então, ele tentou se afastar um pouco, querendo olhar pra mim de repente. Eu ainda o agarrava, mas me afastei também para encarar seu rosto de cenho franzido.

— Do que você me chamou?

— Quê? Eu chamei você de algo? — questionei, porque realmente as minhas palavras poderiam sair todas emboladas no meu momento mais tenso.

Que obviamente, eram com as minhas crises. Além de que o meu subconsciente poderia me pregar peças.

Mesmo assim, parece que eu tive um pequeno déjàvu.

— Sim, mas... — parou, pensando. Falei alguma coisa muito errada? Só havia dito que ele me acalmava...

— Eu digo muitas coisas atrapalhadas quando me sinto assim... Desculpa... — me sentia um inútil. Jungkook negou com a cabeça.

— Não, não foi nada. — deixou passar, pegando nos meus braços com carinho e afastando-me dele realmente desta vez.

— Quer que eu te leve pra comer alguma coisa? — perguntou, olhando em meus olhinhos. Eu já estava mais calmo, respirei fundo. — E mais tarde eu vou pra boate e quero te levar, tudo bem com isso? Se não quiser-

— Sim, eu quero conhecer. — respondi com convicção desta vez, com a ideia me dando uma energia bônus. Queria saber onde Jungkook trabalhava, mesmo que talvez eu fosse me sentir um pouco inseguro. — Mas antes...

Ele continuou olhando pra mim, esperando. Eu deveria fazer isso? Acho que seria melhor...

— Pode me levar em uma ótica ou algo desse tipo? — engoli seco. A minha ansiedade estava sumindo, mas os meus sentimentos ainda estavam feridos.

— Ótica? Pra óculos? — totalmente confuso, questionou.

— Isso, na verdade... — estive incerto. — É pra lentes de contato... Acho em óticas mesmo, né?

— Como assim? Você não tá enxergando bem? Aconte-

— Eu tô, só... — como eu poderia explicar sem parecer tão repentino? — Queria colocar uma, pelo menos em um olho só.

— Quê?! — Jungkook estava a própria confusão em pessoa com a conversa. Ele olhou pro lado pra pensar um pouco, mas antes que eu sequer explicasse, ele me encarou rápido e de olhos um tanto arregalados dessa vez. — Não é o que eu tô pensando, certo?

— Eu nem sei o que você tá pensando... — abaixei a cabeça.

— Você não vai mudar a cor desses seus olhos. — lhe encarei, Jungkook agora falava sério comigo. — Tem que continuar assim.

— Mas e se eu quiser? Ainda vou ter a minha condição, eu só vou precisar sair com os meus olhos estando normais pra não chamar muita atenção. É só uma lente castanha.

— Não, Jimin, sério, por favor. — disse, se aproximando mais, repudiando completamente a ideia. — Seus olhos são uma das minhas partes favoritas em você. A primeira delas, na verdade.

Pensei, ainda chateado. Eu contaria pra ele o que ouvi?

— A segunda que eu mais gosto são as suas bochechas quando ficam vermelhinhas. — ele soltou uma breve risadinha, e eu também. Aquilo me deixava de coração bem quentinho.

— É que... — suspirei. — Meu pai disse que eu pareço uma aberração. — contei.

— Ele definitivamente confundiu você com ele mesmo. — rebateu, soltando o ar em seguida. — Fala sério, ele não desiste nunca?

Jungkook resmungou e eu entendia o seu lado. Eu também não aguentava mais.

— Jimin. — ele segurou o meu queixo, me dando um pouco de arrepios pelo corpo toda vez que fazia isso pra que eu o olhasse bem fixo. — É lindo desse jeito. Você, seus olhos, tudo. Não quero que mude por conta de comentários de pessoas que só fazem você passar por essas crises.

Assenti com a cabeça, e o toque de Jungkook saiu. Eu particularmente tinha um mini surto toda vez que ele me tocava. Parecia que eu tomava um tipo de choque muito bom.

— Então, vamos? Já vai anoitecer e temos que nos arrumar pra irmos juntos. — se afastou e estendeu a mão pra mim. Mas...

— E como as pessoas vão ficar, vendo que você chegou lá comigo? — perguntei, justamente porque ele era muito popular e eu tinha a noção disso.

— Não me importo com o que as pessoas pensam, eu faço o que eu quero. — afirmou, certeiro. — E eu quero ir com você.

Jungkook enfatizou sua mão estendida pra que eu pudesse pegar, e convencido pelas suas palavras, decidi tocá-la e segurá-la. Fiquei tímido, prendendo um sorrisinho quando ele me puxou, levando para o seu carro.

E dali, nós fomos para o apartamento que dividia com seu melhor amigo — que na verdade, era mais do Namjoon do que dele —.

Jungkook fazia como se eu pudesse me sentir em casa, simplesmente fechou a porta atrás de nós e foi direto ao seu quarto, me fazendo segui-lo em silêncio.

— Quer procurar alguma roupa pra vestir? — perguntou, indo até o seu guarda roupa na direção dos pés da cama e ficando somente na frente dele apontando, sem abrir. — Ah, e a gente tem toalha extra, caso queira tomar um banho antes de irmos.

— Não precisa, eu só... — contido, me segurava pra não falar demais. — Bom, acho que vou querer pelo menos uma camisa.

— Pode escolher à vontade. — abriu as duas portas do móvel não muito grande e suficiente para suas próprias roupas, as quais eram meio monocromáticas. Se afastou, me permitindo realmente a pegar o que eu quisesse. Eu me aproximei, encarando tudo. — Aliás, quando é que o bonitinho vai me devolver o moletom?

— Oh, moletom? — franzi o cenho e lhe encarei ao meu lado.

— Não lembra? Tem um preto meu que ainda tá com você.

— Nossa! — lembrei na hora, dando um pequeno sobressalto. — Meu Deus, verdade, eu esqueci... — quase bati na própria testa e fechei os olhos, somente pousando minha mão sobre ela em decepção comigo mesmo.

O moletom que eu vivi cheirando quando estive em casa até que saísse seu perfume.

— Tudo bem, quanto mais tempo ele ficar com você, mais do seu cheiro eu vou ter quando me devolver. — falou, descaradamente. Eu lhe encarei e Jungkook somente sorriu daquele jeito que só ele fazia. — Até rimou, ou seja, foi comprovado.

— Engraçadinho. — retornei minha atenção para as camisetas. A maioria eram pretas, de fato.

Ouvi algum celular tocar, e quando notei, Jungkook estava com o seu em mãos. Atendeu na mesma hora.

Opa, como tá aí? — começou, se afastando de mim, mas ainda dentro do quarto. Apenas continuei olhando uma por uma as camisetas nos cabides. — Sim, eu vou hoje. É, o Namjoon tá bem, e vou dar meu melhor por conta dele também, sei que ele gostaria disso. Queria gravar pra mandar pra ele. Se for possível...

Eu ouvia tudo, e era fofa a forma como o Jungkook lidava com as suas amizades. Eu poderia não saber como eram as relações que ele tinha com todos individualmente, mas eu sentia que Namjoon era como um pilar forte.

O que? Quem é ela? — perguntou, parecendo confuso. — Ah, me conhecer? Logo eu? Não, não tô me desfazendo! Nem julgando, só não acho que seja um bom momento pra esse tipo de coisa. — foi inevitável não prestar atenção agora. Eu faria meu possível pra disfarçar, mesmo não sendo nada bom nisso. — Tá, é que... Olha, podemos mudar de assunto? Conversamos aí, daqui a pouco eu estou indo.

E foi então que ele literalmente se despediu segundos depois. Voltei minha atenção para as camisetas, por mais que eu sentisse uma pulguinha atrás da orelha.

— Escolheu alguma? — se aproximava de novo.

— Mais ou menos... — respondi, me virando pra ele dessa vez. — Era alguém da boate?

— Isso, um colega que soube que eu voltaria hoje. — assentiu, simples. — Por que?

— Ah, nada. Você tem que ir sozinho?

— Não, até porque eu já te disse que te levaria. — afirmou, sem pestanejar.

— Hum... — eu estava inseguro como sempre. — Mas vai que eles queiram que você se encontre com alguma garota e-

— Jimin, acho que geralmente consigo deixar muito claro as coisas que eu penso. — logo dizia, sério. — E eu fui bem claro quando falei que queria ir com você.

— Desculpa, é que eu não consigo pensar que realmente esteja me dando toda essa atenção, sabe? — falei a real. — Você é muito popular, Jungkook, imagine lá, no local que mais frequenta. Eu só não quero parecer uma interferência nos seus planos.

— E quais são os meus planos, Jimin? — questionou na hora. — Eu faço questão de repetir, caso ainda não tenha ficado claro.

Era verdade, tudo era por conta da minha enorme insegurança comigo, o meu jeito e a minha aparência. Jungkook estava sendo tão paciente que aquilo me impressionava. Hoje oficialmente não era um dia muito bom pra mim.

Só estava indo bem a partir do momento em que o vi.

— Tem uma camiseta preta sem estampazinha? — mudei o assunto, contido, falando sobre a roupa agora. Ele, ainda olhando pra mim, desfez a postura e assentiu, afastando-se um pouco e procurando no seu guarda roupa.

Em menos de um minutinho, ele retirou uma camiseta totalmente preta do cabide, me entregando. Parecia apenas um pouco desbotada, puxada para o cinza, mas era basicamente o estilo despojado dela.

— Obrigado, gostei dessa. — a peguei, saindo do quarto e indo direto para o banheiro.

Não demorei pra vestir, colocando-a para dentro da minha calça preta e ajustando um pouquinho para não parecer repuxada nem nada do tipo. Ficou bom, estava apresentável.

Tentei arrumar meu cabelo, penteando e deixando o mais impecável possível. Não sabia se deixava todo na frente ou se colocava um pouco para o ladinho. Até que resolvi deixar na segunda opção, a franja um tantinho separada.

Respirei calmo e abri a porta do banheiro estando praticamente pronto, e esperava que Jungkook já tivesse escolhido uma roupa também, mas tudo que vi foi ele bem na porta me dando um pequeno sustinho, com uma toalha pendurada no ombro.

— Meu Deus, pensei que estivesse pronto. — falei, ainda um pouquinho assustado. Ele riu.

— Eu nem tomei banho hoje, por que eu iria pra lá assim? Já separei a roupa, mas preciso tomar um banho. — foi sincero. E então, ele passou por mim e entrou no banheiro também.

— Bom, claro, tudo bem. — me apressando, saí do banheiro sem nem olhar pra ele direito e vazei.

Por que certas vezes eu me sentia tão tímido em momentos aleatórios? Uau, Jungkook é definitivamente muito intimidador sem a intenção.

Enquanto isso, peguei meu celular assim que ele abriu o chuveiro e resolvi pesquisar no Youtube algumas dicas de beleza para o corpo e o rosto. Postura, como eu deveria usar as roupas pra ficar com o corpo mais bonito e rosto também.

Apareceram resultados diversos, desde um TOP 10 de melhores cirurgias para se fazer, até um canal de colorimetria. Nunca era um resultado específico.

Talvez porque o que eu escrevi na barra de pesquisa fosse quase um textão...

Parecia besteira, mas fiquei procurando por minutos e minutos, até que mal vi o tempo passar, somente percebi que ainda estava de pé por tempo demais e após notar isso, olhei pra cama.

O que vi foi basicamente a roupa separada que Jungkook iria usar pra ir. Uma jaqueta de couro sintético bem bonita, a típica camiseta preta e a calça rasgada.

Então, eu percebi.

Se a roupa dele estava aqui...

No mesmo instante, ouvi Jungkook sair do banheiro.

Meu Deusinho.
Só-de-toalha.
Na cintura.

— É, nem precisa dizer nada, eu super faria isso de propósito mas dessa vez não foi. Esqueci minha roupa. — riu, vindo em minha direção. Eu travei um pouco.

Jungkook andou e parou de frente pra cama, encarando suas próprias roupas enquanto eu encarava a lateral de seu corpo definido e tatuado. Pelo menos a maior parte dele, além do seu cabelo sendo ajeitado por ele mesmo, colocando para trás de maneira hipnotizante.

— Quantas tatuagens você tem? — a pergunta foi sem a minha permissão, e Jungkook olhou na hora pra mim, virando somente a cabeça pra falar comigo.

Jimin, que merda você tá falando?

— Perdi as contas. — pensou um pouco, pegando a camisa em mãos. — Na real, eu até anoto em algum lugar toda vez que faço uma, é que faz tempo desde a última.

— E piercings? — por que eu estava sendo tão curioso?

— Ah, só os dois no rosto e na orelha eu devo ter uns cinco. Na outra, uns dois. — disse, de boa, preparando-se pra colocar a camiseta no corpo.

— Só nesses lugares? Tipo, os que são visíveis? — perguntei, totalmente curioso, porque Jungkook despertava inúmeras coisas em mim.

— Claro. — afirmou. — Por que? Acha que eu teria em algum outro lugar que não fosse visível? — perguntou, simplista.

Eu me mantive calado, céus, por que aquelas coisas que Taehyung me disse estavam na minha mente de maneira inapropriada? Deveria esquecer.

Mas era tarde.
O corpo bonito de Jungkook se virou todinho pra mim. Ele me encarava como se houvesse entendido tudo.

— Espera um pouco... — jogou a camiseta de volta na cama e aproximou-se, me fazendo dar um passo pra trás e sentindo a parede bem próxima também. — Não achou que eu tinha onde tô pensando agora, né?

— N-Não, é que... — ah, eu gaguejei. Jungkook estava perto de mim e isso me dava um friozinho na barriga, ainda mais estando daquela forma.

— Achou que eu tivesse aqui embaixo, Coradinho? — nem precisou dizer onde, eu já sabia automaticamente do lugar que ele estava falando. Seu sorrisinho discreto apareceu, e eu nem sabia como reagir.

Muito menos se continuava analisando aquele corpo bonito ainda com alguns respingos de água e as inúmeras tatuagens no braço, assim como a borboleta na lateral do pescoço, ou se focava em seu rosto repleto de safadeza disfarçada.

Porque Jungkook era assim, um safado disfarçado. Na verdade, ele nem fazia questão de usar qualquer disfarce.

E eu...
Também?

— Então você ficou curioso? — continuou provocando, falando baixinho perto do meu rosto. — Por que não tira a prova viva se eu tenho ou não?

Naquele momento, no automático acabei abaixando minimamente a cabeça pra olhar a toalha em sua cintura fina. Nossa, pensei tanto em tirar...

Céus, eu não sou assim.
Ou talvez eu só nunca tenha me explorado. Meus desejos, vontades...

— Pensei nisso uma única vez, só. — respondi, mentindo. Olhei em seus olhos. — Agora pode ir se trocar ou podemos nos atrasar, você sabe.

— Quer mesmo que eu me afaste? — perguntou em seguida, me fazendo olhar pra sua boca atentamente. Era tentador.

Acabei balançando a cabeça bem devagar em um "sim", quase hipnotizado ainda.

— Tudo bem. — assentiu, sem mais, resolvendo se afastar.

Mas acabei voltando atrás no momento em que ele daria as costas, pegando em seu braço e segurando-o, fazendo com que ele virasse seu rosto pra mim.

A verdade é que eu menti.

Ele entendeu, e provavelmente sabia.

Jungkook simplesmente não demorou pra se soltar da minha mão e vir direto com a sua na minha cintura, me puxando e automaticamente me agarrando pra colar a sua boca contra a minha.

Ele me beijou como se estivesse prendendo aquilo. Fui pego de surpresa totalmente, minhas mãos foram ao seus ombros, mas foi inevitável não descer. Conforme nossos lábios entraram em sincronia, eu senti minhas mãos praticamente explorando a parte exposta do corpo de Jungkook.

E quando ele usou sua língua dentro da minha boca, me deixou quente não só nas bochechas.

Desceu seus lábios no meu pescoço, traçando meu maxilar antes e me fazendo fechar os olhos em êxtase. Segurei nos braços de Jungkook e apertei quase fincando minhas unhas ali.

Eu me segurei muito por dentro, mas infelizmente descobri que o meu pescoço era uma das áreas mais sensíveis do meu corpo, assim como eu era uma pessoa muito fácil de sentir cócegas, e o seu piercing no lábio raspando contra a minha pele também agravava muito essa situação.

Soltei um gemidinho que saiu sem a permissão e com isso eu percebi: Jungkook estava puxando a gola da camiseta levemente para baixo, chupando uma partezinha do meu pescoço perto da clavícula. E aquilo era bom.

Após me ouvir, senti seu aperto na minha cintura e eu definitivamente tive que interferir.

— Jungkook... — lembrei vagamente que tínhamos que sair e o chamei arrastado, porque eu estava tão entregue que nem tive tempo de me preocupar de verdade.

— Hm? — ele subia de novo, deixando beijos e continuando no meu rosto. Aquilo foi fofo e sexy ao mesmo tempo?

— N-Não temos que ir? — perguntei, e ele chegou pertinho dos meus lábios pra me beijar de novo.

— Só mais um segundo. — e fez, juntando sua boca com a minha de forma lenta que definitivamente também me prendia ali.

Novamente eu estava entregue, desci minhas mãos pelo seu corpo e cheguei em seu abdômen, enquanto ele levava sua mão em minha bochecha, pegando-a e acariciando ela ao mesmo tempo em que o ósculo acontecia.

Eu não sabia se era bom beijar.
Mas beijar o Jungkook era gostoso.

Só que teve uma hora, em que desci a mão e percebi que toquei em algo duro em cima do tecido da toalha que não deveria a partir do momento em que Jungkook parou aquele beijo e soltou um arfar.

Eu tomei um sustinho, dando um pequeno sobressalto e me afastando dele.

— Desculpa! — com muita vergonha, fui com as costas na parede completamente. Jungkook suspirou, colocando o cabelo pra trás somente pra que ele voltasse de novo, chegando pertinho de mim. — Foi sem querer...

— E você acha que me engana, Coradinho? — falou, baixo, provocando. Seu olhar era diferente, parecia... Excitado? — Tudo bem, isso pode ter sido sem querer, mas e tudo que aconteceu agora há pouco?

Eu deveria realmente estar corado, mal conseguia olhar em seus olhos direito, mas tentava.

— Acha que eu não vejo você me secando também? — mordeu o lábio. — Eu só tento me segurar, Jimin.

— Mas por que? — perguntei logo em seguida, curioso.

— Ah, garanto que você não vai querer que eu faça o que eu quero agora. — colocou sua mão na parede, ficando com um braço seu ao lado da minha cabeça e seu rosto pertinho do meu.

— Só um pouquinho... — pedi, um pouco pidão. Era impressionante como eu sequer comandava minhas próprias falas quando estava imerso aos meus momentos com Jungkook.

Meu cérebro só dizia: vai, se joga nele.

— É melhor não... — falou, me dando um selinho, e depois outro no meu pescoço. Eu já estava todo arrepiado. — E eu gosto quando você fica me encarando assim.

E foi com essa afirmação, que eu olhei pra todo seu corpo ainda praticamente desnudo de novo.

— Você nem esconde, né? — soltou uma risada.

— Desculpa, é que... — tentei me explicar, mas só tinha uma coisa na minha cabeça. Uma única palavra. — Você é... Hm... Gostoso, sabe...

Ele levantou as sobrancelhas em pura surpresa, impressionado com a minha fala.

— Ah, esquece o que eu disse, é que é inevitável, você é realmente muito bonito e assim desse jeito me deixou... — hesitei, Jungkook esperava, olhando bem pra mim e me desconcertando de várias maneiras diferentes. — Um pouco ansioso de forma boa, não sei dizer.

— Excitado?

— Por que é tão direto?

— Você que começou. — rebateu.

Era um fato. Ele riu.
Droga, lindo.

— Mas digo o mesmo pra você, meu coradinho. — afirmou, e eu neguei com a cabeça.

— Eu não sou gostoso assim nem um pouco, Jungkook.

— Não? — ele passou seu olhar por todo meu corpo, de cima a baixo descaradamente. — Eu vou ter que discordar, gracinha.

— Não me chama assim. — desviei o meu olhar, tímido. Já não bastasse o "coradinho", ver ele me chamando de outra coisa me deixava envergonhado. — Eu não sou, nem sei como ficou exci-

Parei na mesma hora.
Meu Deus, ia simplesmente sair como se fosse totalmente natural. Encarei ele que aguardava a continuação da fala.

— Fiquei o quê, Jimin? — perguntou, mas eu não consegui respondê-lo. — Você me sentiu excitado, neném? — meu coração acelerava nessas horas, porque aquilo me deixava tão encurralado e com vergonha que eu queria me esconder.

Mas ao mesmo tempo, esse jeito descarado e charmoso do Jungkook me despertava.
Só que agora eu também estava acordado de outra forma, assim como ele, lá embaixo. E quente.

— Então você não deve saber, mas... — ele aproximou seu rosto ainda mais, mas foi na direção da minha orelha, deixando-o praticamente ao lado do meu ao ir falar direto no meu ouvido. Eu fechei os meus olhos, e o Jeon começou bem baixinho, me deixando arrepiado como sempre: — Eu posso ficar assim só de olhar pra você, ainda mais quando fica coradinho desse jeito. E é nesse momento que eu me seguro, meu bem.

Eu não sabia o que pensar.
Meu coraçãozinho batia muito forte e eu só pensava no quanto gostei disso.

Seus beijos começaram novamente no meu pescocinho, bem devagarinho, enquanto senti seu corpo se aproximando e me deixando com mais calor.

Mas foi por pouco tempo, pois ele se afastou, agora de verdade.

— Vou me trocar, se quiser ficar assistindo, não vou te impedir. — disse, voltando a ir pegar sua camiseta.

Seu corpo estava de lado novamente e eu consegui ver um volume debaixo da toalha. No mesmo instante em que vi, andei em passos enormes pra sair dali, indo pro seu banheiro com muita rapidez.

Eu fechei a porta e me recostei nela, descendo com as costas até o chão e conseguindo respirar ali. Jesus, o que foi isso?

Nos pegamos, com beijos e toques vindos diretamente da minha pessoinha, que também colocou a mão onde não era pra colocar. Meu Deus, Jimin...

Era grande.

Não, pelo amor de Deus, no que eu estava pensando?

Jungkook falou mesmo sério quando disse que poderia ficar excitado só por me olhar daquela forma? Eu não sei o motivo exato, mas gostei do que ouvi mesmo sendo a coisa mais explícita possível.

Falando nisso, eu também estava. E confesso ficar quente toda vez que Jungkook chegava perto de mim.

Toquei no meu próprio membro com tecidos lhe cobrindo e eu sabia que também estava como ele. Arfei um pouco, e quis me crucificar por imaginar Jungkook de novo falando no meu ouvido e beijando o meu pescoço tão sensível, apertando meu próprio íntimo com delicadeza e ficando ainda mais encurralado.

Respirei fundo e tirei a minha mão dali, me controlando. Eu tinha que ir pra boate daqui uns minutos pra ver ele cantar e não poderia me dispersar assim. Isso passaria, eu só precisava manter meu próprio controle.

Por isso me levantei, indo jogar a água da pia direto contra o meu rosto vermelho como uma pimentinha.

💸

Jeon Jungkook estava muito lindo, eu confesso. A jaqueta de couro combinava perfeitamente com ele, com alguns spikes, e seu cabelo hoje estava com um pouco de gel para deixar no penteado que gostaria. Ainda pra melhorar, seu piercing na sobrancelha ficava bem a mostra.

Eu também estava mais arrumado do que antes, e com uma postura muito melhor. Afinal, há momentos antes eu estava fraquíssimo por conta de Jungkook.

Quando chegamos em frente, meu peito sentiu uma ansiedade vir, mas era porque eu estava bem receoso e curioso na mesma intensidade. As luzes neon com o nome KISSB me deram uma pequena lembrança.

— Oh. — notei, assim que ouvi Jungkook abrir a porta dele. — Foi aqui.

— O que? Aconteceu algo? — perguntou.

— Não, foi aqui que eu vim da outra vez. — apontei para a boate luminosa por fora e encarei Jeon. — Lembra que eu te disse que estava com ansiedade e conheci o Woo?

— Ah, sim. — desanimou ao ouvir o apelido.

— Eu até pensei que ele fosse um barista temporário em lugares diferentes, não sei, era meio óbvio que era nesse mesmo local porque ele havia dito que você cantava na onde ele trabalhava. Ou seja, é realmente aqui. — olhei de novo pro lugar bonito visualmente em seus tons de roxo e vermelho. — Que doido, estávamos em um mesmo lugar sem nem termos nos conhecido ainda.

— Eu diria que é o destino. — jogou, e eu o encarei sorrindo. Jungkook também sorriu pra mim, trocando olhares.

Eu realmente estava muito na dele.

— Vem, vamos lá. — olhou pro local também e logo se virou ao sair pela porta. Eu também abri, ficando de pé ao lado de fora. Esperei que Jungkook viesse até mim.

— Me sinto um pouco ansioso. — revelei sem hesitar. — Acha que eu tô bonito mesmo? — Jungkook sorriu mais uma vez, tocando meu queixo e fazendo um carinho rápido.

— Você já é lindo naturalmente, Jimin. — respondeu. — E eu não tenho dúvidas de que vai ser a pessoa mais linda desse lugar.

Tinham momentos em que nós dois parecíamos ficar imersos um no outro, onde parecia que só existisse a gente, olhando nos olhos, como se ficássemos hipnotizados por alguns segundos. E um desses momentos, era este.

— Quero entrar lá. — falei, encorajado. Jungkook assentiu.

— Só quero te pedir duas coisas porque eu conheço este lugar muito bem. — ficou sério de repente, prestei atenção. — Fique sempre do meu lado, entendeu? Ou atrás de mim. Algumas pessoas podem vir falar comigo, mas não quero te perder de vista, certo? Pode falar com quem se sentir à vontade também.

— Tá bom, eu não vou pra lugar nenhum. — confirmei. — Mas por que? É muito fácil se perder? Tem muita gente?

— Sim e não, depende do dia e acho que hoje vai estar um pouco. Mas não é só por isso. — explicava. — Tem muita gente má intencionada aqui, Jimin. Se você notar algo estranho ou alguém olhando pra você de maneira que não se sinta confortável, me diga sem hesitação, entendeu?

Tudo que fiz foi concordar com a cabeça. Eu o avisaria sem dúvidas.

Ele voltou a sorrir de novo, fazendo com que eu o seguisse ao seu lado para dentro do local que conhecia apenas de relance, por não ter realmente notado muito quando vim da primeira vez. A única coisa que eu me lembrava, era da voz e da música que tocava.

Uma voz que, pensando bem, era extremamente parecida com a do...

— Jungkook! — um cara desconhecido nem sequer pensou duas vezes ao ver somente Jeon dar alguns passos dentro da boate. Ele parecia mais velho. — Eu senti sua falta, cara!

— Ai, que cara chato... — falou entredentes e baixo pra mim, sorrindo falsamente pro homem que vinha. Eu coloquei a mão em frente a boca e soltei uma risadinha. — Opa, e aí?!

— Surpreso de ver você aqui agora, pensei que não voltasse mais! — tinha a voz estridente e falava alto, ele definitivamente era um pouco irritante. Talvez fosse o dono daqui, com o nome da boate escrita na camiseta. Bem brega, por sinal. — Mas veio na hora certa! Hoje iremos pra um clube após você se apresentar, que tal?

— Não, obrigado, eu tô acompanhado hoje. — respondeu, simples, voltando a andar pra poder provavelmente se livrar do homem. E que consequentemente, me viu ali encolhido.

— Quem é você? — curioso, se aproximou de mim e ficou na minha frente, parecendo analisar meu rosto. — É bem bonito, eu diria.

— Ah, obrigado, o meu nome é Jimin. — disse. Ele continuou olhando pro meu rosto e sinceramente aquilo não estava confortável.

— Seus olhos são reais? — perguntou, seriamente interessado. Eu assenti com a cabeça. — Nossa, incrível, e você tem algum talento? Você já é bem bonito, eu trabalho com-

— Eu trouxe ele aqui pra conhecer a KISSB, depois conversamos, tá? — Jungkook o interrompeu, sério também e mantendo uma distância dele sobre mim ao colocar a mão na frente.

— Ah, claro, claro. — assentiu sem pensar duas vezes. Ele saiu de perto, sorrindo pra nós dois grande e forçadamente. Jungkook voltou a caminhar comigo.

— Percebi que ficou desconfortável. Ele é assim mesmo, deixa todo mundo desse jeito. — comentou.

Haviam pessoas dançando pra tudo quanto é lado, algumas se pegando e outras dançando em cima do palco que ficava lá na frente. Jesus.

— Jimin?! — ouvi uma voz conhecida, me fazendo olhar pra trás. Era Woosung, que sorriu, também franzindo o cenho ao estranhar.

— Woosung-ah! — sorri também, me virando completamente para ir até ele.

— O que te trouxe aqui? — perguntou, apoiando-se no balcão reconhecível por mim da primeira vez que vim. Eu me sentei no banquinho alto.

— Jimin, o que eu disse sobre não sair da minha vista? — Jungkook apareceu reclamando ao meu lado, pegando a minha atenção e a de Woosung ao mesmo tempo. Ele parecia incomodado agora.

— É, eu tô com o Jungkook aqui, e vim ver ele se apresentar. — contei. Jeon também apoiou seus cotovelos no balcão.

— Poxa, justo no dia em que eu não toco. — fez um bico. Eu ri um pouquinho.

— Foi livramento. — Jeon soltou na cara de pau.

— Jungkook! — arregalei meus olhos pra sua cara de sonso, e Woosung acabou rindo.

— Ele gosta muito de mim, essa é a verdade. — dizia, brincalhão. Vi Jungkook revirar os olhos. — Quer beber alguma coisa? Pra você, eu deixo por minha conta.

— Nossa, sério? — abri um sorriso. — Eu-

— Jimin não pode beber nada alcoólico. — foi o Jeon que entrou na conversa novamente. — Dê algo sem.

— Oh, verdade... — confirmei.

Ele não esqueceu do que eu havia dito sobre o meu passado com o álcool. Me senti felizinho.

— Certo, eu vou pegar algo muito bom pra você! — falou, virando-se e indo direto para os copos de vidro atrás de si.

— Escolhi o dia errado, hoje ele tá trabalhando aqui, tsc. — Jungkook resmungou e eu dei risada assim que encarei seu rostinho insatisfeito.

— Isso é ciúmes? — arrisquei, Jeon me olhou nos olhos.

Mas antes que eu pudesse ouvir a resposta saindo de seus lábios assim que ele os abriu, sua atenção foi tomada por uma voz feminina ao seu outro lado.

— Você finalmente voltou?! — eu nunca havia visto ela na vida. Seu cabelo era em um castanho claro, e o conjunto todo cor-de-rosa da sua roupa, a blusa curta e a saia também.

— Sana? — Jungkook nem pareceu conseguir raciocionar direito e a garota quase pulou em seus braços. Ela o abraçou. Mas foi rápido, encarando bem seu rosto depois. Eu revirei os meus olhos.

— Como você tá? Já foi visitar o Namjoon? — perguntou, preocupada. Ela tinha olhos pidões.

— Sim... — observei Jungkook se afastar, não mantendo-se sobre nenhum toque dela.

— Aqui, a sua bebida. — era Woosung, e quando notei, imediatamente olhei pra frente.

Ele havia preparado o que parecia ser um suco verdinho claro, parecendo uma batida com a fruta cítrica na borda, ficando bem bonitinho. E acredito que essa não tinha álcool.

Era de limão.

Limãozinho...

Olhei pra Jungkook de novo, ainda conversando com aquela garota.
Que sentimento chato.
Fiz um bico sem perceber.

— Alguém te deixou pra baixo? — Woosung inclinava um pouco a cabeça pra analisar meu rosto, me fazendo despertar de novo dos meus pensamentos enquanto tomava um golinho e prestando atenção nele. Ele sorriu.

— Ah, não é nada! — neguei. — Eu só fiquei pensando demais.

Ele assentiu, mas foi inevitável não virar meu rosto pro lado e ver de novo Jungkook conversando com a menina. Eu queria ouvir...

— Ela é a Sana, ambos são bem amigos. — Woosung afirmou, tomando total a minha atenção. — Apesar de já terem se envolvido algumas vezes.

— Já?

— Sim, você não sabia? — questionou, e eu somente neguei com a cabeça.

Foi então que eu me lembrei.
Essa Sana era a tal da "amiga/ficante", né? Que era afim dele.
Ah. Jungkook havia mesmo mentido pra mim.

— Não, acho que eu sabia sim. — respondi, decepcionado. Eu olhava pra baixo, peguei meu copo quase cheio e tomei mais.

— Eu não sabia que gostava tanto assim dele. — soltou, encarei Woo. — Só não posso te dizer se isso é bom ou ruim. Eu não sei como vocês estão relacionados e eu digo isso como amigo, não é porque tenho interesse em você.

— O que? Você tá interessado em mim? — também?! — Eu-

— Esquece isso. — riu. — Parece que o bonitão parou de atender a amiguinha. — seu olhar parou ao meu lado, se afastando do balcão para atender outras pessoas, e quando vi, Jeon estava de pé.

— Isso não tem álcool, né? — perguntou pra mim. Eu neguei com a cabeça. — Que bom, você não pode be-

— Essa é a Sana? — perguntei, desviando o olhar e tomando mais um golinho. Minha bebidinha estava acabando.

— Ah, ela? Sim, é sim. Minha amiga. — respondeu como se não fosse nada.

— Pensei que tivessem alguma coisa.

— Não temos, sem chance. — disse, e eu o encarei sério. Jungkook não pareceu entender, e só depois de alguns segundos ele suspirou ao compreender. — Há muito tempo, Jimin. Ficamos amigos desde então, mesmo que eu saiba que ela ainda goste de mim.

— E você não gosta dela? — rebati. Que droga, eu estava me sentindo angustiado e sabia exatamente que sentimento era esse.

— A pessoa que eu gosto é a que tá na minha frente agora. — falou, sério, sem tirar os olhos de mim. Não consegui falar mais nada depois disso. — Acho que já deu, Jimin. Eu posso ter essa faminha, mas eu não sinto mais essa vontade de pegar as garotas assim.

Acho que corei.

— Tá bom. — fiquei um pouco tímido, mas ainda estava incomodado. — Achei ela bonita.

— Olha só, eu não tô reclamando do Woosung que é bonito também e ainda por cima é estiloso. — citou, realmente se queixando daquilo enquanto o garoto preparava algumas bebidas de outras pessoas. — Tem noção dessa palhaçada? Cara, eu que sou o estiloso daqui! — eu ri. — O que? É mentira?

— Não é isso! — ri mais, tapando a boca com a mão, sua expressão raivosa suavizou. — É que você fica engraçado nervoso assim. E nem tem motivos!

— Eu não tenho? — ia falar mais, mas hesitou. No fim, Jungkook com suas mãos na cintura, vi seus lábios se abrirem em um sorriso e ele acabou rindo também. — Verdade, eu tive um surto do nada agora.

Acabei gargalhando com aquela situação. Jungkook pegou seu celular no bolso naquele mesmo tempo. Ele deu um sobressalto que me fez prestar atenção, tentando evitar meus olhos com lágrimas de tanto ter dado risada de suas expressões indignadíssimas, com direito a levantada de uma só sobrancelha e tudo.

— Eu tenho que ir cantar! — disse, provavelmente atrasado pra se preparar. Ele me encarou. — Você fica aqui? Eu vou me ajeitar com a banda e subir no palco daqui uns minutinhos, tá bom? — assenti, colocando meu copo já vazio no balcão que estava me apoiando enquanto sentadinho.

Eu vi Jungkook dar as costas depois de me dar uma última olhada como se fosse um "já volto". Senti que ele queria realmente me mostrar como era seu trabalho, e eu admirava isso.

Apesar do lugar e do que ele acaba pegando disso tudo, Jungkook só estava tentando seguir o seu sonho. Talvez um de criança que nunca havia sido realizado.

Ao contrário de mim, que sempre tive tudo.
Menos uma família que me apoiasse.

Pensando bem, acho que nem mesmo isso Jungkook tinha. Esse fato me deixava um pouco triste.

— Se prepare pra comoção, viram o Jungkook ir pra trás dos palcos. — Woosung chegou perto de mim novamente após atender duas garotas. Eu estranhei que realmente uma galerinha estava indo para perto do palco. Inclusive, muitas meninas também.

— O que isso significa?

— Todo mundo quer ver ele. Provavelmente o dono da KISSB já contou pra todo mundo que o reizinho está aqui de novo. — explicou, continuei olhando para a comoção.

— Por que ele não se tornou um artista de verdade ainda? — perguntei por curiosidade e pelo óbvio. Ele tinha talento e fazia sucesso.

— Não sei muito bem pra te detalhar certinho, mas pelo visto ele não foi descoberto por nenhuma produtora ou agência, sei lá como se chamam esses negócios pra cuidar da carreira. Na verdade, ele é cantor de boate, o que fica difícil também, afinal a maior demanda de propostas pra ele são de empresas meio fetichistas ou coisas do tipo.

— O que isso tem a ver com música? — encarei ele, confuso.

— Sinceramente? Hoje em dia você pode se prostituir de várias formas. Dançando, cantando... Muita gente procura o Jungkook pra esse tipo de coisa. Daí ele é contratado, faz shows em locais privados e dorme com geral que pedir, afinal tá recebendo por isso. — aquilo era um absurdo de se ouvir. Isso era mesmo possível? Fiquei boquiaberto. Woosung soltou um riso. — Ele nunca aceitou nada disso, relaxa.

Na verdade, não era o que me preocupava.
Deve ser difícil pra ele, ao menos um pouquinho...

Assisti Jungkook subir no palco arrumando a jaqueta que usava. Me deu arrepios quando ouvi algumas meninas gritando. Um arrepio ruim.

Mas que se tornou bom, no momento em que vi Jungkook olhar pra mim. Ele sorriu discretamente e eu fiz o mesmo.

Jeon pegou o microfone e posicionou certinho. Os outros caras da banda também estavam se ajeitando no palco. Fiquei ansioso pra vê-lo. Me virei na cadeira completamente pra focar nele, aguardando.

— E aí, gente. — Jungkook começou a falar. Eu soltei uma risadinha. — Hoje eu vou cantar uma música só, mas... — ouvi alguns "ahhhh", porém Jungkook tentou contornar. — Mas... Essa é uma composição minha. — outros gritos novamente. — Eu fiz em uma madrugada, mas esses dias ajeitei algumas coisas na letra dela. Fiquei inspirado, eu diria. — riu um pouco, conversando com a galera.

Não tirei o sorriso do meu rosto em nenhum segundo, até que seu olhar veio pra frente, ao meu, que estava um tiquinho distante do palco. Na verdade, eu só não estava aglomerado com aquela galera na frente.

— O nome dessa música é... — parou, desviando o olhar pro chão e abrindo um sorrisinho. — Still With You.

As pessoas gritaram mais uma vez e eu fiquei ainda mais ansioso com aquilo. Era uma música sua e eu nunca tinha escutado ele cantar algo próprio. Claro que apenas lhe ouvi cantando uma única vez, mas sinceramente sabia que poderia me surpreender com Jungkook cada vez mais.

Alguma coisa me dizia que era pra eu me lembrar de algo muito importante. Que estranho. Pensei tanto nisso que nem sequer me toquei quando ele começou.

Nal seuchineun geudaeui yeoteun geu moksori, nae ireumeul han beonman deo bulleojuseyo... — ele cantava, e os meus olhos ficaram vidrados de imediato nele e na forma como ele soava lindo naquilo e na melodia toda em si.

Era ele.

— Não sei se você se lembra, mas o Jungkook também estava cantando na primeira vez que nos conhecemos aqui. — disse, de forma divertida. Mas eu estava um pouquinho boquiaberto.

Sim, eu me lembro da sua voz acalmando completamente a minha crise de ansiedade depois de um dia horrível.

O dia em que eu me assumi.

Então, Jungkook e eu estávamos realmente muito mais perto do que imaginávamos.

Era por isso que eu sentia a sensação constante de que já o conhecia? Era a minha mente tentando recordar?

Eoduun bang jomyeong hana eopsi... — parece que aí que começou a música, depois de toda uma instrumental linda. As pessoas estavam atentas, curtindo. E eu estava fixo nele.

Jungkook segurava o microfone nas mãos e fechava seus olhos enquanto cantava algumas partes, a forma como ele também conduzia seu corpo com a música era inexplicável, ele realmente sentia aquilo.

E eu queria beijá-lo.

Ele parecia totalmente envolvido naquilo e sua voz não parecia falhar pra nada, não importava o que ele fizesse ou o quanto ele se arriscasse nas notas. Jungkook estava perfeito naquele palco.

Eu queria muito beijá-lo.

Hwangholhaessdeon gieok soge, na hollo chumeul chwodo biga naerijanha... — o refrão da música lenta chegou, mas eu só queria subir ali e dizer pro Jungkook que ele era tão bom naquilo, e que a música foi literalmente feita pra ele.

Fiquei admirando Jungkook o tempo inteiro, algumas vezes nem ouvindo o que Woosung comentava por estar completamente fixado naquela obra-prima, no mundinho paralelo onde eu só conseguia ouvir a voz melódica e satisfatória de Jungkook ecoando.

Ele olhou pra mim no momento em que terminou toda a música. As pessoas aplaudiram e muito.

Nesse momento, soltei baixinho, quase que somente gesticulando com a boca os meus sentimentos já tão claros pra todo mundo que eu nem me importava mais em assumi-los.

Portanto, eu falei devagarinho, querendo muito que ele pudesse me entender de longe:

— Tô completamente apaixonado por você.

Meu coração acelerava, eu o sentia quentinho dentro do meu peito. A sensação era surreal. Jungkook continuou me encarando como se nem ligasse se caso estranhassem sua parada repentina de pé ainda em cima do palco enquanto aplaudiam.

Foi quando ele sorriu genuinamente pra mim.
E gesticulando com a boca como fiz, disse:

— Eu também.

💸

Se passaram meia hora. Jungkook agora estava em uma rodinha com os caras da banda e alguns outros homens, isso assim que saiu do palco.

Eu esperava que fosse alguma oportunidade, apesar do dono chatinho da boate estar naquele meio. Me deixava decepcionado saber o tipo de trabalho que Jungkook costumava ser proposto a fazer, mas que não fazia.

Eu já não estava mais no mesmo lugar perto do Woo, uma música americana tocava enquanto eu somente esperava Jungkook, um pouco longe de sua rodinha com essas pessoas desconhecidas. Ele sabia que eu estava ali, e demonstrei que estava tudo bem em esperá-lo.

Woosung estava cheio de clientes pra atender, já que depois da apresentação, a maioria foi beber. Me despedi, porque era bem provável que eu fosse embora.

Me perdi nos pensamentos e fiquei bobinho com o quão perdidinho nos encantos de Jeon Jungkook eu estava. Ri fraco.

Senti um toquezinho no meu ombro. Olhei pra trás na hora, seria o Woo?

— Oi, tudo bem? — era um homem mais alto que eu, provavelmente da altura do Jeon. Ele vestia preto também, mas o seu cabelo era loiro como o meu. Usava óculos de grau, pretinhos e quadrados. Ele pareceu se surpreender comigo. — Meu Deus, calma, você é ainda mais bonito de pertinho!

— Oh. — nunca soube receber elogios, me virei. — Obrigado...

— Tá sozinho? — questionou, curioso.

— Não, eu-

— Posso pegar seu número? Eu te achei muito lindo pra ficar sozinho assim, sério. — sorriu largo. — Melhor, quer ir dançar comigo? Ou beber? Ir lá fora?

Quantas perguntas sugestivas.
Desconfortável...

Ele pegou no meu braço.

— A gente podia-

— Ei! — chamei sua atenção por um momento ao que puxei meu braço de volta. Isso foi totalmente estranho. Começando a ficar com medo, me conti. — Eu não conheço você...

— Mas pode conhecer, o que te impede? — se aproximou e eu dei um passo para trás.

— Olha, moço, eu já tô acompanhado... Por que não procura outra pessoa? — tentei, receoso.

— Poxa, eu gostei tanto de você... — sorriu, rindo um pouquinho. O seu rosto me dava medo. Encarei Jungkook, vendo que ele se despedia dos outros homens.

— Moço... Eu realmente-

— Podemos ir pra um motelzinho aqui do lado, não é possível que você tenha vindo aqui sem ter o compromisso de dormir com alguém, né? — dizia absurdos, forçando uma aproximação e mantendo uma postura autoritária pra cima de mim.

— Eu não faço essas coisas...

— Não faz? Então, podemos estrear... — sua expressão era maliciosa e sua mão vinha devagar e discretamente para pegar no meu braço novamente.

Não pude pensar em outra coisa a não ser pegar um impulso e correr pra direção onde Jungkook estava, sentindo o homem resmungar e correr atrás de mim. Foi quando segundos após, trombei com um corpo sem saber quem era.

E quando chequei, ali estava Jungkook sozinho.

— O que é isso? Aconteceu alguma coisa?! — preocupado, me segurava.

— Ele. — olhei pra trás, vendo o homem arrumar seus óculos e a postura, suspirando em derrota. Me agarrei na camiseta de Jungkook, parecendo uma criança cheia de medo.

Quando olhei pra Jeon de novo, seu rosto estava sério e fixo para o moço que praticamente me assediou.

Ele avançou, me fazendo soltar dele e parando bem na frente do loiro do seu tamanho. Eu me aproximei, chegando mais perto de Jeon por segurança.

— O que pensa que tá fazendo? — questionou, o loiro deu de ombros, totalmente indiferente.

— Só fiquei interessado nele, não posso?

— Jimin. — me chamou, agora virando o rosto pra mim. — O que ele falou pra você? — encarei o homem me fuzilando com o olhar, mas eu jamais mentiria algo dessa altura pra Jungkook.

— Primeiro ele disse que eu era muito bonito, depois começou a dizer que queria me levar pra dançar, beber, e não me deixava nem falar que eu estava acompanhado. E depois... — hesitei um pouquinho. Era nojento. — Ele queria me levar pra um motel.

Jungkook não me disse mais nada, simplesmente voltou a encarar o loiro indiferente que suspirou de novo.

— É errado querer levar alguém pro motel agora? — questionou, sem emoção alguma.

— O ponto não é esse, seu filho da puta. — Jeon era agressivo quando queria, e estava com uma raiva escancarada. — E sim você querer forçar uma pessoa de ir pra essa merda com você!

— Então por que você pode, hein? — rebateu.

— Acontece que eu nunca levei ninguém pra nenhum lugar sem a devida permissão da pessoa. Diferente de você, quantas vezes deve ter feito isso?

— Foda-se, o loirinho é alguma coisa sua, por acaso? Seu irmãozinho? Primo? — dizia, aumentando seu tom de voz. Eu queria parar com aquilo antes que se transformasse em uma situação pior, antes que as pessoas notassem o que estava acontecendo. Mas ele fazia questão de bater de frente. — Isso pouco me importa, só acho que deveria ser legal o suficiente com o pessoal da boate já que é o popular por aqui.

— Ser legal com pessoas como você é ultrapassar todos os meus limites. Você não passa de um assediador e quem sabe, até um maníaco que merece ser chutado agora desse lugar. — rebateu, fechando os punhos. Tentei me aproximar, pegando no braço de Jungkook. O loiro percebeu e olhou pra mim de maneira nojenta.

— Assediador? — aos poucos, ele abriu um sorriso de canto, encarando Jungkook. — Ah, eu realmente não tive nenhuma culpa de achar ele gostoso.

E foi só terminar aquela frase que tudo que eu vi havia sido o soco forte que Jungkook lhe deu, fazendo-o desequilibrar-se, caindo no chão com seu óculos voando e parando em qualquer outro lugar daquela boate.

Eu me assustei, dando alguns passos pra frente e encarando Jungkook, que não parecia nem estar ali, e sim em sua própria mente, com o peito subindo e descendo, o ódio em seus olhos direcionados para o loiro no chão.

Não tive tempo de impedi-lo, as pessoas se assustaram e começaram a olhar aquela cena, Jungkook saiu apressado até o outro garoto e subiu por cima dele, pegando na gola de sua camiseta e dando mais um soco.

— Repete o que você disse. — deu mais um. — Repete, porra!

— Jungkook, meu Deus! — tentei correr e puxá-lo pelo braço, mas ele resistia.

— Ora, ora, grande Jungkook, o pegador de todas as mulheres da boate... — com sangue escorrendo da sua boca, o loiro sorria maldoso. — Parece que descobri um segredinho seu... — consegui ouvir aquilo e sabia que era mais um impulso pra Jeon perder ainda mais a cabeça.

— Você ficou louco?! — Woosung apareceu pra me ajudar, e dois caras também. Ele lhe puxou pelo outro braço e eu por um, assim como os outros ajudavam.

Jungkook estava com uma força inexplicável agora, tiramos ele com força de cima do homem que me assediou.

— Ficou maluco?! O que foi que ele fez?! — Woo perguntava, enquanto levávamos ele pra fora da boate.

Ainda na calçada, mas praticamente atrás do local onde estávamos, agora ao lado de fora, Jungkook parecia se acalmar da raiva.

— Cara, o que houve com você? Que Jungkook é esse que se mete em briga assim? — um garoto desconhecido perguntou, provavelmente colega dele.

— Pois é, vê se fica ligado, hein. — o outro mandou, dando as costas pra voltar pra boate. Ambos se foram.

— Posso saber exatamente o que ocorreu? — foi a vez de Woosung, com seu uniformezinho de barista que era no mínimo fofo e seu cabelo penteadinho pra trás.

— Aquele cara ficou falando merda pro Jimin, assediando ele. — respondeu.

— Como é que é?! — ficou totalmente surpreso. — Ele-

— Calma, tá tudo bem! — fui eu que intervi dessa vez, falando com o Woo. — Eu não quero mais brigas, por favor.

Woosung compreendeu, colocando a mão na cabeça ao pensar e com certeza após a surpresa que levou. Era bem provável que sequer tinha pensado que esse era o motivo de toda a confusão.

— Quer uma água? — perguntou primeiramente pra Jungkook, que respirou fundo e negou com a cabeça.

— Obrigado. Eu vou pra casa.

— E você, Ji?

— Eu tô bem também. — respondi, certo daquilo. — Não é melhor você voltar ao trabalho? Vi que estava cheio de clientes.

— Ah, é mesmo, puts. — passou a mão no cabelo. — Eu vou, mas pode me mandar uma mensagem depois? Ou o Jungkook mesmo, como preferirem. — eu assenti.

Depois de assistir Woosung saindo do meu campo de visão pra voltar para sua ocupação, eu soltei um suspiro.

— Jungkook, vamos-

Seus braços me cercaram antes que eu pudesse terminar. Jungkook me abraçou, descansando o rosto na curvatura do meu pescoço hiper sensível que me deixou arrepiado. Eu correspondi, sem entender muito.

— Desculpa por não fazer o que eu falei que iria. — dizia. — Eu deixei você sozinho, foi culpa minha, você-

— Jeon! — me afastei na hora, olhando em seus olhos. — Por que tá se culpando assim? Eu não sou uma criança e eu concordei em te esperar.

— Eu sei, mas também sei bem como é aquele lugar e você nunca havia ficado lá, por isso eu deveria ter todo o cuidado possível. — ele realmente se parecia agora com um misto de arrependimento e culpa.

— Mas tá tudo bem, para! — afirmei, me aproximando dele. Jungkook recostou as costas na parede e suspirou. — Tem sorte que os seguranças nem vieram a tempo.

— Um pouco. — falou, ainda um tantinho apreensivo.

— Obrigado por cuidar de mim, limãozinho. — sorri pequeno, colocando as mãos na frente do meu corpo. Eu realmente estava agradecido, fora isso, apaixonadinho. Ele me encarava com a expressão calma.

— Pretendo fazer isso até o dia em que você não me queira mais. — disse.

Tive um déjàvu.

Sua mão veio até a minha bochecha, acariciando-a.

— Você pode fugir?

— O que? — não compreendi, apenas sentindo o carinho em meu rosto.

— Você pode fugir de mim enquanto ainda tem tempo?

— Eu não fugiria de você. — respondi. E assim, ele afastou sua mão, soltando um suspiro ao olhar pra baixo. — Por que eu faria isso?

— É que... — ele hesitava. Queria me contar algo? — Na verdade-

— Meu santo Cristo! Jeon Jungkook! — em seu salto alto preto e pontudo, quem apareceu foi Sana, que recuperava fôlego ao parar ao nosso lado após virar a casa de eventos. — Por que ficou tão doido assim?!

— Ah, pelo amor, Sana, não precisava vir até aqui, serião. — reclamou fraco. Eu apenas observei quando ela se aproximou, nem sequer me notando ali.

— Eu fiquei preocupada! — bateu o pé em indignação. — Sei que a gente brigou, mas eu já disse que por mim, nós faríamos as pazes.

— E eu já deixei claro as minhas intenções com você. Não quero nada além de uma amizade.

— Tá bom, entendi bem essa parte. — revirou os olhos, e então eles me encararam. Ela me olhou de cima a baixo. — Quem é você?

— Jimin. — simplesmente respondi.

— Ele tá comigo. — Jungkook afirmou em seguida. Ela o encarou.

— Você convida seus amigos mas nem fala nada pra mim de que voltou pra boate?

— A questão não é essa-

— E aquele cara ensanguentado tá que nem um doido na boate falando alto várias baboseiras que ninguém presta atenção. Te chamando de viadinho e essas coisas aí. — disse, Jungkook imediatamente arrumou a postura.

— Ele o quê? — se virou pra avançar, mas foi Sana quem o segurou antes de mim, colocando suas mãos em seus braços e estando em sua frente.

— Não se irrite com essas coisas, você não é assim. — dizia, como se o conhecesse muito bem. — Que tal ir pra casa e tomar uma água? Ou ouvir música, já que ela é seu refúgio pras coisas, hein?

— Esse cara nunca mais tem que voltar pra cá.

— Sim, mas independente do que ele fez, quem comanda isso é um idiota também, portanto ele provavelmente vai voltar porque quanto mais pessoas, melhor e mais dinheiro. — falou. Jungkook mexeu em seu cabelo, incomodado. — Ei... — a mão daquela garota foi de encontro à sua bochecha, assim como ele fez comigo.

Jungkook tirou na hora.

— Eu tenho que ir pra casa. — avisou, decidido, mas Sana o segurou pelo tecido da camisa com uma de suas mãos.

— Não quer passar um tempo comigo? Tipo, eu sei que não me quer, mas ao menos conversar ou-

— Ele disse que tem que ir embora e eu vou junto com ele. — interrompi aquilo completamente, tomando toda a atenção. Que incômodo.

— E você decide isso? — ela cruzou os braços, virando-se pra mim. Eu me aproximei.

— Sim, eu decido. — bati de frente, mas senti o braço de Jungkook envolver os meus ombros pra me levar embora.

— Vem, vamos. — ele me virou, e eu não tirei meus olhos dele até esse momento. Jungkook sequer se despediu, apenas deixou Sana ali mesmo.

Nós continuamos a caminhar e agora quem estava com raiva era eu. Meus passos ficavam pesados até que chegássemos ao carro.

— Tá bravo comigo? — perguntou ao meu lado, quando paramos em frente ao veículo.

Ele destrancou as portas, e eu simplesmente abri e entrei, me sentando sem dizer nada. Ele contornou o carro e se sentou no banco do motorista. Portanto, não o ligou.

— Responde.

— Não é com você. — cruzei os braços. — Eu só fiquei incomodado.

— Percebi, quase voou em cima dela. — disse com graça, mas eu não achava isso engraçado.

— E você fica super de boa, né?

— Eu? Com o quê?

— Ela.

— Mas eu conheço ela há muito tempo e independente do que já rolou, eu só considero ela uma amiga. — explicou-se.

— Tem razão, e quem sou eu pra exigir alguma coisa de você? Nem namorado eu sou. — dei de ombros, suspirando profundo.

— E você quer ser? — ainda olhava pra mim, foi então que virei meu rosto também. Minha resposta estava somente sendo aguardada.

— Vamos ficar mesmo conversando na frente da boate? — mudei o assunto, rindo um pouquinho. Ele notou.

— Ah, é. Melhor eu vazar antes que fique com raiva de novo. — afirmou, finalmente girando a chave. — Quer que eu te leve pra sua casa ou pra do Taehyung?

— Pode ser pra minha mesmo, eu saí escondido. — respondi, Jungkook me olhou rapidamente com surpresa antes de prestar atenção em seu caminho pra sair da onde estacionou.

— Caralho, eu tô te tornando rebelde assim ou esse é mesmo você?

— Sou eu, mas no modo livre. — falei, um pouco tristinho. — Nunca fui livre realmente...

— Agora é. — disse, dirigindo. — Nunca pensei que teria orgulho de alguém fugindo de casa. Mas tudo bem, nem se compare a mim porque eu era uma decepção completa pros meus pais.

— Talvez você não tivesse culpa.

— Que nada, afinal eles me batiam pra caralho por um motivo, né? — soltou, e eu arregalei os meus olhos com a forma natural que isso soou, mas principalmente pelo fato.

— Seus pais batiam em você? — repeti, e Jungkook pareceu travar, apertando a mão no volante. Acredito que tenha saído sem querer.

— Esquece isso, Jimin.

— Por que eles faziam isso com uma criança?

— Eu disse pra esquecer, isso não é importante agora. — dizia, batendo na mesma tecla.

— Jungkook... Mas isso me preocupa...

— Eu tô bem, olha. — afirmava. — Não tem nada marcado em mim, e eu não sofri tanto com isso fisicamemte.

— Eu não me preocupo só com o seu físico.

— Podemos deixar isso pra depois? — me olhou brevemente, falando mais sério. — É um assunto... Delicado. Mas eu pretendo te contar.

Assenti. Descansei no banco, o observando um pouco enquanto dirigia pra minha casa. Até que parei na sua mão tatuada um pouco avermelhada.

— Para em uma farmácia. — pedi.

— O que? Pra quê? Você se machucou? — tentou checar alguma coisa errada em mim, mas intercalava entre olhar pra frente e pra minha pessoa.

— Não, é a sua mão. Eu quero cuidar dela. — foi quando ele mesmo a viu. Pouco se importou.

— Ah, nem é nada. — deu de ombros, olhando pra mim tentando sorrir, mas continuei sério. Ele voltou a olhar pra rua. — Tá bom, eu paro, já tem uma ali na esquina.

E assim, ele parou em frente à uma farmácia pequena. Disse pra ele o que deveria comprar e dei meu dinheiro, mas ele não aceitou, preferindo gastar com o que ganhou fazendo a sua apresentação de hoje.

Pra mim nem tinha problema, eu literalmente tinha muito dinheiro, não sabia o porquê do receio todo.

Jungkook saiu do carro e eu aguardei dentro dele. Respirei fundo. Que noite.

Tudo saiu em aspectos certos e errados. Partes terríveis e algumas boas. Mas o dia em si, havia sido interessante. Principalmente em todos os momentos que ficávamos juntos.

Na casa dele hoje mais cedo foi...
Ah, eu iria ficar vermelho de novo, tentando segurar meu sorriso.

Meses atrás eu abominava a ideia de me apaixonar por outro homem. Desde que eu me assumi, vivi em um dilema de que deveria voltar ao normal, mas descobri que o meu normal era exatamente esse.

Quando eu disse que estava vivendo no modo livre, quis dizer que finalmente estava sendo eu mesmo.

E boa parte disso, eu tinha que agradecer ao Jungkook.

Observei seu corpinho indo de um lado pro outro dentro do local, procurando a pomada que eu falei. Ri, que fofo. Ele me procurou com o olhar assim que pegou uma, e eu o olhei pela janela, abaixando o vidro. Jungkook me mostrava a pomada que indiquei, e eu o dei um joinha. Ele sorriu, realizado por ter encontrado, parecia uma criança.

Ele se virou de costas pra ir pagar, e eu reparei em uma coisa inusitada.

Parabéns pela bunda bonita, Jungkook.

De qualquer forma, sorri sem graça e voltei a esperá-lo, mas sinceramente não queria ir pra minha casa. Cogitei em ir pra dele, e assim que olhei pras minhas pernas inquietas de pura ansiedadezinha boa, o celular dele no seu banco do carro ao meu lado acendeu a tela.

E acendeu outra vez, com um toquezinho de mensagem. Era algo muito urgente?

Jungkook ainda esperava na fila pequena, e eu não sabia se matava a minha curiosidade ou não. No fim, acabei pegando seu celular por medo de ser algo com Namjoon, mas provavelmente ele teria senha.

Não tinha senha.

Abri e cliquei nas últimas mensagens.
Era um número não salvo.

Desconhecido
| Creio que tenha sentido a minha falta.
| Estou voltando... Acho que finalmente te achei, meu garotinho! Haha. 😁




[Anotação diária: Jungkook]

DEMOREI MAS VOLTEI!!!!! nunca que eu iria deixar meus bebês.

Quem vocês acham que é na mensagem? E o que pode acontecer?

Espero que tenham gostado e como revisei pouco, espero que não tenha muitos erros.

Beijinhos e até a próxima! 😎💚 leio tudo hein!

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