[12] 나쁜 kiss.

#JiminCoradinho
Quem usar a hashtag, ganha um docinho de limão. Ou morango. 😋✋🏻

Demorei, mas cheguei.
E COM BOAS HEIN, só aproveitem.
E COMENTEM! Que eu amo.

Desculpem qualquer erro, revisei umas duas vezes só (costumo reler 10x e olhe lá). Qualquer coisa, só me avisarem!

💚

💸

[JUNGKOOK]

Existem pessoas que entram em nossas vidas e sequer percebemos o quão importante elas acabam se tornando.

E isso poderia significar na forma positiva, ou negativa.

Só é uma pena quando você percebe que já é tarde demais.

A música era boa. 'Into It' começou a tocar, eu já a cantei uma vez, mas agora eu só pensava em escutá-la enquanto olhava pra Jimin.

Ele não pode mais fugir de mim.
Muito menos eu posso fugir dele.

Minha mão tocou seu rosto, deslizando pela sua bochecha quente. Jimin exita um pouco, prestes a falar algo, mas eu só conseguia enxergar a sua boca se movendo minimamente.

— Jungkook, e-eu não sou t-tão bom quanto você nessas coisas, e também sou muito-

— Você não quer me beijar? — perguntei olhando em seus olhos, lhe interrompendo das bobagens que possivelmente diria. — Porque eu sinceramente não quero mais perder meu tempo enquanto eu poderia estar com a minha boca colada nessa sua boquinha bem aqui.

No meio de toda a tensão, percebi que suas bochechas estavam tão coradinhas que somente vê-las poderia me fazer agir sem pensar neste exato momento, contudo eu precisava da sua confirmação. Seus olhares também pararam nos meus lábios.

— Quero... — finalmente proferiu, me dando uma resposta.

Tentei não sorrir tanto, fitando Jimin e finalmente lhe puxando pra mais pertinho, ainda segurando sua mão, fazendo ele quase trombar seu corpo no meu com o repentino e aproveitando para enlaçar o meu braço na sua cintura.

Senti sua respiração rente na minha. Nessa altura do campeonato, eu não sabia a que ponto cheguei. Eu só tinha certeza de que meus olhos continuavam vidrados nos lábios cheios do homem na minha frente.

Pude notar quando o Park fechou seus olhos, esperando o ato. E como eu também esperava por ele, tudo que fiz foi colar a minha boca na sua, primeiramente juntando nossas peles desejadas e um segundo depois, não resisti em começar um beijo de verdade.

Pelo que sabia, eu era a primeira pessoa que o beijava. Mas Jimin se acostumaria aos poucos. Acredito que ninguém precise realmente aprender a beijar, era só fazer e ponto final. Mas eu meio que queria ensiná-lo também.

Seus lábios eram quentes e macios, beijava-o devagar pra poder senti-los assim, e dessa forma ele pegaria o mesmo ritmo. Fiz minhas duas mãos pararem em cada lado da sua cintura, e Jimin somente agarrou o tecido da minha camiseta com força.

Tentei aprofundar, encostando a minha língua na sua, deixando o ósculo ir mais além, deixando de me segurar tanto. Até que Jimin simplesmente tropeçou no sofá atrás de si, caindo sentado nele.

— Deus! — se assustou, desconcertado e piscando seus olhos diversas vezes seguidas. Eu soltei uma risada fraca, aproveitando para ir me sentar ao seu lado de forma ágil.

Olhei para o seu rostinho envergonhado e levei minha palma para tocar sua bochecha, me aproximando novamente a fim de continuar. Mas Jimin se afastou minimamente e me encarou fixo.

— Eu... — até que desviou o olhar, mordendo o lábio inferior. — Nem s-sei o que tô fazendo, nossa, isso é loucura! — suas bochechas estavam realmente coradas. — M-Mas... — ele encarou meu rosto de novo, com seus olhinhos adoráveis e inocentes.

Puta merda, eu ainda estava louco para beijar Jimin. Louquinho.

— Não quer mais um pouco? — perguntei.

E assim, Jimin somente assentiu devagar com a cabeça, curioso e também desejando a mesma coisa.

Sem precisar segurar em seu rostinho dessa vez e agora sem pensar duas vezes, o beijei de novo, aprofundando aquele toque e sentindo literalmente um desejo de ambos no ato. Jimin automaticamente deslizou as mãozinhas do meu pescoço até alguns fios do meu cabelo atrás, perto da nuca, entrelaçando eles com os dedos e soltando as mechas presas com o amarrador, fazendo meu cabelo simplesmente cair nas laterais do meu rosto.

Aos poucos, empurrei Jimin para trás com meu próprio impulso e suas costas colaram-se ao sofá, ainda estando sentado. Uma das minhas mãos caminharam até a sua cintura, e ao mesmo tempo em que levemente a apertei, chupei seu lábio inferior sem pensar, devagar. Foi aí que eu ouvi o seu arfar gostosinho. Jimin parecia se segurar para não soltar um sequer som.

Ele afastou nossos lábios de repente, descendo subitamente suas mãos para o meu peito e me empurrando sem força, somente para que parássemos.

Completamente coradinho.

— Aconteceu alguma coisa? — inclinei um pouquinho minha cabeça para o lado, fitando a face de Jimin envergonhada enquanto mirava pra baixo e recuperava ar.

— Hum... — mordeu o próprio lábio avermelhado. — Isso foi... t-tão... — hesitante, levantou seu olhar em cores tão diferentes uma da outra pra mim, ainda tão perto. — Bom...

Um sorriso involuntário surgiu em meus lábios.

— E por que você parou? — questionei, em um tom mais baixo. Seus olhos eram lindos, era impossível não manter-se fixo neles.

Park pareceu ficar sem respostas, fitando automaticamente a minha boca. A partir dali eu soube que ele queria mais, e era claro que eu também.

— Mas Jungkook... — quase avancei, agora impedido. — E a comida?

Ah, tem essa também.

— A gente não pode só comer depois?

— É que você fez, vai esfriar tudo... — dizia, sem jeito.

Tive que me afastar, finalmente olhando a mesinha pronta enquanto arrumava minha postura e o meu cabelo que agora quase cobria a minha visão. Soltei o ar pela boca, quase insatisfeito.

— Tem razão, fiz isso pra você. — falei, sincero, jogando meus fios para trás.

— Que fofo. — soltou, saindo do sofá e sentando diretamente no chão, tornando-se curioso com as coisas que preparei. Fiz o mesmo ao seu lado, arrastando-me pro piso marrom claro.

Ao mesmo tempo, eu notava que ele estava todo envergonhado, ainda corado o suficiente pra me fazer dar um sorrisinho com a cena adorável dele mexendo no cabelo loiro enquanto olhava para os potinhos organizados, tentando esconder seu real sentimento.

Essa mudança repentina de assunto é simplesmente porque ele estava quase explodindo de timidez, dava pra notar.
Fofo.

— Você fez tudo isso, né? — eu assenti, e Jimin endireitou o corpinho cruzando as pernas em posição de lótus, porém ainda encolhendo-se um pouco, sem olhar diretamente pra mim. — Foi muito legal da sua parte.

— Acho que sim. — sorri, tombando a cabeça pra frente. — Pelo menos nisso, fui bem.

— Mas você é bom em muitas coisas, Jungkook. — me encarou, fazendo eu fitar seus olhinhos únicos e brilhantes.

Era engraçado como Jimin, com todos os problemas que parecia enfrentar, ainda assim tinha um brilho imenso em seus olhos. Não sei se ele era assim sempre, ou se era só comigo.

Já eu, não tinha mais nenhum brilho sequer há muito, muito tempo. Acho que os perdi na infância. Talvez. Era só uma hipótese.

— Me acha bom em quê? — aproveitando a situação, resolvi perguntar, sem tirar meu olhar de si. Ele pensou um pouco.

— Ah, acho que seria mais fácil dizer no que você não é bom, tem menos coisas. — riu, engraçadinho.

— Sou bom em beijar também? — provoquei na cara dura e Jimin travou no lugar, encarando qualquer coisa que não fosse a minha pessoa. — Responde, gracinha.

— Quantos apelidos você tem guardado, hein? — só faltou as facas em sua mão quando ele me encarou sério ao fazer a pergunta.

— Tenho vários. — dei de ombros, como se não ligasse. — Mas eu prefiro "coradinho". — sorri, e ele virou o rosto de novo. Nem precisava dizer que suas bochechas estavam exatamente iguais ao seu apelidinho.

— Que tal a gente comer? — mudou de assunto na hora. — Olha, acho bem mais viável, sabe? Comer as comidinhas aqui antes que esfriem de vez. — Jimin começou a pegar o kimchi com arroz, me deixando observá-lo sozinho, admirando seu jeitinho afobado pra pegar as coisas e ao mesmo tempo relutante quando ficava envergonhado. Fazia sentido?

Estive reparando demais.

— Pode pegar o quanto você quiser. — resolvi fazer o mesmo, também me endireitando melhor e sentando sobre meus próprios pés.

Jimin e eu pegamos o tempinho para comer, não conversando muito, somente dizendo coisas bobas ou quando eu simplesmente me aproveitava da situação para flertar e ele fingia ignorar.

E quando ele dava risada, passava pela minha cabeça que esse som me depositava uma dose de serotonina.

— Você gosta de animais? — perguntou, curioso.

— Cachorros. — respondi sem dúvidas, colocando kimchi na minha boca. — Quero ter um. E você?

— Gatinhos. — sorriu ao pensar. — Eu gosto muito, eles são tão fofinhos. Meu sonho é ter pra cuidar bem direitinho algum dia, mas meus pais nunca aceitariam.

— Percebeu que a gente tem gostos muito contrários? — Park me encarou, e riu logo em seguida ao concordar, assim como eu também abri um sorriso.

Acho que era mais por vê-lo rindo.

— Aliás, por que você gosta tanto de verde? Da cor, sabe? Seu cabelo, guitarra, aquele sorvetinho... — tornou-se atento em mim, com sua curiosidade em dia.

— Bom, é uma longa história... — fiquei um pouco nervoso ao entrar nesse assunto. Eu desviei meu olhar para a comida, pegando um pouco de kimchi à vontade. — Nem eu me lembro muito bem às vezes, mas gosto dessa cor por conta do meu passado. O lado bom dele, na verdade.

— Você não se lembra direito? — franziu o cenho, e o vi um pouco preocupado. Sorri, apaziguando o clima.

— Relaxa, eu acabei sofrendo um acidente e bati a cabeça, mas não foi nada, eu ainda sou muito consciente, viu? — ri pouco ao contar.

— Bateu a cabeça?! — aumentou o tom de voz, aproximando-se para me analisar em total atenção e alerta.

— Calma! — ri mais, de certa forma sua reação se tornou engraçada. — Já disse que foi há muitos anos. — coloquei uma colher de arroz na boca.

— Meu Deus... — soltou o ar, fofo. — Tá, então, mudando de assunto, tem uma coisa que eu queria ouvir porque muita gente elogia. — eu quem lhe encarei curioso dessa vez, enquanto terminava de mastigar. Ele mexia com seus palitinhos, sem me fitar. — Você cantando. Sei lá, dizem que você canta bem.

— Foi o baristinha? — levantei as sobrancelhas em questionamento, tomando um gole no meu copinho de água logo após.

— Pelo amor de Deus, Jungkook! — começou a rir, obviamente da minha pessoa e da minha pergunta extremamente necessária. Dei de ombros.

— Ora, então... — deixei o copo na mesa e me levantei com cautela, ficando de pé e mirando em um Jimin encarando-me curioso na minha frente. Estendi a mão em sua direção, prevendo que ele a pegasse e insinuando que o levaria para tirar sua dúvida. — Acho que eu deveria mostrar pra você.

Vi que ele segurou um sorriso, comprimindo os lábios agora mais rosados, — diferente do quão vermelhos haviam ficado por conta dos beijos há minutos atrás — e rapidamente esticando o braço também, colocando a palma de sua mão sobre a minha e me fazendo segurá-lo para que levantasse, puxando-o um pouco pra mim.

De mãos dadas, levei Jimin até o meu quarto, e ele olhou ao redor de novo como se fosse a primeira vez. Talvez fosse muito pequeno e talvez, levemente bagunçado comparado ao seu.

— Se liga só. — me afastei e fui pegar a guitarra esverdeada em um canto do quarto na parede, pendurei o cordão no pescoço e rapidinho me sentei na cama, de frente para o loirinho de pé. — Calma, deixa eu ver uma música. — peguei meu celular do bolso.

— Gostei dos pôsteres. — ele comentou, enquanto eu procurava uma música boa da minha playlist pra tocar e cantar. — Sempre quis ser cantor?

— Sempre. — afirmei, deixando o celular na cama e começando a afinar o instrumento, não encarando Jimin que provavelmente observava tudo no ambiente com seus olhinhos curiosos. — Eu costumava ter um diário que também servia pra composições na infância. Confesso que eu não era muito bom porque era só uma criancinha, e que também usava mais pra falar sobre os meus sentimentos do que nada.

— Que fofo. — soltou uma risadinha. — Ainda tem esse diário? Tem gente que guarda essas coisas por anos. — perguntou, adorável. Eu parei o que estava fazendo, ainda olhando para os meus próprios dedos nas cordas da guitarra, só que agora completamente intacto.

— Foi... — comecei, lembrando do fogo queimando-o. — Destruído, na realidade. — mas voltei a tocar, engolindo seco e tentando afastar qualquer memória negativa. Eu nem deveria ter tocado nesse assunto.

— Ah... — pareceu compreender, assentindo. — Eu sinto muito pelo seu diáriozinho...

A forma como ele falava comigo me deixava mais calmo. O que era estranho, porque eu nunca mais fui uma pessoa consideravelmente calma desde a infância. Assim que saí do fundamental, eu já estava na pior fase da minha vida.

Ela só cessou quando eu finalmente fui expulso de casa. Na época, eu chorei horrores porque iria ficar completamente sozinho, mas me sinto sortudo o suficiente por ter conhecido Namjoon no momento certo.

Não só porque eu não tinha onde ficar, mas também por ao menos ter alguém ao meu lado.

Mesmo que não adiantasse muito em relação ao meu comportamento com o passar dos anos.

E lembrar disso me fazia pensar que neste exato momento ele estaria na cama de um hospital tentando se recuperar de uma doença que eu mal sabia como funcionava. Momentos em que brigamos nunca parariam de passar pela minha cabeça quando eu recordava de sua atual situação e que a qualquer momento, eu poderia perdê-lo.

Doía, era um tiro no fundo do meu coração. Mas cresci sendo forte o suficiente pra aguentar ser atingido. Eu aguentaria tudo.

Eu acho.

— Acabei. — logo após talvez pensar demais e deixar minha guitarra prontinha pra usar, finalmente eu cantaria pra ele e receberia seu feedback. — Agora é a hora de você comprovar se-

Jimin estava distraído, com o rosto virado para o lado e para baixo ao olhar a gaveta um pouco aberta do meu móvel que se mantinha próximo da cama.

Quando percebi, ali dentro estava o meu antigo anel. E o loirinho parecia fitá-lo atentamente, com uma cara incompreensível, de cenho franzido e olhos comprimidos. Talvez confuso?

Eu não queria explicá-lo sobre essa parte do meu passado, portanto rapidamente fechei a gaveta com o meu pé, tomando sua atenção logo em seguida com um sustinho.

— Oh, desculpa! — pediu, endireitando-se. Eu sorri, colocando a mão sobre o colchão, dando batidinhas no espaço vazio ao meu lado.

Ele entendeu, mexendo em seu cabelo macio uma vez e sentando-se também.

— O que você vai cantar?

Save Your Tears. — respondi, Jimin levantou as sobrancelhas um pouco surpreso. — Sim, eu gosto de The Weeknd.

— Certo, eu também. Parece que temos algo em comum. — riu contido comigo em seguida pela sua confissão.

— Tudo bem, vamos lá. Essa é a minha versão acústica. — foquei, então comecei a tocar os primeiros acordes próprios que consegui pra música, criando um ritmo bom. — I saw you dancing in a crowded room, you look so happy when I'm not with you...

Quando comecei a cantar, senti paz. Talvez não fosse só porque eu estava fazendo isso, mas também me senti bem com o olhar de Jimin sobre mim.

Com o pouco que lhe encarava ao decorrer, pude vê-lo sorrindo pequeno, me olhando admirado ou surpreso por nunca ter ouvido a minha voz em tom melódico.

Eu tinha noção que havia esse talento dentro de mim. Mas agora, ao mesmo tempo, eu esperava que Jimin me dissesse que fui bem. Sua avaliação se tornou importante repentinamente.

I don't know why I run away... — e eu continuei mirando só nele.

Contudo, antes que eu pudesse sequer começar o refrão direito, Jimin do nada pôs sua mão por cima da minha, a qual eu usava os dedos para tocar as cordas da minha guitarra. Ou seja, ele estava me pedindo pra simplesmente parar. E eu parei com tudo na hora.

— Não gostou? — foi a primeira coisa que veio em minha mente para perguntar, mas Jimin rapidamente respondeu, ainda me olhando nos olhos.

— Sua voz é linda demais, Jungkook. E você toca incrivelmente bem. — ele elogiou, e um sentimento incomum que me perseguia há dias, automaticamente apareceu novamente apenas por ouvir isso. — Só queria... Ressaltar isso.

Eu era acostumado a receber elogios, mas era uma sensação diferente.

Não pude nem agradecer, continuei fitando seus olhos distintos, que por algum motivo me deixavam fixado neles como se eu devesse olhá-los até que algo acendesse na minha mente. Antes eu pensava que já havia visto Jimin antes, mas talvez fosse uma mera impressão.

Desci meu olhar para a sua boca rosada, sentindo o aperto de sua mão que ainda estava sobre a minha no instrumento, e sinceramente estar entre a música e ele nesse quarto me deixou com supostas "borboletas no estômago".

Umedeci meus próprios lábios ao que me aproximei devagar dos seus, conseguindo visualizar Jimin fechando seus olhos adoráveis e pronto pra que pudéssemos tentar mais uma vez com o que sequer continuamos.

Mas a campainha foi tocada.

Nós dois encaramos a porta do meu quarto rapidamente, sem previsões de quem poderia estar ao lado de fora do apartamento, e assim, primeiramente resmunguei, soltando o ar pelo boca ao que Jimin simplesmente se afastou de mim, desviando e levantando da cama como se nada estivesse acontecendo, ao mesmo tempo aparentando estar todo desconcertado. O clima se foi.

— Calma, pode ser o Yoongi. — afirmei, levantando preguiçosamente e deixando a guitarra em cima do colchão coberto por lençóis brancos.

— Melhor atender logo. — disse, rápido.

No resumo, seguimos pra fora do cômodo juntos, e eu em direção a porta principal, também arrumando meu cabelo devidamente, colocando-os para trás somente para que somente voltassem pra a frente de novo.

Ah.
Abri e não era Yoongi.

— Que bom que acertei de primeira onde você mora. — na minha frente, estava Kim Taehyung, com uma expressão nada simpática. E antes que eu pudesse perguntar quem havia lhe passado o meu endereço, ele continuou indo direto ao assunto chave: — Cadê o Jimin?

— Tae?! — não precisei respondê-lo, ouvindo a voz e os passos apressados de Park até chegar ao meu lado rápido, calçando seus sapatos com pressa também.

— Era aqui que você estava o tempo todo? — ele pareceu aliviado. — Sabe quantas vezes eu tentei falar com você?!

— Desculpa... — pediu, manso. — É que eu fiquei um pouco chateado com v-

— Chateado, Jimin? — repetiu, tornando-se bravo com a situação. — E é pro lado dele que você vai num piscar de olhos? Você nem sabe quem esse cara é, não faz a mínima ideia!

— Eu não sei? Eu? — um pouco incrédulo, questionou ao apontar para si mesmo. — Pude conhecer o Jungkook o suficiente até agora e ainda tô conhecendo ele aos poucos, como você pode me dizer isso?

— Por que não tentam conversar com mais calma? — antes de continuarem, sugeri normalmente. — Não é bom vocês discutirem assi-

— Eu não pedi a sua opinião. — Taehyung falou sério ao me encarar, aparentemente sem paciência alguma sobrando.

Ele tinha um gênio forte, isso era notável. Levantei as sobrancelhas por meio segundo e não falei mais nada, sem querer me envolver, como quem diria "não está mais aqui quem falou".

— Você não vai falar assim com ele! — Jimin se colocou na minha frente de repente, me defendendo. Isso me surpreendeu.

— Garoto, ao menos você sabe onde tá se metendo?! — desta vez ergueu as sobrancelhas em surpresa ao vê-lo agir da maneira em que via.

— Jimin, olha, tá tudo bem, é melhor você ir com ele agora. — pedi, pegando em seu ombro, o que automaticamente fez com que o loirinho se virasse totalmente na hora pra mim.

Taehyung bufou, desacreditado enquanto balançava a cabeça negativamente, colando as mãos na cintura.

— Quer que eu vá embora? — perguntou, me encarando com um olhar pidão que eu definitivamente lhe abraçaria e diria que não, pedindo pra que ficasse mais um pouco comigo.

— Não é isso, eu só prefiro que façam as pazes, vocês são melhores amigos. — concluí, esclarecendo.

Jimin pareceu compreender, se aproximando mais um pouco e prestes a falar mais alguma coisa antes de ir com o outro furioso, e que provavelmente me odiava por algum motivo atualmente desconhecido por mim. Sua altura agora diferenciava-se com a minha quando ficava pertinho assim, e isso me deixava ainda mais "hipnotizado" em Jimin de uma forma que eu nunca pensaria antes.

— Posso te mandar uma mensagem quando chegar em casa? — ditou mais baixo, e eu assenti na hora.

— Claro. — respondi no mesmo tom, trocando olhares com Jimin que eu também nunca imaginaria, abrindo um sorrisinho que o fez abrir também, de uma forma absolutamente amável.

Ele deu um passo para trás, e em seguida, fechou o sorriso, virando-se para o melhor amigo que assistia toda a cena, encarando-o com uma pontinha de decepção, eu senti.

— Vem, vamos pra minha casa. — pegou na mão de Park, lhe puxando sem muita grosseria para o corredor até o elevador.

Assisti Jimin entrando, vendo Taehyung de expressão totalmente fechada pra mim, mas tentei não me importar. O coradinho me olhava diretamente, e eu lhe acenei um tchauzinho que fez seu sorriso reaparecer.

Seus olhinhos ficaram em formato de meia lua, e por um momento, achei isso a coisa mais adorável que já vi.

Até que o elevador fechou completamente.

Suspirei.

Entrei no apartamento, tranquei a porta como deveria e quando me virei para a sala, travei, ficando parado ali mesmo.

Que.
Porra.
Aconteceu.
Agora.

Quando Jimin veio em passos apressados até mim e me deu aquele selinho, eu só pude pensar no quanto desejava sentir sua boca por mais tempo do que aquilo. Eu não me segurei.

— Puta merda... — pensei em voz alta, raciocinando no lugar. Tentando, ao menos.

Foi isso mesmo que aconteceu.
E eu não fazia ideia de onde eu estava com a cabeça pra tomar essa atitude.

Talvez porque os lábios dele eram extremamente convidativos.

Ou porque eles eram gostosos pra caralho.

💸

[JIMIN]

Meu coração ainda estava acelerado desde o momento em que aconteceu o que eu menos esperava em toda a minha vida. Eu teria um infarto?

Entrei na casa logo atrás do meu melhor amigo ainda imerso aos meus pensamentos e lembranças dos momentos anteriores. A única coisa que me deixava triste era que eu poderia ter ficado mais tempo com Jungkook, terminando de comer o que ele havia feito pra nós dois.

Ele fez isso pra nós.
Ele fez tudo sozinho.
Meu Deusinho...

Quase pulei de felicidade e sorri largamente. Até que uma sombra se fez presente na minha frente, com uma áurea que praticamente acabou com toda a minha positividade do momento.

Mas logo em seguida, o que eu recebi primeiramente foi um abraço. Taehyung me puxou e abraçou meu corpo como se estivesse morrendo de saudades de mim.

— Fiquei preocupado, seu cara de bunda, você nunca foi de sumir assim. — disse, e eu devolvi aquele carinho.

— Eu acho que só saí um pouco da minha zona de conforto. — tentei rir um tiquinho, mas Taehyung se afastou.

— Fugindo? — franziu o cenho. Eu não o respondi, fechando a minha expressão ao vê-lo deixar o clima tenso daquela forma.

Taehyung me encarava seriamente. Ele suspirou antes mesmo de começar a falar de novo, parecendo mais calmo dessa vez. Pra mim, agora ele só estava insistindo por conta da pouca paciência que lhe sobrou.

— Tudo bem, olha, pode me contar como ficou tão próximo do Jungkook? — questionou, e eu somente desviei o olhar antes de respondê-lo.

— Só... Ficamos. — dei de ombros, encarando-o de cabeça um pouquinho baixa. Juntei minhas mãos na frente do corpo, parecia que eu estava contando segredinhos. — Nesse tempo todo, acabamos sabendo mais coisas um sobre o outro e passei mais tempo com ele.

— E dormiram juntos? — foi direto, eu arregalei meus olhos e levantei o rosto encarando o seu, pronto para negar.

— Não do jeito que tá pensando! — reagi rápido, porque de fato, aquilo era verdade.

— Certo. — soltou o ar pela boca, aliviado, mas querendo ou não, parecia como se estivesse decepcionado comigo. Perceber aquilo me deixou triste. — Jimin, eu descobri algumas coisas sobre o Jungkook. Não sei se você sabe, mas o Hoseok foi amigo dele há muito tempo. Sabia disso?

— Sim... Ele convidou o Jungkook pra aquela festa de aniversário, você também viu, teve aquela nossa discussão... — assenti devagar, com receio do que iria vir. Era incompreensível a conversa repentina, mas resolvi ouvi-lo porque definitivamente não queria mais brigar.

— Que bom que se lembra. Eu só queria te alertar que ele não presta do jeito que você pensa. — falou, convicto.

— Como assim? — não compreendi, e após Taehyung encarar bem minha expressão para sua fala, ele pareceu querer minimizar as coisas, suspirando mais uma vez.

— Jungkook já ficou com a irmã do Hobi. — mesmo assim, resolveu ser mais direto, com a face calma. — Eu acho que eles devem ter dormido juntos, mas Ji, ele-

— Espera, espera! — pedi, interrompendo. — Por que quer me contar isso? — me senti muito desconfortável, abaixando um pouco a cabeça. Eu não queria saber com quantas mulheres Jungkook já dormiu, não queria mesmo.

— Porque eu quero te alertar! — insistiu, mas eu tive que rebater em seguida.

— Mas eu não acho que esse passado do Jungkook tenha que importar agora! — aumentei meu tom de voz, fazendo Taehyung franzir o cenho.

— Passado? — repetiu, incrédulo. — Como tem tanta certeza de que ele não durma com uma diferente a cada noite até hoje?

— Taehyung! — chamei sua atenção, aquilo estava passando dos limites. — Quer saber? Eu gosto do Jungkook. — admiti, sem medo. Não importava mais se meu melhor amigo odiasse a ideia. — E eu dei o meu primeiro beijo. — falei rápido, desviando o olhar e passando por ele depressa, com vergonha.

— Você... — parou, ainda provavelmente racionando no lugar. Eu me sentei no seu sofá, respirando fundo e consequentemente ficando vermelho ao lembrar do momento que sequer saía da minha cabeça. — Jimin.

Taehyung veio atrás, em minha direção. Ele parou na minha frente, de pé.

— O que aconteceu? — perguntou, não sendo tão agressivo dessa vez. O encarei meio que por cima dos cílios, receoso. Taehyung suspirou, sentando-se ao meu lado com toda calma do mundo dessa vez. — Ji, desculpa. Eu só fiquei tão preocupado que precisava te contar tudo que eu ouvi. E o pior é que você esteve o tempo todo com esse cara, eu nem sei o que ele poderia ser capaz de faz-

— Acha mesmo que o Jungkook é ruim desse jeito? Só pelas coisas que ouviu? — cortei sua fala, ficando decepcionado. Ele não respondeu, ainda me encarando. — Em nenhum momento ele me forçou a fazer alguma coisa. — afirmei. — E quem beijou ele fui eu.

— Você? — levantou as sobrancelhas. — E ele não reagiu? Ele não-

— É claro que ele me beijou melhor depois. — voltei a olhar pra frente, para a TV do tamanho da minha desligada na parede de sua sala.

— Seu rosto mudou completamente. — falou, de repente, reparando em mim. Eu o olhei na mesma hora. — Você tá apaixonado.

Não respondi, continuei encarando seus olhos que eu não sabia ler se demonstravam decepção ou qualquer outra palavra próxima, porque Taehyung definitivamente não ficaria feliz por mim desta vez.

— O Jungkook é um cafajeste, Jimin.

— Eu sei. — rebati. — Mas ele não faria nada comigo que eu não quisesse e muito menos me faria mal.

— Não, você não entendeu. — negou com a cabeça, falando totalmente sério. — Ele literalmente te enfeitiçou e você vai cair na armadilha dele, não percebe? Acredite, eu já me envolvi com caras desse tipo e não pense que são só flores, Jimin. É a primeira vez que você sente isso, eu sei, mas-

— Quem disse isso? Eu também já me apaixonei na infância.

— Jimin, você era uma criança. — falou como se me corrigisse rapidamente. — Agora é um adulto.

— E só por isso eu não posso me apaixonar por quem eu quiser? Eu já não posso ter as minhas próprias escolhas? Aliás, nem escolhemos de quem gostamos e você mesmo costumava me dizer isso quando me assumi. — continuei, começando a ficar um pouco irritado e incomodado com toda a insistência.

— Esse nunca foi o problema. Mas tudo bem, vamos lá, digamos que vocês comecem a ter alguma coisa sem tanto compromisso. — disse, começando com suas especulações. — Quem me garante que ele não volte pra boate que tanto ama e não durma com outra? Não beije a boca de outra pessoa? Aliás, quem me garante também que ele já não fez isso logo depois de beijar você?

Aquilo me machucou. Eu não sei se Taehyung tinha noção de suas palavras, mas elas estavam realmente machucando meu coraçãozinho já tão mal acostumado.

Meus olhos encheram de lágrimas, sem tirar eles dos do meu melhor amigo. Taehyung pareceu suavizar a expressão, fechando os próprios olhos e abaixando a cabeça ao notar o que estava me dizendo, com uma de suas mãos no rosto por menos de dois segundos pra logo voltar a me fitar.

— Jimin, eu sei que sou um idiota por dizer essas coisas pra você. — disse, e eu senti a lágrima cair. Limpei com raiva, não querendo mais olhar pra sua cara. — Mas eu te amo tanto e me preocupo tanto com você que quando você fugiu, eu tive que-

Parou no momento que eu me levantei, caminhando para a escadaria comprida de sua casa. Não lhe ouvi dizendo mais nada, apenas deduzi que ele estaria me vendo ignorá-lo desta vez, e continuei sem sequer olhar pra trás.

Subi e entrei em seu quarto imediatamente, onde eu também dormia. Peguei em meu celular no momento em que fechei a porta comigo lá dentro.

Limãozinho 🙄💚
| Me diga se chegou em segurança, tá?
| Desculpa qualquer coisa
| De novo 😅
| e eu to bem, vou comer o que sobrou aqui

Desculpa |
Eu queria ter ficado com você... |
Jungkook... |

Limãozinho 🙄💚
| sem problemas, Coradinho
| Sim?

Você vai pra boate? |

Limãozinho 🙄💚
| Hoje? ah, não tô no clima
| acho que não consigo cantar sem o Namjoon lá :/
| Por que?
| ah, eu pensei em te levar um dia pra me ver!
| esquece, vou marcar um dia que o baristinha não vai estar 😻

KKKKKKKK😂😂 |
Na verdade, eu queria saber se você vai ficar |
com alguma outra garota lá quando for...

Limãozinho 🙄💚
| ?
| Por que eu faria isso?

Quem foi a última pessoa que você beijou? |

Limãozinho 🙄💚
| que perguntas são essas?
| Foi você, literalmente hoje

Me senti mais aliviado, por mais que eu já desconfiasse que ele não era tão canalha assim, mas eu também tinha que ter em mente que sequer tínhamos algo. Ele ainda estava solteiro, querendo ou não.

Então, li sua outra mensagem.

Limãozinho 🙄💚
| Aliás...
| Saudades.

Meu coração acelerou.
Mas eu já não estava mais tão contente assim.

Recebi outra mensagem, mas não era de Jungkook.

Yoongi (parece um gatinho)
| Oi Jimin! É o Yoon, vc deve saber
| Viajei por um tempinho e hoje voltei a abrir meu estúdio de tatuagem, não sei se o pobretão do Jungkook comentou alguma coisa sobre eu ser tatuador 😅
| Queria te convidar pra visitar
| Jungkook nem abre minhas mensagens com medo de ser sobre o Nam, então não sei se ele vem tbm KKKKK
| Abro às 19, vem se puder!

Isso seria muito interessante. E Yoongi é legal, acho que eu iria gostar.

Afastando todos os meus pensamentos recorrentes, saí do cômodo e fui até o closet de Taehyung bem ao lado para procurar alguma coisa pra vestir.

Vi que ele já tinha subido, e me seguiu.

— O que tá fazendo? — questionou, mas eu sequer olhei, estava pensando no que usar enquanto olhava as variadas roupas nos cabides.

— Vou sair mais tarde. — respondi, simples e ainda pensando. Ele se aproximou.

— Pra onde?

— Eu preciso dar satisfação? — encarei seu rosto.

— Só não precisa falar desse jeito comigo.

— E você pode falar daquela forma? Me machucou muito, sabia? — disse, com as palavras simplesmente saindo.

— Desculpa, eu sei que deveria ter pegado leve, mas você poderia pelo menos ouvir tudo que eu tenho pra dizer? — dizia, realmente preocupado.

Eu respirei fundo, virando meu corpo totalmente para ele. Estava prestando atenção.

— Sei que faz muito tempo e tudo bem se você quiser acreditar que ele possa ter mudado, mas você sabe que o Hobi tem dinheiro também e consequentemente a irmã dele, né? — eu assenti. — Então, basicamente o Jungkook ficou com ela pelo óbvio: ela tinha grana, Ji. — finalizou. — Certo, ele não sabia que era irmã do amigo dele, mas mesmo assim, esse cara mostrou que só pensa em dinheiro, Jimin.

— Ele nunca mostrou isso pra mim. — disse, um pouco abalado com a confissão, mas ainda assim, querendo crer que Jungkook não era nada disso. — Nunca nem falou sobre dinheiro, e se ele brinca com isso é porque eu mesmo começo.

— Ai, caralho... — soltou o ar, ficando impaciente. — Tudo bem, tudo bem. Eu não o conheço mas confio no Hobi, mas tudo bem, eu te entendo.

— Se entendesse, não estaria aqui julgando. — retomei minha atenção para as roupas, me aproximando de uma. — E eu quero usar isso aqui.

Peguei o casaco em vermelho vivo de Taehyung e mostrei pra ele.

— Eu empresto se me dizer pra onde vai. — decidiu, e eu fiz uma cara feia. Ele cruzou os braços, sabendo que tinha vencido essa.

— Pra um estúdio de tatuagem. — falei. — É do Yoongi, ele é tatuador e é um amigo muito legal do Jungkook.

— Ah, então você vai se encontrar com ele de novo? — questionou, desesperançoso.

— Não sei, foi o Yoongi que me chamou. — dei de ombros, eu estava falando a verdade. Queria estar bem bonito, mas sequer sabia que Jungkook estaria lá também. Eu deveria mandar uma mensagem lhe chamando?

Esquece, vou deixar isso pro próprio Yoongi que é claramente o melhor amigo dele.

— Eu quero ir junto. — disse logo após. — Por favor. — estava calmo, não parecia mais bravo. — Só quero te acompanhar, sabe que eu senti sua falta.

— Eu não fugi por um ano, pra quê tanto drama? — falei, Taehyung revirou os olhos.

— Usa esse casaco e um look todinho preto, vai, depois me agradeça. — sugeriu, dando as costas em seguida, saindo do cômodo.

Acho que era uma boa ideia.

💸

Sete horas e dois minutos da noite.
Eu gostaria muito de estar lá assim que abrisse o estúdio, porque eu já estava completamente arrumado há uns dez minutos e sinceramente me sentia bonito com a minha aparência final.

Meu amigo acertou na combinação das roupas, o seu casaco emprestado com a camiseta e a calça preta, me ajudou a passar um pouco de base, e um "esfumadinho" nos olhos como ele chamava. Mas agora, Taehyung ainda estava...

— Quanto tempo isso vai levar, hein? — fiquei impaciente, na porta do banheiro ao lado de fora, começando a desanimar.

— Falta só essa mecha! — disse, passando a chapinha no cabelo, ondulando cada mechinha para dar um ar maneiro pro seu estilo.

Esperei mais dois minutos, olhando meu celular de tempos e tempos para ver se chegava alguma mensagem.

— Pronto, vamos! — desligou a luz que faltava, e finalmente pudemos sair de sua casa.

Fomos de carro até o local que mesmo estando de fora, você conseguia ouvir o baixo e abafado som de uma música de rap com uma leve mistura de rock. Não demorou nem vinte minutos pra que chegássemos sem dificuldades, mas por sorte, a falta de trânsito também havia colaborado.

— Vem cá, é aqui? Ele te deu o endereço certo? — Taehyung franziu o cenho pra mim, e novamente peguei no meu celular.

— Sim. Afinal, não tá vendo uma tattoaria bem aqui do nosso lado? — falei o óbvio, encarando meu melhor amigo com uma cara não muito convidativa.

— Pensei que era de luxo. — fitou o estabelecimento meio pequeno visto de fora, e então recebeu a visão da desaprovação estampada no meu rosto. — Ai, tá bom, desculpa.

— Já são sete e meia, vem entrar logo. — abri a porta, saindo do carro.

— Quantas motos... — Taehyung rapidamente parou do meu lado, admirando-as estacionadas enquanto eu admirava o lugar todo cinza e preto por fora. — Quero entrar, tô um pouco interessado agora.

— No local ou nos caras que provavelmente vão estar lá? — lhe encarei desconfiado. Ele não me enganava de jeito nenhum. Taehyung estava pronto pra "fazer a sonsa".

— Oras, eu-

— Jimin, que bom que chegou! — rápido, me virei e vi Yoongi vindo em nossa direção, aproximando-se com uma garrafinha preta de água na mão.

Dessa vez, ele usava uma camiseta branca simples, mas que destacava as tatuagens em seus dois braços quase fechados, me impressionando. Eu sorri largamente para cumprimentá-lo.

— Opa, você é novo. Sou Min Yoongi, tatuador e acredito que um novo amigo do Jimin. — sorriu pequeno, simpático e esticando o braço para Taehyung. Não o vi responder na mesma hora e logo lhe encarei.

Ele estava literalmente vidrado no tatuado.
O dei uma leve cutucada com o cotovelo.

— Oh, sim! Meu nome é Kim Taehyung! — saiu de seu breve transe, cumprimentando o tatuador. — Eu sou melhor amigo desse baixinho aqui.

— Baixinho? — repeti, encarando seu rosto com incredulidade. Ouvi Yoongi rir, o que fez Taehyung fazer o mesmo enquanto olhava pra ele, só que era uma risada bem falsa somente para agradar.

— Eu achava que eu era baixo, mas sou mais alto do que você. — se aproximou de mim, esfregando a mão levemente no topo da minha cabeça rapidamente. — Mas não se sinta ofendido, isso é fofo. — sorriu, ainda olhando pra mim e eu pra ele. — Enfim.

Yoongi se afastou, arrumando o seu cabelo uma única vez com os dedos. E eu tinha em mente, só por ver a expressão de Taehyung, que ele havia provavelmente ficado caidinho no profissional.

— Espero que gostem daqui, e já aviso de antemão que se vocês quiserem tatuar, estão livres pra isso. Eu mesmo faço o trabalho, viu?

— Mas não precisa ser de graça, nós temos muito dinheiro pra ficar guardando. — meu melhor amigo disse super modesto, sendo o boca aberta de sempre. Yoongi tombou a cabeça pra frente e riu fraquinho.

— Nunca disse que era de graça, hein. — levantou as sobrancelhas rapidamente, encarando o Kim. E depois, olhou direto pra mim. — Podem vir comigo, aqui servimos café e alguns milkshakes também. É de graça.

— Ele é tão lindo, que porra do caralho. — era a voz eufórica de Taehyung no meu ouvido, ficando pertinho de mim pra tentar esconder seu fogo. Nem me surpreendi, já conhecendo a peça. Apenas segui Yoongi.

Entramos no local e já pude ver o tatuador cumprimentar os outros, que também nos notaram e gentilmente curvaram-se rapidinho, alguns já faziam o seu trabalho.

Que bizarro, ali ia de tatuagens simples no pulso das pessoas até uma gigantesca nas costas.

— Eu quero fazer uma tatuagem. — Taehyung comentou, observando ao redor do local bem claro, apesar das paredes escuras e a decoração mórbida. As luzes fortes, claro, pareciam necessárias para os ótimos trabalhos dos profissionais.

E sim, eu também queria muito fazer uma, mas deixei esse pensamento quieto comigo. A hora chegaria, só que agora eu ainda estava bem receoso.

Taehyung passou na minha frente, provavelmente indo até Yoongi, e eu fui atrás, virando em um cômodozinho onde estava um móvel marrom e comprido com vários utensílios para o café, além do próprio.

— Aqui é um lugarzinho pra vocês se sentarem e tomarem o cafézinho de vocês numa boa. — Yoongi, fofo, explicou, nos mostrando também uma salinha ao lado com três mesas redondinhas na cor preta e apenas uma disponível no momento, com as outras já ocupadas por visitantes ou pessoas que esperavam pra tatuar.

Até que ouvi alguns caras que estavam lá na entrada do estúdio falando mais alto, como se cumprimentassem alguém de um jeito bem alto astral.

— Pois é, o famosinho chegou. — afirmou, como se não fosse nada de novo. Eu me perguntei quem era, assim como Taehyung fazia uma expressão também curiosa. — E aí, bolachinha?! — levantou a mão em aceno, então virei meu rosto pro lado, onde Yoongi estava direcionado.

O homem de cabelos escuros e mechinhas verdes, piercings no rosto, que vinha em nossa direção vestindo uma regata preta que literalmente mostrava todo o seu braço fechado de tatuagens. Aquilo me infartaria ou me faria surtar automaticamente se eu não estivesse em público. Ah, ficou óbvio que era Jungkook.

Percebi que ele também não tirava os olhos de mim quando percebeu a minha presença, parando na nossa frente. Ele encarou o amigo e em seguida, Taehyung, lhe dando um sorrisinho incerto.

E eu não parava de olhar pra ele, até ele me fitar de novo.

— É bom te ver, Coradinho. O Yoon te convidou? — eu somente assenti com a cabeça, notando seu passar de olhos nas minhas vestimentas para continuar: — Fica lindo de preto. Isso ressalta o seu cabelo e a cor dos seus olhos. E vermelho combina com você também, que nem naquela festa.

Que droga, Jungkook me deixava com inúmeros pensamentos e sentimentos ao mesmo tempo, todos misturados e bagunçados por conta de qualquer coisa que ele fizesse ou me dissesse.

— Bom. — Yoongi se aproximou de nós, ficando mais perto de mim pra ser exato, direcionando suas próximas palavras. — Pode ficar à vontade, e se caso ele começar a encher o saco de vocês dois, pode vir me dizer.

— Isso é uma afronta? — Jungkook questionou incrédulo, me fazendo rir um pouquinho e disfarçar, Yoongi lhe encarou.

— É sim, seu cara de bolacha.

— Eu só não te dou um murro agora porque tenho uma imagem a zelar, entendeu? — o Jeon lhe afrontou de novo também, e eu sabia que eles se tratavam dessa forma cômica, o que me deixava com mais vontade de rir.

— Ah, vou trabalhar que eu ganho mais! — nos deixou ali, dando as costas e estando superficialmente bravo com Jungkook, que sorriu divertido com a situação.

Até ele me encarar de novo.

— Que lindo esse casal, parabéns. — era a voz de Taehyung, levemente atrapalhando os olhares que eu e Jungkook, que estava bem na minha frente, trocamos por um segundo enquanto ainda achávamos graça. O encaramos. — Melhor a gente se sentar.

Ele também decidiu se afastar, indo parar na mesa desocupada. Enquanto isso, fiquei com Jungkook.

E nossa, suas tatuagens aparecendo...

— Me pergunto se o meu rosto fica no meu braço... — disse, em um tom pensativo, o que me fez ter a atenção tomada por seus olhos escuros e sugestivos de novo. Já que eu estava, nada mais, nada menos do que fitando os desenhos chamativos em sua pele.

Fiquei sem o que dizer. Jungkook sorriu de uma forma como se já soubesse que eu havia ficado com vergonha o suficiente pra respondê-lo.

— Quer ir lá fora comigo? — perguntou, e no automático tive que olhar para Taehyung, que me encarava de longe.

— Tenho que ficar com o Tae... — respondi, sincero. E um pouco receoso do que me diria por parecer sempre tão compromissado, decidi sugerir: — Por que não senta ali com a gente?

— Tudo bem. — fiquei um tantinho surpreso com o quão rápido ele foi pra tomar essa decisão.

Olhei para o seu sorriso e sinceramente, toda vez que eu fazia isso, tinha ciência de que eu estava ficando cada vez mais fora de mim. Só esperava que não acabasse me crucificando sozinho sem perceber.

Eu também sorri, passando por ele e seguindo até a mesa onde estava o meu melhor amigo, que revirou os olhos momentos antes de me ver chegar perto com Jungkook.

Jungkook sentou-se na minha frente, enquanto Taehyung estava ao nosso lado na mesinha arredondada.

— Vocês vão tomar alguma coisa? Já pedi o meu café pra um moço. — falou.

— Como assim? Você pediu? — Jungkook franziu o cenho, estranhando. Taehyung assentiu com a cabeça sendo simplista.

— Meu Deus, Taehyungie! — chamei sua atenção no momento em que me toquei. — Não tem nenhum garçom aqui, é você que tem que pegar seu café!

— Eu paguei. — sorriu quadrado pra mim, e deu de ombros quando o olhei feio. — Oras, ele aceitou na hora.

— Essa é nova. — Jungkook soltou um riso, e eu encarei seu rosto sendo coberto pela mão tatuada por um momento, enquanto ele estava simplesmente achando aquilo engraçado. Ou vergonhoso.

E essa foi a exata hora que um homem com algumas tatuagens parou ao nosso lado rapidamente para entregar a xícara de café ao meu melhor amigo, que agradeceu na maior cara de pau. Jungkook continuou a rir mais um pouco com a cena e eu o observei.

— Não tá acostumado a estar com pessoas que tem dinheiro, né? — Kim recostou-se na cadeira, cruzando os braços e encarando Jungkook com um olhar certeiro.

Ah, não...

— Eu? — apontou pra si. — Não, por que?

— Espero que não seja um daqueles interesseiros que se aproximam dos outros só por conta do dinheiro. — disse, fazendo a expressão de Jungkook murchar automaticamente, o tornando sério.

O Kim não tirava os olhos dele, que não hesitava também, mas agora o clima estava muito, muito pesado de repente.

Abri minha boca pra falar, mas antes, ouvi a voz de Jungkook.

— Eu não faria isso.

— Tem certeza? — rebateu. — Pois repetindo, eu realmente espero que não.

— Gente... — interrompi, tomando a atenção pra mim. — Será que podemos mudar de assunto?

— Jungkook?! — agora, era uma voz feminina totalmente aleatória que eu sequer sabia da onde vinha, até ver que ambos olharam para trás de mim.

Eu nem precisei me virar, a garota apareceu ao nosso outro lado, de cabelos loiros e curtos, com algumas tatuagens em sua pele também e encarando diretamente Jungkook com uma expressão de surpresa boa.

Vi os olhos de Jungkook pararem em mim brevemente antes de irem nela depois por algum motivo. Portanto, ele apenas sorriu fraco.

— Ah, nossa, você ainda trabalha por aqui? — parecendo um pouco sem graça, perguntou e ela sorriu ainda mais.

— Claro, eu amo esse lugar! — dizia, toda animada. — Eu venho alternando dias dessa vez, por isso não vai ser frequentemente que você vai conseguir me encontrar no estúdio, mas meu, eu não dava nada em te rever assim!

— Nem eu. — riu pouco. — Continua tatuando?

Meu olhos estavam quase em melodia, parando em Jungkook e na mulher super bonitinha simultaneamente.

Acho que ela combinava com ele.

Isso me feriu.

Porque eu não tinha absolutamente nada a ver com Jungkook. Agora, esses dois pareciam ter tanto em comum que pensar no quanto me deixava desconfortável.

— E o que faz aqui? — somente agora, pareceu notar eu e meu melhor amigo na mesma mesa que Jeon. — Está acompanhado dos seus amigos?

— Amigos. — Taehyung repetiu em tom de deboche, soltando uma risadinha rápida e negando com a cabeça, sequer olhando pra mulher. — Conta outra.

Vendo a mulher não parecer entender nada, dessa vez, eu não impedi Taehyung e nem lhe olhei feio. Apenas deixei minhas mãos em cima da mesinha e fiquei as encarando enquanto senti o olhar do esverdeado sobre mim.

— Bom, acho que pôde ver que sim. — Jungkook soltou um riso desconcertado, e também a ouvi rir. Provavelmente só pra agradá-lo.

— Então tá bom, mas olha... — pude ver sutilmente que ela aproximou-se do Jeon. — Se quiser fazer uma tatuagem, hoje eu posso ser a sua tatuadora particular, viu? — tornou-se completamente sugestiva. E foi nesse momento que a encarei sério sem sequer pensar, levantando minhas sobrancelhas. É sério isso? Ela vai se atirar desse jeito nele?

— Eu acho que vou ficar com o Yoongi mesmo. — respondeu, ainda sem reagir muito. Ela resmungou um "ah". — Desculpa, a gente se vê, tá bom?

Fui eu quem revirei os olhos agora, e eu sequer gostava de xingar, muito menos falar palavrões, mas eles quase saíram desta vez.

— Ah, mas você ainda tem meu número, sim? — questionou agora um tanto sem palavras, porque gostaria de ter seu flerte devolvido.

— Olha... — ele iria falar, mas ela mesma o cortou e colocou a mão atrevida em seu ombro, abaixando-se um pouco para poder falar mais baixo com ele.

— Eu sei que agora não é o momento, mas depois nós-

Não aguentei.
Eu me levantei e a cadeira fez um belo barulho ao arrastar no chão, tomando a atenção das pessoas ao redor também, além dos três.

— Jungkook. — comecei, sem ideias. Jesus amado. Ele também se assustou. — Eu queria te mostrar uma coisa que vi rapidinho, pode ir lá fora comigo? — inventei qualquer coisa.

— C-Claro. — reagiu sem jeito, levantando na mesma hora e virando-se para a mulher. Taehyung me encarava de cenho franzido, talvez impressionado? — A gente se vê. — e saiu, sem olhar pra trás. Vi a loira ficar sem reação, arrumando seu cabelo e vendo Jungkook caminhar em minha direção.

Eu dei uma olhada para Taehyung como se já voltasse em breve e dei as costas, esperando que Jeon estivesse vindo atrás de mim como mandei. Digo, pedi.

O bom é que ele nem pensou duas vezes em fazer o que eu disse.

Decidi que minha única forma de escapar disso era sair da tattoaria rapidinho, vendo Yoongi ocupado demais preenchendo o ombro de um cara pra reparar em mim e no Jungkook saindo do estúdio de repente.

Já ao lado de fora, eu virei e andei mais um pouco para sair da visão de entrada do local, parando e quase encostando minhas costas na parede do estabelecimento, respirando fundo uma vez depois da loucura que fiz. Pior, Jungkook parou bem na minha frente e me olhou como se ainda aguardasse o que eu queria lhe mostrar.

— O que você viu? — perguntou, aparentemente curioso e acreditando realmente que era esse o meu propósito de trazê-lo aqui comigo.

— Na verdade... — olhei ao redor, vendo a rua quase vazia, as únicas pessoas focadas em seus celulares e praticamente só o ambiente urbano e a música de dentro faziam barulhos sutis. Suspirei. — Não era nada.

— Quê? — franziu o cenho, não entendendo também. Confuso. — Como assim? Você não tinha dito que viu algo ou eu me enganei?

— Eu queria você longe daquela oferecida. — saiu sem querer, porém baixo e um tom mais apressadinho. Jungkook por um momento inclinou a cabeça para o lado ao pensar brevemente e voltou. — Ah, não era nada, só... Sei lá. — dei de ombros, cruzando meus braços.

Por que eu me sentia tão bravo desse jeito?

— Diga de uma forma que eu possa entender, Jimin. — disse, suavemente pra mim. Eu continuei sem encarar seu rosto, com vergonha também.

— Aquela garota tava dando em cima de você. — afirmei, ainda em um tom baixíssimo. Não ouvi resposta e já lhe encarei rápido, Jungkook ainda esperava que eu fizesse ele simplesmente entender. Então, falei no meu normal para que ele pudesse ouvir bem: — Aquela sua amiga loira tatuada tava literalmente dando em cima de você, Jungkook. E ela é bonita e acabou combinando com você.

Jungkook pareceu raciocinar no lugar. Demorou somente alguns segundos para que eu tivesse sua resposta com seus olhos ainda colados nos meus.

— E daí? — disse, simplista.

— Oras, ela... — parei na hora ao que quase me exaltei, porque eu não tinha motivos pra isso, na real. Eu e o Jungkook sequer tínhamos algo. — É que... — suspirei, olhando pra baixo e mordendo o lábio inferior rapidinho de nervoso. — Hum, esquece, acho que foi só a minha ansiedade.

— Jimin, olha pra mim. — pediu, mas agora que a ficha caiu, eu estava com ainda mais vergonha de ter me sentido incomodado por conta de um cara que eu gosto, mas que é solteiro, livre. E bem livre, por sinal. — Olha pra mim. — seus dedos tocaram o meu queixo, levantando o meu rosto.

Agora ele estava pertinho de mim.

— Você ficou com ciúmes, é isso? — perguntou, e eu me impressionava com o quão natural ele conseguia ficar dizendo essa palavra. Seu tom era baixo.

— E se eu fiquei? — fui um pouco corajoso ao dizer isso, porque uma pessoa como eu jamais pensaria sequer em ter direitos de sentir ciúmes de um homem como o Jungkook.

— Você não precisa ficar, essa garota não me atrai. — respondeu, mas logo me mostrou seu sorriso galanteador. Me quebrava um pouquinho... — Aliás, sabe o quanto você fica bonitinho com essa cara brava? Se desse jeito eu já acho você lindo, imagina no dia a dia.

— Me acharia bonito estando triste também? — essa pergunta também saiu sem querer, mas fiquei sinceramente curioso com a sua resposta. Agora, ele retirou seu toque com seus dedos em meu queixo para responder.

— Não. — negou. — Porque eu não quero te ver assim por nada e nem por conta de ninguém, Jimin.

— Então nunca me deixe triste, Jungkook.

Dessa vez, ele não me respondeu tão rápido, somente vi seu respirar fundo, sem tirar o olhar sobre mim.

— Sobre a menina, ela é só uma colega, nunca tive nada com ela e não teria também. — explicou, sem relutar.

— Não precisa me dizer, eu nem tenho nada com você... — coloquei uma mecha atrás da orelha, desviando olhares, incerto.

— Mas eu faço questão. — deu mais um pequeno passo pra ficar bem próximo de mim, o suficiente pra que mostrasse o quão baixo eu consigo ficar perto dele.

Jungkook era uns dez centímetros mais alto do que eu, o que me fazia parecer um tanto baixo quando estávamos pertinho. Eu apenas continuei encarando, admirando sua beleza enquanto ele parecia fazer o mesmo comigo.

— Jungkook... — comecei, perambulando entre olhar para seus olhos ou a sua boca. Seu perfume era muito bom também, só um pouco adocicado, mas forte. Acho que ele só tinha a personalidade azedinha mesmo. — Eu acho que a gente é tão diferente, sabe? Mas... — pousei minha própria mão contra seu peito, dedilhando o tecido da sua regata. — Não sei, dizem que os opostos se atraem, né?

— Tô mais impressionado em como você anda bem direto ultimamente. — soltou, mostrando um sorriso de canto. — E sim, eu também acredito nisso. Não tem graça estar com alguém tão parecido com você.

— Sim. — sorri, mordendo meu lábio inferior. — É por isso que você me atrai tanto... — eu estava dando as minhas investidas, sabendo que depois eu dormiria morrendo de vergonha e talvez me arrependendo de tudo, mas não quis desperdiçar a chance com Jungkook tendo seu rosto tão pertinho do meu.

Ele começou a mirar na minha boca, e percebendo isso, eu decidi tomar a iniciativa de novo.

Sabe quando você gosta de alguém e parece que aquela pessoa, além de mexer muito com você, te faz tomar atitudes que você nunca pensaria?

É assim comigo em relação ao Jungkook.

Eu tinha meus medos, eu sabia o tipo de cara que ele costumava ser há praticamente muito pouco tempo atrás, e se é que ele ainda não fosse assim. Esperava que não, portanto queria arriscar.

Sim, eu gostava tanto dele que não me importava com os riscos que estava tomando.

Porque eu sentia que valeria a pena, assim como eu também senti que o homem que está na minha frente agora, não é uma pessoa ruim. Eu só clamava de dentro do meu coração pra que ele não me machucasse. Eu já fui machucado o suficiente, mesmo tendo tudo.

E também esperava que não o ferisse sem querer, porque eu sabia que ele provavelmente nunca nem havia sido curado das coisas que passou.

Bom, na realidade, eu nunca tive nada de tão significativo assim, porque o dinheiro não faria meus pais me amarem como eu sou e muito menos faria com que a minha vida em relação às pessoas fosse mais fácil. Tudo que eu atraía eram olhos grandes no quão rico eu era.

Nesse momento, novamente, debaixo do céu escuro e o clima gostosinho, me inclinei e dei um selinho nele, sentindo o piercing encostar no meu lábio e sendo perseguido pela minha vontade de sempre querer mais.

— Ai, que vergonha. — soltei após o ato, me afastando sentindo a parede atrás de mim, olhando ao redor e agora encurralado com o que eu decidi fazer.

Já daria pra imaginar como o meu rosto estava.

— Isso foi de propósito, não foi? — questionou, claramente me provocando. — Só pra eu repetir o que fiz hoje?

— Se você não quiser... — disse, como quem não quer nada, sentindo uma ansiedade boa no peito e fitando qualquer lugar que não fosse o seu rosto.

— Quando eu vejo você com essa carinha ingênua, eu fico tão... — parou, soltando o ar e passando a língua uma vez em seus próprios lábios, observei isso com atenção e jurei que poderia criar coragem pra eu mesmo beijá-lo. — Jimin, se você ao menos soubesse...

Eu levantei meu olhar pra ele, esperando a sua continuação. Fiquei curioso, e meu coração acelerou de imediato quando Jungkook esticou o braço e colocou a mão na parede, na altura do meu pescoço.

Seu rosto se aproximou mais um pouco do meu, e o friozinho no meu estômago apareceu de novo como mais cedo enquanto sentia sua respiração contra a minha.

Jungkook iria me beijar, mais uma vez eu poderia sentí-lo assim. Ele definitivamente beijava bem, e não era simplesmente porque ele havia sido o meu primeiro.

— Eu tô... Atrapalhando? — uma voz se fez presente, e quando olhei pro lado primeiro, assustado, vi Yoongi que acabava de sair de dentro do seu estúdio.

Sua cara não era muito boa, séria. E não era também como se ele quisesse sair pra que pudéssemos continuar, como melhores amigos geralmente fazem quando torcem pra um casal acontecer.

Jungkook encarou ele logo em seguida, afastando-se de mim e passando a mão em seu cabelo. Ele não estava assustado como eu.

— Yoon-

— Aconteceu algo? — Jungkook praticamente me interrompeu, mas não foi proposital, ele estava normalmente falando com seu amigo, enquanto eu estava ainda mais vermelho.

Yoongi ficou nos encarando por um tempo, mesmo que nós dois não estivéssemos mais tão perto um do outro como antes.

— Quero conversar com você, Jungkook. — ele estava sério. Pude ver Jungkook franzindo as sobrancelhas, e dando de ombros.

— Tá bom. — me encarou. — Vamos entrar?

— Acho que vou ficar aqui um pouco, pegando um ar. — sorri meio sem graça, ainda tendo que me recuperar do que acabou de acontecer e que infelizmente não teve continuidade. Aliás, o meu dia nunca foi tão agitado. E bom...

— Por que? Você ficou sem? — seu olhar e o sorriso se tornaram provocantes.

— Jungkook. — Yoongi o chamou de novo, lhe fazendo fechar a expressão e virar-se para o amigo.

— Tô indo, meu Deus, o que é tão importante assim, ô moranguinho? — revirou os olhos, e pela última vez me olhou. — Ei, não fica muito tempo aqui, e qualquer coisa pode gritar por mim. — disse, e assim que me viu assentir rapidamente, Jungkook seguiu Yoongi, que me depositou seu último olhar e um sorrisinho sem emoção antes de entrar no estúdio com o amigo.

Recostei a parte de trás da minha cabeça na parede, fechando os olhos e soltando o ar devagarinho. Eu precisava respirar um pouco, minha ansiedade claramente atacou em alguns pontos. Mas acho que dessa vez, foi de uma forma que me fez abrir um sorriso imenso, eu senti meu coração saltitando.

💸

[JUNGKOOK]

O moranguinho folgado me trouxe até o banheiro compartilhado masculino. Estava vazio aparentemente, com as portas das cinco cabines abertas.

— Então esse é o seu plano mirabolante? — perguntou, antes de mais nada, virando-se pra mim de braços cruzados. Ele realmente estava aborrecido comigo assim de repente?

— Do que raios tu tá falando? — confuso, recostei a minha cintura na pia comprida e deixei minha mão em cima, segurando um pouco o peso do meu corpo.

— Do Jimin. — falou entredentes, como se não quisesse que mais ninguém ouvisse, mas de fato estávamos somente nós dois. — Eu acabei de pegar vocês dois quase colados e com você quase devorando ele.

— Opa, calma lá, eu não sou o único que queria, o Jimin também sente as mesmas coisas. — me endireitei e levantei as mãos em rendição por um segundo, dizendo a verdade. — Qual é, do nada você quer militar pra mim agora?

— E a porra do plano, garoto? — rebateu, mais raivosinho.

— Que plano? — foi nessa hora que Yoongi ergueu as sobrancelhas pra mim em surpresa por eu não saber, e então finalmente lembrei do óbvio em questão de meros segundos. — Ah, o acordo. Mas não se preocupa, eu vou cancelar essa merda.

— Como é que é? Você vai cancelar aquele acordo idiota? — ainda mais surpreso, se aproximou de mim.

— É, tô sentindo umas coisas estranhas e acho que isso não ia dar bom. Mesmo que o dinheiro seja necessário, não acho que eu vá ficar satisfeito do jeito que eu pensei. — expliquei da melhor forma que ele pudesse me entender.

— Tá apaixonado pelo Jimin? — perguntou logo em seguida, certeiro e muito rápido. Eu o encarei com um olhar intenso em cima de mim, como se pesasse, e o cenho franzido. Curioso também, acredito. Desviei.

Pensei um pouco.
Que porra, isso tá escrito na minha testa?
Fiquei realmente sem jeito pra responder essa pergunta tão específica, na verdade. Acho que nunca tinha chegado nessa parte.

— Ah, eu tô confuso, você sabe bem que-

— Não, o Jimin definitivamente não merece uma pessoa confusa. — negou com a cabeça, parecendo pronto pra ir desaprovando tudo e qualquer coisa que eu dissesse.

— Você acha? — perguntei, um pouco preocupado.

— É sério que você se importa? — soltou o ar, descruzando os braços e passando a mão no seu cabelo.

Eu me importo.

— Por que? Você também? — desconfiei sem motivos aparentes, pois alguma coisa me dizia pra fazer isso.

— Jungkook, você literalmente entrou num acordo pra quebrar o coração do Jimin e agora quer cancelar tudo, jogar pro alto e fingir que nada aconteceu? — disse. — Tá, beleza, foda-se os nossos sentimentos, mas eu quero que me escute bem.

Nossos sentimentos? O que você tem a ver? — confuso com sua fala, joguei a questão.

— Só escuta. — ignorou. — Já não basta as coisas que estão acontecendo com a gente em relação ao Nam... — só com isso, eu já me remexi com incômodo. — Agora você quer dificultar ainda mais pra si mesmo?

— Eu não entendi. — respondi, sério. — Desde quando me apaixonar pelo Jimin é dificultar as coisas pra mim?

— Desde quando você começou essa história todinha enganando ele. — rebateu da mesma forma, certeiro de novo.

E antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa ou sequer me defender, fazer outras perguntas ou o que for, fomos interrompidos com o barulho da porta se fechando como se alguém acabasse de entrar no banheiro.

— Enganando? — Taehyung repetiu a palavra no momento em que se encontrou no mesmo local que nós, curioso e desconfiado. Ele se aproximava devagar com suas mãos indo aos bolsos da calça marrom escura larga. — Quem você tá enganando, Jungkook?

E mais uma vez, a porta estava sendo aberta.

Jimin.

— Oh. — surpreso, parou seu andar no instante em que viu os três conhecidos no banheiro também. — Nossa, vocês estão aqui também?

E então, ele também veio em nossa direção, e agora eu me senti desconfortável o suficiente pra olhar em seus olhos depois de toda a situação repentina e de segundos atrás.

— O que é isso? Uma reunião sem mim? — riu levinho, encarando cada um.

— Que coincidência. — Yoongi falou, soltando uma risada sem graça ao tentar disfarçar. Jimin sorriu, ingênuo. — Por que a gente não-

— Você não me respondeu, Jungkook. — Taehyung reforçou seriamente, me fazendo olhar pra ele de novo. O clima voltou a pesar.

— Olha, Taehyung... — tentei, mas não adiantou.

— O que eu perdi? — Jimin questionou, com seus olhinhos adoráveis e confusos encarando todos nós simultaneamente.

— Fala, quem você tá enganando agora, Jungkook? — o Kim repetiu.

E nesse momento, senti o olhar de Jimin em mim, e automaticamente lhe encarei também. Ele parecia perdido e seus olhos continuavam sempre muito inocentes.

Ah, não...
Agora não...

— Como assim? — soltou a pergunta, sem compreender. — Você tá enganando alguém, limãozinho?




[Anotação diária: Jimin]

É por causa dele, sim.
Ah, Jimin, tem tantas coisas que você ainda vai sentir que é novo... E não são só sentimentos bons. ((sou do bem e da paz ok

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