[11] 나쁜 coincidence.
#JiminCoradinho
CHEGUEI! Espero que gostem, + de dez mil palavras escritas com amor pra vocês. 💚
Leram o cap passado? Ah bom, é ótimo ler ele pra saber de algumas coisas. E quem não leu, vou dar uma voadora. 😋
⚠️ No final, tenho uma surpresa pra vocês, tô emocionada. 😭
Agora, leiam... hihi. (E nossa, essa frase da música abaixo é literalmente >dele< kkkk)
💚
💸
[TAEHYUNG]
Eu fico preocupado, é inevitável. O Jimin não me atende, muito menos me responde.
Talvez eu tenha sido um idiota com ele.
Tive que ligar para o Hoseok depois que trocamos algumas mensagens. Por mais que ele não conhecesse Jimin tanto quanto eu, precisei de alguém para pelo menos desabafar ou tentar me ajudar. Park não tinha muitos amigos, portanto eu não via outras direções também.
Se bem que, na realidade, eu era o seu único amigo.
— Olha, Hobi, foi exatamente aquilo que eu te disse. — falei através do celular, suspirando logo em seguida de quase desespero. Faltava pouco pra que eu começasse a me descabelar. — O Jimin anda não me respondendo e eu tenho medo de que tenha acontecido alguma coisa.
— Nem consegue ir na casa dele? Ela não era perto da sua? — me perguntou, também em um tom de preocupação.
— Não posso por conta dos pais dele. — sentei no sofá, soltando um longo suspiro mais uma vez. — Mas acho que ele deve estar com o Jungkook... — pensei alto.
— Jungkook?! — exclamou ao ouvir. — Jeon Jungkook?! O mesmo que eu conheço?
— Oh, é mesmo, você deve conhecer ele, não é?! — lembrei de seu aniversário na hora. — Ele foi pra sua festa também!
— Isso! Mas como assim? Não entendi, ele e o Jimin tem alguma coisa?
— Acredito que ainda não, eles se conhecem há um tempinho e o Jimin é teimoso, mas provavelmente já deve sentir algo pelo Jungkook. Sei lá, eu conheço ele, ou é só a minha intuição aguçada. — neguei com a cabeça. — Ele pode ser duro na queda, porém...
— Eu acho isso uma péssima ideia. Não confio muito no Jungkook. — teve um tom receoso em sua voz. — Sei que isso pode soar muito ignorante e odeio ficar brigado com as pessoas, mas eu não sei...
— Por que o chamou pro seu aniversário naquele dia, então? — a princípio, recebi um silêncio seu, mas antes que ele respondesse, continuei: — Quer me contar como vocês se conheceram? Ou o que ele fez?
— Eu conto, acho que pode ser bem útil.
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[JUNGKOOK]
Jimin estava dormindo no meu quarto e na minha cama, enquanto eu estive sentado nela, ligando a tela do meu celular de minuto em minuto esperando receber alguma notícia de Namjoon. O dia havia sido turbulento, literalmente passava de todos os extremos.
Eu voltei pra casa com o loirinho soluçando ao meu lado depois que o velho se calou e trancou-se em casa, deixando seu próprio filho pra fora dela. Senti raiva, vontade de chorar, de gritar, não só por conta do que presenciei, mas também pelos acontecimentos de mais cedo.
Tudo estava uma tremenda bagunça.
Em um único dia, minha vida virou de cabeça para baixo da pior maneira possível.
E o que eu estive sentindo também.
Respirei fundo, bagunçando meus próprios cabelos.
Não aguentava mais esperar, eu precisava ir até eles. Yoongi, ou sequer Jin me mandaram alguma mensagem e isso estava me matando aos poucos com o quanto eu estive me corroendo por dentro.
Levantei da cama, virando-me para Jimin. Seu rostinho estava relaxado no travesseiro, ele parecia dormir feito um anjo. Eu suspirei.
Havia feito a coisa certa?
Deveria ter intervido mesmo?
Talvez eu só estivesse fazendo o que ninguém fez por mim quando eu era apenas uma criança. Ou não sei. É um sentimento incomum, não costumo me comportar dessa maneira.
Meu celular finalmente tocou.
Eu dei um sobressalto e rapidamente o peguei, sem nem sequer ler a tela.
— Alô! — atendi rápido, prestes a entrar em desespero a qualquer momento.
— Oi, eu soube do que aconteceu... Como você tá, Jun? — soltei o ar aos poucos quando ouvi a conhecida voz feminina. Era a Sana. Não consegui lhe responder de início. — Acho que essa pergunta foi meio idiota... — parecia falar sério também. — Mas de qualquer forma, o Yoongi acabou me contando e eu fiquei preocupada, quase corri pro hospital. — ficou em silêncio por instantes. — Me desculpa, talvez eu não fosse a ligação que você esperava...
— Não, não é isso... — falei, sem ânimo algum. Mas sim, eu estava decepcionado. — É que... Porra... Eu nem sei mais no que pensar, só-
— Você vai pra boate cantar? Não sei se você estava de folga hoje ou só vai nos finais de semana literalmente, mas soube que irão ter convidados VIPS por lá durante a noite. Se você conseguir um olheiro ou algo do tipo, pode ser um empurrão na sua futura carreira, Jun. Acho que o Namjoon também gostaria disso. — contou, e também parecia estar sendo, no mínimo, sincera.
— Não consigo ter cabeça pra isso, Sana. — neguei, respirando fundo. Talvez eu estivesse ferrando o meu futuro completamente, ou apenas o adiando ainda mais.
— É o seu sonho, Jungkook.
— Mas Namjoon hyung é mais importante pra mim. — rebati. — Ele foi quem me levou pra cantar na KISSB, ele sempre me ajudou com músicas e foi literalmente a única pessoa que estendeu a mão pra mim quando eu não tinha absolutamente mais ninguém, Sana. Eu tinha o Jin, mas ele era ocupado com o trabalho e a filha. O Yoongi demorou pra sair da casa dos pais e eles os levavam pra longe todo mês. Como eu vou seguir meu sonho se a pessoa que mais me incentivou ao meu lado for embora desse jeito tão filha da puta?
Eu tentei segurar as minhas próprias lágrimas ditando tudo aquilo para também não perder a cabeça de vez. Era doloroso.
— Jun... — ela suspirou pesado após alguns segundos em silêncio. — Eu também me sinto horrível, mas uma pontinha de esperança continua acesa dentro de mim depois que eu soube que a cirurgia pode dar certo.
— Ela tem que dar certo. — repeti, mas da forma que preferi. — Não pode dar errado de jeito nenhum e ele tem que fazer isso logo.
— E você tá ocupado? Precisa de companhia? Eu não quero ser um incômodo e nem vou tentar nada, só quero que fique bem, mesmo que eu ainda esteja com um pouquinho de raiva de você... — dizia.
Então, me acalmando sozinho, mirei em Jimin, que mesmo após meu surto quase inteiro na ligação, ainda continuava dormindo, só havia se mexido minimamente.
— Já tenho companhia... — disse, mas corrigi: — Na verdade, eu meio que sou a companhia dessa pessoa hoje.
— Ah... Você... — parou de falar por um momento, parecendo com medo de terminar a frase. Ou da minha resposta para ela. — Tá com alguém?
— Eu acho que preciso dormir ou posso acabar ficando realmente maluco, desculpa. — pedi, sincero. Estive cansado, triste, com raiva e dores de cabeça em um único dia.
Sana assentiu, me permitindo desligar e finalmente respirar alto, soltando o ar aliviado. Só não estava nada afim de conversar com ela agora ou lhe dar explicações de seja lá o que for. Aliás, eu nunca a devi nenhuma sobre nada.
Olhando para a minha própria cama, pensei: "onde é que eu vou dormir?"
Não tive escolha, peguei um colchão que estava escondido no canto ao lado do guarda roupa, e o levei ao chão, tentando ajeitar corretamente e fazendo um pequeno barulho com toda a movimentação.
Jimin estava com o meu cobertor, e eu não me recordava de ter outro, muito menos pegaria o que Namjoon costumava usar...
Que porra, reparei que eu também só tinha um travesseiro com estampa vergonhosa de uma guitarra vermelha e o Park dormia nele também.
Quase pareci um cachorro correndo atrás do próprio rabo quando rodei no mesmo lugar umas duas ou três vezes pra procurar ou pensar no que fazer. Eu iria dormir no colchão puro? Cocei a cabeça. Pensa, pensa.
— Dorme aqui... — a voz baixinha foi aos meus ouvidos e eu me deparei com Jimin e seus olhinhos abertos. Ele estava deitado de lado, com as mãos pequenas debaixo de sua cabeça.
— Mas... — passei a mão no cabelo, sem certezas, apesar de brincar com isso antes. — A cama é um pouco-
— Pequena? Eu sei. — riu um pouco, caçoando de mim e da minha cama de solteiro. Então, ele se moveu mais para o canto, deixando um espaço para que eu deitasse ao seu lado. De certa forma, olhando bem, dava super certo se eu dormisse ali. — Aqui.
— Isso não vai incomodar você? Eu queria que ficasse tranquilo pra dormir depois de tudo o que aconteceu, sabe? — disse, na sinceridade. Por mais que eu sentisse vontade de provocá-lo, eu nem sequer estava com cabeça pra isso, como havia dito.
— Tá tudo bem, pode deitar. E a cama é sua, em primeiro lugar.
Dei uma última olhada na tela do meu celular e não havia uma sequer mensagem, Yoongi não me respondeu e isso me deixava extremamente preocupado. Eu queria sair correndo pro hospital, mas não poderia deixar Jimin sozinho.
As minhas suposições eram que Namjoon estava com Yoongi, e provavelmente Jin teve que voltar por conta da pequena Hanna. Mas eu sabia que Namjoon estava em boas mãos, além dos médicos daquele local.
Ele estaria seguro com qualquer um que estivesse com ele, menos comigo. E eu entendia isso.
Ninguém fica seguro comigo.
Nem eu mesmo.
Finalmente apagando a luz do quarto que estava aceso o tempo inteiro, deixei o celular em um canto no chão e fui para o colchão devagar, me deitando de lado também e puxando um pouco do cobertor para mim com a ajuda de Park. Eu o encarei, ainda em silêncio. Estávamos de frente um para o outro.
— Obrigada por hoje. — foi o que me disse, em um tom baixo, me dando um meio sorriso de cantinho. — Acho que se não fosse por você, eu estaria chorando sozinho até agora no meu quarto...
— Ele iria mesmo bater em você? — fui direito, receoso por ter feito a pergunta repentina, mas curioso também. — Você é frequentemente tratado dessa forma?
— Ah, meu pai não costuma fazer isso, mas agora ele anda muito nervoso... — suspirou, incomodado. — Eu comecei a ter medo dele...
— Não precisa ter, agora que sabe o caminho, sabe que pode vir correndo pra cá quando precisar. — garanti no mesmo instante. Ele sorriu pra mim outra vez, e eu sabia que ele ainda estava abalado.
— Obrigada por isso, eu só... — parou, com uma expressão decepcionada. — Queria ter pais um pouco mais carinhosos. A minha mãe era, nunca foi taaanto, mas ela costumava me dar abraços que acalmavam a minha ansiedade quando criança. No início, foi bem difícil porque aquelas crises eram muito novas pra mim. Mas meu pai... Ele sempre foi impaciente com tudo, me dava remédios que nunca me ajudavam de verdade e acabou doutrinando a minha mãe. No fim, eu tive que aprender a lidar com as crises sozinho, mas tive a sorte de encontrar o Taehyung.
— O seu melhor amigo, não é? — ele assentiu, e eu tentei lhe compreender ao meu máximo. Era estranho, normalmente os pais deveriam dar todo o suporte aos seus filhos e também, lhe darem exemplos.
Porque, infelizmente, muitos acabam pegando a influência de seus próprios pais quando crescem, não tendo muitas escolhas quando se tornam totalmente solitários.
— Mas e você, limãozinho? — roubou a minha atenção antes que eu me aprofundasse em meus próprios pensamentos. — Seus pais são presentes na sua vida?
— Não... — engoli seco, desviando olhares. Agora, era eu quem estava incomodado com o assunto. — Eu não sei onde eles estão hoje em dia. Fazem anos, na verdade...
— Ah, me desculpa... Acho que te deixei desconfortável. — pediu, baixinho. — Espero que eles não sejam pessoas ruins. Ou que não tenham sido com você.
— É... Sim... Eles não são... — sorri, começando a me sentir um pouco inquieto e encarando qualquer canto que não fossem os seus olhos. Minha cabeça começou a doer, mas nada tão alarmante, somente algumas pontadas de estresse. Talvez fosse só o meu psicológico abalado. — Eles são... Legais.
Era o que eu repetia pra mim todos os dias.
Até que os esqueci, pelo menos o suficiente pra poder viver em paz.
— Jungkook... — chamou, e eu finalmente o encarei, ainda imerso enquanto ele continuou calminho.
— Hm?
— Quer assistir um filme comigo? Posso colocar algum que eu já assisti só pra conseguir dormir. — disse, aparentemente com insônia. — Só cochilei, mas fiquei acordando toda hora.
— A insônia também me pegou... — afirmei, sem sono. Suspirei e continuei, encarando seu rosto enquanto ele claramente aguardava a minha permissão. — Quer ir lá pra sala, então? — ele assentiu rapidinho, balançando a cabeça em concordância. — E o que quer assistir?
— Gosta de filmes de romance? — seus olhinhos pareciam brilhar ao rebater com a pergunta.
— Ah... — fiz uma careta não muito agradável, e acredito que ele tenha notado. — Na verdade...
— Já vi que você odeia. — fez um bico.
— Não, tudo bem, eu posso ver um com você! — trouxe seu olhar esperançoso pra mim novamente. — Eu não suporto muito, mas assim que você dormir, posso desligar a televisão.
Eu odiava filmes românticos. Mas eu realmente não queria que ele ficasse desconfortável, e que tivesse uma noite ao menos mais tranquila.
— Certo! — foi o primeiro a dar impulso para poder levantar, e eu fui atrás preguiçosamente. Jimin abriu a minha porta e simplesmente foi para a sala como se aqui fosse a casa dele, mas sequer reclamei.
— Você pode mexer se quiser, a TV é ligada com a internet e-
— Mas é isso mesmo que eu pensei. — disse, me cortando e sentando no sofá na minha frente, como se morasse aqui. — Existem TVs que não tem internet hoje em dia? Sem ser as de tubo, claro, porque antigamente-
— Jimin, você é o ricão, eu não. Nem todo mundo é e tem tantas regalias que nem você e os seus súditos. — expliquei, apontando pra ele e pra mim simultaneamente. Ele compreendeu da sua forma, já mexendo no controle.
— Tem quantas polegadas? — perguntou assim que me sentei ao seu lado.
— Não sei, o Namjoon que comprou.
— Ah, a minha é maior.
Eu o encarei, incrédulo, e ele me encarou de volta na maior tranquilidade. Me zoar virou seu melhor passatempo agora?
— Quer jogar na minha cara quantas vezes que você tem dinheiro suficiente pra si e pra uma família inteira e eu não? Quantas polegadas a sua tem? Cem? Duzentas? Se é que isso existe.— questionei, e ele ficou somente alguns segundos sério com as minhas perguntas, porque soltou uma risadinha logo em seguida como se zombasse de mim.
— Você é mesmo azedinho. — riu, com a mão pequena em frente aos lábios, virando o rosto de volta para a televisão.
— Tem certeza? Já provou pra saber? — no automático, Jimin parou e olhou pra mim. Levantei as sobrancelhas em curiosidade com a sua resposta.
— Eu não falei nesse sentido, seu panaca malicioso. — piscou algumas vezes. Fofo.
— O que? Mas eu também não insinuei nada, posso estar falando de várias coisas. O malicioso aqui foi você. — rebati, portanto um sorrisinho de canto se abriu em meus lábios e Jimin desviou o olhar novamente para a televisão. — Nossa, achei que você fosse inocente, coradinho...
— Não fala nada. Para. — envergonhado, eu conseguia assistir suas bochechas se tornarem rosadinhas rapidamente.
— Você nem tá digitando nada aí. — o peguei no flagra com o controle na mão só de enfeite, enquanto o Google estava totalmente parado na tela.
— É por culpa sua, seu cafajeste. — ainda olhando pra ela, falou na lata. Eu o encarei surpreso desta vez, boquiaberto com seu linguajar afiado.
— Eu?! Beleza, eu não nego, mas você pode falar isso na minha cara, loirinho?
— Você me desestabiliza de propósito. — me encarou e eu sorri. — Não sorri, eu não falei nada engraçado. — ele pareceu se enervar.
— Ficou nervosinho? — seu olhar me veio com ainda mais raiva, eu sabia que sim. Então, meus dedos tocaram seu queixo levemente por meio segundo, como se levantasse seu rostinho pra mim, e assim os tirei. Era uma provocação na mesma moeda. — Fofinho.
O Park ficou me encarando, assim como fiquei lhe olhando descaradamente também ao meu lado. Não havia mais nenhum som.
Senti calor. Não poderia negar que facilmente, o meu olhar desceu direto em sua boca, mas antes que eu pudesse sequer pensar em algo, Jimin interviu e virou seu rosto pra frente.
— Agora é sério, vamos assistir, Jungkook.
Certo, eu provavelmente ficaria louco em breve.
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[HOSEOK]
— É aqui que o Jungkook canta? — Taehyung me perguntou, enquanto seguíamos dentro da boate com o show de luzes praticamente em tons de neon, chegando perto do palco.
— Sim, e onde ele provavelmente pega muitas mulheres. — fui até o balcão de bebidas, me apoiando e fazendo com que Taehyung parasse na minha frente, ainda curioso ao seu redor.
— Então, você decidiu ficar no lugar do seu amigo hoje?
— Vim observar como estão as coisas, Namjoon está no hospital e ele me pediu um favor de coração caso eu não estivesse muito ocupado com o trabalho. E é claro que eu aceitaria sem pensar duas vezes. — expliquei, ajeitando a minha jaqueta de couro preta. — Como deve saber, ele é o melhor amigo do Jungkook.
— E você odeia o Jungkook, praticamente.
— Não, na verdade, não. Essa palavra é muito forte. Eu até gostava muito dele sendo meu amigo. — ri. — Eu só tenho alguns machucados com ele que nunca foram cicatrizados, falando nesse sentido. Sabe como é, eu te resumi o que aconteceu.
— De certo modo, ele realmente não sabia que ela era a sua irmã. — deu de ombros, parando ao meu lado, encarando as bebidas nas prateleiras.
— É, eu sei, mas Jiwoo ficou bem magoada durante dias. Também não gosto do jeito como ele usa as mulheres e depois joga fora desde que o conheci. — desabafei.
— Tenho medo da lavagem cerebral que ele pode fazer no Jimin. — suspirou, apoiando os braços no balcão, preocupado. Eu também me virei para as bebidas enquanto escutávamos a música ficando alta cada vez mais. — Ele não atende o celular e nem responde minhas mensagens, provavelmente deve estar com esse Jungkook há horas.
— Acha que ele se apaixona fácil?
— O Jimin? — me encarou e eu assenti. — Não, porque como eu disse, ele é bem resistente, por mais que você tente fazê-lo aceitar a situação. Já tentei fazer ele ver todo tipo de cara e até apresentei pra ele as coisas mais malucas possíveis. — riu, e eu até poderia imaginar, rindo um pouco também. — Mas acho que descobri qual é o tipo dele recentemente.
— E qual é?
— O próprio Jungkook. — fez uma careta não tão agradável pra mim, e eu assenti com a cabeça, compreendendo o que ele quis dizer.
— Vocês conhecem o Jungkook? — uma outra voz entrou na nossa conversa e olhamos pra frente, para um cara limpando uma garrafa cheia de bebida, provavelmente o barista da boate. Eu não vinha muitas vezes aqui, por isso nunca fui de notar. — Esquece, a pergunta certa seria: quem não conhece Jeon Jungkook? — ele mesmo riu de sua fala.
— Eu conheço você! — Taehyung ressaltou de repente, apontando para o homem, que também lhe encarou estranhamente.
— Oh, você é amigo do Jimin, não?! Que eu tive que procurar como um louco naquele dia onde você morava pra encontrar ele! — o apontou também, ficando animado.
— Isso! Nossa, você trabalha aqui? — Taehyung também sorriu. Me interessei pela conversa como o curioso e também totalmente alheio dos assuntos que sou.
— Sim, eu sou o barista oficial da boate, Kim Woosung. Mas também me conhecem como guitarrista do Jungkook, porque algumas vezes eu toco com ele. Queria que o Jimin viesse me ver hoje ou algo assim, mas pelo jeito nem tocar eu vou...
— É, e eu vim pra acompanhar o Hobi, ele vai ficar por aqui. Jungkook também não apareceu, né?
— Hoje não. — negou, sem saber, dando brevemente as costas pra nós ao guardar a garrafa que limpou delicadamente, virando-se de novo. — Justo hoje que ele deveria vir, já que alguns VIPS que raramente aparecem estão aqui e outros ainda irão chegar. Poderia ser bom pro sonho dele de ser cantor.
— Ele sempre gostou de cantar, é verdade. Acho que foi o Namjoon que deu um empurrãozinho pra ele não desistir. — intervi, comentando o que eu lembrava. — Já ouvi ele cantar, é muito bonito.
— Nunca ouvi e nem quero, continuo desconfiando dele. — Taehyung emburrou-se, soltando um suspiro e cruzando seus braços.
— Por acaso, ele e o Jimin estão juntos agora ou algo do tipo? Só pra saber... — Woosung questionou, curioso e aparentemente realmente interessado.
— Provavelmente. — respondeu. — Se nem ele e nem o Jungkook estão falando com a gente ou nem respondem as mensagens... É bem provável que estejam juntos.
Woosung não recebeu a resposta com uma cara muito boa ao que discretamente abaixou a cabeça, como se ficasse pensativo de repente, com uma mistura de decepção. Mas logo, nos olhou de novo e sorriu. Eu diria que seu sorriso era falso desta vez. Mas ele parecia uma pessoa extremamente gentil.
— Vou pegar alguma bebida boa pra vocês e que não seja muito forte, ok? Por conta da casa. — gentilmente, continuou sorrindo de orelha a orelha e eu assenti, mas Taehyung nos interrompeu.
— Eu pago, tenho muito dinheiro pra ficar guardando. — deu de ombros, afirmando. Eu acabei rindo de sua fala. Woosung também, assentindo.
— Você é doido. — soltei, negando com a cabeça.
— Eu sei, você adora. — me mostrou a língua, folgado. Ele riu junto comigo. — Não sei nem porque você é hetero. Poderíamos ser um belo casal.
— Coisas da vida, né? Infelizmente alguns nascem com esse defeito. — o fiz rir mais.
Conversa vai, conversa vem e a nossa bebida havia chegado normalmente. Woosung atendeu mais outras duas pessoas enquanto tentávamos mandar mensagens para Jimin e Jungkook. Talvez estivessem dormindo, era madrugada.
— Aquela pra mim, por favor. — a voz grave de outro homem nos chamou a atenção quando ele parou ao lado de Taehyung e pediu alguma coisa para Woosung, que sorriu surpreso por algum motivo. Deveria ser algum amigo seu.
Ninguém ficava aqui, pelo visto todo mundo costumava dançar ou estar de frente para o palco. Mulheres passavam e nos encaravam também, mas eu sinceramente queria distância desse tipo de gente que frequentava boates ou coisas desse meio.
— Nossa, eu nem acredito que você veio aqui depois de tanto tempo! — Woosung tinha um tom animado. Ele se apoiou no balcão após trazer a bebida pedida rapidamente. — Da primeira vez você viu tudo de longe.
— Eu pretendo analisar bem de perto hoje, garoto. — riu, e olhando com atenção pra ele, era um homem bem mais velho. — E também pretendo voltar aqui nas próximas vezes, parece bem movimentado.
— Ei, tá fuxicando a vida dos outros por qual motivo? — Taehyung sussurrou pra mim, tomando a minha curiosidade.
— Não acha que esse cara é velho demais pra estar aqui? Ele deve ser casado ou algo assim. — sussurrei de volta. Taehyung revirou seus olhos, aproximando-se mais de mim.
— Sei que não frequenta esses lugares mas qualquer um pode vir numa boate, seu antiquado! Não é porque ele é velho, que-
— São amigos desse meu sobrinho aqui? — o homem interrompeu nosso cochicho nada discreto e nos encarou, automaticamente fazendo Taehyung virar-se para ele também, tentando disfarçar comigo.
— Sobrinho? — perguntei, entendendo tudo agora. — Ah, que legal, somos sim! Quer dizer, eu acabei de conhecer ele, mas o Taehyung já sabia quem ele era. — expliquei. — Meu nome é Jung Hoseok.
— E o meu é Kim Taehyung.
— Eles são divertidos, tio. — Woosung riu, continuando a brincar: — Só não sei o que fazem da vida.
— Ah, eu trabalho com comércio exterior, vivo viajando! — sorri, orgulhoso.
— Eu sou modelo. — Taehyung ditou, sem postura alguma perto do homem mais velho. Deu de ombros. — Quando eu quero, na real.
— Prazer, eu me chamo Sangwoo. Sou irmão do pai de Woosung, por isso nos tratamos de um jeito mais formal. — deu a mão e nos cumprimentou com um sorriso amigável em seu rosto. — Costumo trabalhar fora da Coréia.
— Você parece ser um senhorzão maneiro, pô! — eu disse com um sorrisão estampado na cara, lhe dando um joinha, mas resmunguei repentinamente ao sentir uma cotovelada de Taehyung no meu braço. O que eu falei de errado?
— Sim, eu não sou um "adulto meio adolescente" como vocês. — riu. — Tenho quase meus cinquenta anos, mas sou mente aberta, não precisam se preocupar.
— Nossa, o senhor não parece ter tudo isso.
— Hoseok, né? — assenti. — Pois é, eu tento me conservar e a minha esposa me ajuda muito. As mulheres sabem bem o que fazem, sem dúvidas são melhores do que os homens!— falou, divertido. Ele tinha uma boa aura.
— E como meu pai está? Sei que nunca costumo perguntar sobre ele e nem pretendo me encontrar com esse cara, mas sabe como as coisas são. — Woosung foi direto, um tanto incomodado com a questão que pareceu curiosa.
— Ele está bem. Também não temos muito contato, mas a última vez que ele ligou pra mim desejando feliz aniversário foi há uns meses. — Sangwoo respondeu.
— Chaeyoung tem muito medo de ir para os Estados Unidos e acabar encontrando eles lá.
— Sei bem, é normal e eu não tiro a sua razão. Também espero que consigam viver a vida de vocês sem que eles apareçam no caminho e tentem estragar tudo, viu? — eu e Taehyung apenas ouvíamos, apesar de darmos uma golada ou outra em nossos copos quase vazios.
— Obrigado, tio. Nem somos tão próximos assim, mas te considero bastante. Acho que conseguiria viver bem melhor se você fosse o meu pai. — sorriu e eu suspirei. Que fofos, senti saudade da minha família, não via a hora de voltar pra casa depois de viajar por semanas a trabalho. — Então, o senhor veio para ver os shows, não é o que me disse?
— Espera, mas a sua mulher sabe que está aqui? — Taehyung interrompeu a conversa completamente, todo desconfiado, e eu quase saí correndo quando ambos nos encararam. Que vergonha, ele era descarado demais!
— Sim, sabe. — riu. Jesus, que mico, bebi mais um pouco. — Ela também queria vir, mas achou que eu cuidaria disso melhor sozinho.
— Disso o quê? Veio com algum motivo em mente? — perguntou, não parando mais. Eu desisti de tentar impedir.
— Queremos encontrar alguém. — sorriu, e eu confesso ter sentido calafrios. Será que foi porque tomei uns goles muito rápido sem parar? A bebida não era tão boa assim, afinal.
— Alguém em específico, tio? — dessa vez, foi Woosung, que pareceu não saber de nada também.
— Sim, mas agora, eu queria saber... — se virou brevemente para o palco vazio, analisando ao redor. — Que horas aquele cantor vai aparecer? Ele é bem famosinho, não? Tem algumas tatuagens...
— Ah, o Jungkook? Nossa, é ele quem o senhor procura? Uau, que sorte. — Woosung citou e eu e Taehyung nos entreolhamos. — Até estando longe o cara consegue ser procurado por aqui.
— Então, ele não veio? — questionou, pegando sua taça com seja lá a bebida forte que for, e eu vi o barista negar logo em seguida. — Oh, mas que azar.
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[JUNGKOOK]
Ouvi o som do meu celular tocando, e eu acordei de repente com a luz do dia vindo da janela da sala bem na minha face. Eu pisquei meus olhos fortemente por alguns segundos antes de me tocar sobre o que estava acontecendo.
Assim que os abri, me deparei deitado com as costas doloridas no sofá, desconfortável, mas acima de mim estava Jimin. Com a cabeça em meu peito e uma de suas mãos agarrada ao tecido da minha camiseta para que eu não saísse de perto, ele dormia.
O mesmo filme estava rodando, e acho que aquela já deveria ser a milésima vez que ele se repetiu quando pegamos no sono sem nem perceber durante a madrugada.
Alcancei o controle no braço do sofá praticamente atrás da minha cabeça e desliguei a televisão, quase tendo que fazer um malabarismo. Ficando impaciente com o meu celular tocando e sem poder me mexer muito, tentei levantar um pouco e esticar meu braço até a mesinha do centro.
Atendi logo de uma vez.
— Jungkook, finalmente! — era a voz de Yoongi sem sua paciência presente, me fazendo despertar rápido e quase dar um sobressalto no estofado se não estivesse com Jimin por cima, que começou a se mexer.
— Yoongi, meu Deus, o que aconteceu?! Tudo bem?! Como tá o Nam?! Vocês-
— Calma! — riu levemente, eu já estava com os meus olhos arregalados. — Estamos bem. Eu dormi aqui e estou saindo agora do hospital, tentei te ligar umas dez vezes mas você provavelmente estava dormindo mesmo, fico feliz que tenha descansado. Na verdade, eu quase virei a noite de preocupação.
— Ah, eu também... — suspirei. — E não só por conta do Namjoon... — falando mais pra mim do que para o Yoongi, encarei os olhinhos inchados de Park se abrirem.
— Ai meu Deus! — Jimin soltou, levantando rapidamente de cima de mim e tentando se endireitar no sofá, me encarando assustado quando notou toda a cena.
— Quem disse isso? — Yoongi perguntou do outro lado da linha e eu tentei me endireitar também, levantando com calma. — Isso não foi o Jimin, né? Não me diga que essa foi a voz dele ou que vocês-
— Não, cala a boca que nada aconteceu. — o cortei logo de cara. — Tive que cuidar um pouco dele, não queria deixar ele sozinho.
Jimin me encarou ainda com vergonha, mas prestava atenção em minhas palavras. Ele tentou arrumar seu próprio cabelo e de repente, ficou de pé.
— Vou no banheiro. — disse, caminhando de forma apressada.
— Você ao menos sabe onde é?! — perguntei mais alto, mas ele sequer me escutou, provavelmente tentando achar a porta, o que não era nada difícil por ser um apartamento padrão. Eu soltei uma breve risada. Gracinha.
— Tá me ouvindo, moleque?! — Yoongi me chamou, e eu voltei a ouvi-lo corretamente.
— Diga.
— Estão vendo sobre a cirurgia. Se vai adiantar alguma coisa ou se podem ter outra alternativa. — contou, sério.
— Como assim? Tem chances da cirurgia ser desnecessária? — franzi o cenho.
— É que... — ele suspirou. — Tem meses que ele está assim, o Namjoon reclama de você mas eu disse pra ele que ele também é bem teimoso. Ele poderia ter nos avisado desde o começo e também ao hospital, onde vivia fazendo exames até mesmo desnecessários.
— Eu tenho que ir falar com ele. — levantei do sofá, ficando de pé e começando a entrar em um pré momento de pânico. — Eu vou-
— Não, fique onde está! — avisou. — Namjoon me pediu pra cuidar de você enquanto ainda trabalha e também pediu ajuda ao Hoseok, ok? Por favor, não se preocupa, ele vai ficar bem. Eu garanto.
— Mas você não entendeu, eu preciso ver o hyung! Ele é importante pra mim, o que ele vai pensar da minha pessoa se eu sequer ir visitá-lo?! E se acontecer alguma coisa e eu estiver longe?!
— Namjoon também não quer que você o visite. — disse, e aquilo pareceu me desmanchar por completo. — Ele acha que pode piorar se ficar muito triste ou começar a chorar por sua causa.
— Ele... — funguei, sentindo meus olhos encherem aos pouquinhos involuntariamente só ao pensar na hipótese. — Ficaria triste ao me ver?
— Ele também não quer ficar longe de você e não quer te deixar sozinho nunca, Jungkook. — tentou explicar, suspirando. — Seu estado emocional vai piorar muito mais se ele te ver chorando ou pedindo desculpas pra ele na sala do hospital. — parou um pouco, e eu senti uma lágrima escapar. — O Namjoon chorou quando você saiu abatido de lá, ele nunca quis mostrar esse lado pra você. Sei que sempre o viu forte, mas ele via que você se tornava forte cada dia mais porque se espelhava nele.
Aquilo dói.
Eu solucei e percebi que estava chorando em silêncio.
— Ele nunca quis te ver triste ou preocupado. Assim como ele sempre tentou te parar de fazer algumas burradas e se sente culpado por talvez, ter te empurrado a estar com pessoas que não gostava, como a Sana, sabe?
— Hyung... — tentei limpar meus olhos, mas a vontade de chorar somente aumentava. Eu me sentia tão culpado.
— Mas ele só queria que você levasse uma vida boa e feliz, assim como que por incrível que pareça, também queria que você se apaixonasse. Porque se ele fosse embora, ele iria sem preocupações, ele... — parou, também parecendo abalado, sem conseguir continuar.
— Ele não vai, ele não vai, por favor... — neguei a todo custo. — Ele não pode, por favor, hyung...
— Vou voltar pra minha casa e te mando mensagem, tá bom? Quando estiver sozinho ou se quiser que eu vá agora pra aí, me diga, tudo bem? E... — respirou fundo através do telefonema. — Me perdoa por ter falado daquele jeito com você. Eu não quero que se compare ao monstro que foi o seu pai e que só você sabe disso. Eu nunca soube realmente da sua história, mas sei que ele foi um péssimo exemplo pra você. Me desculpa.
— T-Tá... — assenti com a cabeça. — Tá tudo bem, hyung... É melhor eu desligar. — acabei desligando por conta própria, sabendo que Yoongi também choraria de onde quer que ele estivesse me ligando, só também não queria demonstrar isso pra mim. Aquilo doía no fundo da minha alma, porque agora nada parecia ter solução.
— Jungkook... — ouvi a voz de Jimin e o encarei na minha frente, um pouco distante, com os meus olhos úmidos.
Eu neguei com a cabeça, tentando passar minha mão uma vez no rosto para tentar limpar tudo, porém vi Jimin caminhar em seus pés descalços até mim e me abraçar ao imediatamente envolver seus braços em meu pescoço, automaticamente me fazendo abraçar seu corpo quentinho também.
— Não é culpa sua, limãozinho. — ele acariciou o meu cabelo, e eu acabei chorando o que me restava. Novamente, era ele quem estava me acolhendo.
— É sim... Sempre foi... — apertei ele contra mim, o corpo quentinho que se moldou tão bem ao meu. — Eu sempre t-tive culpa.
— Não, para com isso. — afastou seu rosto e segurou o meu com as suas duas mãos. — Ei, você quer ir tomar um sorvete comigo? Ontem não conseguimos, mas hoje temos tempo o suficiente!
Eu assenti, fungando. Jimin levou seus dedinhos para a minha pele úmida e tentou limpar o que restava ali. Mas o parei, segurando suas mãozinhas.
— Desculpa. — fitei seus olhos de cores diferentes que lhe deixava tão único perto de qualquer outra pessoa. — Pedi pra não ser bom comigo, me desculpa de verdade.
— E eu disse que seria mesmo assim. — falou, livrando suas mãos das minhas e me dando um sorrisinho. — Por que você me pediria desculpas se você me ajudou no momento em que eu mais precisei de ajuda? — perguntou, dócil como era. — Na verdade, você já foi gentil comigo na primeiríssima vez que te vi. Como pode me pedir desculpas se já me estendeu a mão tantas vezes? Eu é que gostaria de te pedir desculpas por não te retribuir tanto quanto recebo.
Eu não sabia o que responder, ainda tentando controlar o meu choro que cessava. Também porque, eu acho que com a mesma mão que lhe estendi diversas vezes, acabei o empurrando de um penhasco cegamente.
Ambos cegos.
Ele só precisava enxergar isso também, para cair sem que eu pudesse sequer impedir. Porque o culpado seria eu.
Talvez eu nunca mais pudesse ouvir o Coradinho dizendo essas coisas pra mim.
Ou até chamá-lo desse jeito.
— Olha, vamos pra sorveteria do seu amigo e comemos lá, tá bom? — sugeriu, tentando me animar. — Vem cá. — ele pegou na minha mão de repente, me puxando uma única vez para parar no meio do caminho e me encarar um pouco surpreso.
Ele olhou pra mim e pras nossas mãos juntas em seguida. A retirou rápido.
— Desculpa, eu não deveria ter feito isso. — riu de nervoso, dando as costas para continuar.
Mas eu não deixei, pegando em seu braço e lhe puxando pra mim de uma forma que acabamos ficando perto demais um do outro. Tive que segurá-lo pela cintura com um braço só.
Encarei seus olhos, seu nariz, suas sardas, bochechas e depois desci para a boca em segundos. Jimin estava surpreso, mas talvez, agora eu só pensasse em...
— Jungkook, não faz isso, não... — me empurrou levemente com suas mãos em meu peito, me fazendo soltá-lo lentamente. Ele tentou não olhar pra mim. — Vamos só sair hoje, não quero morrer de vergonha assim.
— Tudo bem... — assenti, lhe vendo sair rapidinho de perto, indo apressado ao banheiro de novo.
Peguei no meu celular e suspirei, encontrando algumas mensagens pendentes desde o dia de ontem, além das vinte e cinco chamadas perdidas do Hoseok hyung. Provavelmente pra falar comigo sobre o Namjoon ou a boate.
Número desconhecido
| Aqui é a Jieun! 💖
| Sentiu saudades? Consegui seu número com algumas amigas!!!
[08:42]
Pelo amor de Deus... Eu não dei um fora nela?
Hyung Moranguinho
| Ele vai ficar bem, tá bom?
| Te amamos.
[13:12]
diz pra ele não ir embora nunca pf |
eu faço o que ele mandar, eu prometo |
não quero mais sair do apartamento tbm |
[13:22]
Eu ainda me sentia culpado.
Por inúmeros motivos.
Eu não era um bom melhor amigo.
Definitivamente demonstrava o pior significado de família pra ele.
Vai me dar dinheiro
| Espero que isso tenha feito parte do nosso acordo. Que você tenha um bom plano.
| Estou furioso com você, garoto. Pense bem e me avise antes de tomar qualquer atitude.
Vai literalmente se foder. Ignorei a mensagem. Eu deveria bloqueá-lo.
Fui para o meu quarto após pensar demais e somente desligar o meu celular, encontrando Jimin com meu guarda-roupa aberto e se assustando com a minha presença.
— Eu queria encontrar uma camiseta legal! — rapidamente soltou, pego no flagra. Ainda tentou se explicar: — É que eu vim pra cá sem nenhuma roupa além dessa, então-
— Pode pegar o que quiser. Já avisando que tenho mais roupas escuras ou xadrez do que nada, viu? — disse, me sentando na beira da cama e soltando um suspiro cansado.
— Certo, vou ver. — assentiu, voltando a fuxicar como o bom curioso que pareceu ser.
— Quer beber alguma coisa? Sei lá, pra distrair também. — foi uma ideia ruim, mas eu também queria muito esfriar a cabeça. Talvez o sorvete não fosse de grande ajuda. Ele me olhou, e eu já sabia que Jimin iria negar pela sua expressão.
— É que... — começou, parecendo desconcertado. — Eu não aconselho usar a bebida como uma válvula de escape. De coração, isso pode se tornar o seu maior problema.
— Desculpa, eu só queria ficar longe dos problemas um pouco. — expliquei, de cabeça baixa, não vendo nenhuma opção a não ser falar a verdade.
— Podemos tentar tomar um sorvete e conversar sobre algumas coisas boas. — disse. — Eu já... Quase me tornei alcoólatra por causa da minha ansiedade, Jungkook. É, eu me tornei, mas consegui sair dessa rápido.
Escutando, levantei o rosto e lhe encarei. Aquilo era novidade, não passaria pela minha cabeça.
— Acho que já falei pra você que não gosto de beber muito, mas nunca expliquei, né? Bom, basicamente, eu usava a bebida pra que eu não ficasse ansioso. Toda vez que eu estivesse em uma crise, ou até mesmo frustrado, eu bebia como louco, sabe? — contava. — Parei porque o Taehyung me ajudou muito. Hoje eu tento não beber pra evitar exageros, já que eu quase desmaiei uma vez e fui parar no hospital.
— É sério? Mas você não procura mais por isso quando fica ansioso, né? Tipo, nunca mais? De verdade? — sinceramente, quase soltei um questionário sobre o assunto.
— Não, nunca mais depois desse susto. Quase fui internado por conta disso. — sorriu. — Acho que eu só beberia muito de novo quando algo muito ruim acontecesse ou uma crise muito forte me atacasse. — ele riu assim que arregalei meus olhos quando ouvi tudo. — Brincadeira!
— Nem brinca, Jimin. — me levantei, ficando bem em sua frente e segurando levemente os seus braços. — Nunca mais fique perto de bebidas, tá bom? Eu prefiro que não corra nenhum risco.
— Tudo bem, eu disse que nunca mais vou fazer isso, calma... — piscou algumas vezes, aparentemente tímido. — Você... Se preocupa?
Aquela pergunta me fez pensar.
Por que eu me preocuparia com ele?
— Sim. — afirmei, sem pensar tanto.
O silêncio se sobressaiu novamente ao que ficamos nos olhando nos olhos. Era surreal a sensação de como se estivéssemos conectados de alguma forma.
Ou talvez a tensão forte do caralho que tínhamos.
— Posso voltar pra sua casa ainda hoje depois do nosso encontro? — ele perguntou, parecendo impulsivo também.
— Deve. Eu definitivamente não vou deixar você sozinho com o seu pai.
E assim, emprestei uma toalha nova para Jimin e depois que ele tomou seu banho, fui tomar o meu. Minhas roupas se resultaram em apenas preto, sem estampa alguma. E as de Jimin, — que na verdade eram minhas — em branco. No caso, ele pegou uma rara camiseta branca do meu guarda roupa e uma calça que se já era um pouco larga em mim, imagine nele. Pra finalizar, ele colocou a sua jaqueta jeans clara que veio até o apartamento ontem e um boné meu em sua cabeça.
Mas ficou fofo. Jimin estava realmente adorável e eu só decidi não dizer nada, porque não queria causar nenhum momento estranho, e dizer esse tipo de coisa não era do meu feitio.
Nós saímos e meu carro estava aqui. Provavelmente, Yoongi o trouxe após usá-lo.
— Que tipo de música você gosta? Conheço umas rádios maneiras. — mexi no som do carro enquanto estávamos sentados, Jimin não demorou muito pra responder.
— Adoro pop, mas sou fã de tudo que é romântico e lentinho, sabe? — eu o encarei com uma careta totalmente desagradável.
— Seu gosto é bem diferente do meu em praticamente tudo, tem noção disso?
— Que bom, pelo menos eu não sou chato e azedo. — cruzou seus braços ao meu lado, me provocando.
— Se quer saber, pense em um cara mais legal do que eu e falhe miseravelmente. — rebati, mas sua expressão não foi como eu esperava, ele realmente pensou.
— Hum, acho que o Woo-
— Nem fodendo que você vai citar o baristinha, Park Jimin. — cortei sua fala e fechei a cara, olhando pra ele, sério. De repente, Jimin somente riu da minha cara.
— Meu Deus, você é o pior! — colocou as mãozinhas na frente dos lábios e gargalhou da minha cara. Eu revirei os olhos e comecei a ligar o carro. — Precisava ver sua cara, céus! Pensei que eram amigos, mas se é assim, eu não quero ser seu amigo, não!
Apenas lhe ignorei e segui com o meu veículo, me segurando para não soltar um riso também e dar razão em suas palavras. Mas eu estava aliviado. Estava aliviado que Jimin estivesse bem agora.
Porque a cena em que o vi na frente de seu pai, eu esperava não vê-la tão cedo. Eu sabia que seria complicado, mas havia uma pontinha de esperança de que Jimin poderia se livrar de toda aquela maldade em breve.
E mesmo que quisesse, eu não seria a pessoa que o salvaria desse problema todo. Até porque, eu praticamente também me tornei um problema na sua vida. De vários modos.
A culpa é minha e sempre vai ser, não importa o que aconteça.
O sininho tocou, estávamos na sorveteria do Seokjin e a primeira coisa que vi foi ele atrás do balcão. Surpreso ao me ver entrando, e logo em seguida o Jimin, ele rapidamente saiu dali e caminhou rápido até nós, mesmo em frente aos clientes que tinha.
— Jungkook, menino, como você tá?! — me segurou pelos braços e me olhou de cima a baixo, preocupado.
— Desculpa pelas coisas que eu te disse sem pensar, hyung. — soltei, lembrando da nossa discussão passada. Jin me encarou.
— Ainda nisso? Pelo amor de Deus, eu já te desculpei, tem tantas outras coisas pra gente se preocupar e você me vem com essa! — falou, e então olhou para Park ao meu lado. — Oh, você é o...
— Jimin. — continuou. — Eu sou o Jimin, que também acompanhou o Jungkook no hospital ontem.
— E hoje vieram tomar um sorvete? Conversar? — ficou mais relaxado, mas mesmo assim, consegui ver sua preocupação. — Se quiserem, eu reservo alguma mesa mais sozinha pra vocês caso-
— Só viemos pra distrair, hyung. Não precisa se preocupar com nada, eu estou bem. — afirmei, lhe fazendo compreender. — Você parece apressado, precisa de ajuda aqui?
— Você me perguntando se eu preciso de ajuda no estabelecimento? Essa é nova. — riu um pouco, realmente surpreso. — Quem é esse Jungkook?
— Eu não sou tão ruim assim. — disse, mas ouvi um riso sendo preso de Jimin ao meu lado, e Jin virar o rosto para segurar um também. — Ei, é sério isso?!
— Certo, podem ir se sentar que logo estou indo! — acenou com a mão para irmos e deu as costas, indo até o balcão de atendimento.
Jimin deu o primeiro passo e eu o segui até uma mesinha de canto, percebendo que era a mesma que sentamos quando nos conhecemos pela primeira vez.
— Acho que tive uma lembrança rápida, será que já estivemos aqui antes? — brinquei ao me sentar na sua frente, Park sorriu, mas logo o desmanchou.
— Ah, é verdade, você me conheceu em um momento que eu estava horrível. — citou, mas eu neguei com a cabeça, não concordando.
— Olha, eu também não estava nos meus melhores dias. — recostei-me na cadeira, relaxado e dando de ombros enquanto começávamos a conversar abertamente.
— Tá mentindo, né? Você parecia brilhar, Jungkook. Tipo, você usava umas roupas cheias de atitude e estava lindo. — explicava rápido, como se estivesse apenas jogando tudo pra fora. Gostei do elogio. — Eu me lembro exatamente dessa cena e de como você estava porque foi ali que eu me apaix-
Jimin parou de repente, me encarando com uma expressão um pouco assustada.
— O que?
— N-Nada. — totalmente desconcertado de forma repentina, ele somente tirou os olhos de mim e pegou o cardápio desajeitadamente, começando a olhar aleatoriamente os tipos de sorvetes.
Eu não entendi. Ele falou alguma coisa errada? Não prestei atenção?
— Vou pedir Green Heaven.
— Não, você tomou ele com o barista. — virei a cara.
— Jungkook, você tá falando sério? — lhe encarei de volta, assentindo. — Eu vou pedir esse sim, para de graça.
— Aquela vez foi pra me provocar, então? — levantei as sobrancelhas.
— Por que tudo que eu faço tem que girar em torno de você? — rebateu, quase me dando um soco no estômago com as palavras.
— Acho que é você que tá bem azedinho hoje, hein, coradinho. — disse, percebendo suas respostinhas comigo. Ele sorriu, sacana.
— O que? Você já provou pra saber? — soltou uma risadinha, me fazendo cair no meu próprio feitiço. Eu ri, descrente. — Chega, vamos esperar seu amigo.
O sininho tocou de novo, hoje era um dia bom para Seokjin, pelo jeito. Eu gostava de vê-lo ocupado assim, apesar de quase nunca ter tempo pra mim. Ele tinha a Hanna, e precisava do trabalho pra poder sustentar a filha preciosa que tem. Gostaria de poder ajudar, mas não consigo nem comprar as coisas pra mim direito.
— Quando fez essa tatuagem? — apontou para o próprio pescoço, insinuando sobre a minha borboleta.
— Foi há alguns anos, Yoongi fez pra mim. Na verdade, todas as que eu tenho. — Jimin pareceu surpreso. — Ele é tatuador, caso não saiba.
— Sério?! Que legal, acha que eu me daria bem com uma tatuagem também? — curioso, me questionou.
— Você? Com essa cara de certinho? Pensei que não gostasse dessas coisas. — apontei pra ele, um tanto incrédulo.
— Ah, eu sempre quis fazer algo significativo e que não fosse tão aparente ou escancarado, sei lá, na costela? — deu de ombros, pensativo. Fiquei ainda mais desacreditado em suas palavras.
— No lugar mais doloroso possível?
— Um corpo é um corpo, talvez não seja tão doloroso pra mim. — disse, como se me desafiasse. Corajoso. — E eu acho muito bonito.
Não posso negar que seria interessante.
Se ele tivesse uma ali, por Deus...
— Mas e o significado da sua? Qual é?
— Gosto de borboletas, mas ao mesmo tempo as odeio. Uma única borboleta foi a minha terapia e a minha distração quando precisei. Apesar de sempre me lembrar de alguns momentos ruins. — dizia. — Sempre que eu ficava preso no meu quarto sozinho, ou quando eu... — parei, tentando não me afetar com lembranças. — Enfim, eu ficava olhando pro adesivo gigante de uma borboleta preta com algumas flores discretas nela na porta, parecia que a qualquer momento ela poderia voar e vir me ajudar. Mas eu era uma criança e aquilo era só um desenho.
— Eu sinto muito... — disse, e eu neguei com a cabeça como se não fosse nada. — Isso tem a ver com... — não continuou, mas eu sabia onde ele queria chegar.
— É, eu sei que disse que ele era legal, mas foi o que eu repeti na minha cabeça por anos pra não crescer com nenhum trauma e nem nada do tipo. — tentei rir um pouco, mesmo que forçado para quebrar o clima tenso. — Mas sim, uma boa parte de todo esse caos que vivi na infância foi por conta do meu pai.
— Só quero que saiba que não tem culpa, viu? — eu abaixei a cabeça, forçando mais um sorriso. — Você era só uma criança, tá?
— Não se preocupe com isso, e eu também prefiro não lembrar de nada. — respondi. O fato de não ser minha culpa ainda não me convencia. Pra mim, talvez eu tenha merecido.
— Espera! O senhor se chama Sangwoo, certo? Pode me dizer seu sobrenome? — era a voz do outro atendente da sorveteria, quase bem atrás de nós. No caso, de mim que estive de costas.
Jimin parecia analisar a cena curioso. Eu, continuei parado onde estava. Fiquei arrepiado e minha respiração quase falhou. Por mais que não houvesse mais nada a temer com o assunto, eu tentei respirar fundo.
— Desculpem a demora e essa gritaria, o Baek nem pegou o nome do cliente gente boa e teve que fazer esse escândalo antes que ele fosse se sentar. O que vocês vão querer? — Jin apareceu ao nosso lado.
— Green Heaven. Para os dois. — Jimin sorria ao dizer, e Seokjin não pareceu sequer anotar por já ter em mente, somente voltando numa boa para onde estava. — Pronto, agora vamos comer o mesmo sor-
Então, ele parou de falar, me notando ainda parado, sem dizer nada bem em sua frente e provavelmente sem expressão nenhuma.
— Jungkook?
— Oi? — pareci sair de um transe, finalmente olhando em seus olhinhos. — Desculpa, eu... É que eu ouvi... Esquece. — neguei com a cabeça, afastando os pensamentos ruins que cercaram a minha mente. Foi inevitável, mas eu tinha que deixar tudo no passado.
Por mais que ainda me machucasse.
— Não, eu quero que fale. — Park pareceu decidido ao me fitar com uma cara séria. — De repente, você simplesmente parece paralisar. Aconteceu alguma coisa? Parecia tão estranho...
— Eu? — franzi o cenho. — Fiquei tão imerso assim?
— Ficou. — assentiu com a cabeça. — Eu falei alguma coisa? Seus olhos nem piscavam e você parecia nem respirar direito.
— Não é nada de tão importante. — neguei, suspirando e recostando na cadeira como da outra vez, tentando estar o mais confortável possível de novo. — Talvez seja só por conta do que ouvi mesmo. Mas não é nada relevante e nem veio de você. Relaxa.
— O que você ouviu, então? Vai que eu ouvi tamb-
— Sangwoo. — falei, nada alto, mas claro o suficiente para que Jimin pudesse me ouvir. Não gostava de ditar nem na voz. Ele não pareceu compreender. — Deve haver muita gente com esse nome por aqui, na verdade. Foi só um sustinho.
— Sim, se eu ouvi direito, agora há pouco entrou um homem com esse nome aqui. Ele deve ter sentado longe da gente. Por que?
— É o nome do meu pai. — revelei, soltando um suspiro de novo, me controlando. — E eu odeio esse nome.
💸
[JIMIN]
Acabei pegando o contato de Yoongi. Ele me disse, por mensagens, como Namjoon estava. Após chegar com Jungkook no apartamento, eu decidi dizê-lo que tinha um compromisso importante.
Que iria voltar pra casa ou falar brevemente com Taehyung, aliás, lhe mandei uma mensagem rápida dizendo que poderíamos conversar amanhã em sua casa.
Mas na realidade, eu estava indo ao hospital ver Namjoon. Eu sabia que Jungkook não podia e nem sequer aguentaria, então Yoongi aceitou minha decisão de ir ver como ele estava também.
O dia havia sido aceitável. Eu me esqueci e ignorei o quanto meu pai me chamou, nada do que ele digitou me atingiu e Jungkook me fez rir em inúmeras partes deste único dia. Por coisas bobas também. Tomamos seu sorvete favorito, ele quase deixou derreter após tagarelar sobre algum momento que passou mico, e eu ria das reações que ele tinha quando eu começava a provocá-lo propositalmente.
Assim que pisei naquele hospital, respirei fundo algumas vezes antes de pedir para que me levassem até onde o melhor amigo e companheiro de apartamento de Jungkook estava repousando. Eu nem sequer sabia se podia.
Foi então que quando vi, já estava batendo na porta. Dei dois toquinhos, antes de abri-la e avistar Namjoon me encarando de imediato, com o dono da sorveteria ao lado.
— Oh, Jimin? — surpreso, Jin questionou.
— Oi. — disse, tímido. — Eu vim ver como... Você está. — encarei o acamado e ele apontou para si mesmo.
— Jungkook pediu pra você vir? — Namjoon perguntou, curioso. Eu neguei com a cabeça, logo entrando e fechando calmamente a porta do quarto.
— Eu vou ficar do lado de fora, volto assim que terminarem, tá bom? — Jin dizia de forma gentil, me dando um olhar generoso e se levantando da cadeira ao lado da cama onde estava sentado. Assim, ele saiu. Parecia cansado também.
— Pode se sentar. — se endireitou na cama e eu assenti ao que ele me disse, me sentando no mesmo lugar onde Jin estava. — Fiquei curioso agora.
— O Jungkook te ama muito, e eu sei bem como é porque eu reagiria da mesma forma se algo acontecesse com o Taehyung, meu melhor amigo. — expliquei. — Vim aqui porque acabei me envolvendo com o Jungkook de certa forma, e também fiquei preocupado com a sua situação. Eu sou literalmente uma pessoa ansiosa, então eu acho que ficaria inquieto se não viesse.
— Gosta do Jungkook? — perguntou de forma repentina. Eu travei um pouco.
Assenti com a cabeça.
Ele soltou um suspiro.
— Certo, e ele é bom com você? Falo da relação atual de vocês como colegas, amigos ou qualquer coisa do tipo.
— Sim, hoje por exemplo foi um dia muito bom. Nós saímos juntos, tomamos sorvete na onde o homem que estava aqui trabalha, o Jin, e ontem ele até me defendeu. — falei.
— Defendeu?
— Sim, eu tenho uma relação difícil com o meu pai porque ele não me aceita, e meio que o Jungkook me defendeu dele ontem e me levou pro apartamento de vocês. Desde então, eu estou com ele lá. Espero que isso não seja um incômodo pra você...
— Não, de jeito nenhum. — negou de imediato, abrindo um leve sorriso em seu rosto em seguida. — Eu nem acredito nisso, na verdade.
— Como assim?
— O Jungkook não costuma confiar em ninguém. Mas me parece que você é bastante confiável pra ele. — disse.
— Acho que posso imaginar os motivos... — cocei a cabeça. — Mas você está bem?
— Sim, estou. — respondeu, com uma expressão serena. — Mas quero saber mais. Me diz, de que modo você imagina os motivos que Jungkook tem pra não confiar nas pessoas?
— Ah, ele me falou sobre ter tido problemas com o pai. Mas foi bem por cima e eu prefiro não arrancar nada dele, até porque não nos conhecemos há anos e nem nada do tipo pra que ele pudesse me contar sobre tudo tão abertamente. — falei, sendo sincero ao meu máximo. — E parece que ninguém sabe ao certo os detalhes do que ele passou, acho que ele não compartilha.
— Na verdade, eu sei. — revelou, respirando fundo antes de continuar. — Eu sou a única pessoa que sabe de todo o passado do Jungkook. Aliás, preciso contar pelo menos por cima pro Yoongi e o Jin também, porque Jungkook iria querer isso, mas ele nunca saberia tocar nesse assunto de novo, acho que nem pra você, por isso ele não entra em detalhes. Mexe muito com ele, sabe?
— Oh... — compreendi. — Parece ter sido grave. Eu entendo, também tenho muitos problemas com o meu pai. Ele sempre foi muito controlador.
— Eu não considero o pai do Jungkook uma pessoa controladora. — abaixou a cabeça, parando um pouco somente para voltar a olhar pra mim. — Ele é doente, Jimin. Não sei como ele não foi preso ou... — soltou o ar, ficando apreensivo. — Desculpa, é que eu também o odeio. Jungkook teria crescido de outra forma se não fosse por conta desse infeliz. Ele cresceu com tanto ódio... E por mais que eu estivesse com ele, ou o Yoongi, o Jin... Ele sempre me parecia sozinho, desolado, cometendo os mesmos erros, de novo e de novo.
— Mas ele nunca esteve, né? — questionei, sentindo meu coração apertar. — E agora ele não está mesmo, porque eu tô aqui pra pegar no pé dele também. Posso ter entrado do nada na vida dele e na de vocês, mas garanto que hoje já fiz o Jungkook rir um pouco. — sorri.
— Você é realmente um anjo, obrigado por isso. — me agradeceu e eu assenti.
— O Jungkook... — parei, sem certeza de que eu poderia falar sobre isso. — Eu nem sei se posso contar, mas... Ele me disse que era bissexual. Também me falou que eu sou a primeira pessoa a saber.
— Nossa. — levantou as sobrancelhas, surpreso. — Realmente acredito que você seja. O Jungkook já chegou pra conversar comigo sobre esse assunto recentemente, mas pensei que fosse balela.
— Ninguém desconfia disso?
— Como iriam? — rebateu a pergunta, agindo com sinceridade. — Desculpa dizer, mas como iriam desconfiar se o Jungkook sempre exibiu que pegava várias mulheres? Mas conhecendo ele e pelo que ele anda passando, sabia que estava me escondendo alguma coisa.
— Entendi. — desviei o olhar pra baixo, me sentindo um pouco desconfortável com o assunto. Acho que o Jungkook é bem experiente, e pensar nisso me deixava frustrado.
Ou com ciúmes.
— Jimin. — me chamou, eu lhe encarei. — Eu sei que ele erra muito, e que vai ter uma hora que você vai querer deixá-lo. Mas enquanto está aqui e eu não posso cuidar dele assim, cuide dele pra mim. Sei que ele também está cuidando de você do jeito desengonçado dele, mas é porque ele nunca soube a sensação de ser cuidado. Eu tentei, mas sei que sou um pouco duro com ele às vezes também.
— Por que eu iria querer deixar o Jungkook? Ele é uma pessoa incrível comigo, consigo perceber mesmo que ele seja diferente do que eu estou acostumado.
— Ah... É complicado. — pensou um pouco, incerto e inseguro também. Havia alguma coisa que eu não sabia?
— Tudo bem, eu cuido dele. — concordei. — E talvez... Ele me conte um dia sobre o passado dele, caso a gente consiga mais intimidade.
— Acho difícil, mas defender você foi um avanço muito grande.
— Hum... Namjoon, eu posso te pedir uma coisa? — questionei, quase pidão o suficiente pra que ele não negasse.
— Claro, desde que não seja algo que eu tenha que sair dessa cama. — riu.
— Fica bem logo, por favorzinho. — pedi, com o coração ainda apertado. — O Jungkook fica tão preocupado e ele quase não dormiu direito na noite passada. Eu disse que precisava assistir um filme pra pegar no sono mas na verdade, eu queria que ele dormisse.
Ele sorriu pra mim, talvez aliviado.
— Se ele está com você, acho que não preciso me preocupar, então.
💸
Quando peguei o táxi, fui pensando no quanto Namjoon parecia ser alguém realmente bom como ser humano. E toda vez que eu falava sobre Jungkook, ele prestava bastante atenção. Era como se soubesse todos os pontos fortes e fracos do Jeon, assim como Taehyung sabe dos meus.
Eu me preocupei quando ele falou que Jungkook não sabia o que era ser cuidado. A sensação boa de quando cuidavam de você com carinho.
Odiava saber que Jungkook havia estado com muitas mulheres, mas também pensava que ele nunca havia amado nenhuma delas. O que me deixava triste da mesma forma, porque talvez ele nunca tenha conhecido o que é o amor.
Pra marcar em sua pele, aquela borboleta deveria ter um significado muito importante em sua vida. Ou a forma como ele deixa seus cabelos com as mechinhas verdes, a guitarra esverdeada e outros de seus pertences nesta mesma cor.
Quando eu estudava, minha mochila também era verde. E um dos meus olhos é esverdeado.
Mas eu só sou um iludido paranóico.
Jungkook tinha muitas tatuagens, na realidade, e foi curioso saber que Yoongi trabalhava com isso. Também quis fazer uma, elas deixavam a pessoa ainda mais atraente do que já era. O Jeon gostava de usar casacos ou jaquetas, mas quando ficava somente de camiseta, suas tatuagens pelo braço ficavam tão bonitas expostas que eu mal conseguia ter olhos para outro local.
A não ser o seu rosto, claro.
Porque Jungkook era o homem mais bonito que eu já vi.
Pena que eu não me achava tudo isso pra ele.
Paguei e agradeci ao motorista, saindo do carro e entrando no prédio praticamente vazio. Eu subi de elevador, logo adentrando o corredor do apartamento e pegando alguma das chaves reservas que Jungkook me emprestou.
Assim que abri a porta, a sala estava vazia e eu escutava uma música baixinha que ainda não havia decifrado. Larguei meus sapatos organizadamente e ao dar mais alguns passos, pude perceber a mesinha de centro com vários potinhos de cerâmica branca — ramekin — com comida, como arroz, kimchi e outros. Mas o principal: Tteokbokki. Céus, fazia muito tempo que eu não comia isso! Me aproximei.
A mesa estava tão bonitinha...
— Eu não sei se sou muito bom na cozinha, mas... — levantei meu rosto e avistei Jungkook praticamente ao outro lado da sala, realmente incerto. — Pelo menos o tteokbokki tá maneiro porque eu pedi. Acabou de ser feito.
Ele mexia em seu cabelo, com uma roupa confortável de estar em casa. Observei seu braço levantando até sua cabeça e suas tatuagens expostas, e como eu havia dito, Jungkook ficava mil vezes mais atraente as mostrando desse jeito.
Seu cabelo estava metade preso em um coque pequeno atrás, e eu poderia jurar que ele parecia ter se esforçado pra organizar tudo isso sozinho. E eu nem sabia o por quê.
— Foi mal, sou mó idiota, não sei fazer essas coisas mas eu queria te agradecer pelos abraços e tudo mais. — sorriu de nervoso. Ah...
Eu definitivamente me apaixonei por Jeon Jungkook. E quando caminhei em meus pés em sua direção, soube que o que eu estava prestes a fazer poderia ser loucura.
Quando cheguei perto o suficiente, encarei bem o seu rosto. Ele não disse nada, provavelmente confuso com a minha aproximação repentina. Mirei em seus lábios, automaticamente para o piercing.
E sem pensar muito, pousei minhas mãozinhas em seus ombros e me inclinei um pouco pra cima. Por fim, eu beijei Jungkook. Foi mais como um selinho, na verdade. Mas a minha reação em seguida foi como tomar um grande susto.
Jesus. Eu pareci uma criança.
Meu Deus!
Meu santo Deus!
O que eu fiz?!
Eu beijei um cara pela primeira vez.
Não, certo, aquilo nem foi um beijo!
Me afastei rápido.
— Desculpa, nossa, me desculpa! — pedi, me arrependendo completamente. Jungkook continuou raciocinando no lugar. — Certo, vamos comer logo!
Neguei com a cabeça e estive prestes a me virar, com vergonha de olhar pra ele e o rosto provavelmente parecendo um pimentão.
Mas Jungkook me pegou, desta vez, segurando a minha mão. Eu me virei, encarando ele.
— Por que fez isso? — perguntou em confusão, se aproximando de mim, sem me soltar.
— A-Ah, é q-que... — A verdade era que minha vontade não havia sido de lhe dar um selinho. Quando senti seus lábios nos meus, se eu pudesse, ficaria ali mesmo. Mas... — B-Bom, foi impulsivo, v-você-
Ele sorriu pra mim.
De repente, Jungkook abriu um sorriso pra mim. Mas não o cafajeste que sempre fazia, era outro.
— Que carinha linda que você faz... — levou a mão livre para a minha bochecha. — Você não deveria ter me dado esse beijinho fofo, Jimin.
— N-Não? — gaguejei de novo, me encolhendo um pouquinho de pura vergonha. — Desculpa, e-eu não deveria-
— Porque agora eu fiquei com vontade de te beijar de verdade... — Jungkook soltou, ficando sério comigo. Senti um friozinho no estômago. — E agora você não pode fugir de mim, coradinho.
[Anotação diária: Jungkook]
💸
⚠️⚠️⚠️ GENTE AQUI!!!!!
Vocês já conheceram a minha fanfic Mercúrio?! Se sim, ou mesmo se não...
EU VOU LANÇAR UM LIVRO FÍSICO!!!! SIM!!! Eu tô muito feliz, depois de um tempo resolvi arriscar e fui muito bem recebida na Editora Mikrokosmos!!! E tbm quero mto saber quem se interessaria, me dediquei hein!!! 🥺🥺🥺💖💖💖
Eu já deveria ter contado, mas pensei que teria que guardar segredo ainda. Mas não, esse fim de mês ou no mês que vem já vou poder atualizar vocês sobre o livro e tudo!!! Vai ser muito importante pra mim, e pode até abrir portas pra futuros outros livritos hmm 😛
Contudo, sobre hoje, o que acharam do capítulo? Desculpem qualquer erro, FINALMENTE NO PRÓXIMO A PAZ E A BOIOLICE DOS LEITORES VENCERÁ?
Vocês tem... teorias?
Até breve e usem a tag #JiminCoradinho que vejo tudo! 💚
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