Capítulo sem título 112
Maddy POV
— Eu não acho que seria uma boa ideia você comer isso vivo — disse rindo e vendo o Shawn querer colocar uma lula viva na boca.
— Não acho uma má ideia — disse colocando um dos tentáculos garganta abaixo enquanto fazia uma cara esquisita. — É meio borrachudo e tem um leve gosto de nada — riu.
Sorri da situação enquanto observávamos a lua sobressair da água do mar. O restaurante no píer não era nada mal e o Shawn fez questão de pedir que reservassem essa área apenas para nós, sem visitas inesperadas de paparazzis.
Enquanto pensava em como fazer para terminar meu prato de sushis, o Shawn pediu a conta e disse que a próxima parada seria surpresa. Peguei minha bolsa e saímos do restaurante e o Shawn gastou seu italiano dando bonasera para o garçom que abrira a porta para nós.
O ar da Itália era quente e úmido me fazendo lembrar das noites de adrenalina que vivemos há não muitos anos. O cheiro do sal na pele era o que eu precisava para ter a certeza que estava viva e vivendo esse momento. Entramos no carro e percorremos uma estrada beirando um penhasco e me fez lembrar das noites de rachas ilegais, por sorte, essa estrada dava para a casa que alugamos só para a lua de mel, e não para um perigo eminente.
— Você quer a surpresa número 1 ou a 2? — Shawn perguntou com um sorriso travesso nos lábios enquanto estacionava o carro na grande casa que tomava conta de quase o monte inteiro.
— Qual diferença faz se eu escolher sabendo que ambas são surpresas? — respondi com outra pergunta.
— Bom, uma é para vida inteira, quer dizer, espero que nossos filhos mantenham intacta a vida inteira. E a segunda é aqui e agora.
— Então eu escolho o para vida inteira — disse enquanto saíamos do carro em direção a fachada da casa quando o Shawn colocou seu braço sobre o meu ombro me puxando para mais perto.
— Essa casa é nossa.
Me afastei encarando seu rosto. Sem acreditar no que dizia.
— Eu percebi o quanto você havia ficado fascinada com a casa e depois percebi o quanto seria incrível passar todos os verões nela, enquanto nossos filhos brincam no quintal e na preocupação que teríamos para que eles não passassem da cerca e fossem em direção a praia sem nossa permisão. — sorri enquanto observava o Shawn criar uma vida nessa casa e o abracei. — O que me diz? — perguntou.
— Eu acho que eles não seriam capazes de se livrarem da casa com todas as memórias que criaremos para eles. Agora eu quero saber da segunda. — disse e deixei que ele me levasse até a sala de estar com alguns petiscos e vinho.
— Aceitaria uma dança comigo, Sra. Mendes? — perguntou enquanto estendia sua mão em minha direção.
Aceitei sem responde-lo e permiti que me guiasse pela sala iluminada por velinhas amarelas em nossa volta. Cada movimento, cada volta e a cada passo que eu dava era um imã que me fazia querer mais. Dizem que não conseguimos tocar de fato a pele de um ser vivo porque se cria uma barreira de elétrons que repulsam os elétrons de outras pessoas. Mas isso? Estava longe de ser uma repulsão, muito pelo contrário. Cada célula minha pedia por mais e mais.
De repente não estávamos mais dando voltas suaves pela sala, mas enrolados em no outro e deixando que nossos corpos se tornassem um só. Ardendo como as velinhas na sala e suando como a taça de vinho gelada que deixamos sobre a mesa. Enquanto nossos corpos se movimentavam junto a música, minha cabeça viajava por cada momento que vivemos, cada perda e conquista. Toques e mais toques. Esse era o final, ou pelo menos o final da nossa antiga vida. Cada vez nos tornando mais rápidos e ansiosos pelo momento que explodiríamos. Agora não havia mais escapatória, um medo na esquina ou até mesmo o medo de expressarmos nossos sentimentos a qualquer momento. Existe apenas nós nos movimentando e grudados como agora, sempre constantes e sem pressa.
— Eu a amo, Maddy, demais. — afirmou enquanto me tomava como sua e selava nossos lábios como uma assinatura de um contrato eterno.
— Eu amo você, Shawn, e repetiria mais mil vezes se fosse preciso.
E, assim, deixamos nossos corpos explodirem em um milhão de pedacinhos enquanto sentíamos a adrenalina juntar todos os milhões de pedaços de volta.
{...}
Os invernos passaram frios e preguiçosos se arrastando pela casa gelada enquanto nossa família se aninhava na lareira e a decoração de Natal já na metade de um janeiro, e acabou virando uma tradição deixá-los lá até o fim do primeiro mês do ano. Levamos o Dylan no primeiro dia de aula assim como vimos o Mark entrar na faculdade, Princeton que se preparasse para um incrível engenheiro, e não me surpreenderia se a Audrey seguisse os passos do Shawn. Não preciso nem contar a reação do Shawn, do Dylan e do Mark quando a Audrey começou a namorar. Os verões na casa de praia na Itália era a atração que mais esperávamos no ano inteiro. Os momentos se tornaram inesquecíveis igual aquele que eu e o Shawn tivemos há anos na nossa lua de mel, e que prometemos proporcionar os mesmos para nossos filhos. Eles com toda certeza nunca se livrariam da casa. Tivemos cuidado para que nossos filhos crescessem vendo nós nos amarmos e nos respeitarmos e isso nos poupou dramas amorosos, muito pelo contrário, nos proporcionou noras e um genro maravilhoso, assim como netos incrivelmente talentosos e estáveis emocionalmente.
Agora, sentados em cadeiras na praia e beirando nossos setenta anos, uma retrospectiva de nossas vidas passava em diante dos nossos olhos. Somos isso aqui e agora e seremos eternamente, apenas um.
— Shawn.
— Sim, Sra, Mendes? - disse me olhando.
Parei para encarar as rugas no canto dos olhos e no mesmo corte de cabelo de anos com uns fios grisalhos.
— Eu amo você e eu repetiria mais mil vezes se fosse preciso. Obrigada por cada momento, meu bem. Foram os melhores de toda a minha vida. — ele sorriu e me beijou demoradamente como em um livro que seria eternizado.
{...}
Agradecimentos.
Agradeço aos meus queridos leitores que chegaram até aqui com muita paciência e por terem visto o final de uma história comigo. Guardo cada visualização com muito amor e cuidado, assim como cada comentário. Agradeço de todo meu coração, de verdade.
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