Capítulo 92

Shawn P.O.V

  Fazia um tempo que eu não dormia direito, não era pelo fato do bebê ter suas necessidades, mas pela minha consciência que pesava por uma coisa. A Maddy era sim um problema, não ruim, mas o suficiente para que eu sentisse a culpa de não poder resolvê-lo. A pior coisa do mundo é sentir e ver as pessoas se distanciando de você, era assim que eu me via agora. Distante de tudo e de todos, não era escolha deles e sim minha de me afastar. Foi minha escolha passar aquele tempo todo com a Elizabeth em busca de informações inúteis.

  Tomei um banho e coloquei roupas limpas, desci encontrando todo mundo com uma cara de aflição, sabia porquê. Nenhum deles sabia como a Maddy estava, nem mesmo a Lydia ou a Cloe. A mãe da Maddy achou melhor que nenhum deles a visitasse por motivos que nem mesmo ela sabia. Suspirei e fui até a cozinha, coloquei o dobro do café que tomo normalmente e saí pela porta dos fundos sentando no sofá que ficava sobre a plataforma de madeira.

  Nem mesmo podia se ouvir os grilos que frequentemente cantavam, estava tudo tão calado. Ouvi a porta sendo aberta e um tufo de cabelos loiros saírem de lá. A Cloe veio na minha direção e sentou do meu lado.

— Como se sente? — perguntou.

— Cansado. — respondi e tomei um gole daquele líquido escuro.

— Imaginava. — falou pensativa. — A Maddy está bem? — perguntou.

— Mais afiada com suas ironias. — falei ouvindo a mesma rir.

— Típico da Maddy Campbell.

  A Cloe parecia querer dizer algo, mas a mesma se repreendia quando pensava nessa possibilidade.

— Quer dizer alguma coisa? — perguntei a olhando.

— Shawn, é complicado. — falou tocando no meu joelho. — A Maddy me fez prometer. — assenti.

— Tudo bem, eu preciso ir. — falei levantando. Andei até a porta quando a mesma me chamou.

— Shawn escuta. — suspirou. — A Maddy iria resolver o que quer que ela tivesse com o Henry, ela conseguiu informações em menos de cinco minutos onde você demorou meses. O que parece que só aumentou sua raiva mais ainda, ela sabia o tempo todo que a Elizabeth tinha sido mandada para manipular você. Isso daria uma chance do Henry voltar com ela, pelo menos era isso que ele achava. — disse e colocou uma mecha de seu cabelo atrás da orelha. — Assim como ela sabia o tempo todo que você a traía.

— Se ela sabia disso tudo, por que não me alertou? — perguntei boquiaberto.

— Porque ela confiava em você o suficiente para saber que você não aceitaria uma proposta daquelas. Talvez o único erro dela tenho sido esse, confiar demais nas pessoas. Principalmente naquelas que ela mais amava. Mas ela queria ouvir isso saindo da sua boca, dizer que a traía, ela foi boa demais de ter se controlado para não encher sua cara de tapas. Ela pretendia te contar, caso se você tivesse não aceitado a proposta. — disse e passou por mim dando duas batidas leves no meu ombro.

— Ela sabia... — sussurrei pensativo.

  Deixei a caneca de café, ainda pela metade, em cima do balcão e peguei minha jaqueta saindo de casa. Parei em um supermercado e comprei chocolates para Maddy.

  Cheguei no hospital e vi a Madelim e a Lydia entrando no quarto da Maddy.

— Podem volta para casa e descansar, eu fico com ela. — falei.

— Obrigada, Shawn. — sorriu a Madelim sem mostrar os dentes. — Voltarei pela manhã. — disse e deram meia volta saindo do hospital.

  Segui até seu quarto, mas fui barrado por dois enfermeiros.

— Você é... - disse olhando em sua prancheta. — Shawn Mendes, certo? — assenti. — O médico legista pediu para lhe chamar.

  Dei uma breve olhada pela janela que dava para o quarto da Maddy e a mesma mexia em seu celular. Assenti novamente e segui os enfermeiros.

[...]

  O lugar literalmente tinha odor de morte e álcool setenta. Era escuro, e a iluminação em alguns pontos era fluorescentes, o médico legista estava de costas quando eu entrei.

— Shawn! — exclamou calorosamente. — Ou você prefere morto-vivo? — perguntou com um sorriso branco. Continuei com uma expressão séria sem saber com quem eu falava, ou melhor, encarava.

— Quem é você? — perguntei.

— É, provavelmente você não lembra de mim, mas me chamo Victor, Collen Victor. — disse e andou até um corpo coberto por um lençol em nossa frente. — A propósito... — disse fazendo um gesto com a mão para que os enfermeiros saíssem. — Eu comandava o racha onde a rainha do racha ganhou. — sorriu. — Mas enfim, há pouco tempo me entregaram esse corpo. — disse e levantou o lençol.

  O corpo já não tinha mais sua cor natural. Cortes bem feitos mostravam um oco que haviam no seu interior, todos os órgãos estavam sobre um balança onde o legista analisava e anotava em sua prancheta. Fechei os olhos e suspirei, mas a cada respirada eu sentia que minhas narinas enchiam de resíduos de morte. A pessoa era a Elizabeth.

— Achei que já tinham a cremado. — disse.

— Uma coisa que eu achei estranho é que no obituário dela diz que foi infecção pós-parto e perda extrema de sangue. — falou sem dar bola para que eu dissera. — Mas esse buraco na sua cabeça diz o contrário. — falou afastando o cabelo perto de sua nuca. — Ela foi assassinada. Tentamos entrar em contado com a família dela, mas ninguém atendia então resolvemos chamar quem estava com ela na hora do parto...

[...]

  Depois do que ele me disse nem deixei o mesmo terminar de falar, saí de centro legístico cambaleando. Eu me considerava uma pessoa que estômago firme, mas isso, com certeza foi uma prova de fogo.

  Quem a matou?

  Era a pergunta que dominava a minha mente. Voltei até o quarto da Maddy, a mesma tinha acabado de bloquear o ecrã do seu celular e afofava seus travesseiros para dormir.

— Você demorou, trouxe meus chocolates? — perguntou com os olhos arregalados.

— Sim. — disse colocando a sacola em sua maca.

— Obrigada, Shawn. — sorriu amarelo.

— Tudo bem. — disse tentando esconder o choque que acabara de levar.

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