Maddy P.O.V

  Enquanto segurava o pequeno ele abrira brevemente os olhos. Eles eram da mesma cor dos do Shawn. Senti um cheiro vindo do mesmo.

— Eu acho que ele fez cocô. — disse a Cloe tapando o nariz.

  Inclinei o bebê para que ela pudesse pegá-lo, mas ela pôs suas duas mãos o afastando.

— Você sabe trocar fraldas melhor que eu. — disse pegando sua taça que estava em cima da mesinha. — As coisas dele estão no quarto do Shawn.

— Você me paga, Cloe. — falei levantando.

— Boa sorte. — me deu uma piscadela e um sorriso sem mostrar os dentes.

  Saí da sala e notei que a Anne me olhava, subi as escadas e olhei de relance para ela. Minhas intuições sempre estão certas, lhe lancei um sorriso de escárnio e subi as escadas de uma vez. Me dirigi ao quarto do Shawn e abri a porta. O Shawn simplesmente havia sumido depois que dera o bebê a Cloe, talvez estivesse aqui, não queria ser atrevida entrando de uma vez.

  Abri a porta por completo e não encontrei o Shawn no seu quarto. Vi coisas espalhadas sobre a cama, roupas do bebê, fraldas, brinquedos e várias outras coisas desnecessárias para uma criança que nem tinha uma semana direito. Eu ri daquilo.

— Seu pai com toda certeza não faz ideia de como cuidar de você. — disse olhando o pequeno.

  Depois da fralda trocada, peguei-o no colo e ele começou a chorar de novo.

— O que você tem? — o olhei. — Provavelmente você está com fome.

  Coloquei-o no pequeno berço e fui olhar o que havia em meio aquela bagunça toda. Leites industrializados, integrais e um galão de leite, literalmente um galão de leite, que por acaso, deveria estar dentro da geladeira. Ele precisa de leite materno.

  De repente ele parou de chorar, mas eu nem notara que talvez ele pudesse estar em perigo. Olhei para trás e vi o Henry que segurava o pequeno nos braços e fazia um "shi" para acalmá-lo.

— Maddy, Maddy, Maddy... esperava que você fosse mais competente. — disse olhando o bebê.

— O que você está dando a ele? — perguntei tentando manter a calma.

— Leite. — disse e me olhou. — Você acha que eu mataria meu próprio filho? — perguntou com ironia.

  Franzi as sobrancelhas tentando juntar as peças daquele gigantesco quebra-cabeça. Sabia que a Elizabeth trabalhava com ele, mas não sabia que tinha outros meios de relações com o mesmo.

— Agora chega de brincadeiras. Vou levá-lo comigo. — disse colocando a mamadeira no criado-mudo.

— Ele não é seu filho. — disse convicta.

— E por acaso seria seu? — disse me olhando com um sorriso maligno nos lábios. — Diga ao Shawn que ele não parece nada com ele. — falou olhando para o bebê de volta.

— Se você o levar, sabe que o Shawn vai te caçar pelo resto de sua vida, não sabe? — perguntei me aproximando com passos lentos.

— Não se atreva a dar mais um passo sequer. — falou sacando uma arma de seu quadril.

Shawn P.O.V

— Cadê o bebê? — perguntei para Cloe que colocava mais vinho em sua taça.

— Está com a Maddy. — suspirei. — Não se preocupa, ela está lá em cima trocando a fralda dele. — disse tocando em meu ombro. Assenti e subi as escadas, ouvi ela falar com uma pessoa e presumi que fosse com o bebê, mas quando abri a porta, não era bem isso que a realidade mostrara.

  O Henry acabara de colocar o bebê no berço enquanto apontava uma arma para a Maddy. Desci as escadas as pressas e chamei o Aaron para me ajudar.

— Ele está armado? — perguntou enquanto terminava de subir as escadas, assenti. — No meu quarto tem uma, vou pegá-la, espere um segundo e não faça nada que eu faria. — falou indo em direção ao seu quarto vagarosamente, já que o mesmo ficava quase em frente ao meu.

  Fui até a porta do meu quarto e observava cada passo que o Henry fazia. Ele parecia ameaçá-la enquanto a mesma tentava apaziguar a situação. Era estranho, ela não teria esse comportamento se tivesse uma arma na mão, talvez fosse disso que ela precisasse. Logo o Aaron voltou com a suposta arma destravada.

  Não esperei ele nem me entregá-la direito, entrei no quarto apontando a arma para a cabeça do Henry.

— Abaixa essa arma ou eu estouro seus miolos. — falei furioso.

— Não vai fazer isso. — falou me encarando.

— Paga para ver, Henry. — desafiei.

— Não preciso, já paguei. A Elizabeth morta já não é o suficiente? Você a matou. — me acusou passando a mão no meu filho.

— Não encoste nele! — esbravejei.

  Uma mulher de digamos 60 à 65 kg, com uma altura de média de 1,73 pulando brava em cima de um homem, com toda certeza o machucaria, feio, aliás. Foi exatamente isso que a Maddy fez. Ela correu jogando todo o seu peso em cima dele.

  Um tiro foi disparado, de uma coisa eu sabia: não havia saído da minha arma. Logo em seguida, uma dor agonizante se fixou no meu ombro. Agora sabia onde a bala havia penetrado.

Maddy P.O.V

— SHAWN PEGA O BEBÊ! — gritei dando um soco no Henry.

  O Shawn soltou a arma longe do Henry e me empurrou ficando em cima do mesmo. Peguei o bebê e saí de dentro do quarto.

— O que está acontecendo? — perguntou a Cloe com os olhos arregalados.

— Depois você faz perguntas, agora segura ele e não deixe ninguém subir. — disse.

  Minha mãe me olhava assustada enquanto segurava uma bandeja de carne. Eu me sentia, por um breve momento, superior a todos que me olhava com os olhos esbugalhados na sala. Me virei e subi as escadas de novo. Vou matar o Henry hoje.

  O Shawn brigava com o Henry, ele não estava machucado. Quero dizer, o Shawn, superficialmente, mas percebi que ele segurava o braço. Sim, ele estava machucado. O Henry estava de costas para a porta, ótima hora para atacar o inimigo por trás. Entrei correndo e o derrubei de novo. Dei-lhe alguns socos e senti uma dor horrível no estômago. Um sorriso maléfico surgiu nos lábios do Henry enquanto um grito de "não" foi ecoado pelo quarto. Eu tinha sido atingida.