Capítulo 86
Shawn P.O.V
Já era 22:00 quando eu recebera a notícia que a Elizabeth morrera por causa de uma infecção, os médicos disseram que a infecção foi rápida deixando-a perder sengue, até que a mesma teve uma parada cardíaca. Eu não sabia nem cuidar de mim mesmo, imagina de um bebê? Não sabia dizer qual fora minha reação, não tive. Não a amava, mas não queria que morresse, posso ter falado alguma vez que queria que a mesma sumisse, mas não literalmente.
Fui até a sala da incubadora e fiquei observando o pequeno pela enorme janela, o horário de visita havia acabado, mas eu precisava vê-lo mais uma vez.
— Shawn? — virei rápido na direção da voz.
— Sra. Campbell, o que faz aqui? — perguntei.
— Eu quem deveria fazer essa pergunta a você. — disse ela rindo. Ela veio na minha direção, seguiu meu olhar e encarou o bebê. — Ele é lindo. — murmurou.
Uma enfermeira entrou na sala com algumas pequenas mamadeiras e olhou a prancheta, andou em direção ao meu filho e o pegou no colo dando a mamadeira ao mesmo. A Sra. Campbell me encarou e puxou meus ombros para um abraço.
— Eu sinto muito. — sussurrou.
— Tudo bem. — murmurei.
— Vai ser difícil criá-lo sozinho. — disse um tanto pensativa enquanto olhava a enfermeira dentro da sala.
— Talvez, a Mona só quer saber de barraco; a Clary só dar atenção a seus desenhos; a Beatrice raramente para em casa; a Cloe trabalha o dia todo; a Margo é louca de jogar pedras; a Lydia cuida nem de si mesma... as vezes. — completei quando a Sra. Campbell me encarou.
— E os meninos? — perguntou.
— Eu não deixaria eles segurarem nem o bebê, imagina cuidar deles? Eu me viro. — disse.
— Você esqueceu da Maddy de propósito? — perguntou e voltou a me encarar.
Suspirei.
— Eu acho melhor eu já ir.
— Vamos conversar, meu turno acabou agora pouco. — disse e me lançou um sorriso desafiador e, naquela hora eu sabia que seria feito um interrogatório pior que o da polícia. — Sei que quer conversar em outro lugar. — disse por fim me arrastando daquele corredor.
Quando saímos do hospital podíamos ver os pequenos flocos de neve caírem sobre as ruas e calçadas.
— Nem parece que daqui a dois dias já é Natal. — disse enfiando suas mãos no bolso do seu casaco. Ela sorriu olhando para mim, seus olhos mostraram preocupação ao mesmo tempo que as rugas perto de seus olhos mostravam cansaço.
— Por que não para de trabalhar? — perguntei andando até o carro sendo seguido pela mesma.
— Por que não gosto de ficar parada nem de depender de outra pessoa. — respondeu.
Típico da Maddy.
— Interessante.
— Interessante é você me fazendo uma pergunta dessa que, por acaso não respondeu a minha desde que saímos do hospital.
Suspirei colocando as mãos sobre o volante.
— Você não fez por mal, entendo seu lado. — disse e a olhei espantado. — Mas ao mesmo tempo entendo a minha filha. Ela sente Shawn, assim como você. Os dois não estão errados, como um diz ao outro, mas ao mesmo tempo estão. Vocês dois são duas personalidades fortes, os dois são orgulhosos.
— Não quero mais atrapalhar a vida dela. — disse dando partida no carro.
Gargalhou.
— Você não atrapalha a vida dela, Shawn. Você vez um furacão na qual ela não sabe organizar sozinha, sem ajuda.
— Está dizendo que devo ajudá-la a me superar? — perguntei confuso.
— Não, mas ajudá-la numa coisa que ela está prestes a fazer, enfim. — disse mudando de assunto repentinamente. — Vocês se gostam, sei disso. Ela não me disse, mas meus olhos são profissionais quando o caso é mais sério, se é que você me entende.
— Quero arrumar o furacão que ela fez primeiro. — disse.
— Shawn, vocês precisam um do outro para que isso aconteça. A Maddy já teve uma filha, ela vai saber te ajudar com isso. Vai saber arrumar seu furacão. Sabe qual é o mais engraçado? — perguntou. — O mais engraçado é que os dois se amam, mas nenhum dos dois tem coragem de dizer isso um ao outro, por puro orgulho e sensatez que acham ter. — disse e me olhou séria.
— Não me acho uma pessoa sensata, mas também não sou insensato. Tenho minha opiniões formadas, mas não deixo de ser e ver as coisas além do que elas aparentam.
— Aparência, é com isso que se importa? Que ela não seja o suficiente além da aparência? — perguntou.
— Eu que não sou suficiente para ela. — disse.
— Acho que temos um impasse aqui. — disse assim que chegamos até a casa da Maddy. — Obrigada pela carona, Shawn. — sorriu.
Assenti e dei tchau para mesma. Estacionei o carro e desci do mesmo, onde em plena 1:00 os gritos ainda não cessaram. Entrei na grande casa sem falar nada, passei pela sala agora calada e subi para meu quarto vazio e úmido.
Nove meses se passaram rápidos demais, pensei agora deitado sobre minha cama quanto poderia ter aproveitado eles com a Maddy. Não digo que não pensava nela, mas procurava me preocupar com outras coisas, já que tinha outras prioridades. Eu queria ter feito mais, eu poderia, mas não fiz. Não existe errado na história, apenas aqueles que sabem que aquele romance era apenas de verão, só nós dois sabíamos disso. Éramos crianças, não sabíamos quem iria entrar nem mesmo sair, pelo menos foi isso que ela me dissera no meu apartamento em NY, foi lá onde tudo começou e aqui onde tudo acabou.
Agora eu percebera que a Maddy não foi feita para amores duradouros, assim como eu. Não iríamos ser felizes daquele jeito, mas, e se tentássemos? Não conseguiria viver sabendo que talvez um dia um dos dois iria pular da corda, na qual estamos balançando sobre ela nesse momento, mas, e se tentássemos? Se tentássemos os dois pular dela? Se tentássemos fazer com que os dois quisesse? Não sou egoísta ao ponto de pensar apenas em mim, talvez.
— Você sonha demais, Shawn. — disse a Lydia sentada sobre uma das poltronas do meu quarto.
— Como você entrou aqui? — perguntei.
— A pergunta é "no que você tanto pensa?". — falou me contradizendo.
— Desenganos da vida. — falei.
— Não dê uma de poeta agora, desenganos não são para tanto. — falou cruzando as pernas.
— São tanto que as vezes dói. — falei.
— O desengano de amar a Maddy dói? — perguntou.
— Ainda não acredito que estamos tento uma conversa filosófica. — debochei.
— Você mesmo se esquiva do assunto assim que ele vem à tona. Talvez seja por isso que nenhum dos dois tomam uma atitude concreta. Os dois se esquivam de seus próprios sentimentos. — disse e levantou. — Não tocarei nesse assunto mais, agora já chega de conselhos. Isso acaba sendo cansativo demais, tanto para quem escuta tanto para quem dar. Já chega de fazer tentar dar certo, porque nenhum dos dois quer. — falou e saiu do meu quarto com passos lentos e suaves. Talvez na esperança de que eu dissesse alguma coisa, porque ela me olhara antes de fechar a porta.
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top