Maddy P.O.V

  A Cloe vai surtar quando souber que eu e o Shawn agora estamos namorando, era estranho. Agora eu não teria a liberdade de ser a Maddy piranhona, agora era Maddy comprometida e comportada, não literalmente, mas uma parte de mim achava novo, mesmo que eu já tenha entrado em um relacionamento antes.

  Já era de manhã quando eu acordei com os pequenos raios de luz entrando no quarto do Shawn. Não, eu não queria levantar dali. Eu me sentia tão sortuda por ter ele na minha vida, que eu não conseguia admitir isso. Então pus a observar ele enquanto dormia, clichê da minha parte, mas novo de outra.

 Já observara o Shawn dormir antes, mas sempre com certeza que alguém além de mim tinha a mesma visão. Agora era diferente. Vi seus olhos abrirem e fechei os meus rapidamente. Senti a ponta dos seus dedos nas minhas bochechas e logo entraram nos meus cabelos, fazendo um cafuné na minha nuca. Abri meus olhos devagar e vi que o Shawn abrira um sorriso de orelha a orelha.

— Desculpa eu ter te acordado. — disse.

— Tudo bem, eu já estava acordada. — respondi.

— Então estava fingindo que estava dormindo? — perguntou puxando minha cintura para junto de si.

— Não. — menti. — Eu só estava cochilando. — disse.

— Sei. Eu estava pensando. — disse me dando um selinho. — Que podíamos sair mais tarde. — disse.

— Que horas são? — perguntei fazendo o Shawn olhar o despertador no seu criado mudo.

— São 8:30. — disse.

— Eu preciso levar o Mark para escola. Depois eu tenho um evento com alguns patrocinadores, um almoço com eles e de tarde reunião, depois vou buscar o Mark na escola e voltar para casa. — disse.

— Seria mais fácil dizer que só estaria disponível à noite. — disse.

  Levantei e fui direto ao banheiro.

— Mas é aí que está o problema. — disse. — A noite também não estarei disponível. — disse e o Shawn arqueou as sobrancelhas. — Eu tenho um jantar com a diretora da Vogue e o Fê, ela vai me mostrar as fotos, e, a revista.

— Uhum.

— Desculpa, mas prometo que assim que eu chegar depois do jantar eu te ligo. — disse.

— Tudo bem. — levantou vindo na minha direção e me deu um beijo no topo da cabeça.

  Me despi e entrei debaixo do chuveiro, era estranho tomar banho sendo observada pela pessoa que você deseja dentro de você. Depois de cinco minutos o Shawn ainda continuava a me olhar com os braços cruzados, encostado no batente da porta.

— Vai ficar ai Shawn? — perguntei.

— O que acha? — disse e colocou o dedão no lado de sua boca.

— Nessa altura do campeonato eu desisto de achar e, começar a agir. — disse.

  Me sentia excitada com minhas próprias palavras.

— Então, o que quer que eu faça? — perguntou.

 Já impaciente com meu jogo de confusão, o Shawn tirou seu calça junto com sua boxer e entrou debaixo do chuveiro comigo.

[...]

  O Shawn queria tornar o nosso relacionamento público e, eu sabia o impacto que aquilo causaria tanto no Henry quanto na Elizabeth. Chegaria rapidamente aos seus ouvidos.

— Boa aula, Mark. — disse vendo-o sair do carro.

— Tchau, mãe. — falou.

  Não havia sido fácil me acostumar com a palavra "mãe" mais uma vez, havia perdido uma filha, uma parte de mim. E, era como se "ela" tivesse me dado uma segunda chance. Todo esse tempo procurava passar aos meus pacientes a autoaceitação, mas eu mesma não conseguia me perdoar. O perdão é algo tão poderoso quanto o ato de amar.

  O salto quinze era minha marca tanto quanto a maquiagem pesada. Não, eu não iria ter um almoço com meus patrocinadores, primeira mentira que havia contado ao Shawn após começarmos algo sério. Eu iria atrás de respostas sobre o castelo de vidro do Henry. Aquilo iria terminar e eu iria sair vitoriosa. Entrei no elevador pronta para chegar no evento, era mais para conhecer mais outros patrocinadores do que festejar.

  Sai do mesmo e encontrei o Fê em um dos seus ternos maravilhosos.

— A estrela da festa chegou! — exclamou o Fê.

  Lancei um sorriso cativante para ele e para os outros que estavam a sua volta.

— Desculpe o atraso. — disse.

— Não tem problema, portanto que não falte sua assinatura em nosso contrato. — gargalhou a Judith. Minha patrocinadora.

— Irei pensar nessa oferta generosa. — disse.

— Conto com você, Maddy. — disse um homem alto atrás de mim.

 O Fêlix me puxou dali e fomos para perto de um palanque.

— Bom, a Anna vai subir ali daqui a pouco e quero que você seja modesta. — me instruiu.

— Logo você me pedindo para ser modesta? Cadê o Fêlix que dizia para que eu desse meu melhor? — peguei uma taça de vinho tinto.

— Meu anjo, isso não é um pedido, é uma ordem. Você vai fazer uma entrevista coletiva amanhã e, os diretores da Victoria's Secret vão estar escutando tudo bem atentos na procura de modelos lindas e simples e, você é uma concorrente forte se fizer o que eu disser. — disse se gabando.

  Arregalei meus olhos e só não cuspi tudo que tinha na minha boca porque as pessoas estavam me olhando.

— Bom, mais um motivo para que eu não seja modesta. — disse.

— Maddy, Maddy... cuidado com que você vai falar. — assenti.

 [...]

 O evento havia acabado e, como o Fêlix tinha pedido, fui modesta até um pouco demais. Agora ia até um posto de conveniência longe da cidade encontrar meu informante. 

  Estava quase saindo da cidade quando o meu celular tocou. Olhei de relance e vi que era a Lydia.

— Oi. — disse.

— Eu espero que você não venha almoçar, porque eu vou sair e o Fêlix também.

— Tudo bem, eu almoço fora com o Mark. Só relembre o plano com o Fêlix, não quero que o Shawn descubra que menti para ele. — disse.

— Ok. — disse antes de desligar.

  Já podia ver o posto logo à frente, liguei a seta e estacionei. Entrei no posto. O lugar cheirava a mofo e a iluminação não era nada boa, mas as coisas pareciam bem conservadas.

  Fui até um canto onde um cara acenava para mim.

— Todas as coisas que você pediu estão nesta pasta. — disse olhando para os lados. — O Henry descobriu que você está atrás dele, se eu fosse você seria mais esperta. Creio que há um infiltrado mais próximo de você do que imagina. Por isso, talvez o Henry demore para aparecer em público, mas você sabe o que fazer. — disse o Garry.

 Além de segurança da boate de Portugal, ele é um ótimo em achar pessoas num piscar de olhos.

— Obrigada, Garry. Depositarei seu dinheiro logo logo. — assentiu. 

  Saí de lá o mais rápido que consegui e fui em direção a escola do Mark.