Capítulo 76

Maddy P.O.V

  Eu me sentia totalmente culpada pela nossa briga sem sentido, se o Shawn quisesse me trair, ele não teria passado esse tempo todo me protegendo e ainda dizer que me amava. Mas precisava manter minha postura, isso também não mudava o fato dele ter sido grosso comigo. Entendo, também passei dos meus limites acusando ele de uma coisa que ele não havia feito.

— Diga o que quer e vá embora. — falei seca.

— Me desculpa. — disse assim, sem mais nem menos.

  Cruzei os braços e tranquei o maxilar.

— Eu fui muito rude com você e, eu podia ter sido um pouco mais compreensivo. Eu deveria ter pelo menos tentado entender seu lado...

— Eu que tenho que te pedir desculpas. Eu te acusei de uma paranóia minha. — disse.

  Bom, eu poderia estar com raiva dele, mas ao mesmo tempo eu me sentia na necessidade de pedir desculpas por algo que foi minha culpa.

— Talvez se eu não tivesse causado aquela confusão, poderíamos ter pelo menos transado. — disse e ri.

   Não vi mais nada além da minha visão turva, e mais umas lágrimas quentes descerem pelas minhas bochechas já vermelhas. O Shawn veio até mim me envolvendo em seus braços.

  Soltei um suspiro alto.

  Já fazia tanto tempo que eu não chorava por algo que eu tinha feito, por alguém. Se eu for chorar em todas as brigas que eu tiver com o Shawn eu provavelmente irei me desmanchar e lágrimas.

  Chega de chorar.

  Era nisso que eu pensava, mas era quase impossível parar quando você ganha algo que é mais para o lado pessoal, um perdão.

— Vamos esquecer isso e recomeçar da onde paramos naquela manhã? — perguntou com um sorriso malicioso nos lábios.

  Assenti e o Shawn me puxou para fora da minha casa.

[...]

  Já era tarde enquanto eu e o Shawn estávamos deitados na beira da praia sobre uma toalha observando o céu. 

— Meu Deus, Shawn! O Manny devia ficar maluco quando você fazia isso. — disse.

— Ele não se importava, ele dizia que se eu chegasse em casa com machucados, ele me bateria mais. — disse.

— Era uma forma de castigo? — perguntei.

— Era mais uma forma de proteção, eu podia sentir isso, era a forma que ele me ensinou a ser uma pessoa mais confiante. — disse.

— E onde o Hussein entra? — perguntei.

— Ele era amigo do meu pai e, pai biológico do Jack. A mãe dele escondeu isso até a sua morte, só quem sabia era ela e minha mãe. Apenas. O Hussein passava boa parte caçando com meu pai, eu e o Aaron. E o Jack passou a vida inteira achando que seu pai era um milionário que daria tudo na sua vida, e deu, o melhor caixão para o seu funeral, mesmo que tenha sido a mãe dele a comprar. — disse.

— Se a Karen e a mãe do Jack eram as únicas que sabiam, como você descobriu? 

— Eu escutei a mãe do Jack falar a minha. — disse e riu.

  O silêncio dominou tudo depois que ele deixou apenas o som da sua risada, era estranho. Enquanto me aconchegava no peito do Shawn e olhava para as estrelas e, imaginava se eu teria formado uma família com o Jack se a Mia não tivesse morrido, e se ele não tivesse se transformado em um mostro.

— Eu matei minha filha. — murmurei.

  O Shawn levantou devagar e eu podia sentir meus olhos marejados.

  Que merda!

— Não foi sua culpa. — disse.

— Se eu não tivesse tentado matar o Jack, talvez agora ela estivesse viva. — disse e deitei no seu colo.

— Do que ela gostava? Bonecas? — perguntou.

— Quem me dera se ela gostasse de bonecas. — ri.

— O Jack, entendi. — disse.

— E o que ela odiava?

— Bonecas. — respondi rindo.

— O Jack, entendi. — repetiu.

— A Elizabeth colocou...

— Ela colocou a Mia dentro do carro. Eu já sei dessa história. — disse e o encarei ainda deitada no seu colo.

— Como...

— Você mandou eu procurar saber quem você era, apenas segui suas ordens. — falou.

— Shawn.

— Tudo bem, você queria o bem para sua filha e, fez o que achou necessário para mantê-la segura. Estava disposta a matar qualquer um que ameaçasse tanto a ela quanto a você. Eu faria isso. 

— Você fez isso. — disse de imediato. — Você vem me protegendo esse tempo todo de um perigo eminente e, mesmo se eu disser que sei me proteger sozinha. Você de todo jeito vai querer tomar as rédias da coisa toda. — disse e logo o Shawn gargalhou.

— Maddy eu queria te pedir desculpas por todas as coisas que fiz desde quando nos conhecemos. Eu venho fazendo muita merda para que eu consiga o melhor tanto para mim, quanto para as pessoas que eu conheço e que quero perto de mim e, eu me perguntava o que uma garota como você gostaria de ganhar de presente. Até que... até que eu percebi que você gostava das coisas mais simples e significantes que possam existir nessa vida, nem que seja um simples toque. — disse e senti sua mão em minha bochecha. 

 Eu estava sorrindo igual a uma idiota ou uma garota que ganha algo tão desejado.

— Eu iria gostar tanto de continuar te dando isso, mas de uma forma que só eu pudesse expressar.

— Eu iria gostar muito de saber o que você quer dizer com essa história toda. — disse.

— Maddy Campbell, você aceita namorar comigo? — perguntou.

  Eu passei tanto tempo esperando que aquelas palavras pudessem sair da boca do Shawn, que já havia perdido as esperanças. Perdi até esquecer o que era isso, o que é um namoro? Um amor compartilhado, um relacionamento que só envolvesse vocês dois, e que se transformasse o desejo em um só. Eu achava que isso tudo já havia se perdido durante esses seis anos. Foram anos de encontros e desencontros, de brigas após várias brigas. Havia se tornado um hábito. Um hábito bom que nos aproximava cada vez mais. Conhecia o Shawn o suficiente para saber que ele iria me proporcionar altos e baixos, literalmente baixos. Passados tanto tempo e, ainda restava uma dúvida entre ser recíproco ou simplesmente uma atração. Tempo. Era isso que tanto eu quanto ele precisávamos e, esse tempo havia chegado ao fim. Era hora de tomar uma decisão.

— Eu aceito, Shawn. 

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