Capítulo 58

Shawn P.O.V

— SHAWN VOCÊ ESTÁ FICANDO MALUCO?! — gritou a Lydia quando me viu quebrar o espelho com um soco.

— SAI DAQUI! — gritei.

— É CLARO QUE NÃO VOU SAIR NÉ! — gritou. — Senta para eu fazer um curativo na sua mão.

  Não adiantaria protestar contra a Lydia, algo nela me fazia lembrar da personalidade da Maddy, algo que ela tinha total controle sobre mim. Sentei na ponta da cama enquanto observava a mesma procurar a caixa de medicamentos.

— Por que você está agindo assim? — perguntou.

  Bufei e revirei os olhos.

— Maddy, claro. — disse. — Às vezes acho que você não é apaixonado por ela. — disse tirando um caquinho de vidro do meu dedo.

— Por que acha isso? — perguntei franzindo meu nariz.

— Shawn você não é apaixonado por ela, está escrito na sua testa.

— Eu sinto falta dela... — mumurei olhando para baixo.

— Você não sente falta dela, sente falta dos momentos bons que você viveu com ela, já vi seu pinto duro duas vezes antes de vocês se entenderem. — disse e riu.

— Mas eu quero mais...

— Você quer alimentar seu ego, isso é o que você quer. — disse.

— Não é isso, eu realmente gosto dela Lydia. Não quero alimentar meu ego, eu quero ela... — disse. — Eu quero ser melhor que o Henry e o Nash juntos.

— Então seja, eu posso estar errada, mas isso que você sente por ela é só uma atração.

— Então essa foi a atração mais longa e concreta que já tive em toda minha vida.

— Foi uma atração tudo aquilo que você sentiu pela Elizabeth? — perguntou.

— Eu... — gaguejei.

— Shawn todo mundo sabe que o seu namoro com a Allison foi fachada, você usou ela, assim como vai usar a Maddy, é isso. A única namorada que você teve te deu um pé na bunda e você quer descontar em todas as garotas que você transa achando que todas são vadias igual a ela. Esse é seu problema Shawn, você nunca se entrega por inteiro. Você tem medo. Medo de levar outro pé na bunda, simples.

— Lydia, eu sei que você acha que eu estou usando a Maddy, mas não é isso que você está pensando é totalmente o contrário, eu gosto dela...

— Aposto que você só fala isso quando ela está quicando no seu pau. — disse sentando do meu lado.

— Ok, eu tenho medo de me entregar e acabar me fodendo de novo. — disse.

— Enquanto você está se fazendo de difícil ela está dando para outro, pensa assim quando faltar motivos. — disse e fechou a caixa de primeiros socorros. — Se você quer ela, pega ue. O voo para Portugal sai às 3:45. — disse e saiu do quarto.

  Bufei.

— Eu preciso beber. — disse pegando minha jaqueta.

[...]

  Sentei no balcão e pedi uma dose de vodka pura. Depois outra, mais outra e mais outra...

— Calma ai garotão.

— Está me perseguindo, Jhon? — perguntei.

— Acho que eu e você vinhemos afogar as mágoas não é mesmo? — disse.

— É... — disse e pedi outra dose de Vodka.

— A dor precisa ser sentida. — disse.

— O que você quer dizer com isso? — perguntei.

— Era isso que minha mãe falava, perder uma coisa é como abrir várias portas para experiências novas. Não acha que já está na hora de seguir em frente, Shawn? De esquecer a Maddy? — perguntou.

— Me disseram isso quando a Elizabeth me deu um pé na bunda e me trocou pelo Jack, eu achei que podia superar. Superei, e olha onde eu estou de novo? — ri. — Minha localização atual se chama merda.

— Vem cá, agora bateu uma saudade da minha mãe. — riu.

— Temos dedo podre para mulheres. — falei.

— Você não tem dedo podre. Você só... fez muita merda e ela ficou putona com você. — falou.

— Ela se tornou algo mais que só uma transa, se tornou um sentimento. Eu tento me afastar, mas é quase impossível. — disse.

— Do mesmo jeito que você aprendeu a viver sem a Elizabeth, você também pode aprender a viver sem a Maddy. Shawn, volta para Toronto. Volta para sua carreira de cantor, você sempre foi bom nisso... fim de jogo.

— Não, ele só acaba quando um dos dois pular fora do barco. A Elizabeth foi embora e nunca mais voltou.

— E o que você acha que a Maddy fez hoje? Pegou as malas dela e foi dar uma voltinha de carro com o marido dela? É isso que você acha? Que ela vai voltar para você?

— Não fala assim dela...

— Não me leve a mal, não estou falando isso por mal. Eu sou seu amigo e você sabe disso, mas você pelo menos já penso na possibilidade dela não sentir nada por você? Pensa nisso cara, não foi você que me disse uma vez para não correr atrás de mulher nenhuma e nem muito menos sofrer por elas? Estou devolvendo o favor.

  Ele estava certo, não posso está sofrendo por mulher alguma, há quase oito bilhões de pessoas no mundo e a maioria todas mulheres. Talvez depois do funeral do avô da Maddy eu volte para Toronto ou para minha casa em NY. Por mais que fique faltando alguma coisa na minha vida, eu vou ter que aprender a conviver com a dor. Eu posso amá-la agora como aqui a dois, três anos estar amando outra.

— Quando eu estava na escola e os meninos terminavam o namoro porque na maioria das vezes as meninas estavam com outros... eles falavam assim "Eu sacrifico se ela estiver feliz". E nós agíamos como se nada tivesse acontecido ou existido. Frieza e dureza, era isso que colocávamos a cima de qualquer sentimento. Por mais que doesse, era como uma prova para nós. — disse o Jhon

— Os garotos ou era só você? — perguntei.

— Você está certo, era só eu que falava. — riu.

  Suspirei.

— Então diga, Shawn. — me incentivou.

— Eu sacrifico se ela estiver feliz. — disse depois de longos minutos pensando e repensando se era aquilo mesmo que eu queria.

— Isso cara! — disse. — Agora vamos embora. — falou.

  Vai ser doloroso e estranho no começo, mas vou aprender a conviver sem um propósito. Nesses cinco anos meu propósito era a Maddy, a queria mais que tudo. Isso acabou se tornando uma competição, e o troféu era a Maddy. Sei que vai surgir muitos outros propósitos nessa vida e que a Maddy assim como meus sentimentos... não são únicos, também sei que pular do barco ainda é bastante cedo. Não vou dizer que não a amo, afinal esse era o propósito do "eu sacrifico se ela estiver feliz", e o sacrifício é o propósito de sentir a dor. Ela simplesmente precisa ser sentida.

Maddy P.O.V

  Uma voz feminina soara pelo aeroporto anunciando o voo para Portugal. Não queria viajar para lá e ter que encontrar minha mãe. Provavelmente ela me olharia com desprezo, o que não era novidade. Ele tinha morrido por minha causa e eu sabia disso.

  O Shawn não era mais um problema considerado ao que eu tinha com o Henry, preciso me afastar do Shawn e afastar o Henry do Mark. Ele corre mais perigo que qualquer membro da minha família. Minhas estrátegias estavam bem limitadas, meu plano precisa ser cauteloso e nada chamativo. Como levaria o Henry a Irlanda? O olhava com um gosto amargo na boca, o mataria agora se fosse possível. Pensava nas variadas formas de matá-lo. Rápido ou o torturando...

[...]

  Estava na quarta xícara de café. Peguei minha bolsa e passei pelo pequeno corredor que dava para o avião. Ouvia os passos pesados do Henry me seguindo, mantinha minha cabeça erguida e minhas costas eretas mais que meu próprio orgulho. Era como se a cada passo que ele desse a minha vontade de puxá-lo pelo pescoço só aumentasse ainda mais. Ele sabe meus passos e com qual precisão os executo.

  Sentei na poltrona. Se eu estivesse sozinha a primeira classe faria diferença. Talvez eu pedisse um champanhe. Olhei por entre as nuvens e, por um longo momento queria ser elas. Simplesmente sumir depois de um tempo.

  Era como meu avô tinha escrito na carta, eu era tão segura de mim mesma ao ponto de ser egoísta, mas por outro lado gosto de me importar com as pessoas, não tanto quanto todos acham. Posso ser dura e fria, mas tento ser paciente e cautelosa com certos problemas. Senão, não teria escolhido psicologia como minha profissão, se bem que modelo também fazia...

  Recostei minha cabeça na poltrona e fechei meus olhos por alguns minutos. Havia cochilado sobre as teclas do piano enquanto tocava La Valse d'Amélie. Estava exausta ao extremo, mas não podia dormir sabendo que o Henry estava do meu lado.

[...]

  Eram exatamente 6:29 da manhã e eu não conseguia dormir, não podia baixar a guarda.

— Senhora? Quer alguma bebida ou comida? — perguntou a aeromoça com um sorriso simpático

— Um shot de Vodka pura, por favor. — disse e o Henry me olhou com uma sobrancelha arqueada.

  A aeromoça me entregou shot, virei tudo de uma vez e a entreguei o pequeno copo. Olhei o lado esquerdo do seu blazer azul escuro.

— Obrigada, Martha. — agradeci.

Por favor, todos se mantenham sentados e com os cintos bem apertados, já iremos pousar. — disse uma voz masculina no alto falante.

  Me endireitei na poltrona e virei o rosto para janela, ainda conseguia sentir minha garganta queimar por causa da Vodka.

— Logo cedo? — perguntou o Henry.

— Algum problema? — rebati.

— Sua mãe não vai gostar. — disse.

— Tenho 28, não 15 anos.

— Eu só acho que...

— Quer mesmo começar a me dar sermão de quem não merece meu respeito? Aliás, você nunca teve meu respeito. — disse com um nó na garganta por ter o enfrentado com tamanha arrogância e determinação.

  Respirei pelo nariz e soltei todo o ar pela minha boca, mordisquei meu lábio inferior tentando conter uma gargalhada, mas não consegui conter o movimento que meus ombros fizeram.

— Da próxima vez que falar assim comigo, juro que não vou ser bonzinho. Você não será punida. Pense no Mark quando dirigir a palavra a mim. — falou.

— Antes de me ameaçar, pense no que eu posso fazer. — disse.

— Interessante. — disse se recostando na poltrona. — Só não intimidador.

[...]

  O Henry foi chamar um táxi para írmos para casa da minha mãe, queria ter parado no hotel para tomar banho ou algo do tipo. Estava com uma calça jeans clara rasgada, com uma bota preta sem salto, um cropped azul escuro e minha velha jaqueta marrom.

— MADDY! — ouvi alguém gritar meu nome.

  Olhei para trás e vi a Lydia acenando na minha direção. Fui até a mesma e a abracei.

— Venha comigo e com o Shawn. — disse, ela fez questão de dar ênfase no nome do Shawn quando viu o Henry.

  Olhei para o Shawn, o mesmo me encarava com uma expressão dura.

— Nossas malas não vão dar ai. — disse.

— Damos um jeito. — disse a Lydia.

— Nós vamos num outro táxi. — disse o Henry.

  Naquele momento pude notar que o Henry era alguns centímetros mais alto que o Shawn, mas não mais musculoso que ele.

— É melhor. — disse. Olhei de relance para o Shawn que deu uma revirada de olho. — Lydia, nos vemos na casa da mamãe. — disse e peguei minha mala. O Henry colocou elas no carro e fomos por caminhos distintos. Nós iríamos passar primeiro em um Starbucks enquanto o Shawn e a Lydia foram direto pra casa.

— Boa atitude. — disse o Henry pegando nossos cafés de cima do balcão.

— É porque você não viu as melhores. — disse e peguei o meu café da sua mão.

  Entramos no carro e fomos de vez para casa da minha mãe.

  Mark. Era nele que eu pensava agora, precisava escutar de sua boca que estava tudo bem e que o Henry não tinha feito nenhum mal a ele enquanto eu não estava na sua presença, sem minha supervisão ou a da minha mãe. Eu estava ficando paranóica...

  Estávamos quase chegando, faltava 5 minutos no máximo para ver meu avô, de certa forma. Talvez eu estivesse preparada fisicamente, mas emocionalmente estava machucada mais que qualquer parte do meu corpo naquele momento, mais que qualquer hematoma que eu ainda conseguisse sentir.

  "Deixe alguém entrar".

  Em relação a isso ele tem total razão. Havia entrado com os papéis de divórcio contra o Henry, ele vai assinar querendo ou não.

  Entendia o começo da minha amizade com o Shawn e por mais que eu quisesse que existisse algo além que essa amizade, eu não posso. Ele quer algo mais, eu sei disso, eu não posso decidir de uma hora para outra que vou ficar com o Shawn. Queria voltar a ser a Maddy vagaba de antes, que pega todo mundo sem querer se comprometer. O Shawn acabou se tornando meu ponto fraco.

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