Capítulo 56

Maddy P.O.V

Senti meus olhos lagrimejarem e minha vista ficar embaçada, parei o carro em uma esquina e lá mesmo fiquei. Encostei minha testa no volante e deixei que as lágrimas escapassem, os soluços não cessavam e a dor no peito aumentava a cada minuto que eu lembrava de tudo que acabara de acontecer. Meu celular começou a tocar e simplesmente o deixei, deveria ser alguma das meninas querendo saber onde eu estava. E assim ele tocou mais três vezes, peguei ele e vi que era o número do Felix, atendi as pressas.

Oi sumida. — disse.

— Oi, Fê.

Espera, eu vou fazer chamada de vídeo com você.

— Não, eu...

  Antes que eu pudesse dizer alguma coisa ele desligou. Demorou uns minutos, neles eu pude me recompor e coloquei um pouco de maquiagem nos olhos e nas bochechas.

Até que enfim atendeu. — disse.

— Desculpa.

O que você estava fazendo? — perguntou.

— Eu... eu estava ocupada.

— Não é o que parece. — disse.

  Olhei para baixo e pressionei os lábios na tentativa de conter o choro. De certa forma eu estava ocupada.

Hey! O que está acontecendo? — perguntou.

— Eu não sei. — dei de ombros.

É claro que você sabe, se não soubesse não haveria motivos para chorar. — disse quando algumas lágrimas escorreram dos meus olhos.

— O Shawn. — disse.

Eu sei que ele morreu, mas não é motivo para chorar. Você sente a falta dele e tudo mais...

— Fê, ele não morreu. — o cortei.

COMO ASSIM?!

— Ele está vivo e está aqui em Malibu na casa da Cloe.

E o que você vai fazer? — perguntou.

— Por que você acha que eu estou chorando? — rebati.

Olha, isso tudo está muito confuso, mas você precisa entender que ele voltou por algum motivo. — disse.

— Isso ele já deixou isso bem claro.

Você vai se entender com ele?

— Eu já o perdoei, mas as vezes sinto que falta alguma coisa, entende? Ele consegue ser legal e divertido ao mesmo tempo que ele é chato, irritande e frio, tento não ligar muito para isso, mas é quase impossível porque ele consegue ser mais insuportável que o Henry. — disse.

Eu tenho uma boa e má notícia. — disse tentando mudar de assunto. — Qual você quer ouvir primeiro? — perguntou com certo entusiamasmo.

— Fala logo a boa por favor. — pedi

A boa é que eu estou em Portugal e, antes que você pergunte, sim, eu estou com o Mark. — soltei um longo e pesado suspiro. — Agora a má. — endireitei minhas costas no banco do carro. — A má é que o Henry viajou para Malibu, ele disse que queria servir de ombro amigo e estar no seu lado nesse momento difícil e blá, blá, blá...

— Felix, presta atenção. — disse com os olhos arregalados. — Ele disse que ia voltar para o hotel certo? — assentiu. — Ok, eu estou muito fodida. Eu preciso voltar para o hotel. — disse ligando o carro.

E onde você passou esses dias? — perguntou.

— Na casa dos pais da Cloe, antes de sair o Henry deixou um guarda-costas comigo. — disse.

Rolou alguma estocada entre você e o Shawn? — perguntou.

— Que horror, Fê! — exclamei.

Brincadeirinha. — disse rindo.

— Fê agora é sério, eu preciso desligar. Manda um beijo para o Mark, diga também que eu o amo. — disse e deliguei o celular.

  Assim que coloquei o mesmo no carro ele começou a tocar de novo, olhei de relance pada tela e vi que era a Lydia. Atendi.

Ai! Graças a Deus que você atendeu, eu estava tão preocupa...

— Lydia me escuta. Eu preciso que você arrume todas as minhas coisas e peça a algum dos meninos colocarem elas na sala.

Por quê? O que está acontecendo?

— Você está num lugar afastado de todo mundo da casa? — perguntei.

Sim, estou.

— O Henry saiu de Portugal hoje mais cedo e pode está chegando em Malibu a qualquer momento. — disse.

E o que você vai dizer para ele? — perguntou. — Ele vai querer saber onde você esteve esses dias...

— É aí que você vai entrar mais uma vez. — disse. — Eu quero que você vá em um hotel qualquer e passe meu cartão de crédito, minha senha continua a mesma. — falei. — Fala com o Issac, ele vai saber mudar os horários e os dias.

Tudo bem. — disse. — Eu estou preocupada com o Shawn, Maddy. Ele realmente estava criando algum tipo de expectativa entre vocês dois...

— Eu vou desligar agora, estou quase chegando em casa. — disse.

  Teria que dar uma explicação ao Shawn mais cedo ou mais tarde, ele tem que entender que não vai existir exatamente nada além da nossa "amizade".

  Posso em algum momento em que estivemos juntos ter me apaixonado por ele, mas agora estava preparada para não deixar que esse sentimento volte, não posso deixar me levar por um caminho sem volta.

  Antes que eu pudesse me dar conta das palavras pesadas que acabara de pensar estava chorando, por mais que elas não fossem ditas, eu podia sentir o pesar delas. O quanto elas magoariam ao Shawn. Eu sou uma péssima pessoa, e estarei sendo pior se fizer o Shawn realmente acreditar que há uma chance entre nós.

  Agora entendia a dor que a Karen sentia ao olhar para o Mark e ver o Shawn. Eu estava chorando, mais que da primeira vez que ele havia ido embora. Como se o tivesse perdido, como se ele tivesse realmente morrido, como se não o pudesse mais tocá-lo. Afinal, essa era a intenção. Estava pronta para cortar qualquer ligação com o Shawn até mesmo nossa curta amizade, se isso o parasse de insistir em mim. Em nós dois. Mas, e se eu insistir nele? POXA! Iríamos nos encontrar daqui a alguns minutos, daqui um dia...

  Foi aí que me dei conta de que realmente uma parte de mim havia morrido na véspera, quando vi o corpo morto do meu avô no topo da escada da casa dos pais da Cloe.

  Provavelmente levaria uma terrível surra do Henry se ele descobrisse que estive fora esses dias, mas valeria completamente à pena. Iria valer ter me acertado com o Shawn, de ter me reencontrado com ele.

  Estacionei o carro o mais perto do que o normal da casa, desci do mesmo ainda sentindo uma grande culpa e um peso nas costas. Entrei na casa e senti todos os olhares vindo na minha direção. Eu já havia chorado tanto que havia perdido a vergonha de chorar na frente das pessoas, de mostrar meus olhos inchados ou de contar o real motivo deles. Simplesmente chorar havia se tornado meio que um hábito do meu dia a dia.

  Vi o Shawn se aproximar de mim assim que entrei.

— Maddy, você não atendia o telefone, achei que tinha acontecido algo com você. — disse o Shawn só para que nós dois ouvíssemos.

  Ele emoldurou meu rosto em suas mãos. O Shawn analisava cada parte do meu rosto, dos olhos as bochechas, do nariz até a boca... e não se cansava de fazer aquilo. A sensação de proteção havia voltado, e com ela um sentimento estranho de paixão e piedade.

  Enquanto ele me analisava tomei a liberdade de abraçá-lo tão forte que meus bíceps arderam.

— Está tudo bem. — sussurrou com sua voz amena. Assenti.

— Maddy, já está tudo pronto. — disse a Lydia descendo com minha última mala.

— Para onde...

— Gente, o Henry está de volta a cidade e eu vou voltar para o hotel. Foi ótimo estar com vocês. — olhei para o Shawn. — O que é bom dura pouco, como muitos dizem...

  Senti um empurrão no lado do meu ombro direito.

— Desculpa. — sussurrei quando o Shawn passou.

— Hora de ir. —  disse a Mona e me deu um abraço, logo o Jhon, o Holland, o Bruno e o Issac me deram um abraço também.

  ALydia foi comigo até o carro e me deu um abraço.

— Pedi a Clary para passar no Hotel Room, logo depois da colina. Você deu entrada no hotel às 8:25 do dia 25 de fevereiro e pagou a estadia as 17:57 do dia 29, seu quarto foi o número 568. — suspirou e me entregou o cartão de crédito. Agora não adiantava protestar. — Toma cuidado e me liga. — arregalou os olhos, ri. — Não é para rir, careta. — riu também. — Se cuida, e não deixa ele te tocar de novo. — balançou a cabeça em sinal de reprovação.

— Não vou deixar. — disse.

  Entrei no carro e liguei o mesmo.

— Lydia.

— Sim?

— Cuida do Shawn por mim. — disse.

  Olhei para janela do seu quarto e o vi com os braços cruzados e o maxilar travado. Expressão dura de sempre, mas o olhar que não engana quando o caso é mágoa ou dor.

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