Capítulo 47
Maddy P.O.V
— Eu preciso de analgésicos. — murmurei sentindo minha cabeça explodir, Shawn pareceu entender meu recado e saiu do quarto.
Ele não fechou a porta completamente deixando que um feixe de luz passasse pela mesma. Esperei alguns minutos e andei até a porta me esgueirando no corredor para saber onde estávamos. Estávamos na casa dos pais da Cloe. Eu me sentia sufocada por estar na presença dele, por ele ter voltado assim do nada e ainda me trazer aqui, onde tudo havia começado. Voltei para o quarto sentando na beirada da cama sentindo as lágrimas virem a tona, por que eu estou chorando? Eu não sentia dor ou muito menos alegria naquele momento, era como se eu já estivesse esperando ele vir há muito tempo, não me refiro esse ele só ao choro, não tinha motivos, mas eu sentia a necessidade de colocar tudo pra fora, de chorar até meus olhos ficarem vermelhos e inchados a ponto de arderem. Eu não entendia o real motivo por estar assim, pensava que talvez fosse por estar sendo abusada sexualmente e sofrer agressão física, quem diria. A psicóloga que atende mulheres que já sofreram tanto agressão física quanto abuso sexual ou sofrem, e indicá-las a denunciar tal atitude e me encontrar na mesma situação, irônico, não?
Ouvi o alguém chamar o Shawn do outro lado da porta, quando o mesmo já vira pra o quarto.
— Ouve um desfalque.
Consegui descobrir a voz da primeira pessoa e presumi que fosse a do Holland.
— Como assim? Onde? — essa, com toda certeza era a do Shawn.
— Em Portugal. — disse o Holland.
Um único nome passou pela minha cabeça fazendo os pelos da minha nuca arrepiarem e um calafrio percorrer meu corpo.
Henry...
— Ligue para o Marcus, ninguém sai ou entra no prédio até descobrirmos quem fez isso, entendeu? — ordenou irritado.
— Vou passar pra o plataforma 24. — disse o Holland.
Plataforma 24? O que diabos é isso?
— Qualquer coisa me avise. — disse o Shawn, sua voz soara mais ameaçadora do que todas as vezes que o vi falar sobre esses tipos de assuntos por trás de portas.
Pus a enxugar as lágrimas o mais rápido que conseguia, tentando não demonstrar pelo menos os olhos marejados. Shawn entrou no quarto com uma camisa sobre o ombro e uma calça de moleton, e não, ele não estava com camisa alguma. Deixando seus músculos pra fora, ele parecia mais em forma que antes. Talvez ele tenha tirado um ano de sua vida para cuidar do seu corpo. Tentei não encará-lo para que ele não pudesse ver meu rosto, ele me deu uns comprimidos e depois perguntou se eu precisava de mais alguma coisa, neguei e ele saiu do quarto.
— Maddy, abre a porta. — gritou alguém poucos minutos depois que o Shawn havia saído.
— Só um minuto. — disse indo até o banheiro. Olhei para meu rosto e depois lavei ele na tentativa de enganar sobre o choro, fui até a porta e a abri encontrando o Nash com uma caixa e uma fita formando um laço na mesma.
— Feliz aniversário! — disse me abraçando.
— Você sabe que não gosto dessa data. — disse deixando ele entrar no quarto.
— Abre. — disse estendendo a caixa na minha direção.
Abri a caixa encontrando um vestido e um salto. E no fundo da caixa a coisa que nunca mais queria ver na minha vida.
— Qual a necessidade disso? Eu tenho um closet cheio de vestidos e saltos. — disse. Ainda encarando a pequena corrente do fundo da caixa.
— Mas esse presente não foi meu.
— De quem é então? — perguntei.
— Sei lá. — deu de ombros saindo do quarto, e logo quando ele saiu a Lydia entrou.
— Isso aqui está parecendo um hospital ou um local de apresentações. Nunca para de entrar gente. — murmurei.
— Sua vadia! — gritou a Lydia fechando a porta. — Como você pode ser tão idiota à ponto de não prestar atenção no que está na frente do seu nariz. O Shawn ficou até tarde ontem preocupado com você e, só mais uma coisinha sua bêbada ingrata. Para de afastar as pessoas que realmente se importam com você.
— Vai a merda Lydia, você também estava bêbada ontem!
— É mais eu não neguei ajuda de quem mais precisava! Você conseguiu afastar a mamãe e o papai de você mesma.
— Agora eu sou a culpada deles te mimarem demais. ELES QUERIAM QUE EU FOSSE IGUAL A VOCÊ.
— PARA DE MUDAR DE ASSUNTO, MADDY.
— FOI VOCÊ QUE COMEÇOU, IDIOTA.
— Não adianta conversar com a pessoa igual a você.
— Sai daqui então. — disse sarcástica.
— Feliz aniversário, Maddy. Curta seu dia, bêbada ingrata. Shawn pediu pra comprar roupas pra você. — disse e jogou a bolsa na minha barriga.
— Vai se foder! — gritei quando ela bateu a porta. Peguei um travesseiro e joguei na porta.
Tirei a bolsa de cima de mim e coloquei ela de cabeça pra baixo deixando cair as roupas. Peguei elas e coloquei na frente do meu corpo, era um calça preta rasgada e uma blusa cavada branca e um tênis.
Faz tanto tempo que não uso um tênis.
Voltei ao banheiro e me despi, entrei no chuveiro deixando que aquela água pudesse tocar meu corpo de leve. Meu corpo dói, tudo nele dói. A cabeça, meus ombros, meus braços, meu psicológico... eu estou cansada disso tudo.
Shawn P.O.V
— Que raiva! — exclamou a Lydia passando rápido pelo meu lado e sentando no sofá.
— Ui, o que isso garota? — perguntou o Bruno quando a Lydia desabou, literalmente, do seu lado no sofá.
— Insuportável, essa é a palavra que define a Maddy, ela é insuportavelmente insuportável. — disse.
— Estou nem boiando, já afundei por completo. — disse o Nash me fazendo rir.
Ela parecia bem desconfortável a medida que a gente perguntava o que estava acontecendo, suas bochechas coravam e ela parecia ter falado alguma coisa a Maddy que não podia de todo jeito nos contar, suas mãos suavam e ela apertavam a almofada com tanta força que as juntas dos seus dedos começaram a ficar brancas.
— Esqueçam o que eu falei. — disse.
— Ok. — comentei. — Ela ainda tá no quarto? — perguntei.
— Sim. — respondeu.
A Lydia foi a última a falar antes que a sala entrasse no estado de silêncio total. O Nash estava inquieto, balançava os pés freneticamente e as vezes enxugava suas mãos suadas nos seus jeans rasgado. Pouco tempo passou e ele levantou da cadeira subindo as escadas sem que ninguém percebesse, ele falhou no seu plano, eu vi. O observava com tanta atenção que nem me toquei que o pessoal conversava comigo.
— Terra chamando Shawn! — gritou a Lydia no meu ouvido.
— Ai! — disse a empurrando pra o outro lado do sofá.
— Gente! Eu tive uma idéia ótima. — disse a Lydia.
— Lá vem merda. — murmurou o Bruno fazendo a Lydia jogar o travesseiro que estava o seu lado na cara do Bruno.
— Desde quando ela pensa? — perguntei sarcástico.
Ela me mostrou o dedo do meio e voltou a olhar para o Bruno, está rolando alguma coisa a mais aqui...
— Vamos para um racha? — perguntou.
Uma simples encarada minha e do Bruno e logo passamos o olhar para a Lydia.
— Vamos. — dissemos em uníssono.
— EU OUVI O NOME RACHA? — gritou o Jhon entrando na sala.
— Isso mesmo, vamos para um racha. — disse a Lydia com um ar de entusiasmo.
— A gente almoça fora e depois vai para o ponto de partida. — sugeriu o Jhon. Concordei com o pessoal, mas logo bateu o arrependimento por ter deixado a Maddy sozinha na casa, com o Nash para variar.
Maddy P.O.V
— ENTRA! — gritei saindo do banheiro. — Ah! Oi Nash, você aqui de novo?! — ri.
— Pois é né. — disse coçando a cabeça.
— Fala logo. — sorri.
— Quer sair? — perguntou.
Era realmente uma proposta generosa, ele me tiraria da casa e provavelmente trairia o Henry com ele, então vamos nessa.
— Sim! Para onde vamos? — perguntei fingindo interesse.
— Quero fazer uma coisa inesquecível! — disse entusiasmado.
Como por exemplo transar em um jatinho particular?
Balancei a cabeça tentando afastar tal pensamento.
— Te espero lá em baixo. — disse batendo os dedos no batente da porta.
— Eu só vou terminar de calçar o tênis e eu já desço. — assentiu saindo do quarto.
O que você está fazendo Maddy?
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