Capítulo 36

Maddy P.O.V

Não era tão ruim pensar que eu estava sozinha de novo. Por mais que eu quisesse esquecer, esse verão foi o melhor da minha vida, deixei o Shawn escapar por entre meus dedos? Sim, deixei. Eu queria pensar em qualquer coisa que me mantesse longe do Shawn, me causa muita dor. Eu percebi que o Shawn e na vida que ele vivia não havia espaço para amar alguém, assim como na minha. Ele com seus segredos e eu com os meus, ambos escondidos a sete chaves. Se eu ainda quero descobrir de quem o Shawn estava falando com o Aaron pelo telefone? A se eu vou descobrir...

5 anos depois

Maddy P.O.V

Amadurecimento, essa era a palavra que mantinha minha sanidade. No começo foi difícil? Foi, não vou negar. Remédios tarja preta para que eu pudesse entrar em uma overdose. Cortes em meus pulsos mostravam o quão fraca estava. Não atendia mais os pacientes como antes ou ia nas seções de fotos como prometido. Eu queria muito esquecer aquele verão com todas as minhas forças. O beijo na testa era a última coisa que ele havia me dado.

A caixinha como eu prometi a Cloe, não havia aberto ela antes. Abri assim que eu cheguei em casa. Continha fotos minhas e do Shawn todas elas tiradas com câmeras fotográficas, a maioria eram minhas dormindo. Me perguntava como o Shawn havia feito aquilo. Havia apertado meu coração mais ainda. Cada foto continha uma data e, cada semana ele tirava uma foto minha.

Com o tempo fui esquecendo e com esse tempo fui aprendendo que a vida continua, a única coisa que eu levo agora para minha vida, é o Mark que tem dez anos, ele me faz recordar de cada detalhe do Shawn, suas manias principalmente. A teimosia e a petulância combinam exatamente com ele. No começo fiquei surpresa e de um certa forma grata por estar longe do Shawn, mas não o queria morto.

- Maddy olha o que eu tenho para você. - disse balançando o papel na minha frente.

- Obrigada por buscar ele na escola, Fê. - disse pegando o papel dele.

- Esse pirralho dar muito trabalho, mas adoro ele. - disse e todos nós rimos.

- Está muito lindo! - disse colocando a Mark no meu colo. - Quem é esse?

- Eu.

- E essa?

- Você claro né, Maddy. - respondeu.

- E quem seria esse aqui?

- O tio Félix. - disse.

- E quem é esse do meu lado no desenho?

Tentei comparar as semelhanças do desenho com o Henry, mas era de certa forma igual ao Shawn.

- O Shawn.

- Querido, antes de você desenhar, você viu alguma foto dele? - perguntei colocando ela na mesa do meu escritório.

- Naquela sua caixinha que você guarda na gaveta de roupas. Eu ainda lembro do Shawn.

- Promete que não vai mais mexer nas coisas da Maddy?

- Prometo.

- Ovelhinha, você quer um sorvete? - perguntou o Félix na tentativa de apaziguar a situação.

- Obaaaaa! Eu quero siiiiiim! - disse pulando.

- Você tem uma visita. - disse o Félix antes de fechar a porta.

O Mark até certo tempo atrás não lembrava mais do Shawn, nem mesmo seu físico.

Fiquei com o Mark, porque eu precisa de alguém, não que eu não tivesse amigos ou família. Mas algo que eu pudesse lembrar do Shawn, eu queria tanto me livrar de tudo que era dele que acabei arrumando uma copia, estranho não? O Mark não tem mãe, nem pai. Procurei saber mais sobre o Mark e acabei descobrindo que os pais dele morreram, a mãe do Mark era irmã do Manny. E então os avós do Shawn passaram a cuidar dele. A Karen e o Manny viviam trabalhando, não que eu fosse diferente, e a Aaliyah estudava. A Karen acabou por ficar depressiva a cada vez que olhava para o Mark e dizia ao marido que via o Shawn. O Manny ficou preocupado e eu acabei por entrar nessa história toda e, sair por fim como tutora legal do Mark.

Fui até a sala onde atendo os pacientes e encontrei uma mulher chorando sentada no divã.

- Posso ajudá-la? - perguntei me aproximando.

Ela virou o rosto para mim, mas logo voltou a chorar no lenço que segurava nas mãos.

- Karen? O que faz aqui?! - perguntei sentando ao seu lado.

- Maddy, eu sinto falta dele! Eu nem sei por onde começar. - disse me abraçando.

- Você não é a única que sente a falta dele. Existem momentos na vida da gente, em que as palavras perdem o sentido ou parecem inúteis, e, por mais que a gente pense em uma forma de empregá-las elas parecem não sentir. Então a gente não diz, apenas sente. - disse dando tapinhas nas suas costas.

Fiquei um bom tempo consolando-a até que ela virar para mim e colocar um mecha aleatória do meu cabelo atrás da orelha.

- O tempo fez bem a você. - disse e ri.

- Tem razão. - respondi.

- Pelo visto você seguiu em frente. - disse apontando para minha aliança. - Espero que esteja feliz.

- Sim, obrigado. Mas você, como está? - perguntei.

- Bem, primeiramente queria chamar você para o meu aniversário de casamento com o Manny, sei que passamos momentos difíceis causados pela morte do Shawn, mas como dizia a Aaliyah, "Ele não gostaria que você se fechasse ou deixasse de comemorar uma data tão importante". Vai ser na casa de veraneio, em Miami. Vá, por favor. A Aaliyah também está louca para ver você. - disse e pela primeira vez em nossa conversa vi um sorriso, por mais que fosse pequeno, se formar no canto de sua boca. - Eu estou bem com o Manny e eu achava que não seria tão doloroso, mas estava enganada. Dói e muito. Eu via que com você o Shawn era feliz, sossegou depois que vocês se encontraram naquele verão. De certa forma ele nunca tinha levado nenhuma garota para conhecer nossa família, mas com você ele levou.

- Nada é para sempre, assim como eu não fui com o Shawn. - disse por fim.

- Bem, está na hora de ir, espero vê-la em Miami daqui a uma semana. - disse me dando um último abraço.

- Manda um beijo para Aaliyah e para o Manny por mim?

- Pode deixar querida. - disse e logo acompanhei ela até a porta.

E, de repente, você percebe o quanto mudou, perdeu medos, ganhou força, coragem, reconhece que pode superar as maiores dores sem despedaçar-se porque sabe que a vida continua, muda, e pode ser para melhor.

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