Capítulo 31
Shawn P.O.V
— Shawn! — ouvi a minha assistente chamar puxando o lápis que eu mordia da minha mão. — Dá para prestar atenção aqui?
— C-Claro, desculpa. — disse afrouxando a minha gravata.
— Continuando...
Não era uma coisa que eu podia lidar, era tão imprevisível quanto eu. Minha vontade era de socar a cara de cada um que estava sentado naquela mesa. A Maddy ia embora daqui a dois dias. Minha mentira de que o tempo em Boston estava ruim funcionou, mas eu sabia que não era por muito tempo.
— Margaret. — chamei gesticulando a mão para que ela viesse até mim. — Tem como você remarcar esse reunião para daqui a três dias? — murmurei pondo dois dedos na têmpora
— Essa é a segunda vez que você remarca essa reunião, Shawn.
— Está bom, mas então apressa logo isso. Tenho outros compromissos.
Ela saiu de perto de mim estampando de novo o sorriso forçado no rosto.
— Então, senhores vão assinar contrato com o Sr. Mendes? — perguntou a Margaret.
— Gostamos da sua proposta, vamos assinar sim. E se tudo ocorrer bem, começaremos daqui a uma semana. — disse o advogado da empresa na qual estávamos fechando negócio.
Logo depois ele abriu uma maleta e tirou de lá uns papéis que esperavam pela minha assinatura, terminei de assinar eles e saí daquela sala às pressas.
— Eles disseram que a passagem e a hospedagem já estarão inclusos. — disse tentando acompanhar os meus passos. — Se você puder andar um pouquinho mais devagar, eu agradeceria.
— Olha, vai para casa, ok? Tira o resto do dia de folga e eu não quero você me ligando de 3:00 da manhã para falar sobre esse novo álbum, entendeu? — assentiu.
— Será que você poderia me dar uma carona até em casa? — perguntou arrumando os papéis nos seus braços
— O que você faz com o seu salário?
— Bem. Eu tenho uma casa, impostos, filhos, uma pai com câncer de próstata...
— Ok, ok, ok já entendi, me lembra de te dar um aumento. Vem, anda antes que eu desista.
[...]
Depois que eu deixei a Margaret na casa dela casa, fui até um restaurante fechar outro contrato. O cara ia comprar o Coffee Club e, não queria ver mais aquele restaurante pelo resto da minha vida.
[...]
— Vamos Shawn! A carga vai chegar no porto daqui a 40 minutos! Se for roubada não me responsabilizo pelo meio milhão de dólares que você deu nela! — gritou do final do corredor.
— Estou indo! — gritei de volta.
Iria para LA daqui uma semana, não era ruim, era muito bom aliás. Seria uma experiência nova. Iria gravar outras músicas, um novo álbum e já estava na ativa. Ocupando minha cabeça como antes para não pensar na Maddy.
— Vamos porra! — gritou de novo.
— Cacete. — murmurei pegando minha jaqueta e fechei a porta do quarto.
Desci as escadas encontrando o pessoal.
— Todos estão com suas escutas? — perguntei pegando a chave do carro.
— Sim. — disseram em uníssono.
— Ótimo, tem armas embaixo de cada carro do lado direito, se der merda vocês já sabem. Fiquem espertos, se dermos qualquer deslize estamos todos fodidos.
— Ok. — disse a Lydia e o Nash. Os outros só balançaram a cabeça em sinal de aprovação.
— Coletes? — perguntei.
— Sim! — disseram.
— Cada um está com uma G18?
— Sim! — disseram de novo.
— Preciso repetir o número de vocês quando for chamar pelo rádio? — perguntei com ironia.
— Não. — responderam rindo.
— Lydia hoje você vem comigo. — ordenei.
Ela me seguiu e os outros foram para seus carros.
[...]
Já passava da meia noite quando chegamos no porto encontrando o escuro a nossa volta. Escutava o barulho dos pneus mastigando o cascalho e me recostei no banco.
— Alguma coisa 4?
— Não — respondeu o Aaron.
— Saia perguntando aos outros se vêem alguma coisa, me avise se ele virem.
— Ok, 007 — brincou.
Ficamos dez minutos nesse breu até o 4 me dizer que o resto do pessoal não tinha visto nada.
— Desliguem os faróis. — disse pela escuta a todos.
Assim fizeram, em menos de segundos aí sim podia dizer que estávamos em um breu.
— Onde você estava esse tempo todo? — perguntei para Lydia.
— Fazendo o meu trabalho. Ainda tenho pelo menos 30% de vida normal, não? Aliás todos nós temos. Ainda há um pingo de sanidade em nós...
— Eu não diria o mesmo. — disse escutando os grilos cantarolarem.
— Vai me dizer que a Maddy não deixou você de cabeça para baixo com seus sentimentos?
— Não. — disse depois de uma longa e barulhenta pausa.
Sim deixou para caralho.
Ela riu como se tivesse lido meus pensamentos.
— Olha que ela faz você mudar sua opinião rapidinho.
Não questionei o que ela disse, sabia que era verdade.
— Não vai me dizer que está gostando da minha irmã, vai?
Encarei ela por alguns segundos e minha vontade era de sair daquele carro e bater minha cabeça em uma das árvores que nos cercava de tão idiota que eu era.
— Grande idiota. — murmurei.
— Não faça isso consigo mesmo. Pode não parecer real, mas a Maddy não tem nenhum pingo de amor ou piedade. Ela é tão fria por dentro quanto por fora, Shawn. Eu mudei meu conceito depois que eu a vi tento aquele ataque de ciúmes. — riu. — Da última vez que ela fez isso, foi quando o Luke estava falando com a Cloe no colégio e, ela disse que pararia de falar com ele se resolvesse trocá-la pela Cloe, e foi assim que elas viraram melhores amigas. Sabe, eu sempre admirei a Maddy por ela sair tão fácil das situações e ser tão foda-se para tudo, enquanto minha mãe queria que ela fosse igual a mim. — disse cabisbaixa. — Não podia sair para caçar com a Maddy quando ela ia passar as férias de verão na casa do meu avô. Não pude ser quem eu queria ser, porque a minha mãe queria que eu fosse melhor que ela. Minha mãe nunca a perdoo pelo que ela fez e meu pai sempre passava a mão na cabeça dela, mas não da forma de deixá-la mimada, e sim de mostrar a ela o quão fácil era tomar uma decisão. Minha mãe me cobriu de tudo que eu fazia e colocava a culpa nela. Ela não fazia nada de errado, na maioria das vezes. Isso me fez ver que quem era a vilã da história toda, era eu. Meus pais se separaram logo depois da Maddy ter terminado o ensino médio. Ela passou um ou dois meses comigo e com a minha mãe, depois se mudou para o Brasil para ficar com o meu avô, tentar recomeçar. A Maddy já passou por coisas tempestuosas, piores que seus próprios erros. Ela sempre foi segunda opção, Shawn. Não faça dela segunda opção de novo, é tudo que eu peço a você. O pior é pensar se vale à pena insistir ou se foi perda de tempo.
Maddy P.O.V
— Cloe! Você viu meu tênis da Vans? — perguntei tirando seus fones.
— Não, você já procurou no quarto do Shawn?
— Não. — respondi.
— Aposto trinta pratas que ele está lá. — disse me dando uma piscadela.
Fui até o quarto do Shawn e, pela primeira vez estava tudo organizado. Não que não fosse organizado. Quero dizer, as coisas dele estavam arrumadas. Sem roupas em cima de cama, sem sapatos em baixo da cama, sem toalhas na cabeceira.
A Anne está fazendo a diferença...
Achei meus sapatos em baixo da mesa de trabalho do Shawn, sentei na cadeira e coloquei o tênis. O computador do Shawn estava ligado e não parava de chegar notificações. Sabia que era invasão de privacidade, mas estava curiosa. Abri a primeira página e apareceram vários vídeos pornográficos.
— Era só o que faltava. — murmurei.
Sai fechando as coisas desnecessárias. Quando estava prestes a sair do quarto havia uma mensagem no seu e-mail vindas de Margaret Clarkson.
Margaret Clarkson
Shawn! Tenho ótimas novidades, a sua passagem já está marcada para daqui a uma semana. LOS ANGELES QUE NOS AGUARDE! Espero que você não me mate, era para eu estar tirando um dia de folga...
Então não era só eu que estava tentando sair dessa...
— CLOE! VOCÊ GANHOU A APOSTA.
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