Capítulo 30
Shawn P.O.V
Olhei para o lado e vi a Maddy dormindo, olhei para o relógio e vi que era 11:27. Levantei devagar e tomei uma ducha rápida, coloquei uma bermuda e desci encontrando a Anne chorando e todos a sua volta perguntando o que tinha acontecido.
— Ele abusou de mim e me largou naquele motel desgraçado. Eu não pude fazer nada. Ele me ameaçou, disse que eu iria morrer se eu contasse isso a alguém. Por favor me ajudem! — disse desesperada.
— Calma, nós vamos ajudar você, tudo bem? — disse o Bruno.
— Liguem para polícia. — disse a Margo. — Ela precisa fazer o boletim de ocorrência.
— Não! — exclamou a Anne. — Ele está em casa? — perguntou fazendo todos concordarem.
— Estou bem aqui na sua frente. — disse descendo as escadas. — O que você quer? A Beatrice viu que VOCÊ tinha pedido para que fossemos dançar. — olhei para Beatrice e ela concordou com um maneio. — Anne, qual o seu problema? Acha mesmo que se eu fosse abusar de você te deixaria viva? An? — dei um sorrisinho de lado.
Ela olhou para algo atrás de mim e voltou a me encarar.
— Shawn, agora negue na frente de todo mundo que você não segurou meu pescoço e me ameaçou. Negue que você não transou comigo ontem à noite. NEGUE! — gritou.
— Não vou negar.
— SEU DESGRAÇADO FILHO DA PUTA! — escutei antes de ver um vaso quebrado diante dos meus pés.
Maddy P.O.V
Desci as escadas, pronta para enviar minhas unhas na cara do Shawn.
— VAI NEGAR AGORA NA MINHA FRENTE?! SEU MERDA.
— Maddy, olha eu posso explicar.
— VAI SE FUDER VOCÊ E SUA EXPLICAÇÃO! — gritei.
— PARA DE GRITAR! — mandou.
— EU NÃO VOU PARAR!
Todos a essa altura haviam saído da casa e a Sra. Lee tinha pegado a Anne e levado ela para cozinha.
— Eu não acredito que você fez isso... — disse firme.
— Maddy...
— NÃO ENCOSTA EM MIM! — urrei. — E isso é porque você gosta de mim...
— VOCÊ DISSE QUE SENTIA NOJO DE MIM!
— MAS NÃO DISSE QUE ERA PARA VOCÊ FICAR COM OUTRA! A ANNE, SHAWN?!
Lutava para não deixar as lágrimas caírem, mas era impossível. Por que eu estou agindo assim? Ele não é nada meu.
— Parabéns, Shawn! Você conseguiu o que queria. Parabéns. — disse antes de ver o Shawn me colocar contra a parede e segurar meu queixo, me forçando a encará-lo.
— Me desculpa se eu não posso ser o que você quer. Agora para.
— Você é quem escolheu ser, e não vai ser por mim que você vai mudar. — disse e sai de perto dele subindo as escadas.
Peguei minha mala embaixo da cama e coloquei minhas roupas dentro dela.
— Aonde você vai? — perguntou fechando a porta atrás dele.
— Embora.
— Para onde?
— Não te interessa!
Ele chegou perto da minha mala e começou a tirar as roupas.
— PARA! — gritei — ME DÁ ISSO DE VOLTA!
Ele pegou uma blusa e ergueu ela acima da sua cabeça.
— DEVOLVE!
— NÃO!
— SHAWN ME DÁ ISSO! QUER SABER? FICA PARA VOCÊ, USA QUANDO VOCÊ FOR PARA BOATE COM A ANNE. DESEJO TUDO DE BOM PARA VOCÊS DOIS! — gritei na sua cara.
— QUEM VOCÊ ACHA QUE É PARA GRITAR COMIGO E AINDA POR CIMA ME CHAMAR DE GAY?!
— EM NENHUM MOMENTO CHAMEI VOCÊ DE GAY!
— PARA DE GRITAR MADDY!
— NÃO!
— SE VOCÊ GRITAR MAIS UMA VEZ EU JURO QUE...
— VAI FAZER O QUE? APERTAR MEU PESCOÇO IGUAL O CARL FEZ EM MIM?! OU ABUSAR IGUAL AO QUE VOCÊ FEZ COM A ANNE?!
— O que aconteceu com a Anne foi no calor do momento em qua nós dois estávamos alcoolizados. — disse.
— Ela fez o que então? Te estuprou? — ri com sarcasmo.
Shawn me empurrou na cama e segurou meus pulsos, depositou um beijo no meu pescoço dolorido por causa do Carl e me olhou nos olhos.
— Você não vai embora, eu não vou deixar.
— NÃO PRECISO DA SUA AUTORIZAÇÃO PARA IR AONDE EU QUERO.
— PARA DE GRITAR PORRA!
Não conseguia segurar as lágrimas, eu não chorava porque estava triste, eu chorava porque estava com raiva.
— Sai daqui. — disse com a voz embargada.
— Não.
— SAI!
— NÃO MERDA!
— Por favor, sai daqui Shawn.
— Não faça nenhuma tolice. — murmurou.
Ele me encarou e me deu um beijo que eu não retribui. Ele me olhou de novo e saiu de cima de mim, foi até a porta e a fechou com força me fazendo suspirar.
[...]
Escorreguei para fora da cama e sentei com os joelhos encostados ao meu peito. O quarto realmente estava um bagunça, coitada da Sra. Lee...
Escutei o barulho da maçaneta e voltei a minha atenção a ela. A silhueta de uma pessoa mediana me fez pensar que fosse a Sra. Lee, mas tive a certeza quando eu a vi limpar uma sujeira imaginária do seu avental.
— Bom... você fez um estrago bastante grande. — disse com seu sotaque carregado.
— Desculpa... — disse baixinho.
— Quebra tudo, vai! Eu posso trazer alguns espelhos, xícaras de porcelana da Sra. Mendes ou alguns dos instrumentos do Shawn para você quebrar. Mas, só não deixa isso guardado ai dentro.
Abaixei minha cabeça e deixei as lágrimas caírem mais uma vez.
— Oh, por que você chora? — perguntou apertando meus ombros.
— Choro por algo que achei que fosse recíproco. Este nunca é motivo de tristeza, mas sei que é bom chorar, alivia. — disse tentando disfarçar o rosto vermelho.
— Está apaixonada? — Sra. Lee perguntou.
Dei um leve sorriso. Quem diria. Eu nunca havia experimentado estar apaixonada.
— Não! Há várias formas do amor se enquadrar no mundo. Choro por medo de perder o que eu amo. O que dá no mesmo de ter medo de amar.
— Palavras fortes, querida, mas chorar por tristeza nunca é bom. Acredito ser a pior atitude do universo.
— Pior atitude? Isso não seria pesado demais? Um choro pode passar despercebido.
— Chorar é ruim a esse ponto. — falou. — Lágrimas significam mil palavras não ditas. Mil amores não amados. Mil vidas não vividas. Muita confusão pode brotar de uma lágrima.
— Então estou perdida. — disse pondo as mãos nos meus olhos.
— Você vai embora.
Continuei de cabeça baixa até perceber que aquilo foi afirmação não uma pergunta.
— Como você sabe? — perguntei olhando para ela.
Ela riu e respondeu.
— Todas que vem, vão. Vou deixar você sozinha com seus pensamentos, o silêncio sempre é bom para a alma. Nele podemos escutar muita coisa. Boas ou ruins, mas sempre podemos ouvir as diversas opiniões que ele tem a dar.
Depois que ela saiu, olhei pela enorme janela e pensava: haveria mesmo mal em chorar? Talvez ficar sozinha não fosse tão agonizante. Não precisava chorar, mesmo não achando aquilo ruim. Precisava apenas me acostumar. Somente o tempo poderia esclarecer minhas dúvidas.
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