Capítulo 28
Maddy P.O.V
O céu já estava negro, e eu caminhava sem rumo pelas ruas de Miami, com um maço de cigarro no bolso, enquanto apagava a chama que sumia e reaparecia do meu isqueiro. No silêncio, minha mente estava a esmo, sentia-me insensata e quase leviana. Tentava adivinhar o que ele poderia está fazendo, ou o quê estava pensando neste momento. Talvez esteja matando mais alguém só para satisfazer sua fome.
Tirei um cigarro do maço, fazia com que ele caminhasse por entre meus dedos. E sabia dos riscos se o levasse a boca, da volta ao vício em que havia saído a muito tempo.
Deus como preciso de heroína agora!
Acendi o cigarro e, na primeira tragada me deletei, como se aquilo fosse um dos cookies com gotas de chocolate que minha mãe fazia quando era mais nova.
Daria qualquer coisa para que minha filha pudesse ter comido um daqueles biscoitos novamente. Poderia ter sido uma pessoa melhor, uma mãe melhor, mais atenta e menos desligada para o que acontecia a minha volta.
A regra é essa: todo mundo trai todo mundo. Não vou dizer que fui inteiramente honesta com o Jack em ser fiel a ele no nosso relacionamento, porque estaria mentindo. Eu sou o tipo de pessoa que vive em um círculo vicioso, entre dinheiro, traição e ambição.
Aprendi com a vida a chorar sem demonstrar nenhum remorso ou até mesmo expressar qualquer tipo de sentimento. Não acho vergonhoso chorar em meio as pessoas, isso é uma fraqueza. Não me considero uma pessoa fria e grossa depois que sai das drogas. Sou agora pior que isso. Sou fraca. Tudo o que meu pai disse para que eu não fizesse, eu fiz. Só para saber qual seria sua reação ao ter uma filha sem ser filhinha do papai igual a Lydia era.
Flashback On
— O que é isso Maddy?! — perguntou meu pai em meio a fumaça do meu quarto. Logo minha mãe e minha irmã chegaram aonde meu pai estava. Minha mãe expressava horror, minha irmã tossiu e meu pai me deu um tapa na cara.
— O que eu disse a você, hein?! Sobre não usar mais isso! — disse pegando o pacotinho que continha minhas drogas. — É ISSO QUE VOCÊ QUER PARA SUA VIDA?! VOCÊ COMO SEMPRE, ME SURPREENDENDO DESMORONANDO A NOSSA FAMÍLIA! — gritou.
Ele me olhava com um semblante ameno para o tamanho da situação. Ele não era o tipo de pessoa que ficava com raiva fácil. Não guardava rancor ou ódio de alguém, mas sentia que era isso que ele sentia naquele momento. Raiva, angústia e decepção da filha mais nova.
— Queria que você fosse como sua irmã. — murmurou por fim.
— Cuidado com as coisas que você deseja, pai. Nem sempre ela é como você pensa, nem sempre. Aliás, nunca foi. Até porque você nunca viu ela como realmente é.
Sabia coisas demais sobre a Lydia. Com quem andava, o que fazia sem estar na frente dos meus pais...
[...]
Isso aconteceu depois que eu entrei em depressão pela morte da minha filha. Andava na calada da noite exatamente como eu estou fazendo agora, sempre com uma seringa pronta para ser injetada na minha veia, uma garrafa de Whisky e um sopro de uma vida que poderia ter andado em um caminho diferente. Fiz psicologia não para entender as necessidades de outras pessoas, e sim para procurar a entender a mim mesma.
Sentia a garoa em meus braços nus. A brisa que fazia meus cabelos roçarem levemente nos meus ombros. Nada me deixava mais confortável do que sentar na cadeira de balanço gasta da varanda e olhar o pôr do sol com uma caneca de chocolate quente. Ficava ainda melhor quando chovia. Agora percebo que nada era como eu tinha imaginado. "Você cria expectativas demais Maddy, você cria expectativas demais". Diria meu pai se ele estivesse aqui. Ele tem sempre bons conselhos a dar, um sermão que te faz revirar os olhos e, ele fala coisas incompreensíveis que só mais tarde a gente entende. "O que eu te falo agora pode não ter importância ou significado, mas quem sabe em um futuro próximo você não entenda?".
Me perguntava todos os dias que eu acordava depois da morte dela, o que seria de diferente? Acordava com a boca seca e uma larica horrível, comia comidas do dia anterior, e logo depois fazia uma ou duas fileiras de droga e passava o nariz em cima e esperava a minha cabeça girar e, meus olhos fecharem lentamente.
Os bares estavam fechando quando passei pelo centro da cidade, então decidi voltar para casa. Encontrei a Allison sentada na varanda comendo pipoca junto com o Nash, Bruno e Beatrice.
— Cadê o Shawn? — a Allison perguntou se inclinando da cadeira.
— Eu hein! ESTÁ VENDO ELE AQUI?! — gritei.
Todos olharam para mim, revirei os olhos entrando na casa e me dirigi a sala, sentei no sofá, puxei minhas pernas para junto do meu peito e deitei minha cabeça em meus joelhos. Sabe aquele choro sem demostrar sentimentos? Eu simplesmente não consigo me esconder por detrás dele.
— Ei. — sussurrou o Nash tocando no meu ombro. — Você precisa de alguma coisa? — assenti.
— Eu preciso de um abraço. — disse deixando aquelas lágrimas lavarem meus olhos.
— Vem aqui então. — disse puxando meus ombros.
Deitei em seu peito e adormeci como nunca pensei que dormiria. Não sonhei nem mesmo tive pesadelos, tive um sono leve. Lembro de ter me aconchegado nos braços do Nash. Queria poder dormir assim mais vezes...
Shawn P.O.V
Olhei para o lado e encontrei a Anne ofegando. Seu peito subia e descia com sua respiração pesada.
— Nossa! — exclamou olhando para o espelho no teto do motel. — Depois dessa terei que usar cadeiras de rodas. — disse rindo.
— Bom, não fodi ninguém assim. — menti.
— Então eu sou a única que você fez isso? — perguntou ficando de quatro em cima da cama.
— Tecnicamente, não, porque já fodi a Maddy e, sinceramente devia pagar a ela para te dar aulas práticas. — disse fechando o zíper da minha calça.
— A Maddy é uma vadia, pega qualquer um. — disse com um tom de voz que esbanjava nojo. Depois que ela falou isso a coloquei contra a parede apertando seu pescoço.
— Pense muito bem antes de falar qualquer coisa referente a ela, entendeu?
A soltei, não queria matar mais alguma pessoa.
— Vai aonde agora? — sussurrou. — Vai atrás da Maddy? Ou vai querer foder mais comigo, an?
— Acho que não te interessa o que eu faço ou deixo de fazer.
— Se você sair por aquela porta não quero mais você me fodendo. — choramingou.
— O problema não é meu, minha cara. Você sabe quantas mulheres belas e sensuais existem nesse mundo? Então, não ache que o mundo gira a sua volta. — disse e saí deixando ela sozinha.
Paguei pela noite de merda e entrei no meu carro e dirigi até chegar em casa. Encontrei a Allison e a Beatrice conversando na espreguiçadeira, parecia estar tendo uma conversa interessante.
— Boa noite, meninas. — elas me devolveram com uma referência rápida com a cabeça.
— Ou você quer dizer "Bom resto da madrugada meninas". — disse a a Allison deixando sua voz grossa. A Beatrice riu e eu entrei na casa fingindo não ter dado atenção.
Encontrei o Nash sentado no sofá com a Maddy dormindo em seu colo.
— Não foi só eu que tive uma noite boa. — menti.
— Ela tinha saído e só voltou de 2:00 da manhã, vou levar ela lá para cima... — disse o Nash colocando o celular na mesinha de centro.
— Não precisa, eu faço isso.
— Tem certeza?
— Olha eu ainda consigo carregar uma pessoa nos meus braços, ok? — disse me aproximando.
— Então, está bem.
Peguei-a nos meus braços e ela se mexeu se aconchegando no meu peito. Subi as escadas com cuidado e, quando cheguei na porta do meu quarto disse a mim mesmo que seria errado fazê-la dormir do meu lado sabendo que ela precisa de espaço. Então dei meia volta e deixei ela no meu antigo quarto. A cobri dos pés até o pescoço e depois saí do quarto fechando a porta devagarinho.
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top