Capítulo 26
Maddy P.O.V
Esfreguei meus olhos na tentativa de focar na silhueta que estava em pé no capô do carro.
Não, não, não, não!
— Jack! — gritou o Shawn de cima do capô.
Vários homens saíram dos carros, todos armados e prontos para desferirem seus inúmeros tiros na direção do Jack. Em menos de segundos o Jack puxou meu cabelo e me colocou em sua frente, me fazendo de um escudo.
— Ela não tem nada haver com isso! — gritou de novo.
— É verdade, mas ela vai pagar pelo o que você me fez. — disse puxando a arma da sua cintura e a colocando de encosto a minha têmpora. Fechei meus olhos e, por mais que eu não quisesse deixar aquelas lágrimas escorrerem era impossível fazê-las pararem.
Flashback On
— Achas mesmo que alguém vai querer tu, uma mulher grávida? — disse minha mãe sentada na poltrona da sala.
— E-Eu posso abortar, não sei. — estava nervosa sem saber o que fazer e muito menos sem saber o que dizer. Sentia vergonha e medo.
— Não terás meu apoio se fizeres isto, entendeste? — disse arregalando os olhos. — Deixa só teu avô saber disto.
Me entregar a solidão e ao desespero não estavam na minha lista de opções, então apenas chorava, por medo. Estava no meu segundo mês de gravidez e, mil e uma coisas passavam na minha cabeça. Deixar o bebê na porta de um orfanato, abortar ou simplesmente assumir que ele era meu filho.
— Saudades de quem achavas que tu eras, uma menina inocente e de bom partido. Agora teu nome está jogado na lama juntamente com tua reputação! — gritou.
Ela não parava de pensar nas inúmeras possibilidades negativas, sempre tendo a chance de me colocar para baixo.
— Para! — gritei mais alto que ela. Ela me encarou com um semblante inacreditável para uma garota de quinze anos, grávida e deixada pela pessoa que mais amava.
— Você vai para a casa do teu pai no México. — disse calma, tirando uma sujeira imaginária de seu vestido.
Shawn P.O.V
— Onde está o resto do seu grupo Jack? — perguntei abrindo os braços. — Foram tomar um cafezinho? — ri.
— Estamos esperando sua mãe. — disse o Murphy saindo de dentro da casa, seguido por Carl e Hussein.
Era de se esperar.
— Shawn, quero que assista um coisa brilhante. Agora me diga, quer ficar com os olhos ou alguns fios desse cabelo? — disse apertando ainda mais os cabelos da Maddy.
— Facilite as coisas, você sabe que se matar ela, não sairá daqui vivo. Do que adiantará afinal? — disse saindo de cima do capô. — Esperava mais de vocês. Hussein! O cara que foi meu segundo "pai". Certamente você recebeu meu recado.
Hussein Flashback On.
— Posso ajudá-los? — perguntei debruçando-me sobre o balcão.
— O senhor é do dono do estabelecimento? — assenti. — Desculpe senhor, mas agora esse bar pertence a outro dono. — um agente da polícia disse mostrando-me um papel amarelado.
— Mas como se eu não assinei nenhum papel? — perguntei nervoso. — Vocês não podem tirar esse bar de mim! É o único bem que eu tenho, a única fonte de renda para minha família! — menti.
— Daremos a você 36 hrs para sair do estabelecimento. O novo dono mandou essa carta.
Esperei que eles saíssem do bar e abri a carta com as mãos trêmulas.
Esse foi só um aviso, não ouse fazer nada contra mim, contra minha família e nem muito menos com minha garota. Saiba que ainda continua sendo uma pessoa especial, mas não para mim. De mim de agora em diante não lhe devo ao menos respeito.
— Peter.
Dentro da carta tinha uma foto dos meus filhos com os rostos cortados.
— Desgraçado! — gritei jogando um copo contra a parede.
Shawn P.O.V
— Achava que seria o suficiente para que você parasse. — ele pareceu atordoado e ao mesmo tempo furioso.
— Seu merda, fez com que meus filhos fossem tirados de mim! Agora aquela vadia está com eles! Abusando deles! Por que acha que eu me separei dela?! Por que eu já tinha outra em segunda opção?!
— Hussein, eles não estão com sua antiga mulherzinha. Eles simplesmente estão de férias, digamos que... para sempre.
— Seu filho da puta! — disse antes de ser atingido na perna por um dos meus atiradores. Ele se contorcia e gritava coisas que não gostaria de repetir.
Pisei em seu ferimento e me agachei chegando perto de seu rosto.
— Espero que isso seja o suficiente, se você se comportar, quem saiba eu pense em trazer seus filhos de volta, ab?
— Seu filho da puta! — gritou se contorcendo.
Maddy P.O.V
Via tudo que o Shawn fazia com o Hussein sem poder falar nada. O Jack parecia não se importar com o que estava acontecendo com seu parceiro ferido, com uma bala no meio da coxa e caído no chão. Seu orgulho não parecia se esvaiar, mas pensei o contrário quando o vi choramingar por misericórdia.
— POR FAVOR SHAWN! TENHA PIEDADE DE MIM! — gritava o Hussein.
Ele sorriu e então apontou a arma na direção da cabeça do Hussein e simplesmente atirou. Atirou sem nem ter perguntado qual seria seu último pedido. Ele atirou em um homem a sangue frio.
Shawn começou a andar lentamente na nossa direção, mas parou quando o Jack destravou a arma disparando para cima.
— Dê mais um passo e veja a cabeça da Maddy em pedaços. — disse fazendo o Shawn recuar. — Eu já não deixei claro que eu sou a lei? Senão, aqui vai. EU SOU A LEI PORRA! — Jack disse rindo de deboche.
— Para que ser a lei se eu tenho tudo o que você não tem? Agora eu te pergunto, nesse mundo de criminosos e corrupções, quem é a lei? Os pobres pagam impostos para que a alta sociedade viva bem. Então meu caro amigo, eu te vejo como um pobre qualquer.
— EGOÍSTA FILHO DA PUTA! — gritei mentalmente.
— E agora, Shawn? Vai querer negociar? Seu fantoche pelas ações do meu pai? — disse passando a língua na minha bochecha.
Os músculos do maxilar do Shawn se contraiam e ele suspirava de raiva.
— Quer saber? Foda-se! Fica com ela, vocês não eram um casal? Aposto que sentem atração um pelo outro quando estão juntos e, sinceramente vocês se merecem.
— ASSIM COMO VOCÊ MERECE A PUTA DA ANNE E A VADIA A ALLISON! — gritei.
Ahhh mas eu não vou me segurar não! Agora ele vai escutar poucas e boas. Ele me fuzilou com o olhar e apenas vi vários de seus homens caírem um por um com os rostos para o chão. Shawn levantou a arma e disparou no Murphy que caiu sentado, morto com um único tiro na cabeça.
— Não vai facilitar as coisas? — perguntou o Shawn quando os tiros cessaram. — Vamos Jack! Dois dos seus comparsas estão mortos e o Carl está morrendo de medo. O Collen já foi pego e inclusive está morto, do que adianta lutar mais, sabendo que de todo jeito você vai está na merda? — bufou. — Meu Deus! Você ainda continua a mesma pessoa quando o tio Mike te dava mesada, sempre indignado porque eu ganhava mais.
Shawn P.O.V
Sabia que ele não iria soltá-la de qualquer forma então propus:
— Dou a você as ações da empresa de Nova Jersey e as da Nova Zelândia. Agora passa ela para cá.
Ele acabou recuando indo na direção da cabana, mas logo parou quando percebeu que havia alguém atrás dele.
— Viu? NÃO ADIANTA! — gritei de novo. — Estou começando a ficar sem paciência Jack!
— Se você está ficando imagina eu que passei vários anos sendo segunda opção do meu próprio pai! Você foi a pessoa que mais fudeu a minha vida, como acha que vou retribuir isso? Serei diferente do que o Shawn foi com o Hussein. Qual são suas últimas palavras Maddy Campbell Maslow? — perguntou.
Por um segundo tudo pareceu estar em câmera lenta, ouvia o som dos meus batimentos cardíacos e a minha respiração pesada naquele clima denso de começo de outono. Imaginei por um instante o quê e como dizer a Lydia que sua irmã estava morta. Por minha culpa.
Maddy P.O.V
— VAI PARA O INFERNO. — disse disferindo uma cotovelada na sua barriga o fazendo cambalear.
Homens surgiram por detrás das árvores.
— Membros do grupo do Jack — disse a mim mesma.
— SHAWN ELES SÃO DO GRUPO DO JACK! — corri movimentando minhas mãos para que eles saíssem dali. Ele fez uma careta de desentendimento e subiu na parte de trás de um carro e lá estava o Shawn rindo ao colocar balas em uma... AQUILO ERA UMA METRALHADORA?!
Carl surgiu na minha frente me dando um soco na pescoço, cai no chão. Meus pulmões pediam desesperadamente por ar, mas minha traqueia acabara de ser socada. Ele se ajoelhou na minha frente e apertou o meu pescoço. Vários tiros conseguiram deixar a janela de um dos carros estilhaçados e cacos de vidros caiam sobre nós. Vários pontinhos pretos ofuscaram minha visão e eu sabia que era o fim, não queria morrer olhando para o meu – e provavelmente de várias outras pessoas, assassino, virei meus olhos para cima e vi... as estrelas. Nossa! Não sabia que se entregar a morte seria tão difícil, não que eu já tivesse morrido, mas se eu morresse a vinda do Shawn para me resgatar seria inútil, me sentiria uma inútil e minha história com o Shawn não acabou, não agora. Tateei minhas mãos a procura de algum caco de vidro.
Encontrei um caco de vidro e pontudo.
— Quem está do outro lado agora? — perguntou rindo da minha cara.
Peguei aquele caco e cravei no seu ombro esquerdo o fazendo gritar de dor. Sai debaixo dele respirando fundo, Deus como meu pescoço doía!
— Quem está do outro lado agora? — disse rouca usando sua frase e logo desferi um soco no seu queixo o deixando desacordado.
Pus as mãos em meus joelhos, sentia que tinha corrido cinco quilômetros sem dar nenhuma trégua, mas o lado bom era que minhas panturrilhas não ardiam. Minha cabeça girava e me senti totalmente fraca, esgotei minhas forças. Consegui avistar o Shawn em cima do carro e cambaleei até lá, mas logo vi o Nash agachado atirando no meio das árvores
— Nash... — toquei em seu ombro quase caindo por cima dele.
— Vem comigo! — disse colocando um dos meus braços por cima do seu ombro e ele logo segurou minha cintura.
Ele me levou a um dos carros mais afastados e me ajudou a me sentar.
— Agora estamos quites. — disse rindo e logo lembrei do dia da piscina. Sorri ao ter essa breve lembrança. — Prometo que já trago o Shawn. Não saia do carro em hipótese alguma, o carro é blindado. Quando eu fechar essa porta você vai travá-la e não abra, entendeu? — disse segurando meu queixo. — No porta luvas tem uma caixa de primeiros socorros, use-a se precisar. — o encarei sabendo que estava cheia de machucados. — O que eu acho que vai ser necessário. — completou antes de fechar a porta e sair correndo em direção aos tiros.
Travei a porta como pedido e abri o porta luvas pegando a pequena caixa. Tentei me virar e lembrei que minhas costas estavam doendo quando me choquei contra o chão, por causa do soco do Carl. Tirei a blusa lentamente ficando só de sutiã, limpei meus pulsos que ardiam, o canto da minha boca e os inúmeros cortes superficiais que essas noites haviam me proporcionado.
— Ainda mato o Shawn. — xinguei sozinha. — Filho da puta do caralho. Só faz foder com tudo. — resmunguei vendo uma jaqueta no banco do motorista. Peguei ela e logo senti o cheiro do perfume do Shawn. — Desgraçado. — sussurrei e coloquei o jaqueta antes de ver os rapazes entrando nos carros indo embora. Vi o Shawn se aproximar com um ar de vitorioso, apenas cruzei os braços e pus a balançar meus pés. Pronta para encher o Shawn de tapas e socos.
— Oi. — disse sentando ao meu lado.
Olhei para o lado de fora da janela sem responder seu comentário. Não conseguia bater nele. Não conseguia encará-lo. Ele suspirou e ligou o carro e logo percebi quanta hipocrisia da minha parte. Homens morreram por minha causa e não quero que isso se repita. Shawn se permitiu vir atrás de mim nesse fim do mundo e como eu estou retribuindo ele?
— Obrigada. — disse olhando para meus pés.
— De nada. — disse ríspido. Entendia, até porque foi eu que o tratei com grosseria, agora ele só está retribuindo no mesmo lado da moeda.
— Me explica o que está acontecendo. — pedi rouca por causa do meu pescoço.
— Não.
— EU QUASE FUI MORTA PORRA! — gritei
— NÃO GRITA COMIGO!
— ENTÃO PARA VOCÊ DE GRITAR!
— VOCÊ QUE COMEÇOU SUA LOUCA!
— Olha, não é você que está toda machucada. — intimidei. Ele apenas deu de ombros. — Por que veio atrás de mim se não se importava então? — perguntei o fazendo abrir e fechar a boca várias vezes. — Ainda estou esperando...
— CACETE! Eu me senti na necessidade de ajudar você e olha aonde estamos?! No meio do mato e brigando para variar e ainda por cima você me fazendo perguntas idiotas!
— Se fossem perguntas idiotas você não estaria escondendo as respostas. Quer saber Shawn? Vai a merda!
Ele parou o carro e abriu a minha porta.
— O que você está fazendo?
— Tira a jaqueta!
Tirei e joguei na sua cara.
— Sai do carro. — disse sem olhar no meu rosto.
Sai batendo a porta com força e caminhei pelo acostamento da estrada. O que as pessoas iriam pensar quando virem uma louca de sutiã em plena madrugada e para variar toda machucada? Shawn passou do meu lado em alta velocidade. Filho da puta!
Shawn P.O.V
Mal agradecida, acabei de salvar sua vida e como ela me agradece? Com perguntas que não lhe devem nenhum respeito. Passei com o carro perto dela e nem me importei, foda-se estou pouco me importando com ela
PORRA EU ME IMPORTO SIM!
Dei ré no carro até chegar onde ela estava. Ela olhou para mim e continuou a caminhar com queixo erguido.
— Entra no carro. — disse fazendo um movimento com a cabeça. Ela mostrou o dedo do meio para mim e não parou. — Ou você entra por bem ou por mal, não quero que vejam você assim.
— Assim como? — provocou.
— Você sabe como. — disse.
— Está se referindo aos meus machucados ou sobre eu estar de sutiã? — provocou de novo.
— Anda logo Maddy! Estou sem tempo.
— PROBLEMA SEU! — gritou.
Parei carro e ela começou a correr quando percebeu que eu estava atrás dela. Dez minutos depois consegui pegar ela pela sua cintura e a coloquei no meu ombro.
— SHAWN ME COLOCA NO CHÃO, EU ESTOU TONTA!
— PROBLEMA É SEU! — gritei usando sua frase.
Coloquei ela no carro e logo depois entrei. A mesma estava com os braços cruzados e uma careta carrancuda.
[...]
Já era 5:00 hrs da manhã quando chegamos em casa, éramos para ter chegado as 4:00 hrs.
— Você demorou cara achei que tinha acontecido alguma coisa com vocês. — disse o Aaron colocando a mão no peito.
— Teve algum imprevisto? — perguntou o Nash.
— Só uma fugitiva. — disse encarando a Maddy.
— Foi você que me colocou para fora do carro! — disse alto.
— EU PASSEI DEZ MINUTOS CORRENDO ATRÁS DE VOCÊ SUA IDIOTA! — disse e os meninos começaram a rir.
— ISSO NÃO TERIA ACONTECIDO SE VOCÊ NÃO TIVESSE ME COLOCADO PARA FORA, BABACA! — disse.
— ISSO TAMBÉM NÃO TERIA ACONTECIDO SE VOCÊ ENTRASSE NO CARRO NA PRIMEIRA VEZ QUE EU MANDEI, RIDÍCULA! — gritei.
Ela bufou e subiu as escadas batendo os pés.
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