Capítulo 22

Shawn P.O.V

— Onde está a Maddy? — perguntei assim que eu cheguei a sala onde a Sra. Lee servia chá gelado aos policiais.

  Todos balançaram a cabeça menos o policial de pele escura parado na fachada. Seus olhos arregalaram-se e logo começou a tossir. Cruzei os braços na tentativa de parecer intimidador.

— Ela disse que ia comprar produtos de higiene pessoal. — disse sem muitos rodeios.

— E você acreditou? — assentiu, me fazendo revirar os olhos.

— Shawn seu telefone está tocando! — gritou a Aaliyah do seu quarto antes que eu pudesse falar alguma coisa com aquele policial burro, subi as escadas e a encontrei sentada na beirada da minha cama.

— Quem é? — perguntei e ela logo me passou o celular.

— Número desconhecido. — respondeu.

  Dei de ombros e atendi ao telefonema.

Shawn Mendes? — perguntou uma voz feminina por trás da linha.

— Sim?

Eu estou aqui com o Mark, especificamente em um posto de gasolina. — falou e uma onda de susto e medo tomou conta de mim.

— Aonde fica esse posto? — perguntei passando a mão pelo meu cabelo.

No pé da colina. — instruiu.

— Estou a caminho. — desliguei e joguei o telefone na cama.

  Fui até a sala onde os policiais se encontravam em uma conversa discreta.

— Encontrei o Mark! — exclamei.

— Aonde ele está? — perguntou o policial de pele escura.

— Em um posto próximo daqui...

— Pode ser uma armadilha. — o detetive disse cruzando os braços.

— Agora vão me dizer que vocês não foram treinados para isso? — perguntei com deboche.

— Olha aqui seu filhinho de papai, estou aqui para fazer meu trabalho, não para seguir ordens e nem aguentar desaforo de nenhum metidinho à merda igual a você. — disse apontando para o meu peito.

— Você está aqui para seguir ordens sim, até porque você é um detetive particular, não? — revidei. Ele cerrou os pulsos, sua vontade de me bater era grande até demais, depois saiu juntos com os outros policiais.

  Eles fizeram questão que eu fosse no carro da polícia, mas eu não iria com aquele detetive de merda do meu lado, eu estava com raiva e muita, muita coisa ruim me passava pela cabeça. Era capaz que eu desse um soco naquele detetive antes mesmo que eu pudesse chegar ao meu limite. Entrei no meu carro e seguimos até o posto de gasolina.

  Ao chegarmos lá, entramos e os policiais estavam com as armas na mão caso se aquilo saísse do controle. Fomos até o balcão onde uma atendente escutava música nos seus fones e cerrava as unhas. Coloquei as mãos no balcão e ela logo notou minha presença com um susto.

— Você é o...

— Shawn Mendes. — completei com um sorriso fraco e forçado.

— Venha comigo por favor. — falou seguindo porta a dentro atrás dela.

  A segui como pedido. O lugar era pequeno e nada confortável, cheirava a mofo e o papel de parede estava desgastado, o piso rangia aos nossos pés por estarem gastos. Havia uma poltrona e uma televisão pequena. Bem no canto o Mark estava cabisbaixo, balançava as pernas de um lado para o outro e fungava o nariz de hora em hora. Mexia em alguma coisa nas suas mãos para se manter acordado, incapaz de se entregar ao sono.

 Fui até ele no qual me abraçou forte, ele soluçava em meu ouvido. Acharia que ele ficaria feliz em me ver, então ele disse:

— A Maddy foi embora.

— O quê?!

  A atendente tocou em meu ombro me fazendo olhar em seus olhos.

— Ela entrou na mesma Van que trouxe o garoto.

— Jack... — sussurrou o Mark me fazendo voltar minha atenção a ele. Arregalei meus olhos só de pensar na possibilidade do Jack está fazendo alguma coisa com ela.

  Chamei o Mark para ir embora, mas sem antes agradecer a atendente e de ter a subornado por aquele assunto não sair dali. Coloquei ele dentro do carro e juntei os policiais para discutir o que acabara de acontecer.

— Quero todos os policiais na cola dele! — gritei.

— Nas imagens da câmera de segurança a Van não tem placa, mas sabemos que ela é cinza. — disse um dos policiais.

— Existem milhares de vans cinzas em Miami! — estremeci ao perceber tamanha burrice deles.

— Tentaremos encontrá-la. — disse o detetive. Cheguei perto dele e estreitei meus olhos, causo medo nele pelo fato de estar quase chorando. — Senhor. — completou.

— Ótimo. — disse e me afastei deles indo em direção do meu carro. — Aconselho a vocês a começarem agora. — falei logo antes de dar a partida e subir colina à cima.

Maddy P.O.V

  A luz do sol entrava pelas pequenas frestas das janelas ao meu redor, indicando que já era dia e, por um momento achei que iria acordar do lado do Shawn. Fixava meu olhar em uma fresta maior, aonde a luz entrava e repousava em minha bochecha, causando um certo calor familiar, dos toques dele. Partículas de poeira eram visíveis quando eu olhava a linha que a luz do sol passava pela pequena fresta, mas uma nuvem de fumaça veio ao encontro do meu rosto me fazendo tossir freneticamente.

— No que está pensando? — perguntou o Jack dando uma tragada no seu cigarro.

— Não te interessa. — disse ríspida.

— Você está bem esquentadinha para quem mal acabara de acordar, não acha? — disse se aproximando.

— Como eu disse antes, não te interessa.

  Ele sentou na mesa de forma que conseguiu puxar meu cabelo para perto de si, pegou na arma e apontou na minha têmpora.

— Você não vai me matar. — sorri com desdém.

— Por que não? — me questionou.

  Pensei em várias formas de atacá-lo com minhas palavras simples e rudes.

— Porque você é covarde. — afirmei.

  Senti uma ardência onde a luz do sol ainda mantinha minha sanidade, e logo senti um gosto suave de sangue em minha boca.

— Nunca mais diga isso de novo. — disse entre dentes.

— Ou o quê? — ri novamente. — Oh não, ele vai me matar, socorro, socorro. — ironizei soltando uma gargalhada.

  Outra ardência, mas agora do outro lado da minha bochecha. Senti mais gosto de sangue só que agora com mais clareza. Coloquei a língua onde achava que vinha o corte e ri, não só pelo fato de estar nervosa, mas porque sabia que ele iria pagar muito caro por cada tapa que ele havia me dado.

— Tortura não é seu hobbie, Jack. — continuei.

— E o que seria? — perguntou ficando próximo do meu rosto. — Você não sabe nada sobre mim, Maddy.

— Se esconder atrás da saia da sua mãe como sempre faz. Atrás do seu dinheiro sujo e nojento. Você não é nada comparado ao que eu pensei.

— Espero que não tenha pensado coisas boas de mim. Afinal, mostro só o que eu quero as pessoas que me rodeiam, inclusive, a você.

— Mas parece que eu passei do seu limite do mostro só o que eu quero, não?

  Ele levantou, pensativo. E eu estava esperando por mais um tapa na cara, mas ele foi até a uma mesinha de vidro e colocou uma dose de Whisky para ele. O sangue em minhas bochechas pinicavam e se contraiam em perfeita vergonha e fúria.

  Fúria: por ter sido submetida a isso.    
  Vergonha: por não poder fazer nada.

  Não só estava falando do meu sangue e sim da minha pura burrice por ainda não ter acabado com aquilo. Havia deixado várias opções passarem despercebidas em meus olhos para fugir daquele lugar. Esperava realmente mais de mim. É difícil acreditar que há esperança quando não resta mais nenhuma. Tinha passado menos de doze horas dentro daquele "cativeiro", e já não estava aguentando mais.

— O que você realmente quer? — perguntei mudando de assunto.

— Não está dentro de suas limitações, Maddy. — disse dando mais um gole na sua bebida.

— Não sabe o que sou capaz de fazer.

— Por isso que não está dentro de suas limitações. — o encarei com uma certa confusão, ele abriu um sorriso triunfante nós lábios e colocou o copo na mesa. — Porque você não é capaz de nada.

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