Capítulo 20
Maddy P.O.V
Pensava em milhares de formas de dizer ao Shawn que eu iria embora. Deixar um bilhete escrito para ele. Sair de casa de madrugada sem deixar nenhum sinal de vida ou simplesmente dizer a ele que eu vou embora e pedir para esquecer o que nós tivemos, se é que tivemos alguma coisa.
Pensava também como ele iria reagir, criava conversas entre eu e ele e até mesmo discussões. Ele não vai desistir fácil. Eu sei agora que o que eu sinto pelo Shawn é só uma amizade, mas ao mesmo tempo eu sinto que é mais que isso. Não consigo expressar em simples palavras.
"Não desprezemos as palavras. Afinal de contas, ele é um instrumento poderoso; é o meio pelo qual transmitimos nossos sentimentos a outros, nosso método de influenciar outras pessoas. As palavras podem fazer um bem indizível e causar terríveis feridas."
Shawn tinha razão, talvez Sigmund Freud tivesse certo.
Embalava meu corpo em um daqueles balanços do parquinho, enquanto o vento acariciava meu rosto fazendo os fios do meu cabelo roçar em minha pele. Via o Mark descer e subir do escorregador. O Mark apareceu de surpresa na casa do Shawn aumentando a minha alegria. Por mais que eu tenha passado pouco tempo com ele acabei por me apegar aquele pequeno ser humano.
O Mark não era aquelas criancas grudentas que ficam no pé das pessoas. Crianças gostam de brincar sozinhas. Fazer desenhos que só eles entendem. Sentar em uma mesa com vários ursos ao redor com cookies e chá imaginário. Fiquei impressionada com tamanha importância do garoto assim que ele chegou a casa:
— Trouxe um presente para você. — disse abrindo sua pequena mochila. De lá ele tirou um dos seus pequenos soldados de plástico, logo pediu para que eu abrisse a mão. — É pequeno, então dá para você levar para qualquer lugar. Assim, quando você estiver longe vai lembrar de mim.
Sorri com tal atitude e lhe dei um abraço apertado.
— Obrigado, prometo que lembrarei de você assim que olhar para o seu presente.
— Eu não ganho nada? — perguntou a Allison dando um sorriso que mais parecia uma máscara de Halloween, eu especificamente não usaria ela. A Allison olhou para mim assim que viu que o Mark se escondendo por trás de minhas pernas. Devolvi seu olhar na mesma tonalidade a fazendo me encarar ainda mais.
— Maddy? Você pode me levar a um parque perto daqui? É que eu vou encontrar uns amigos. — perguntou a Aaliyah do topo da escada.
— Obaaaaa! Eu quero brincar no parque Maddy. — disse o Mark.
— Tudo bem. — falei o que fez a Allison revirar os olhos enquanto via o Mark correr em minha volta com seu pequeno avião de papel.
Ao chegar no parque a Aaliyah se encontrou com seus amigos e nesse grupo de amigos, vi que tinha um menino e ela ria igual a uma boba enquanto ele falava sobre bobagens ou até mesmo piadas que só ela ria. Suas bochechas coravam com o passar do tempo, mostrando que ela sentia um certo afeto pelo seu amigo. Eles chegaram até darem um beijo. Ela olhava de instante em instante para mim e para os lados, com medo de que eu dissesse alguma coisa a alguém.
— Maddyyyyyyyyyy! — ouvi o Mark gritar me tirando dos meus tormentos. Olhei para os lados e nada, fui até o escorregador e ele não estava mais lá.
Vi a Aaliyah vir em minha direção, seu rosto mostrava desespero e preocupação puxava as mangas de seu fino casaco com os olhos marejados.
— O que aconteceu? — perguntei com os olhos arregalados.
— Ouvi o Mark gritar o seu nome então corri até o escorregador e ele não estava mais lá ou no pula-pula. — sua voz tinha um certo grau de dificuldade, embargada talvez.
Depois de longas horas procurando o Mark pelo parque e pelas redondezas com ajuda dos amigos da Aaliyah, resolvemos pegar o carro e andar pela cidade. Mostramos fotos do Mark para todas as pessoas que nós víamos, mas resposta sempre era a mesma... não.
Encostei minha cabeça no volante do carro e foi aí que a ficha caiu de que eu tinha perdido uma criança. A única coisa que crescia dentro de mim era o desespero por ter sido tão irresponsável, por não ter dado mais atenção ao Mark.
— Nós precisamos ir até a polícia. — sugeriu a Aaliyah nervosa.
— Não adianta, a polícia só vai procurar dele depois de 48 horas de desaparecido. — respondi girando a chave do carro.
— Então o que vamos fazer? Ele não sabe contar nos dedos! Imagina passar uma noite sozinho nesse frio e com fome. — disse enquanto lágrimas caíam de seus olhos.
Já era tarde, o sol escapava por entre as serras. Parecia que alguém tinha virado uma ampulheta e o meu tempo já estava acabando.
— Aonde ele gostaria de ir?
— Não sei, ele gosta de ir à muitos lugares principalmente lugares que tenham doces. Na mochila dele tem o número e um endereço de contado caso se a mochila desapareça, acho que deve servir caso se uma criança também desapareça, né? — assenti.
— Então vamos ligar para o Shawn? — sugeriu de novo.
Pensei na possibilidade do Shawn surtar mais que eu e a Aaliyah juntas, mas ele saberia lidar com essa situação mais que eu e a a Aaliyah juntas.
— Sim, e peça para que ele nos encontre no parque. — mandei enquanto ela balançava a cabeça freneticamente.
Raiva, preocupação e angústia me faziam chorar calada. Faróis chamaram minha atenção, o Shawn saiu do carro com passos largos e rápidos em nossa direção. A Aaliyah explicara tudo o que tinha acontecido no maior alvoroço. As vozes deles em minha cabeça estavam longe.
Coloquei a cabeça no meio das minhas pernas e deixei as lágrimas caírem fazendo erupções na areia. Pobrezinho do Mark desaparecido graças a minha irresponsabilidade.
— Maddy, vamos sair daqui, precisamos esfriar nossas cabeças. Não podemos procurá-lo agora. Levanta. — disse o Shawn puxando meu pulso.
— Não, eu não vou voltar para casa até achá-lo. É minha culpa por ele ter desaparecido, minha! — disse puxando minha mão.
— O Shawn está certo, Maddy. É irracional procurar o Mark agora. — disse a Aaliyah tocando meu ombro. Balancei minha cabeça em reprovação.
— Então vocês vão deixá-lo ficar sozinho? Não pensa na possibilidade dele ter sido sequestrado? — disse exaltada. — Shawn por favor. — supliquei. Ele me puxou para um abraço na qual não impedi que as lágrimas caíssem. Estava chorando calada e agora parecia uma criança quando o pirulito era roubado.
— Por favor. — disse apertando seus ombros. — Por favor. — sussurrei em súplica novamente.
Já havia perdido uma criança em minha vida, não vou perder outra.
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