Capítulo 109

Shawn P.O.V

  Observei a equipe de evacuação descer pelas escadas indo em direção ao porão. Uma etapa já estava concluída, faltava apenas tirar a Maddy daquele lugar e colocar uma bala na cabeça do Henry.

— Preciso que seis fiquem no lado de fora caso se mais alguém chegue, sei que tem muitos nas copas das árvores e nos arbustos, mas eu preciso garantir. — olhei para o Aaron e ele assentiu apontando para alguns e levando para o lado de fora.

  Ele entendia que a Maddy estava correndo perigo, e também entendia que ele também estava. A Cloe ficaria sem chão se acontecesse alguma coisa com ele. Eu não deixaria que isso acontecesse.

  Subi as escadas com a arma empunhada e analisei o corredor. Estava frio e nada fazia barulho além dos meus sapatos e os das pessoas que vinham atrás de mim. O corredor era repleto de portas, trancadas. Escutava alguns barulhos dentro dessas salas. Mais mulheres? era provável que sim.

  Continuei até chegar na última porta e escutei conversas. A voz da Maddy. Fiz menção de abrir a porta quando fui impedido pelo Nash.

— Calma. — sussurrou.

  Olhei a maçaneta e ela não estava trancada.

  Estranho.

  Balancei a cabeça em sinal de que iria entrar e um dos meus homens abriu a porta.

  A sala estava vazia e um gravador repetia a conversa em cima da mesa.

— Merda! — corri em direção a escada enquanto escutava barulhos de tiros em algo que parecia ser metal. – Não atirem! A Maddy está no carro! — avisei pelo rádio. — Desçam das copas e arbustos, entrem nos carros e vão atrás deles!

  Peguei o celular e liguei para Cloe. Ela estava com acesso as câmeras junto com o Issac.

— Como ele conseguiu tirar a Maddy de lá? – perguntei voltando pela mata em direção ao carro.

Não sei! Nenhuma câmera pegou eles saindo. Provavelmente ele deixou algum espaço sem câmeras, um ponto cego para que pudesse fugir caso se acontecesse algo parecido a isso.

  Desliguei o celular e sentei no capô do carro para pensar. O plano tinha tudo para dar certo. Havíamos passado e repassado ele milhares de vezes e, a possibilidade de algo acontecer que não tínhamos previsto, era mínima.

  Escutei alguns gravetos serem quebrados e saquei minha arma e mirei na direção do barulho. A Lydia saía de lá com um tablet nas mãos e uma mochila nas costas. Minha vontade era de esganá-la.

— Calma aí, garotão. — disse vindo na minha direção enquanto mexia em algo no tablet.

— Calma? Você me pede calma? – a olhei me aproximando dela rápido. — O Henry levou a Maddy e você me pede calma?! — a olhei.

— A Maddy está com uma escuta e eu sei para onde exatamente eles estão indo, acha mesmo que eu iria deixar a Maddyson entrar naquele lugar sem nada? — me olhou furiosa.

  Eu esperava que a Lydia fizesse a cabeça da Maddy para que ela não fosse até lá, mas justamente ela havia deixado que a Maddy fizesse isso.

— O que mais vocês planejaram pelas minhas costas que eu ainda não sei? — perguntei nervoso.

— Eu sei para onde eles estão indo. — falou se dirigindo ao banco do passageiro.

— Evacuem a área e me sigam. — avisei pelo rádio.

— Eles estão indo para o aeroporto internacional de Toronto, precisamos ser rápidos. Eles já estão há 5 quilômetros da gente. — disse forçando o dedo contra o ouvido.

— Me dá a escuta. — estiquei minha mão na direção dela enquanto passava por cima dos buracos da estrada.

  Ela colocou o mesmo na minha mão e logo pus o mesmo dentro da minha orelha. Escutei conversas sobre como iria acontecer o voo e de como iriam fazer quando chegassem ao país desejado. Queriam pegar um avião de Toronto direto para o Brasil. O Henry queria ir atrás do Dylan e do Mark.

— A Maddy consegue me escutar? — perguntei recebendo um sim da Lydia. — Maddy, preciso que você faça o que eu digo uma vez na sua vida e parar de bancar a espertinha, por mais que você seja e eu não duvido disso. Há três carros indo atrás de você, eles estão mais próximos que eu. Eu preciso que você ganhe tempo o suficiente para que eu consiga chegar até você. Juro que estou tentando ir o mais rápido que eu posso. Eu te amo, Maddy.

Maddy P.O.V

  Eu queria que aquela droga acabasse. Queria colocar uma bala na cabeça do Henry. Ele estava há menos de meio metro de mim e eu simplesmente não podia fazer nada. Nada.

  Segurei algumas lágrimas quando escutei a voz do Shawn e ainda mais quando ele disse que me amava. Não podia deixar que as coisas saíssem do meu controle. Não agora. Não hoje.

  Observei algumas luzes que ligavam e desligavam à cada 5 segundos. Um sinalizador. Estávamos dentro do aeroporto.

  Um pequeno avião particular estava esperando pelo Henry. Com todos os equipamentos ligados, apenas esperando que ele enfim entrasse nele.

  Eu não iria entrar naquele avião nem ferrando.

— Saia do carro. — disse o Henry abrindo a porta. Eu precisava ganhar tempo, só não sabia como. — Facilite as coisas, saia do carro.

  Mais cedo havia usado o bebê como desculpa para fugir do quarto. Poderia fazer isso de novo.

  Fiz menção de sair do carro, mas logo coloquei minhas mãos na barriga fingindo uma dor.

— Merda. — o Henry se aproximou. – Me diga que essa criatura não vai nascer agora. Estamos sem tempo. — falou olhando para a área de decolagem, de onde havíamos chegado.

— Eu preciso respirar, está doendo. — me contrai de novo agora com um pequeno som vindo do fundo da minha garganta.

  Faróis se aproximavam da gente e soube que eram os carros que o Shawn dissera que estava em sua frente. O Henry olhou assustado na direção dos mesmo e me puxou do carro. Ele me arrastou poucos metros antes que eu me abaixasse, forçando meu corpo para baixo e colocando de novo minhas mãos ao redor da minha barriga.

  O Henry olhou na minha direção e nessa hora escutei um disparo. Não sei se meu corpo estava em uma adrenalina muito forte ou qualquer coisa relacionada à dormência, mas passei a não sentir meu ombro esquerdo. O Henry havia atirado em mim.

— Agora você vai ter um motivo para entrar naquele avião e buscar ajuda médica. Há um médico esperando pela Vossa Excelência ou acha que eu faria uma viagem tão longa sem assistência ao nosso filho? — falou me encarando e logo depois olhou na direção dos capangas do Shawn que já saía dos carros.

— Ela não é sua filha. — estremeci de raiva enquanto segurava com força meu ombro. — E eu não vou entrar naquele avião. — fingi outra contração e me abaixei o suficiente para fazer com que uma de minhas mãos chegassem até meu tornozelo.

  O Henry se aproximou de mim e logo puxei a adaga que escondia no tornozelo desferido um golpe contra o mesmo. Ele se afastou e abriu um sorriso. Ele sacou de novo a arma e mirou dessa vez na minha perna.

— JURO POR DEUS QUE SE VOCÊ ATIRAR NELA EU EXPLODO ESSE AVIÃO COM VOCÊ DENTRO! — olhei de novo na direção dos faróis e o Shawn se encontrava há uns aproximados 5 metros de distância de mim com uma arma de longo alcance com o Henry em sua mira.

  Suspirei de alívio, mas ainda estava na mira de uma arma e com uma bala alojada no meu ombro que agora começara arder.

— Já fizemos isso uma vez, Henry, Não queira repetir a mesma coisa que o Jack vez. – disso o olhando ainda segurando uma adaga.

  Eu sou ótima no tiro ao alvo, por que eu ainda não acertei ela em qualquer lugar do corpo dele?

  O Shawn percebeu o que eu queria fazer no momento que eu segurei firme na adaga. O Henry mantinha sua atenção presa em mim, aparentemente ele era mais perigoso que eu pelo fato de segurar uma arma. Cometeu o erro de disperçar seu olhar de mim.

  Segurei na no cabo da adaga enquanto tirava a minha mão ensanguentada do meu ombro. Com um movimento rápido levantei a arma na direção do céu e desferi um golpe com a adaga no estômago do Henry.

  Vi o mesmo cair lentamente de joelhos, o que tornava toda aquela situação em uma sensação de alívio, peguei seu cabelo e puxei sua cabeça. Me abaixei até seu ouvido e disse:

— Eu avisei que iria te matar.

  Um fio de sangue escuro saia de sua boca enquanto o mesmo me olhava agora com piedade.

— Devia ter feito o que o Jack queria desde o começo. — disse com dificuldade e logo o mesmo olhou para o Shawn mirou no mesmo.

  Eu pisquei. Foi apenas uma piscada. Para ver que o Henry com um tiro no meio da testa e o Shawn com a mão no seu tórax. Conseguia ouvir os sons do meu batimento cardíaco. Aquela cena estava em câmera lenta assim como o corpo do Shawn caiu no chão. Ouve um breve silêncio, logo depois uns capangas do Shawn correram em direção ao avião enquanto os outros tomavam conta dos capangas do Henry que saíam de dentro do aeroporto.

  Corri em direção ao Shawn onde o mesmo estava com dificuldade de respirar e me ajoelhei do lado dele.

— Não vou deixar você morrer aqui. Não vou deixar você morrer em lugar nenhum. Eu... eu... eu preciso te levar em um hospital, tá bem? Vai ficar tudo bem. — olhei ao redor e vi a Lydia vindo rápido em minha direção. — Me ajuda a levantar ele.

  Forcei meu braço ferido levantando o Shawn enquanto a Lydia colocava mais força pra mantê-lo em pé tentando ao máximo não estar na mira de outra arma.

  O Aaron estava terminando de apagar um cara quando vi sua boca abrir em um perfeito "O" quando nos viu, ele tomou meu lugar e o da Lydia levando Shawn para um dos carros.

— Aaron — chamou o mesmo com dificuldade. —, exploda aquele avião. Ele atirou na Maddy. — falou com os olhos entreabertos.

  O mesmo assentiu e saiu correndo logo em seguida em direção ao resto do pessoal. Entrei no carro no banco detrás com o Shawn enquanto a Lydia dirigia.

— Não fecha os olhos, Shawn. — disse tocando no seu rosto, quando percebi que o mesmo lutava para deixar os mesmos abertos.

— Lembra quando tive que te suturar quando aqueles dois caras nos abordaram no parque? — assenti agora com lágrimas nos olhos.

— E eu também lembro que foi naquele dia que você foi embora.

— Me arrependo com todas as minhas forças de ter feito isso. — falou e logo comecei a ouvir o som sufocante da sua respiração pesada.

  Ele estava sufocando com seu próprio sangue e eu não podia fazer absolutamente nada. Nada.

— Olha para mim. — segurei seu rosto e olhei na direção na estrada. Já estávamos perto do centro da cidade. — Você não vai me deixar de novo. Eu te proíbo de fazer isso. — ele me olhou malicioso e dei graças a Deus por ainda manter ele acordado.

  Ele fez menção de abrir a boca e falar, mas balancei minha cabeça em sinal de negação. Ele sabia que sufocaria mais rápido se continuasse falando.

  Aproximei meu rosto da curva do seu pescoço e deixei que minhas lágrimas caíssem ali.

— Eu te amo, Shawn e eu não posso deixar você ir.

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