Maddy P.O.V

  Continei olhando a Cloe fixamente esperando que ela me confessasse o plano do Shawn. O tilintar na porta da frente chamou minha atenção, a Lydia já entrava falando e carregando a mala de dinheiro.

— Vamos? — me olhou nervosa. — O que está acontecendo aqui? E, por que diabos você está toda molhada? — perguntou arqueando uma de suas sobrancelhas enquanto colocava uma mão na cintura.

— O Shawn descobriu nosso plano e trancou a Maddy no quarto. A inteligente aqui armou um plano magnífico dizendo que sua bolsa havia estourado e jogou água por baixo da porta. O inocente do Issac abriu a porta e, a Maddy o deixou inconsciente. — falou a Cloe aparentemente brava.

— O que vamos fazer agora? — perguntou a Lydia soltando a maleta e passando as mãos pelos cabelos.

— Nós vamos até o Henry, eu não vou desistir agora. Se fosse assim eu teria ficado naquele quarto. — encarei as duas. — Cloe, ligue para o Shawn daqui há exatos cinquenta minutos, é o tempo que eu e a Lydia chegamos lá e entramos. Diga a ele que eu consegui abrir a maçaneta e fugir depois de colocar uma arma na sua cabeça.

— Ele não vai acreditar. — falou sentando no sofá com ambas as pernas e braços cruzados.

— Talvez, mas depois eu me resolvo com ele. Se sobrevivemos essa noite... — murmurei a última parte. — Vamos, Lydia. Estamos perdendo tempo discutindo inutilmente.

[...]

— Trouxe a arma? — perguntei enquanto abria a porta do carro.

— Sim. — jogou uma mochila para mim. — Armas e algumas munições, não esqueça de colocar o silenciador. — disse colocando sua arma atrás de suas costas. — Os homens do Shawn estão provavelmente nas copas das árvores e alguns nos arbustos.

— O Shawn é cauteloso, ele vai observar meticulosamente a área antes de entrar no prédio. — disse travando a arma.

  Entramos pela mata enquanto a Lydia olhava no rastreador se estávamos próximas. Observei as árvores e não havia sinal de ninguém nem nos arbustos. Manti a arma enpunhada esperando qualquer movimento brusco.

— Ali. — anunciou a Lydia. — Agora é com você. — disse se ajoelhando e tirando a mochila das costas. — É por onde eu vou me comunicar com você e também tem um rastreador aí, vou saber exatamente onde você está. — falou me entregando um ponto. Coloquei dentro da minha orelha e esperei que a mesma fizesse o teste. — Olha — me mostrou um tablet —, tenho acesso a todas as câmeras. — riu orgulhosa do seu trabalho.

  Peguei a maleta de dinheiro e guardei minha arma. Comecei a andar em direção ao hospital e vi algumas silhuetas na copa das árvores agora. Dei uma breve olhada para Lydia antes de ficar em céu aberto.

  Olhei ao redor a procura de ver o Shawn, se ele me viu — o que deve ter sido óbvio —, ele foi pelo lado racional e ficou parado ou alguém teve que pará-lo antes que saísse das sombras. Vi três homens armados saindo do prédio correrendo em minha direção, estavam com roupas de policias, eles eram ou fingiam muito bem.

— Coloque a maleta no chão e as mãos para cima. — pediu um dos "policias", percebi que seus rostos estavam cobertos e a armas destravadas.

  Tão espertos...

  Me revistaram e pegaram a minha arma.

— Não é tão inteligente quanto o Henry nos disse. — falou balançando a arma na altura de sua cabeça. — Vamos logo terminar com isso.

  Esperem para ver o que eu tenho nos meus tornozelos e na minha cintura.

Shawn P.O.V

— Sua única obrigação era deixar a Maddy trancada naquele quarto! — murmurei querendo gritar com a Cloe pelo telefone.

— Shawn, ela desacordou o Issac e apontou uma arma para minha cabeça. Minha melhor amiga apontou uma arma para minha cabeça!

  Desliguei o telefone antes que acabasse fazendo alguma loucura e andei até o Aaron que olhava pela luneta as janelas do prédio.

— Vamos invadir agora. — transmiti uma mensagem pelo rádio.

— Não, Shawn! Temos que entrar sem fazer barulho. Agora a Maddy está distraindo o Henry o que nos da tempo de apagar os seguranças dele e a outra equipe evacuar o porão.

  Suspirei e assenti, peguei o rádio novamente e avisei que usassem gás e que só atirassem em casos extremos.

— Vamos. — disse pegando minha arma e a destravando.

  O prédio em poucos minutos estava cercado e não fazíamos exatamente nenhum barulho. Conseguimos jogar as bombas de gás rápido o suficiente para que quase nenhum policial saísse para tentar nos impedir.

— Aaron! — gritei no rádio. — Mande a equipe de evacuação entrar naquele porão agora! — virei de costas e desacordei um dos policiais que haviam revistado a Maddy. — Péssimo dia para ter tocado na minha garota.

Maddy P.O.V

  Tentei pegar o máximo de detalhes possíveis daquele prédio, portas estavam seladas, barras de madeira tapavam as janelas pelo lado de fora, nenhum lugar por onde eu pudesse fugir se desse algo errado, era cruzar os dedos e esperar pelo Shawn.

  Queria passar todas essas informações a Lydia, mas qualquer coisa que eu falasse chamaria atenção dos "policiais".

  Lâmpadas amarelas com fios desencapados pendiam do teto deixando o lugar assustador. Um grupo de mulheres sendo levadas por três policiais estavam com vendas nos olhos e outra mulher vinha logo atrás sem venda carregando dois bebês, com certeza era alguma enfermeira. Um policial me puxou falando que era para eu entrar naquela sala antes que quisesse ter o mesmo caminho que aquelas outras mulheres. A sala do Henry cheirava a cigarro. Uma estante com alguns livros preenchia a parede atrás dele e dois homens estavam em cada lado de sua mesa.

— Há quanto tempo, Maddyson Campbell, ou ceifadora? Ainda melhor, Sra. Mendes? — disse tentando olhar minha mão esquerda. — Oh! — imitou uma expressão de surpresa e desconsolo. — Ele ainda não te fez o pedido porque não teve a oportunidade ou porque não quis? — riu com desdém.

— Com certeza não vim para discutir minha vida passoal com você, Henry. — disse colocando a maleta de dinheiro em sua mesa.

  Ele deu o sinal com a mão e logo um dos seus seguranças abriu a maleta. O Henry apoiou seus cotovelos na mesa e colocou seu queixo entre suas duas mãos como uma criança quando quer alguma coisa. Ele olhou para a maleta e riu. Pegou uma nota com uma das mãos e com a outra pegou um isqueiro e deixou a nota queimando sobre sua mesa.

  Ele não quer o dinheiro...

  Uma armadilha. Como eu não havia pensado nisso antes? Bom, pelo menos o dinheiro não era verdadeiro...

— Você não quer o dinheiro, Henry. O que quer afinal? — perguntei com os braços cruzados.

  O Henry assentiu e seus dois seguranças saíram da sala nos deixando sozinhos.

— Achei que seria meio óbvio quando eu te mandei aquela caixa com seu vestido da noiva dentro. — disse e logo levantou se inclinando sobre a mesa em minha direção. — Sabe, sente-se, vamos conversar um pouco. — estendeu uma de suas mãos na direção de uma poltrona de couro em frente a sua mesa.

  Fiz o que ele disse e cruzei minhas pernas, era mais fácil pegar a adaga que escondia no meu tornozelo se ele tentasse alguma coisa.

— Sabe quanto poder nós teríamos juntos sobre milhares de países? — perguntou me encarando.

  Ele quer uma parceria? Ele acha mesmo que eu o quero como parceiro de alguma coisa?

— Você quer dizer o quanto poder teríamos sobre milhares de países importando e exportando drogas e armas ilegais? — me aproximei um pouco de sua mesa.

— Garota esperta. — sorriu com escárnio. — Veja isso como um convite.

— Do que eu teria que desistir para entrar nesse seu negócio? — inclinei minha cabeça como alguém que não quer nada.

— Da sua vida, incluindo o Shawn.

  Ri com desdém e coloquei minha língua entre os dentes.

— Você só deve estar de brincadeira. — levantei e andei até uma das janelas seladas da sua sala. — Já trabalhei com isso, Henry. Saiba que eu não irei voltar para essa vida.

— O Jack não faria uma oferta dessas, faria? — perguntou.

  A Lydia estava escutando tudo e tagarelando coisas como "Entre na conversa dele", e "Ganhe tempo para o Shawn chegar até aí".

  Olhei pensativa para a madeira e notei uma fresta. Vi os mesmos seguranças do Henry caídos no chão e os capangas do Shawn entrando no prédio. O jogo ia começar.

— Claro que não. — o encarei. — Porque o Jack está morto.