holidays
[ Through that it'd be you until I die, but I let go]
Em um bar meia boca, na cidade que eu mais odeio no mundo eu tive uma epifania, ou chame isso como você quiser. Eu realmente não sei como me defender agora, eram erros demais para serem listados enquanto eu já estava totalmente chapada. Cometer mais um faria muita diferença agora? Seria esse o crime que acabaria comigo? Sinceramente, eu acho que não.
- 24 horas antes -
Dizer adeus ao Arizona não era fácil nunca, minha mãe havia me abraçado umas quinze vezes nos últimos trinta minutos, enquanto eu aguardava o processo lento de embarque. Foi uma semana toda aqui, mesmo sendo dezembro, consegui pegar sol durante um dia todo e nós fomos a restaurantes veganos incríveis. Renee sempre soube como tratar bem um hóspede, ainda mais quando era sua filha. Mas minhas pequenas férias ainda tinham mais uma parada obrigatória, Forks, onde eu gostaria de chegar em menos de três horas, mas o aeroporto atrasaria meu voo, com certeza.
Me despedi de Phoenix e de minha mãe com uma leve dor no coração, não voltaria tão cedo, haviam muitos projetos para o próximo ano e eu contava com cada um deles para o meu sucesso como diretora e roteirista. Minha mãe entendia que meus sonhos eram grandes demais para ficar naquela cidade, ao contrário do meu pai, se fosse por ele eu ainda estaria em Forks morando com ele e trabalhando na loja de produtos para caça e trilha.
Apesar de toda demora, eu posso dizer que fui abençoada, ao lado do meu assento conheci Leo, um modelo que estava voltando para Port Angeles para o natal com a família. Conversa vai, conversa vem, acabei no banheiro com Leo, foi uma transa rápida, mas boa o suficiente para me deixar de bom humor para enfrentar toda aquela angústia de Forks. Se é que isso seja possível...
Leo me passou seu contato, caso ele fosse para Los Angeles um dia e eu estivesse precisando de alguém para algum projeto. Assim que ele sumiu da minha vista, no meio do aeroporto de Port Angeles, eu vi meu pai. Sempre com uma cara de poucos amigos e vestido para o trabalho, respirei fundo e tentei fingir costume pela escolta policial que receberia.
- Hey Bells, como foi a viagem? - Ele me abraçou rapidamente, pegou as minhas malas sem nem ao menos me deixar protestar, já foi andando em direção ao estacionamento.
- Você conhece o aeroporto de Phoenix? - Ele me olhou desconfiado, e eu sorri, porque ele entendeu o que eu quis dizer, sem que eu precisasse dizer de fato.
- Não precisa dizer nada. Espero que esteja com fome, Sue está preparando o jantar desde que terminou de comer o almoço. - Quem ouvisse meu pai falando assim acharia que ele estava sendo apenas um velho ranzinza, reclamando que a esposa não lhe deu atenção e ficou no fogão o dia todo. A verdade é que ele deve ter irritado Sue a tarde toda sobre a minha vinda, tão ansioso quanto ela.
- Eu estou faminta, e cansada de comer em todos os restaurantes possíveis em Phoenix. - Ele ri, pela primeira vez, nada como comentários sobre sua ex esposa ainda não saber cozinhar.
Entramos no carro, que obviamente era o carro da polícia de Forks. E fomos conversando durante todo o caminho. Nossa relação melhorou muito nos últimos anos, éramos próximos mesmo que a distância. Ele sempre me ligava, querendo saber quais meus projetos em Los Angeles, se eu precisava de dinheiro, se estava comendo e quando voltaria para vê-lo.
Mesmo não apoiando minha mudança para Los Angeles, ele fazia questão de se manter informado de como eu estava vivendo lá, e dizer sobre os perigos da cidade grande. Enquanto tudo que minha mãe queria saber era se eu já tinha conhecido alguém famoso.
Uma hora dentro daquele carro passaram como o vento, chegamos em Forks tão rápido que eu nem tive tempo de me irritar. Antes de desfazer as malas eu jantei com meu pai e a Sue. Eles estavam ansiosos para a cerimônia do dia seguinte, meu pai receberá uma medalha honrosa pelo seu trabalho como xerife em Forks. Será uma grande festa, com quase a cidade toda, apenas em homenagem a ele.
Não foi difícil dormir depois de um banho quente, meu quarto ainda era o mesmo desde quando morei com ele por quase um ano. A mesma cama de roupa roxa, os mesmos CDs e livros da minha adolescência, as mesmas fotos na parede e o mesmo computador velho. Talvez ele nem funcione mais.
O dia girou em torno do evento, eu acordei mais tarde do que eu deveria e meu pai nem notou de tão ansioso. Seria a noite dele e eu tentaria ficar fora de problemas, apenas aplaudido da plateia e comendo os canapés. Sue tinha comprado um vestido lindo para ela e meu pai vestia um terno novo, eu me senti mal por estar usando uma roupa que eu já tinha, mas eu não queria chamar atenção, não era sobre mim. A cidade toda me conhece como uma vagabunda e encrenqueira, esse é o problema de uma cidade tão pequena, mentalidades pequenas. Era uma grande história, haviam detalhes distorcidos de mais e eu era a vilã em todas as versões, até mesmo na minha.
Eu me olhei no espelho, já pronta, vestindo um terninho elegante e discreto, e tentei repetir comigo mesma: você vai sobreviver há cinco dias em Forks.
- Bella? - Sue deu duas batidinhas leves na porta do quarto.
- Entre - eu fui andando até a entrada do quarto, ela abriu a porta e me ofereceu um sorriso gentil.
- Você está elegante, já está pronta? - Eu fiz uma pose, como se ela fosse tirar uma foto minha e pude escutar uma risada saindo dentre seus dentes - Seu pai já está quase ligando o carro e indo sozinho - Ela tinha um tom brincalhão, sua postura era perfeita e eu me senti confortável. Claro que daria tudo certo, que loucura minha achar que eu causaria alguma coisa em um evento dedicado ao meu pai.
- Então acho melhor a gente ir, acho que minha antiga caminhonete não vai sair do lugar caso a gente precise dela. - Sue deu uma risada fraca e deixamos meu quarto, eu já estava mais calma quando desci as escadas, eu deveria ficar ao lado dela a noite toda e ficaria tudo bem.
Meu pai dirigia bem perto do limite de velocidade, não era longe, ele apenas estava ansioso. A cerimônia seria no único local de fato respeitável para eventos daquele porte na cidade, e estava cheio. Claro que deve ser considerando a população de Forks, eu acredito que metade da cidade esteja aqui, isso parecia um pesadelo. As pessoas cumprimentavam meu pai com um sorriso no rosto que desaparecia imediatamente assim que seus olhos chegavam até a minha pessoa. Algumas pessoas simplesmente fingiam não me reconhecer, outras fingiam que nada havia acontecido e me perguntavam sobre o que eu estava fazendo. As perguntas eram sempre as mesmas, piadinhas sobre Los Angeles e comentários sobre minha aparência. "Como você mudou", "O que houve com seu cabelo?" e "Você está namorando?" foram as coisas que eu mais escutei hoje.
Aguentei tudo com um sorriso no rosto, é a noite do meu pai e eu não vou ser grossa com ninguém ou causar cena nenhuma. Eu decidi que beberia champanhe e sorriria, comeria os canapés e diria que estou bem em Los Angeles e trabalhar fazendo filmes é difícil mas me faz feliz. Não estou namorando e nada aconteceu com meu cabelo, eu só gosto de tentar coisas novas. Tudo era verdade, mesmo que eu não devesse essas respostas para ninguém, mesmo que eu não ache que eu tenha mudado, ou que tudo em Los Angeles é superficial como todos acham.
Em algum momento me encontrei já sem assuntos com Sue, ela olhava ao redor e acenava para algumas pessoas. Ela respirou fundo e tentou ser o mais gentil possível.
- Bella, Billy Black está aqui... Eu gostaria de ir conversar com ele um pouco, se importa se eu lhe deixar sozinha por alguns instantes querida? - Ela tinha um sorriso meio amarelado, meu pai estava conversando com Dr. Cullen do outro lado do salão. Eu achei tão delicado e educado o jeito dela dizer, eu não pude recusar. Ela sabe da história, e não toma partido mesmo sendo a mulher do meu pai e parente dos Black.
- Não tem problema Sue, eu vou lá fora tomar um ar... Não se apresse por minha causa. - Ela me agradeceu e se afastou delicadamente, eu me virei e fui na direção oposta a dela, não quero dar de cara com nenhum dos Black.
Achei uma saída, finalmente o ar gelado da noite bateu na minha cara. Eu respirei fundo e procurei pelo meu cigarro, apenas um pouco de nicotina me ajudaria agora. Talvez eu ligaria para Alice, mesmo sem fazer ideia de que horas são em New York.
- Não está com frio? - Eu congelei, parecia piada, uma jogada baixa do destino. Ele esperou que eu ficasse sozinha para poder se aproximar, eu não deveria estar surpresa, ou com medo. O que ele poderia fazer aqui? A voz de Jacob Black já apresentava uma certa maturidade da qual eu desconhecia, seu cabelo negro já era curto e seu porte fisico era quase cem porcento imcompativel com o das minhas memórias. Mas grande parte dele ainda permanecia intacta, seus olhos ainda eram intrigantes e ingênuos, seu rosto ganhou poucas marcas com o tempo. Olhar para ele era como pegar um trem de volta para o passado, tão rápido e violento que pode descarrilar a qualquer momento, agradeci por ter bebido quase dez taças de champanhe até agora, jamais conseguiria fazer isso sóbria.
- Eu estava bem, até agora. - Minhas palavras eram certeiras, ele deveria saber que não era uma companhia desejável, não que isso fosse mudar alguma coisa. Ele foi determinado o bastante para esperar que eu ficasse sozinha, ele não desistiria com algumas poucas palavras rudes, ele estava pronto para recebê-las. E mais uma vez eu lhe dou exatamente o que ele já espera de mim, me amaldiçoo por isso.
- Engraçado ouvir isso, eu te observei a noite toda, toda aquela conversa fiada de Los Angeles, as perguntas que as pessoas fizeram para você... E você parecia bem mais desconfortável lá do que aqui, agora, comigo. Não que isso tenha algum valor, levando em conta seu histórico de mentiras. - Jacob continuava divertido, vivendo uma realidade paralela onde tudo gira ao seu redor e a única coisa que é capaz de me fazer feliz é ele. No começo eu achava engraçado, com o tempo eu me preocupei com a sua saúde mental e então percebi que não se trata de algum distúrbio, está relacionado a sua criação, seu caráter.
- Desde de quando você se importa se eu estou confortável ou não? Levando em conta todo seu histórico de manipulação... - Ele me observa enquanto eu trago meu cigarro, em silêncio, eu me mantenho tranquila, não cairia mais em nenhuma de suas histórias, pelo menos não hoje.
- Ele não está aqui, caso você esteja procurando por ele. - Sempre venenoso, era muito fácil provocar o pior lado de Jacob, eu lhe dei uma resposta que ele não queria e então já envolveu outra pessoa na conversa.
- Eu não estou aqui por ele, ou por você. Estou aqui pelo meu pai. - Era mais do que óbvio, mas o óbvio também deve ser dito. Eu realmente não sei o que se passa na mente dele, ele se aproximou com um sorriso sujo.
- Todos estamos, ele é um homem incrível.- Pausa dramática - Você não o merece.
Parte de mim concordava com Jacob, eu já fiz coisas ruins demais para merecer alguém tão bom na minha vida e que se importa de verdade comigo. Mas qual era o poder dele para me dizer algo assim? Assim que suas palavras chegaram a mim, eu me lembrei de todas as outras vezes que ele fez com que eu me sentisse uma pessoa ruim, apenas por ser eu mesma e não o que ele esperava de mim.
- Quem é você para dizer o que eu mereço ou não? Você nem ao menos me conhece mais Jacob, não há nada que faça sua opinião ser relevante para mim. E apenas para deixar bem claro para a sua cabeça, eu não estou tentando ter outra conversa com você. - Eu desviei meu olhar do dele, olhei para o céu estrelado de Forks, querendo poder observá-lo de um ponto diferente.
- Quem eu sou? - Ele divagou, como se fosse uma reflexão, um pensamento em voz alta - Um cara que vive na praia, tenta proteger a reserva e surfa nas horas vagas. Que já fez coisas importantes pela comunidade, mas sempre que alguém vai se referir a mim, ou falar ao meu respeito, eu sou a pessoa que você humilhou na frente de quase toda cidade, Isabella. E é somente assim que eu sou visto aqui, me pergunto como é que você me vê. Quem você pensa que eu sou?
O gosto amargo da culpa ocupou minha garganta por poucos segundos, mas eu não iria me permitir sentir pena dele, não hoje. Eu ainda não sou alguém evoluído o suficiente para esse tipo de situação. Eu queria simplesmente sair andando, mas em algum momento isso aconteceria de qualquer maneira.
- Você já foi o grande amor da minha vida, já foi alguém que eu confiava e respeitava. Mas as coisas mudam, eu já te disse isso, eu me apaixonei por outra pessoa também, e eu não soube lidar com isso. O que eu acho de você? Nada Jacob, você é insignificante para mim hoje, você não tem absolutamente nada para me oferecer a não ser uma obsessão de um erro que eu cometi no passado. Você não é nada para mim.
Eu pude ouvir sua respiração falhar, pude sentir o calor que ele emanava de tanta raiva que eu lhe causei. Agradeci aos deuses por ele não ser louco o suficiente para poder me bater agora, porque ele com certeza gostaria. Eu podia jurar que o ouvi rosnar para mim, como um cachorro. Mas ele não me assustava, não mais.
- E eu poderia facilmente me vingar essa noite, seria ainda melhor do que uma outra conversa, do que suas mentiras e qualquer que seja a merda que você faz na mente das pessoas. - Ele tinha o tom de voz tão grosso e firme, como se estivesse me dando uma ordem. Eu me senti insegura naquele momento, como sempre me sentia nos momentos em que ele se alterava comigo. Mas eu jamais demonstraria isso a ele, ou a mais ninguém, nunca mais.
- Acho que a única coisa que você realmente possa fazer é superar, já se passaram o que? 10 anos? E você ainda pensa nisso obsessivamente? Todas as minhas conversas com você vão para o mesmo lugar, é exaustivo para caralho. Imagino o que toda essa frustração deve te causar. - Ele deu risada, debochando da minha análise sobre a situação, a reduzindo a nada.
- Eu não fujo dos meus problemas como você Bella - Ele deu os ombros, suas palavras eram recheadas de desdém, prontas para me causar o mesmo ódio que ele estava sentindo. Quando as pessoas diziam que nós tínhamos a mesma vibe, elas não estavam brincando, o nosso potencial de destruição é praticamente o mesmo. Ele diz algo que me machuca, eu digo de volta. Ele faz eu me sentir um lixo e eu lhe devolvo na mesma moeda, é um jogo perigoso e tóxico, onde ambos saímos perdendo.
- Fugir? - Eu não fiz questão de esconder minha raiva, mas ele pediu pelo meu lado mais cruel, e é exatamente o que ele teria de mim hoje, nada mais além. - Eu não fugi de nada Jacob, não havia mais nada para mim nesta cidade, eu peguei tudo o que eu pude, tudo o que eu quis e então eu fui embora. Não por você, mas por mim, eu resolvi tudo sozinha. Você acha que eu era o problema, mas na verdade eu fui a solução.
- Como se soluciona uma traição, abandonando alguém? Qual é a realidade que você vive Bella? - Ele estava irritado, ele não conseguia entender essa parte. A traição era compreensível, mas não o fato de eu simplesmente ter ido embora sem lhe dizer o porquê. Eu não devia isso a ele.
- Abandono? Você não faz ideia do que seja isso, eu simplesmente não queria viver a mesma vida que você, ficar presa nessa cidade como meu pai e todas essas pessoas. Existem coisas maiores do que isso tudo Jacob. Toda aquela situação só me fez ver o quão medíocre cada uma dessas pessoas são, eu não queria mais viver aqui e então eu segui em frente, qual o grande problema nisso? - Eu já não tinha mais vontade de terminar aquele cigarro, eu queria apenas dar um soco nele e sair dali. Talvez fazer uma cena de novo, para que todos continuem comentando o quão imbecil ele é.
- Você age como se fosse tão superior a mim, quando na verdade foi você quem me traiu e me enganou, fez com a cidade toda visse, e simplesmente foi embora, sem nem ao menos se desculpar. Você não teve nem a coragem de fazer isso, você admite que errou e na mesma frase você distorce tudo e se faz de vítima, é patético.
Jacob gritava, totalmente descontrolado, eu podia ver as veias dele saltando de raiva, suas mãos se fechando e ficando brancas de tanta força que ele fazia. Eu me sentia sufocada por toda essa situação, eu não queria nada disso, eu nem ao menos queria ter falado com ele, e ele me pegou totalmente de surpresa e me tirou da minha paz. Eu queria saber o que eu fiz para merecer isso, qual era o karma da vez.
- Eu tinha 17 anos, se é isso o que você quer, um pedido de desculpas, não é de mim que você receberá. - Minhas mãos estavam levantadas, em rendição, eu só queria que aquilo acabasse logo. Não consigo descrever o quão desconfortável era continuar ali com ele fazendo esse tipo de cena.
- Você usa sua idade como se fosse uma desculpa boa o bastante para justificar suas ações, como se nada do que eu senti tivesse algum valor. Eu sei o que eu senti, vai me dizer que realmente não sentiu nada? - Eu senti vontade de rir com essa pergunta. Ainda depois de tanto tempo ele ainda procura uma aprovação da da minha parte, algo que faça com que o chifre doa menos. "Pelo menos ela me amava", eu podia imaginar ele contando a história totalmente distorcida para as outras pessoas.
- Eu não sei qual é a sua dificuldade de entender que não há nada de errado em seguir em frente. O passado está tão distante de mim, nada do que eu senti tem algum valor hoje, nem sobre você e nem sobre ele. Talvez, por algum momento eu cheguei a pensar que sim, mas eu deixei isso para trás. Qual o problema nisso Jacob?
Ele me olhava, possesso de raiva. Nenhuma das minhas palavras faziam parte das que ele queria ouvir, e eu jamais as diria.
- Suas mentiras foram o grande problema, a humilhação que você me fez passar foi o problema. A culpa é toda sua.
Eu concordo com Jacob, eu menti, eu o humilhei e grande parte da culpa daquela situação era minha. Mas não toda a culpa. Ele simplesmente ignora os erros dele por não serem tão "graves" como os meus. Nada do que eu fiz atrapalhou de fato a vida dele, é uma cidade pequena, qualquer coisa é um motivo para a fofoca. Para ele era cômodo ser o enganado da história, o garoto perfeito que estava apaixonado. Mas ele era agressivo, ignorante e exatamente manipulador, toda essa parte da história apenas eu conhecia.
- Você tinha 15 anos, eu não preciso escutar como eu acabei com a vida de um garotinho mimado, porque eu não fiz nada disso, se eu lhe trouxe um pouco de realidade e isso te machucou, o azar é seu. - Nesse ponto da conversa eu nem me importava mais com o volume da minha voz, meu cigarro já estava no chão e eu estava a dois passos dele pronta para lhe empurrar se fosse preciso. - A verdade é que você ama ser a vítima dessa história, você me pinta de vilã e diz que foi enganado, é divertido para você criar todo esse caos.
Eu não chego a relar nele, mas minhas mãos chegam bem perto dele. Eu estava bêbada, e eu só percebi quando meu equilíbrio falhou por um momento. Obviamente ele notou a minha pequena falha, e então ele sorriu. Se afastou bem devagar e anunciou que faria algo.
- Você vai se arrepender disso Bella, você está sozinha e continuará sozinha. - Seu sorriso era irritante e eu queria gritar para que todos pudessem ver quem ele realmente é.
- Eu estou sozinha porque eu não pude ser alguém controlável? - Eu me aproximo dele novamente e ele não se move mais. - Por que eu te deixei na sua própria miséria? - Ele fecha a expressão, seu sorriso some finalmente e ele engole seco a minha pergunta. - Essa conversa acaba aqui Black.
Eu cuspo em sua direção e a minha saliva atinge seu rosto. Ele limpa o rosto incrédulo, eu pude ver uma veia da sua testa pulsar rapidamente.
Me viro para voltar a festa meio tonta, e então eu percebo o que a bebida me levou a fazer. Eu não deveria ter feito isso. Me arrependi assim que dei o primeiro passo em direção a grande porta de vidro. Eu passei dos limites.
Assim que entro pela porta de vidro algumas pessoas olham para mim, foi quando eu percebi que não havia mais volta. Eu dei mais dois passos e então escutei um barulho vindo de trás de mim, Jacob chutando a porta para chamar a atenção de todos que estavam na festa.
- Bella, como você tem coragem de voltar aqui e ainda me dizer todas essas coisas horríveis. - Eu me virei em sua direção, mas desta vez eu tinha muito mais a perder. Meu equilíbrio falhou me denunciando para a festa toda. Como explicar que parte daquela vertigem vinha da adrenalina que corria em minhas veias agora? - Já não basta a humilhação pública que você me faz passar? Você me encheu de mensagens, implorando para me ver e ficar comigo de novo. Eu já lhe disse que eu estou noivo! - Aquela frase não chocou só a mim como grande parte das pessoas do salão, eu queria morrer ali mesmo. - De uma mulher incrível, da qual você nunca chegará aos pés! Você é baixa, está usando o evento do seu pai para poder se aproximar de mim, e eu já lhe disse "não" mil vezes. Eu lhe disse ali fora que eu não tenho mais nada com você a anos, você me humilhou o bastante. Chega!
Ele apontava para mim, e todos estavam olhando. Até mesmo a banda parou a música de fundo que eles tocavam. Eu queria vomitar nele, pelo menos eu não passaria pela humilhação sozinha. Acontece que eu não sabia mais o que dizer, eu não esperava por essa cena ridícula que Jacob está causando.
- Você é maluco, e o pior de tudo, mentiroso. - Minha voz já estava embargada, eu nem percebi que estava quase chorando. Aquilo não podia estar acontecendo, eu estava estragando a noite do meu pai.
- Bella por favor, me acompanhe.- Sue surgiu do meio da multidão e pegou a minha mão, na intenção de me tirar do meio da roda que se formou ao meu redor.
- Sue... - Eu implorei, sem saber exatamente pelo o que. Mas eu não era capaz de mover nenhum músculo.
- É a noite do seu pai, já tivemos um show e tanto. - Sua voz chegou a mim como um estalo, me acordando de todo aquele choque em que eu me encontrava. Eu já não tinha vontade de chorar, eu queria que as pessoas soubessem a verdade, não queria ser a vilã da história mais uma vez.
- Sue eu não fiz nada do que ele disse, ele veio me procurar. Ele é simplesmente maluco, eu jamais iria fazer uma cena dessas num dia tão importante para o meu pai. Eu preciso que acredite em mim. - Eu disse a ela diretamente, mas a multidão já tinha começado a murmurar novamente.
A música voltou, e qualquer palavra que fosse dita dali em diante não seria ouvida. Eles já tinham acreditado em Jacob, eles não me ouviriam, mas eu não poderia esperar algo diferente dessas pessoas.
Ela me puxou, me tirando daquele lugar. Tudo girava e eu sentia o ar fugir dos meus pulmões. Tudo voltou ao normal quando estávamos do lado de fora do salão, ela me manteve em pé ao me segurar por ambos os braços. Seus olhos estavam olhando diretamente para os meus e eu me sentia acuada naquele momento.
- Bella, Jacob está noivo, eu vejo esse menino todos os dias e ele é bom. Eu nunca o vi mentindo a minha vida toda, ele sofreu tanto quando você o machucou, eu estava aqui e eu vi. Eu realmente não quero dizer que você é quem estava mentindo, mas eu me sinto encurralada quando você ou seu pai me colocam nessa posição. Eu sei que você é uma pessoa melhor agora, mas eu não sei até que ponto. Essa cena agora foi extremamente desnecessária, você tem noção disso?
Eu não podia acreditar que ela estava me dizendo aquelas coisas. A cada segundo aquela situação apenas piorava e eu não podia fazer mais nada. Eu respirei fundo e sai de suas mãos.
- Eu não acredito que eu tenha que ouvir isso. - Fechei meus olhos e passei minha mão pela minha testa. Isso não podia ser real.
- Eu não tenho absolutamente nada contra você Bella, apenas vá embora. Eu acho que será melhor para todos, seu pai está bem chateado, e a culpa é toda minha. Eu não deveria ter te deixado sozinha querida, me desculpe. - As falsas desculpas de Sue me enjoavam, seu tom falsamente amigável totalmente mascarado de ódio me deixou maluca. Eu não poderia piorar a situação então respirei fundo.
- A culpa não é sua, muito menos minha. Esse manipulador de merda é o culpado de tudo isso. Eu fui apenas fumar lá fora, ele veio atrás de mim com essa intenção, ele queria se vingar de mim. - O meu ódio por Jacob era ainda maior do que a minha decepção por Sue. Era óbvio que ela não ficaria ao meu lado, talvez nem mesmo meu pai ficaria.
- Bella, isso é assunto para outro momento. Pegue o carro e vá jantar em algum lugar. A gente resolve isso amanhã. - Ela me estendeu a chave do carro, como se não visse que eu não estava em um estado bom para nem ao menos conversar imagine dirigir um carro.
- Eu não quero resolver nada amanhã, quero falar com o meu pai hoje, e agora. - Ela me olhou sem paciência nenhuma, apenas Charlie e Renée poderiam me acalmar agora.
- Para que? Fazer outra cena? - Ela estava nervosa de debater comigo, e eu estava irritada, não queria obedecer as ordens dela. - Todo mundo já viu, é tarde demais Bella. Pelo seu pai, vai embora.
Quando ela cita meu pai a minha teimosia me deixa, era o mínimo que eu poderia fazer para não causar mais nenhum estrago.
- Vou a pé, não preciso do carro. - Empurro sua mão que ainda estava estendida até mim. Eu iria embora mas não como ela queria.
- Não faça nenhuma besteira.
Tarde demais. Eu pensei, enquanto caminhava em direção a saída daquele inferno.
E então eu andei, não que Forks fosse um grande labirinto, mas por uns vinte minutos eu andei sem rumo algum. Apenas para que a raiva pudesse se dissolver pelo meu corpo, eu andava e praguejava ao mesmo tempo. Como uma louca. Quando finalmente me senti melhor, comecei a prestar atenção no caminho que estava seguindo, eu estava próxima ao único bar que a cidade tinha. O que eu tinha a perder? Minha outra opção era dar meia volta, andar mais alguns blocos e então ficar sozinha em casa. Pelo menos no bar eu poderia beber algo mais forte que o champanhe que me levou a desgraça.
Quando eu entrei no bar, percebi que estava vestida de mais para ocasião, eu não passaria batido por aqui. A história amanhã seria completa: a filha do xerife fez uma cena ridícula na cerimônia de premiação do próprio pai e então foi encher a cara no mesmo bar que o pai frequenta. Eu não poderia me importar menos.
Pedi pelo chopp, eu não queria chegar ao fundo do poço tão rápido. Meu celular tinha alguma mensagem de Alice, mas eu não a responderia agora, sem condições. Enquanto eu tentava raciocinar os acontecimentos uma voz me atrapalhou.
- Isabella Swan! - O entusiasmo ao dizer meu nome era surreal, eu quase achei que era uma pegadinha, mas quando levantei meu olhar e vi quem era o dono da voz tudo fez sentido.
- Mike... - Tentei imitar seu entusiasmo sem sucesso.
- Você me parece muito bem vestida para a ocasião. Se perdeu no caminho da premiação do seu pai? - Por mais rápida que as notícias podiam correr, elas ainda não tinham chegado até aqui, e não seria eu quem as traria.
- Digamos que eu fui convidada a me retirar. Por que você não estava lá?
Mike se confundiu com as minhas palavras, mas eu o conheço bem o suficiente para saber que ele ignoraria o que fosse preciso para me agradar.
- Eu fiquei na loja para que os meus pais pudessem ir. O que aconteceu?
Aparentemente, dessa vez a curiosidade dele era maior do que a esperança de ter alguma coisa comigo.
- Haviam pessoas o suficiente para que você fique sabendo amanhã de manhã. - Recuei, eu me afastaria até ele ir embora por vontade própria.
- Você parece chateada, se quiser desabafar, espero que ainda me considere um amigo.
Suas boas intenções não me enganavam, ele tinha um chopp na mão também. Respirei fundo e pensei quanto tempo demoraria até que eu pudesse apenas conversar com alguém que tivesse a intenção de me agradar ao máximo como ele faria. Cheguei a conclusão que isso só aconteceria de novo quando eu voltasse para Los Angeles.
- Eu vou ficar bem Mike. - Foi o que eu disse antes de pedir outra bebida e me permitir levar essa conversa para frente. Foi ai que eu tive uma epifania.
swan.thebells stories:
swan.thebells posts:
Escrito em: 02/04/2021
Publicado em: 21/06/2021
Revisão: 28/08/2024
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top