capítulo sete: festas não combinam muito com você

Peter O'Connell nunca pensou que iria a uma festa de Quentin Cashwell. Mas, naquela tarde, quando estava em seu quarto jogando vídeo game e foi interrompido por uma mensagem, começou a mudar de ideia. Ele pausou o jogo e quase pôde ouvir Ed xingando da casa do outro lado da rua, mas não conseguiria manter a concentração na partida que disputavam depois de ver o nome de Madison nas notificações. Ele já não sabia mais se se sentia ansioso pela possibilidade de ser realmente Moore ou pela certeza de que era mais uma ameaça do perseguidor da garota, mas decidiu ignorar aquele questionamento. Pegou o celular, abriu a mensagem e sentiu os dedos apertarem o aparelho com mais força ao assimilar o conteúdo.

— Mas o que...

Madison Moore em um vestido verde e justo, se olhando no espelho. Não era uma visão ruim, mas fez com que Peter olhasse para os lados, se certificando de que estava sozinho. Por mais que não estivesse fazendo algo errado, sabia que Madison não havia enviado aquela foto. O ângulo, a janela da boutique aparecendo atrás dela, tudo indicava que o fotógrafo nem estava perto da garota.

Era só o que faltava. Peter queria saber qual era a daquele maluco. Porque ele obviamente não tinha qualquer ligação com Madison, então receber aquelas fotos era muito estranho. Se queriam chantagear a garota, por que não enviavam mensagens ameaçadoras para a família ou amigos dela? Peter não tinha dinheiro nem nada a oferecer ao doente por trás daquele joguinho. Pensar naquilo fazia uma sensação estranha subir pela sua espinha. Ele odiava não entender as coisas; estava acostumado a sempre ser o primeiro a sacar as regras de um jogo, e também a quebrá-las. Como no seu antigo colégio. Mas, levando em consideração que havia sido expulso, talvez Peter não soubesse mais ser um bom jogador. Precisava retomar o controle.

Levantou da cama, pegou a jaqueta presa atrás da porta e saiu sem nem desligar o vídeo game. Ao descer as escadas, segurou o celular próximo ao queixo em conflito sobre o que deveria fazer. Seu primeiro pensamento foi o de ir atrás de Madison, mas ainda na saída de casa começou a pensar sobre se era certo. Ela não pareceu preocupada com as ameaças quando Peter a procurou na escola, e insistir o faria parecer paranóico e invasivo. Talvez as coisas entre os burgueses e ricos fossem diferentes da sua antiga escola; talvez as pessoas daquele lado da cidade não se sentisse ameaçadas tão facilmente.

Peter subiu na moto, acelerou e seguiu para o centro da cidade. Parou na frente da única boutique de Shepherd Hill dez minutos depois, a tempo de ver Holly cuspir um chiclete na mão da vendedora que a acompanhava. Madison estava parada um pouco atrás, exibindo desgosto na expressão, o que quase o fez rir. Se ela não gostava daquela garota, por que continuava sendo amiga dela? Apesar de Moore se esforçar muito para fazer parecer o contrário, ela não era como Holly. Madison era esperta, Peter sabia daquilo mesmo conhecendo-a há pouco tempo. Ela não era tão fútil quanto gostava de se fazer parecer, apesar de acreditar que a maldade não era uma fachada. Ninguém conseguiria ser tão ruim em tempo integral.

Peter baixou a viseira do capacete e acelerou a moto. Avançou até a delegacia, onde sabia que seu pai estaria, e estacionou perto das escadas. O plano era entrar, falar sobre as mensagens e sair, mas, quando passou pelas portas e viu a quantidade de policiais, desistiu. O que tinha na cabeça? Parecia um idiota fazendo todo aquele escândalo por causa de algumas mensagens. Os policiais daquela delegacia ririam da sua cara se Peter aparecesse fazendo drama por conta de uma foto invasiva. Os recortes de jornal sobre a morte de Bane no mural de investigação e os telefones tocando deixavam bem claro que havia coisa mais importante acontecendo na cidade.

Peter deu meia volta, saiu da delegacia e seguiu para a sua moto.

— Filho?

Parou no meio da escadaria, respirando fundo. Olhou para trás, onde seu pai parecia confuso e animado. Ele se aproximou de Peter, colocou uma das mãos em seu ombro e perguntou se estava tudo bem.

— Tudo ótimo.

Mas Jason não pareceu satisfeito. Ele queria mais. Peter costumava evitar aparecer na delegacia. Mesmo que não sentisse vergonha do pai, ser filho do xerife era uma grande pressão. Ele queria que poucas pessoas soubessem disso, principalmente quando ainda estava na escola antiga e precisava manter as aparências. Jason sabia que ele não iria até ali se não tivesse uma boa desculpa.

— Eu... hm... queria saber se posso ir a uma festa hoje à noite.

Foi a única desculpa que Peter conseguiu encontrar, o que só piorou tudo. Ele nunca pediu permissão para sair de casa, nem mesmo quando era mais novo. Agora Jason teria certeza de que algo estava errado.

— Claro. Pode ir se divertir.

Peter balançou a cabeça, concordando. Tinha sido uma péssima ideia. Além de tudo, agora também teria que ir para uma festa, ou pelo menos fingir que tinha ido. Seu pai com certeza saberia que havia algo errado se ele não fosse.

De repente, Jason moveu os olhos para um ponto além do filho, parecendo curioso. Peter o seguiu, e com surpresa encontrou Madison Moore. Ela os observava e pareceu até mesmo constrangida por ter sido pega. Se Peter não a conhecesse, acreditaria que a menina estava envergonhada, mas sabia que ela só deveria estar irritada por ter dois perdedores mantendo contato visual com sua ilustre pessoa.

Antes que Peter pudesse fazer qualquer coisa, um carro parou na frente dela. Era Holly e Aaron, e pareciam irritados. Madison foi com eles, entrando depois de uma breve discussão, e Peter ficou para trás, tentando explicar ao pai por que motivo Madison e ele pareciam se conhecer.

— Petezinho!

Aquele dia só podia ser algum tipo de teste de paciência. Quando Peter abriu a porta de casa, esperava Ed com perguntas irritantes e macabras, mas quem apareceu foi Oliver. Ele estava usando um tipo de roupão preto e uma máscara igual a do assassino de Pânico no topo da cabeça. Oliver abriu os braços desajeitamento, muito animado, e segurou a porta quando Peter tentou fechá-la na sua cara.

— Ah, qual é! Hoje é dia de festa!

Aqueles erros que Peter cometeu na antiga escola pareciam estar sendo pagos um a um. Primeiro, Madison; depois o assassino e agora Sam. Talvez ele merecesse aquele inferno astral, mas não sabia como poderia ter agido tão cruelmente. O garoto fantasiado que invadia a sua casa era muito mais do que Peter merecia.

— Eu não vou.

Oliver nem pareceu escutar o que ele disse, se jogando no sofá da sala. Olhou para todos os cantos possíveis do cômodo como se estivesse aproveitando cada segundo ali dentro. Peter começou a ficar irritado.

— Eu sempre imaginei que a casa do xerife era mais... dramática. Tipo, falta umas armas e uns quadros cheios de recortes. Mas é bem legal.

— Vai embora.

— Pete! Você era muito mais legal no antigo colégio. Lembro que uma vez tentou vencer um desafio jogando a sua moto na piscina.

— Isso nunca aconteceu — ele franziu o cenho.

— É. Tem razão. Acho que foi outra pessoa.

Irritado, Peter foi até Oliver e o puxou pela fantasia preta. Ele nem tentou revidar, só ficou implorando para que os dois fossem juntos para a festa de Cashwell, caso contrário pareceria um idiota.

— Essa fantasia te faria parecer um idiota até mesmo se você aparecesse acompanhado da Angelina Jolie.

Sem muito esforço, Peter colocou o garoto para fora e fechou a porta. Houve alguns protestos, batidas insistentes e chantagens, mas logo a desistência também apareceu. Em silêncio, a casa praticamente agradeceu pela paz, e Peter sentou no sofá para respirar fundo. Precisava arrumar um lugar para passar a noite antes que seu pai voltasse para casa. Não queria explicar qualquer motivo para faltar à festa, nem dizer a verdade.

— Deixa eu tentar?

— Sai fora.

Peter ergueu o braço direito para que Ed não conseguisse alcançar o celular, afastando a tentação do jogo colorido dos olhos da criança. Estavam sendo justos, dividindo as vezes e marcando pontuações, mas Ed era egoísta e queria jogar todas as fases.

— Você abandonou a partida hoje — a criança observou, desistindo de lutar.

Peter tentou não parecer nervoso enquanto matava os zumbis que apareciam na tela do seu celular, deixando o corpo cair sobre a pequena cama de Ed. Metade de suas pernas estavam para fora, e ele nem havia tirado os sapatos. A figura toda vestida de preto era um contraste quase gótico com o quarto azul bebê que lhe servia de esconderijo naquela noite. Como Peter não tinha mais amigos depois de ter abandonado a antiga escola, Ed fora a sua única opção.

— Precisei fazer umas coisas.

— Hum.

Peter o olhou rapidamente, logo voltando ao jogo.

— Hum o que?

— Minha mãe te viu hoje. Ela disse que você foi na delegacia. Por que não me contou? Eu poderia ter ajudado.

Achando graça, Peter balançou a cabeça. Aquele garoto era uma peste.

— Ajuda no quê? Não estou fazendo nada. Só fui ver o meu pai. Para de se meter na vida dos outros.

Ed não ficou ofendido, mas sim emburrado. Ele achava que Peter estava mentindo e investigando assassinatos sem ele — o que era meio verdade. Mesmo sem perceber, Peter já havia começado a querer entender aquele mistério. Ele só não havia aceitado ainda.

— Ela é sua namorada?

Peter piscou, acordando dos pensamentos. O jogo estava pausado e uma chamada de vídeo pedia atenção. Era Madison, e ele ficou extremamente confuso. Principalmente quando aceitou e não a viu do outro lado. A tela só mostrava um cômodo vermelho, vazio e escuro. Ao fundo, tocava alguma música eletrônica que Peter não conhecia. Ele franziu a testa, aproximou o celular do rosto e observou cada detalhe da imagem até um vulto passar pelo canto e a ligação ser encerrada.

— Isso foi estranho — disse Ed, curioso.

— Foi mesmo.

Ele mal fechara a boca e outra notificação apareceu, dessa vez de uma mensagem. Era uma foto de Madison com Cashwell conversando no meio do que deveria ser a festa. Ela estava usando aquele vestido verde de quando Peter a virar na cidade, com os cabelos louros soltos em ondas. Bebia alguma coisa em um copo vermelho, rindo discretamente. Cash, ao seu lado, tinha os olhos vidrados em algum outro ponto, e Peter se perguntou como era possível que ele não estivesse com a atenção presa nela.

Outra mensagem, dessa vez de texto.

Essa festa vai ser de matar.

— Desgraçado.

Peter pulou da cama e colocou o celular no bolso da calça. Fez isso tão rápido que quase perdeu o equilíbrio, indo para a janela do quarto com mil ideias passando pela cabeça. Ed correu a tempo de vê-lo se esgueirar habilidosamente pelo telhado da casa, usando algumas vigas para chegar até o chão. Quantos aterrissou no gramado, tirou o celular do bolso e procurou o endereço de Cash, ouvindo Ed resmungar do segundo andar que ele poderia ter usado as escadas e a porta de saída.

— Foi mal — Peter gritou, já atravessando a rua para buscar a sua moto na garagem.

Para o azar de Peter, seu pai estacionava a caminhonete do xerife quando ele chegou na calçada de casa. Primeiro, Jason ficou confuso de vê-lo ali, mas logo se recuperou.

— Não vai para a festa?

— Vou. To indo.

Mais um olhar desconfiado.

— De pijama?

Peter olhou para baixo. Usava calças de moletom e uma camiseta, todas as peças pretas. Seus pés estavam protegidos por um par de tênis, felizmente, e sobre a moto a jaqueta de couro que usava para pilotar. Ele olhou para o pai, sentindo uma necessidade estranha de mentir para sair logo dali, e deu de ombros:

— É.

— Tudo bem... Toma cuidado. E divirta-se.

Peter concordou com a cabeça, colocou a jaqueta e subiu na moto. Acelerou um pouco para esquentar o motor, respirou fundo e saiu. Precisou do endereço de Cash porque lembrava pouco de onde ele morava, mas agora o caminho estava claro na sua mente. Talvez, depois daquela noite, ele nunca se esquecesse de onde Quentin morava.

O encontro com Madison foi mais rápido do que ele esperava. Quando chegou à festa, Peter continuou recebendo mensagens com fotos da garota, todas seguidas de alguma piadinha mórbida. A pessoa por trás daquela brincadeira tinha que ser muito doente, era a sua conclusão. Qualquer outra explicação para aquele comportamento era inaceitável.

Ele entrou na casa com os olhos se esforçando para absorver a luz vermelha. A música estava alta na sala principal, mas baixa na cozinha. Tinha muita gente bebendo, mais do que o seu pai gostaria de ver em um lugar com tantos menores de idade. Uma garota esbarrou em Peter e derrubou bebida na própria blusa, mas estava tão exaltada que sequer notou.

Era Holly.

— Olha só quem apareceu! — ela levantou os braços, fazendo o resto do conteúdo do seu copo voar e molhar alguém.

Ela olhou para trás e riu dos xingamentos que lhe foram direcionados, logos depois ameaçando o garoto. Ela parou de achar graça assim que as ofensas ficaram muito pesadas.

— Aaron vai saber disso, seu otário.

Peter tentou aproveitar o momento de distração para fugir, mas Holly foi extremamente rápida e se colocou na frente dele. Uma de suas sobrancelhas ruivas estava levantada, e uma parte do seu batom borrava o canto da boca. Ela continuava bonita, apesar de irritante.

— Não achei que viria — comentou. Parecia haver alguma coisa por trás daquelas palavras. — Festas não combinam muito com você.

Peter não esperava aquilo, na verdade. Arregalou levemente os olhos diante da mudança de postura. Holly ficou até mesmo ameaçadora quando se aproximou um passo, falando com o rosto muito perto do dele:

— A sua obsessão pela Madison acaba aqui. Não sei o que te faz pensar que tem alguma chance com ela, sinceramente. Se veio com algum tipo de esperança, acaba aqui. Fique longe da Madison.

Atrás de Holly, Aaron apareceu na porta da cozinha. Ele mudou a expressão assim que viu a namorada perto demais de outro cara, e começou a se aproximar dos dois. Aquilo só piorava. Peter já conseguia ver o que estava prestes a acontecer, e não queria mesmo acabar naquela situação.

— Estou tentando — confessou, muito mais para si do que para ela.

Havia prometido que ficaria longe de confusões, e aquilo envolvia brigas em festas. Talvez Aaron não fosse tão longe, mas Peter não queria arriscar. Se quebrasse a cara dele e parasse na delegacia, seu pai iria surtar. Não fazia nem meia hora que ele tinha saído de casa.

Subiu as escadas com pressa, sentindo seu celular vibrar de novo, e algo esbarrou nele enquanto Peter tentava alcançar o aparelho no bolso. Pequeno, quente e loiro: Madison. Naquele vestido verde muito mais justo pessoalmente. Ela o olhou primeiramente irritada, mas sua expressão mudou assim que o reconheceu.

— Olha ele aí! — uma voz dentro do cômodo de onde ela tinha saído gritou.

Oliver? Que merda. Ele não conseguia se livrar naquele garoto?

— O que você está fazendo aqui? — Madison quis saber, muito autoritária.

Peter olhou para trás, vendo que Aaron abria caminho por entre as pessoas. Tyler estava com ele, os dois procurando pelo cara que havia dado em cima de Holly, e mais uma vez Peter pensou que não poderia se envolver em confusão. Ele saiu andando na direção contrária, mas só chegou ao fim de um corredor. Acabou abrindo a primeira porta que encontrou, entrou no quarto e encostou contra a porta. Estar ali era uma péssima ideia. Deveria ter ficado em casa.

— Eu fiz uma pergunta!

As batidas na porta o deixaram impaciente. Em um impulso, Peter a abriu, puxou Madison para dentro do quarto e os isolou no cômodo escuro. Aaron o encontraria se Madison continuasse fazendo aquele escândalo, então agora ela estava entre Peter e a porta de madeira, segurando a respiração de maneira tensa. Seus olhos se encontraram com os dele e, por um momento, tudo pareceu quieto demais.

Além da música abafada do lado de fora, o único som que Peter conseguia escutar era o de sua respiração acelerada. Eles estavam sozinhos em um quarto escuro, colados um do outro.

Depois do susto, Madison se recuperou rapidamente.

— Você é muito abusado — ela o empurrou, logo depois arrumando o cabelo. — Quem pensa que é para fazer isso? Nunca mais encoste em mim!

Ela estava muito nervosa. Quase à beira de um ataque. Peter pensou que poderia ser por causa da sua atitude precipitada, mas percebeu que ia além disso. Alguma outra coisa transtornava Madison.

— Você está recebendo mensagens também, não está?

Ela alisou a parte de baixo do vestido. Um tique nervoso. Seus olhos passaram para algum ponto atrás dele, vasculhando o quarto escuro, antes dela mentir:

— Não. E já estou cansada dessa história. Você é muito obcecado!

Peter se irritou.

— Olha, eu não to nem aí para você. Só quero que parem de me mandar fotos suas e mensagens engraçadinhas. Estou de saco cheio. Manda seus amigos psicopatas me deixarem em paz, entendeu? Ou eu mesmo dou um jeito neles.

Pisando duro, Peter abriu a porta. Madison ainda estava na frente, então foi empurrada para o lado. Ela o seguiu para fora assim que Peter saiu, de repente interessada no que ele tinha a dizer.

— Fotos minha? Eu quero ver.

As pessoas espalhadas pelo corredor dificultavam a passagem, e Madison começou a perder Peter na multidão. Ela ficou irritada com a situação, mas não era do tipo que desistia. Chegou ao térreo ainda determinada, e o encontrou quase na saída da casa, passando pela grande porta de madeira que recebia os convidados de Cash.

Ela pensou que não o alcançaria, mas Peter parou de repente. Madison demorou para entender, mas logo escutou os mesmos gritos que ele e, quando percebeu, já estava correndo ao seu lado para o lado de fora.


N/A:
VOLTAMOS!!! Quem aí aproveitou a última sexta feira 13?? Adoramos essa data! E trouxemos um capítulo de Bad Karma no domingo que é pra já aproveitar o clima HAHAH
Esperamos que tenham gostado! O que acham que aconteceu pro Peter e a Mad saírem correndo daquele jeito? Conta pra gente! E não se esqueçam de seguir o Instagram da história (badkarmawattpad) para ver spoilers do que está por vir ;)

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