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I only love you when you touch me, not feel me
When I'm fucked up, that's the real me
Barbara Daytona.
Em questão de milésimos, saio debaixo do garoto aranha e me posiciono, estalando minhas mãos pronta para o que estava por vir. Ao mesmo tempo que isso era trágico e que poderia dar errado, era também muito divertido.
— Você é realmente rápida, huh? – ele diz naquele tom brincalhão de sempre. – Mas você sabe, roubar é feio. Muito feio.
— Se eu fosse você, eu já teria corrido há muito tempo. – o alerto num tom ameaçador.
— Bem, esse lance de correr é melhor deixar só pra você mesmo.
Ele posiciona suas mãos e atira teia em minha direção, porém eu as desvio rapidamente. O Homem-Aranha continua a lançar, até perceber que era inútil e que se eu não estivesse realmente distraída, eu desviaria de todas as teias que ele lançasse contra mim.
Decido que agora era a minha vez de revidar, mas dessa vez, sem usar minha velocidade e apenas fazer um bom uso das artes marciais que eu pratico desde pequena. Dou um soco em seu rosto e uma joelhada na sua barriga, o fazendo soltar um gemido de dor e revidar com outro soco no meu nariz.
No meio da luta, além das piadinhas sem graça que ele cismava em fazer, ouvia ele falar com uma outra pessoa. Como se houvesse uma maneira de se comunicar através de uma escuta e um microfone no traje, o que eu não duvido já que provavelmente foi feito por Tony Stark.
— Que? – ele grita com a mão no ouvido e dou um soco no queixo dele. — Ouch! Olha, eu to no meio de uma parada bem seria aqui, Ne-, que dizer, garoto desconhecido.
Arqueio a sobrancelha. Bom, pelo menos eu não sou a única a ter um ajudante e também não sou a única a ser atrapalhada pelo mesmo constantemente.
— Na Avenida 36 e na rua 4?! – ele exclama tentando se desviar dos meus chutes. – Incêndio? Isso não é bom, nada bom. É a melhor pizzaria de Queens!
Por um momento eu paro de o bater e franzo a sobrancelha, tentando assimilar tudo que ele estava falando. Espera, o pai da Emma tem uma pizzaria exatamente nesse local que ele mencionou, isso não pode ser verdade. Merda! Mil vezes merda.
Nada mais importava pra mim, nem o Homem-Aranha, nem o dinheiro e nem o cofre. Minha mente só pensava em Joe e orava para que ele tenha pedido um dia de folga logo hoje e que não estaria na pizzaria. Pego o walkie-talkie e corro veloz por toda Manhattan, atravessando a ponte em que ligava a Queens.
Quando paro em frente a pizzaria em chamas, minha garganta seca. Eu não aguentaria perder mais uma pessoa que eu amo e muito menos ter que aguentar outra pessoa que é muito importante pra mim sofrendo pela perda do pai. Quase deixando o walkie-talkie escorregar de tão molhadas que estavam as minhas mãos, engulo á seco e aperto o botão de falar.
— Emma?
— Três, cinco, nove, oito! – exclama a garota. – Eu sou foda!
— Emma. – repito seu nome chamando sua atenção. – S-seu pai foi trabalhar hoje?
— Sim. – diz num tom óbvio. – Hoje é o dia que ele chega mais tarde, você sabe disso.
Sim, eu sei. Óbvio que eu sei que o Sr. Wilson chega mais tarde toda segunda-feira e quarta-feira. Mas uma pequena - grande - parte dentro de mim, gritava esperançosamente que exatamente nesse dia, ele estaria em casa. Talvez assistindo seus talk-show preferidos ou até mesmo vendo um reprise do jogo de baseball de ontem dos New York Yankees, mas que estaria em casa seguro e salvo, longe de qualquer perigo.
Porém infelizmente não era essa a realidade em que eu me encontrava. Guardei o walkie-talkie no lugar desconfortável de sempre e tratei de correr para dentro do estabelecimento, correndo o mais rápido que eu conseguia. Correndo tão rápido que parecia que eu estava andando num mundo completamente pausado, onde era eu que controlava o tempo.
No meio das chamas altas que pareciam nunca parar de crescer, encontro Anderson e Neels, os dois atendentes que todos tanto amavam naquele restaurante. Era impossível você conhecer os dois e não amar a dupla. Agarro o braço dos dois homens altos e os tiro imediatamente do local, os deixando em frente a porta de entrada, porém numa distância de alguns metros onde eles estariam seguros.
Quando volto a velocidade normal, percebo que não estava sozinha como pensava, havia uma pequena concentração de pessoas que assistiam a cena nervosas e tensas, umas até filmando em choque do que acabara de ver. Qual foi, vocês já viram uma minhoca gigante sair de um portal e se assustam com uma menina um pouco mais rápida do que o normal?
— Joseph está na cozinha! – Neels avisa ofegante e assinto.
Quando me preparava para voltar lá dentro, mais uma vez, alguém foi mais rápido do que eu. Não sei nem como isso foi possível, talvez eu devesse prestar mais atenção e parar de me distrair com coisas fúteis, mas o Homem-Aranha acabara de sair da pizzaria com Joe em seus braços, que tossia como nunca havia tossido na sua vida inteira.
— Os bombeiros estão chegando. – diz o de vermelho e azul, com a respiração um pouco irregular e pude já ouvir as sirenes tocando. – Pensei que você fosse uma vilã que gosta de pegar o que não é seu.
— Não sou uma heroína. – digo. – E nem uma vilã.
— Deveria ter pensado nisso antes. – retruca ele, apontando para as pessoas que filmavam nós dois com seus celulares e gritavam palavras aleatórias ou perguntas, como o meu nome ou quem eu era. — Fico feliz em saber que desistiu de roubar um posto de gasolina para salvar vidas. Felizmente Homem-Aranha transforma corações.
— Ninguém disse em desistir, inseto. – sorrio de lado, sem antes desaparecer do seu campo de visão, correndo.
Com o vento batendo sobre meu rosto e sentindo a brisa inexplicável de Nova Iorque, me sinto mais leve e aliviada. Se algo acontecesse com o Sr. Wilson eu nunca iria me perdoar, ele é a última pessoa que merece algo desse tipo e também é como se fosse um pai para mim.
Quando volto para o posto de gasolina, a polícia já estava investigando o local. Essas são as horas que eu agradeço que o meu poder é justamente velocidade e não penso duas vezes em correr para o quarto mofado novamente e digitar os números três, cinco, nove e oito, que Emma havia dito antes de eu dar uma de herói e salvar o seu pai.
Pego o saco de dinheiro presente e fujo de lá, deixando um grupo de policiais confusos com o vulto preto que passou por todos eles - e roubara suas deliciosas rosquinhas.
Quando piso meu pé em casa, a primeira coisa que eu faço é arrancar a máscara do meu rosto e tentar controlar meus batimentos cardíacos que estavam mais acelerados que o usual. Parecia que eu ia ter um ataque cardíaco a qualquer momento.
— Barbie! – a loira vem em minha direção e envolve minha nuca com seus braços, me abraçando forte e quase me sufocando. – Meu Deus, e-eu tinha acabado de ver no jornal logo depois de você perguntar sobre o papai e, quando eu vi que a pizzaria estava pegando fogo, eu quase morri do coração.
— Eu também quase morri do coração. – admito me soltando do sue abraço com um sorrisinho aliviado em ver como a garota estava aliviada em saber que seu pai estava bem.
— Obrigada por ter feito isso. – ela fala sorrindo. – Você foi incrível! Eu fiquei tão nervosa mas caralho, você foi tão foda!
Antes que eu pudesse concordar com a garota, a televisão tirou toda a minha atenção. Nela mostrava um vídeo meu salvando os dois garçons, onde só podia ver um vulto passando e logo depois disso conseguia me ver em péssima qualidade, ao lado do Homem-Aranha. Abaixo da notícia, eu recebia o nome de "a mais nova amiga do herói da vizinhança" e a repórter se perguntava sobre o possível nome do meu alter ego ou da minha verdadeira identidade.
— Isso não é bom. – suspiro. – Agora as pessoas sabem da minha existência e será cada vez mais difícil de tentar não me descobrirem.
— Vai dar certo. – Wilson fala. – Sempre dá. Agora me fala, não acredito que você lutou contra aquele gostoso do Homem-aranha! Puta merda, Daytona!
— Eu sei! – grito animada. – Eu acabei com ele! Se não fosse pelo incêndio, ele estaria completamente fudido.
— Eu amo ter uma amiga super-herói. – ela suspira com exagero e solto uma risada.
— Não sou um super-herói, Emms. – arqueio as sobrancelhas e em seguida, sussurro brincalhona. – Eu roubo postos de gasolina.
A menina revira os olhos rindo e pede para eu retirar meu macacão, pois ela queria dar umas melhorias já que toda aquela confusão havia dado um toque de criatividade na cabecinha maluca dela. Antes de eu ir direto para o banho - que sinceramente, eu estava fedendo como nunca -, aumento o volume da televisão e presto atenção no que o noticiário continuava a dizer.
— Mesmo participando da salvação das vítimas do incêndio, a mulher mais rápida que um piscar de olhos, é suspeita de furto de dinheiro do cofre de um dos postos de gasolinas mais frequentados de Manhattan, que estava fechado para o serviço após uma falha de funcionamento. Perguntamos ao herói aracnídeo sobre o que ele sabia da mulher de preto, mas não conseguimos tantas informações como esperávamos. – diz Nina, a jornalista e cerro meus olhos.
— Eu não faço ideia de quem seja, nunca havia a visto por aqui em Queens. – o famoso Homem-Aranha fala. – Eu não sei onde ela está, ou o que ela planeja fazer, se ela quer ajudar as pessoas ou praticar crimes. Só sei que desde que eu esteja aqui, eu vou encontrá-la. Não adianta correr de mim, papa-léguas, porque eu vou sempre te achar.
Desligo a televisão e reviro os olhos, com um pequeno sorriso de lado e travesso estampado no rosto. Ah, garoto aranha... Essa sua marra pode conquistar e convencer todos da cidade, mas saiba que vai precisar de uma nova técnica para me botar medo.
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uhuless,,, nao se esqueçam de favoritar!!! isso ajuda muito bebes <3
espero que tenham gostado :)
xoxo, lily
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