066 | BROOKLYN
Ajeito o meu cabelo em frente ao espelho. Dou mais uma olhada na minha roupa e suspiro satisfeita. Eu usava um short jeans branco de cintura um pouco alta, uma t-shirt moletom da adidas e uma touca com "orelhinhas". Calçava um tênis preto brilhante da Supra e carregava um batom nude na boca. A maquiagem era fraca, apenas para a noite.
Era uma social, não precisava estar tão arrumada. Mas se for pra sair de casa sem causar, qual ia ser a graça?
Pego o meu celular e aviso para as meninas que já estava indo buscar elas e guardo o aparelho no meu bolso assim que recebo um "okay" de Lotte.
— Mãe, eu já estou indo! — gritei. Não obtive respostas. — MÃE?
Estranhei. Apesar da minha mãe estar sempre dormindo, ela respondia todas as vezes que eu a chamava.
Eu sabia que algo tinha acontecido. O silêncio era o baralho das proezas que fazíamos. Pelo menos na nossa família era assim.
Desde que meu pai foi preso – quando eu tinha apenas 11 anos – as nossas vidas viraram de cabeça para baixo. Minha mãe era uma das melhores advogadas da região, agora ela está desempregada e bebendo pelos cantos. Tínhamos a casa mais bonita da rua, com jardim florido e tudo mais. Agora ela está com um aspecto de abandonada com um jardim morto. Minha mãe era sorridente e animada, agora ela não para de beber e dormir enquanto chora no meio da noite. Eu não precisa me preocupar se iríamos conseguir ter comida na mesa, agora eu preciso.
Esse é o motivo de eu não chamar ninguém pra minha casa, de ninguém saber onde é. Isso se chama vergonha. Vergonha de ter um pai preso e uma mãe humilhada. Eu tinha que trabalhar para conseguir comer e minha mãe não estava me ajudando. Eu tentava curtir minha adolescência, só que isso não estava sendo possível. Eu tive que sair da aula de teatro e dança assim que as coisas começaram a afundar, e agora... Eu luto pra conseguir tudo que é nosso por direito. Meu pai roubou a nossa dignidade e eu quero ela de volta.
Minha mãe provavelmente estaria desmaiada no seu quarto de tanto beber. Mas não, não havia nada lá. Apenas uma garrafa de vodka vazia.
— DROGA MÃE!
Peguei o meu celular rapidamente digitando o número de Liam. Eu errava as vezes por conta da pressa o que me deixava ainda mais nervosa.
– Alô? Brooke? Onde você está? Estamos te esperando na cada do Taylor.
— O Nate tá aí com você?
— Na minha frente. O que aconteceu?
— Ela sumiu de novo, Liam. Eu preciso da ajuda de vocês. Me encontrem no parque agora.
— DROGA, Brooklyn! Estamos indo.
Desliguei a chamada e logo tratei de mandar uma mensagem para as meninas dizendo que eu não poderia busca-las. Elas ficam boladas mas disseram que Naomi iria buscar.
Peguei a chave do carro e fui cantando pneu até chegar no destino. Ficava um pouco longe e eu cortava caminho e ultrapassava sinais. Isso daria belas multas de trânsito. Estacionei o carro de qualquer jeito e esperei os meninos sentada no capô. Eu apertava a minha própria mão e olhava no celular em forma de nervosismo.
Logo, um carro preto estacionou do lado do meu carro e Liam, junto com Nate, saíram do veículo. Nathan veio me abraçar assim que saiu. Suspirei pesado e devolvi o abraço.
— Vai ficar tudo bem, gatinha. — tentou sorrir reconfortante.
Nem o sorriso de Nate e muito menos de Shawn iria adiantar agora. Eu precisava achar a minha mãe e eu não sabia mais o que fazer.
— vamos logo.
Começamos a procura-la pelo parque. Perguntávamos para as pessoas se elas tinham visto uma mulher loira, magra, de olhos castanhos e parecida comigo por aí. Mas sempre a mesma resposta: não.
— como ela pode sumir? Esse parque nem é tão grande e ela nem é tão pequena! — murmurei impaciente. — É impossível ninguém ter visto ela.
— vai que ela nem está aqui. — Liam de de ombros.
— Ela sempre está aqui. Vamos achar ela em algum lugar. — Nate falou olhando para um lugar oposto que o nosso. — Gente, eu acho que achei.
Olhei na mesma direção que Nate e vi uma mulher loira observando a movimentação. Lá estava ela.
Gritei o seu nome, ela me olhou assustada mas logo se recompôs assim que percebeu quem era.
— Filha? O que você está fazendo aqui? Por que você está tão cansada?
— eu fiquei tão preocupada, mãe! — murmurei a abraçando.
— Desculpe, filha. Essa não foi a minha intenção.
— Tinha uma garrafa vazia no seu quarto, mãe! Eu pensava que você tivesse dado um recaída depois de tanto tempo de tratamento.
— eu sei, eu sei. Eu só queria vir aqui e relembrar os velhos tempos.
— Como assim?
— Foi aqui que seu pai me pediu em casamento e também foi aqui que eu contei sobre a minha gravidez. — respondeu sorrindo boba. — Nós colocamos nossas iniciais nessa árvore quando éramos jovens.
— Mãe, papai está preso e você tem que superar. Vocês se separaram e isso foi escolha sua. Ele é um monstro e você tem que parar de olhar pro passado e construir o seu agora. — murmurei pegando na sua mão. — Arranja alguém bom, mãe. Tome de volta o que roubaram de você. E mamãe... Eu preciso de você.
— Eu não sabia o tanto que você sofria. Me desculpa, filha. Me desculpa mesmo.
— Eu te amo tanto, mamãe.
— Você é a minha preciosidade, Brooklyn.
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