✱ Baba Yaga

✱ NOTAS INICIAIS

GENTE, EU POSTEI ISSO AQUI 23:58, KKKKKKKKKKKKKKKK, quase não dá tempo, caralhoooooooooooooooooooo. Puta merda, MEU DEUS. 

Eu até tenho que pedir desculpa, porque eu postei primeiro com as notas zoadas, sem formatação nenhuma, só pra dar tempo. Deve tá cheio de erro, vou revisar isso agora, puta que pariu kkkkkkkkkkkkkkkkkk.

Infelizmente, a falta de tempo não me deixou desenvolver do jeito que eu gostaria. Mas como o título já diz, a fanfic foi inspirada no conto da Baba Yaga, que é massa pra caralho! Espero que gostem (apesar dos pesares).

Boa leitura e até as notas finais. ♥

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BABA YAGA

— É impressão minha ou está mais escuro que o normal por aqui? — Naruto notou enquanto dirigia. A névoa do lado de fora dificultava a visão da estrada e ele precisou aumentar o nível dos faróis para poder enxergar melhor.

— Acho que não é impressão sua, Naruto-kun — Hinata concordou. Os olhos perolados estavam presos no GPS, acompanhando a rota cuidadosamente. — Desde que pegamos essa estrada, o clima parece ter ficado... Esquisito.

Como se fosse para confirmar o que ela tinha acabado de falar, o vento sibilou e os galhos das árvores próximas balançaram violentamente. E à medida que eles avançavam pela estrada, o nevoeiro parecia ficar ainda mais espesso, e a noite era puro breu.

— Eu não acredito que o tempo vai fechar bem quando decidimos fazer nossa viagem! — ele reclamou, realmente chateado.

— Talvez seja só por agora, não se preocupe — ela tentou tranquilizá-lo e sorriu quando Naruto desviou o olhar para ela por alguns segundos. Com a mão que não estava no volante, ele buscou o toque carinhoso dela, que foi rapidamente retribuído.

O motivo daquela viagem fora da temporada de férias era algo muito importante para os dois: como ambos eram muito ocupados com o trabalho, decidiram unir o útil ao agradável ao sair para uma expedição a fim de conseguirem material para suas pesquisas e ao mesmo tempo comemorar o aniversário de casamento de cinco anos que seria naquele final de semana.

Decidiram ir para uma cidade pequena no sul e interior da Rússia. O anúncio prometia lindos chalés, calmaria e muita cultura local — que incluía uma visita ao centro histórico da cidade, às cavernas com águas termais repletas de vestígios de uma antiga civilização e lendas. Esse último detalhe era o que mais importava para os dois.

Uzumaki Naruto era um curioso nato; poderia se dizer que sua maior especialidade era justamente se meter onde não tinha sido chamado. Foi criado pelos avós, já que seus pais tinham desaparecido — e dados como mortos — quando ele ainda era uma criança. Teve uma infância complicada por causa disso, já que era novo demais para entender o que realmente tinha acontecido e imaginava que fora abandonado.

A adolescência foi mais tranquila; depois de entender os trágicos eventos que acarretaram na morte de Kushina e Minato e lutar contra os seus fantasmas internos bravamente, conseguiu seguir em frente e construir relações saudáveis e felizes sem precisar olhar para trás e sentir que algo lhe faltava. Foi um garoto popular na escola e aproveitou tudo que tinha direito, já que Tsunade e Jiraya nunca foram de prendê-lo em casa. Só depois disso tudo, na faculdade, que ele encontrou Hinata — o grande amor da sua vida.

Diferente dele, a Hyuuga tinha passado grande parte da sua vida praticamente confinada na mansão da família. Não teve uma infância que poderia ser considerada feliz, já que não teve tempo de ser criança; desde que estava entupida de tarefas como: aprender a costurar, tocar música clássica, falar pelo menos três idiomas e regras básicas de etiqueta. Não foi o tipo de criança que saia para brincar com os amigos depois da escola e podia ir se divertir no parquinho sem nenhuma preocupação.

O ensino médio dela foi responsável por grande parte dos seus problemas de autoestima e confiança. Por vir de uma família muito rica, as pessoas frequentemente tentavam se aproximar dela por puro interesse. Sem contar que mais de um par de vezes, Hinata ouviu comentários maldosos sobre seu peso e seus olhos estranhos, quando as pessoas pensavam que ela não estava escutando. Como resultado, ela se isolou na tentativa de evitar o sofrimento.

Tudo mudou quando encontrou Naruto. Estava no terceiro ano de Jornalismo quando o viu pela primeira vez em uma palestra sobre a importância da cultura para o mundo. Ainda conseguia se lembrar da maneira que os olhos azuis tempestuosos do seu loiro alcançaram os seus no meio de uma multidão de alunos, do sorriso contagiante que tomaram os lábios avermelhados dele — que a fizeram sorrir de volta, quase como um espelho. Da forma que ele caminhou, confiante, até alcançá-la e simplesmente puxar papo, sem nenhuma dificuldade, quase como se eles fossem amigos há anos.

Foi a primeira vez na vida que Hinata confiou alguém sem nenhuma hesitação. Havia uma aura ao redor de Naruto que fez com que ela sentisse que poderia se doar sem medo e que, diferente das outras pessoas, ele pouco se importava com a influência que o nome "Hyuuga" carregava; o Uzumaki nunca quis nada dela além de amor.

E agora, oito anos depois, ali estavam eles. Casados e mais felizes do que nunca.

"A cem metros, vire à esquerda."

A voz feminina e robótica do GPS soou em um russo quase perfeito, anunciando que eles estavam muito perto do destino. Hinata ficou em silêncio, apenas observando o ambiente ao redor, pouco preocupada com o clima ruim. Eles tinham um mês inteiro para aproveitar e não estava com pressa. Era do seu espírito ser tão calma; a única coisa que ansiava, era passar um tempo a mais com seu amado e lindo marido.

— Ainda bem que estamos chegando, eu tô morrendo de fome! — Naruto quebrou o silêncio, o nevoeiro tinha se dissipado, e dava para enxergar as luzes brilhantes nos postes pela estrada. Nem todas funcionavam, Hinata notou. — Eu espero que o chalé seja tudo que eles prometeram!

— O caseiro garantiu que tudo estava em perfeita ordem — Hinata levou um dedo aos lábios pensativa —, que a dispensa vai estar abastecida e tudo limpo. Ele parecia um bom velhinho, me lembrou um pouco o seu avô.

Isso arrancou uma risada baixa de Naruto, porque sua esposa sabia que achar alguém no mínimo parecido com Jiraya era muito difícil. Poderia se dizer que o avô tinha sido uma pessoa incomum quando ainda estava vivo. As pessoas sempre estranhavam a cabeleira longa e branca em um senhor de setenta anos de idade, sem contar a personalidade extravagante e altiva demais para alguém tão velho.

— Você acabou de me lembrar que eu preciso ligar para a vovó Tsunade. Ela deve estar preocupada — Naruto disse. — Ela estava agindo estranho desde que contei que a gente ia viajar pra cá.

— Talvez ela só sinta sua falta — Hinata opinou com sinceridade. — Ela deve se sentir solitária já que Jiraya-san não está mais aqui. O que você acha de irmos visitar ela depois daqui? Ainda teremos mais uma semana de folga.

— Acho que você tem razão, ela e o velho eram muito ligados. Ainda bem que a vovó é forte, senão não sei como ela estaria agora — ele titubeou. — É uma ótima ideia, queria mesmo ir ver ela. Quando eu ligar, aviso que vamos dar uma passada lá.

A Uzumaki limitou-se a assentir com a cabeça, realmente feliz com a ideia. Mais alguns minutos depois, eles enxergaram o chalé alguns metros a frente. Naruto estacionou o carro e tirou o cinto, e esperou que Hinata fizesse o mesmo antes de descer do veículo. Havia apenas um poste que funcionava ali perto, o que dava um ar macabro para o chalé junto com a ventania inexplicável, que causava uma espécie de uivo.

Encostada no carro, Hinata olhou para cima, estranhando as nuvens escuras que cobriam o céu, já que a previsão do tempo não tinha mencionado nada sobre chuva naquela região.

— É melhor entrarmos, querido, parece que vai chover — ela disse, já procurando a chave do chalé dentro da bolsa.

Ele não disse nada, apenas concordou com um leve aceno de cabeça e começou a tirar a bagagem do porta-malas, enquanto Hinata ia na direção do acolhedor chalé para abrir a porta. Ao se aproximar da entrada, um calafrio estranho percorreu toda sua espinha e ela tremeu, sentindo-se desconfortável. Ignorou a sensação esquisita que ameaçava a se apoderar do seu corpo completamente, parecia que alguém tinha pressionado um botão de alerta, que fez com que Hinata sentisse uma vontade urgente de fugir.

Abriu a porta.

Outro calafrio.

— Credo — ela resmungou e esfregou os braços, os pelos estavam enriçados. Procurou o interruptor da luz, tateando a parede, até que o encontrou e finalmente ligou. — Uau.

— Nossa! É mais bonito do que nas fotos! — Naruto elogiou, vindo logo atrás com as duas malas de rodinhas. — E tudo realmente parece estar no lugar. — Mexeu as sobrancelhas de maneira sugestiva e ela riu baixo e corou.

Por ser um chalé, não era uma construção muito grande. Ao entrar, os dois viram que a sala era razoavelmente espaçosa, havia quatro janelas bem grandes adornadas com cortinas cor de creme, o que combinava com a madeira clara das paredes, e contrastava com o piso escuro, perfeitamente envernizado. Não havia muitos móveis além de um sofá de três lugares, uma televisão antiga e uma estante com poucos livros que aparentava ser velha. Também tinha uma lareira, que parecia não ser usada há um bom tempo.

A cozinha pequena era dividida com a sala, Hinata estranhou que diferente do resto, aquele "cômodo" era mais equipado: com direito a uma geladeira, micro-ondas, fogão e lava-louças trabalhos em inox. Também havia uma bancada em formato de "L" e armários pequenos na parte de cima.

Mais na frente, tinha um corredor com uma bifurcação no fim, que certamente era o lugar que levava para o único quarto do chalé e para o banheiro. Ela pegou uma das malas para ajudar o marido, e ele aproveitou e fechou a porta, para só depois segui-la em direção ao recinto em que descansariam naquela noite.

No quarto havia apenas uma cama de casal, um guarda-roupa embutido na parede e uma cômoda. Era tudo bem simples e arrumado. Hinata deixou a mala encostada perto da porta, estava cansada demais da viagem para arrumar as coisas naquele horário.

— Eu vou ver o que tem pra comer — Naruto avisou depois de também deixar a mala encostada em qualquer canto. — Você vem?

— Sim, só vou trocar de roupa — respondeu, já tirando o casaco.

— Tudo bem. — Ele se inclinou na direção dela para beijá-la suavemente nos lábios.

Só que, de forma inesperada, Hinata o segurou e enrolou os braços em torno do pescoço do marido, mantendo-o perto e aprofundou o beijo. Fechou os olhos no meio de um sorriso quando Naruto a correspondeu na mesma intensidade, fechando as mãos na cintura definida. Ela deixou que ele brincasse com sua língua devagar, explorando seus lábios com calma em um beijo de tirar o fôlego; Naruto mordeu o seu lábio inferior e os dedos se emaranharam nos fios escuros de Hinata. Um som próximo de um gemido escapou da boca dela, denunciando o prazer que sentia naquele simples e amoroso ato.

O Uzumaki teve dificuldades em se afastar completamente dela; e quando o fez, foi deixando leves beijos no canto dos lábios dela e em seu rosto corado de prazer.

— Eu te amo — ele declarou sem nenhum receio, entre suas mãos, o rosto dela.

— Eu também amo você — ela murmurou como se fosse um segredo.

Dessa vez, ele se afastou e seguiu em direção a cozinha, deixando-a ali, sozinha. Hinata suspirou, apaixonada, era incrível como depois de tantos anos ainda havia aquela paixão latente entre eles, tinha escutado tantas vezes que esse era o tipo de sentimento que sumia quando o casal ficava muito tempo junto. Ainda bem que quem disse isso estava completamente errado.

Ela abriu a mala só para tirar uma muda de roupas e ficar mais confortável. Cantarolando uma música qualquer, distraiu-se rapidamente. Ela sentiu um vento frio bater em sua nuca e levou a mão ao local e esfregou ali. Do nada, teve uma sensação de que estava sendo observada e se virou de uma vez.

— Que estranho... — murmurou para si mesma ao ver que Naruto ainda estava na cozinha, já que conseguia escutar o som dele mexendo nas panelas e no fogão.

Caminhou até a janela, que ficava do lado oposto a cama, e afastou as cortinas e espiou do lado de fora. Não dava para ver quase nada, e a sensação de ser observada persistia. Hinata apertou os olhos tentando enxergar algo, com o rosto praticamente colado ao vidro, até que ela viu um vulto preto e se afastou dali bem rápido, um grito estrangulado de susto ficou preso em sua garganta. O que foi rapidamente aliviado quando ouviu o crocitar de um corvo e o som de asas batendo.

— Aí, Meu Deus! — Colocou a mão no peito e respirou fundo. — Olha só pra mim, tomando susto com pássaros... — desdenhou, rindo sem graça com o que tinha acabado de acontecer.

DIA 01

Por conta do cansaço da viagem, Naruto e Hinata se deram o luxo de dormir até mais tarde. Ainda não precisavam começar a trabalhar, e por isso, tiraram o dia para descansar e explorar um pouco a área ao redor do chalé. Depois de tomarem café da manhã e se arrumarem, saíram juntos por uma estrada solitária de terra.

— Amanhã podemos visitar o centro e dar uma olhada no tal centro histórico — Naruto sugeriu sem parar de caminhar. Os dedos estavam entrelaçados nos de Hinata, que seguia bem perto dele.

— É uma ótima ideia. Bom que já vemos o que nos aguarda. Você não esqueceu da câmera boa dessa vez, não é? — Havia um tom provocativo na voz dela.

— Eu trouxe! — ele rebateu, fingindo estar super ofendido. — Não se preocupe, amor, a gente não vai precisar gravar nossa pesquisa pelo celular dessa vez.

— Agradeço, meu bem — ela murmurou, bem-humorada. — Olha só ali na frente, as árvores são diferentes das daqui, bem mais altas por sinal.

— Eu não sabia que nosso chalé ficava perto de uma floresta. Não seria legal se a gente encontrasse algum animal selvagem por aí? — De repente, ele parecia muito empolgado com a ideia.

Eles pararam em uma espécie de entrada bem cerrada pelas árvores gigantescas e seus galhos emaranhados. Naruto passou os dedos pelo casco ressecado de uma delas, impressionando com seu tamanho absurdo. Não se lembrava de já ter visto alguma árvore tão grande em toda sua vida.

— O que será que tem nessa floresta? — Espiou dentro da abertura; diferente dali de fora, que estava cheio de luz mesmo com o tempo nublado, era mais escuro. — Quer dar uma olhada?

— Vamos lá. — A garota medrosa que Hinata tinha sido um dia, ficou totalmente para trás.

Naruto afastou alguns galhos para ajudá-la a passar sem se machucar e assim que ela atravessou a abertura, Hinata também o ajudou. Eles seguiram em silêncio pelo caminho estreito, olhando para cima de forma curiosa.

— As copas das árvores são realmente majestosas, aqui parece um esconderijo, você não acha? — ela disse, realmente impressionada.

— Sim, nunca vi nada parecido. É meio assustador, parece aquela floresta da Bruxa de Blair — ele comentou, despretensiosamente.

— Credo, Naruto-kun! — Riu. — Você acredita nessas lendas? — perguntou, olhando para ele, sem prestar muita atenção pelo caminho que estava seguindo.

— Acreditar é uma palavra forte demais, mas também não acho que sejam totalmente mentira. Você já ouviu a famosa frase "por trás de todo mito, há uma verdade", e bem, eu acredito nisso.

— Já ouviu falar da Baba Yaga? — Hinata quis saber e parou quando eles alcançaram uma clareira, que diferente do caminho que eles tomaram até chegar ali, não havia nenhuma árvore. O que deixava a luz entrar e iluminar o centro do local formando um círculo. — Pelo que soube, é uma lenda famosa por aqui.

— E o que tem a tal da Mama Gaga aí?

— Baba Yaga, Naruto-kun! — ela o corrigiu, achando graça. — Não sei muito a respeito, folclore eslavo nunca foi o meu forte. Mas até onde eu me lembro, é uma bruxa que voa em um almofariz pelos céus e apaga o rastro do que faz com uma vassoura mágica.

— Não parece tão assustador assim — resmungou. — Uma bruxa voando num moedor gigante? Parece aquelas histórias pra fazer criança dormir. Agora quero saber a verdade por trás disso pra entender porque de todas as coisas, ela escolheu algo assim pra voar.

— Você é impossível — ela declarou com um sorriso. — Bem, parece que achamos uma clareira.

— Não é ruim, parece um bom lugar pra fazer um piquenique. Que tal?

— Podemos fazer isso outra hora, meu amor. — Os galhos das árvores próximas balançaram de repente, e os dois sentiram um cheiro esquisito vindo da continuação da estrada mais a frente.

— Ou não, que cheiro ruim, parece que tem algo em decomposição. — Naruto levou o braço ao nariz para abafar o odor que ficava cada vez mais forte.

— É melhor irmos embora — Hinata disse, já pronta para dar meia-volta. — Deve ser algum animal morto, e não acho que seja boa ideia encontrarmos quem matou.

— É, vamos deixar a natureza seguir o seu curso — ele concordou e seguiu Hinata para a saída da floresta.

Mas não sem antes dar uma última olhada para trás. Teve a impressão de ter visto um par de olhos abrasadores, como se estivessem queimando carvão em brasa.

Balançou a cabeça e ignorou.

Certamente, estava vendo coisas.

DIA 02

Pouco tempo depois do horário do almoço, Uzumaki Naruto juntamente com sua esposa foram visitar o centro da "cidade" — que parecia mais um vilarejo —, era um lugar bem simples e pouco movimentado. Não foi difícil para nenhum dos dois notar, que apesar do local ter seus pontos turísticos que pareciam ser promissores, ali era um lugar pouco visitado. Quase todas as pessoas que eles encontraram ao longo daquele dia eram moradores da área.

Certamente, tal fato gerou estranhamento neles, principalmente em Hinata, que estava responsável por documentar a jornada daquele dia. Tudo naquele lugar parecia tão incrível, que era difícil acreditar que não era popular. Olhando para as relíquias no centro histórico, algo em específico chamou a atenção dela — e não tinha a ver com toda a cultura que o local tinha para oferecer.

Era um folheto grudado na parede. Nele, estava escrito "Criança Desaparecida", e logo abaixo das letras grandes em vermelho vivo, havia uma foto com o rosto da criança. Era um garoto que não passava dos dez anos de idade, o cabelo loiro e arrepiado; sorria, então dava para ver que ele estava banguela. O menino também possuía incríveis olhos azuis, que Hinata poderia jurar que eram iguaizinhos aos de Naruto.

"Bolt". Era o nome que estava escrito logo abaixo da foto.

Sentiu um aperto no peito, porque ela nunca deixaria de sentir pena de quem passava por uma situação dessa. Tinha o seu marido como maior exemplo; por mais que Naruto não demonstrasse e agisse como se tivesse superado o desaparecimento dos pais, ela sabia que ele ainda sofria com isso. Só tinha ficado melhor em esconder. Imaginava como era sempre ficar em dúvida, se perguntando se eles estavam vivos ou mortos, o que tinha ocasionado o desaparecimento. Devia ser difícil demais ficar no escuro por tempo indeterminado, sem nunca ter respostas.

Hinata engoliu em seco e sentiu os olhos arderem ao ponto de lacrimejarem. Puxou o ar com dificuldade e tentou respirar fundo para mandar os sentimentos e sensações ruins embora. Precisava molhar o rosto, por isso, seguiu na direção do banheiro com a cabeça abaixada, não queria que as pessoas a vissem chorar. Passou pela porta, empurrando-a devagar, quando constatou que estava vazio, levantou o olhar para o espelho grande e limpo e encarou a si mesma por alguns instantes.

Ligou a torneira e sentiu um pouco de alívio quando trouxe a mão com um pouco de água e jogou no rosto. Não queria preocupar Naruto com suas besteiras, então fez o melhor para disfarçar que tinha chorado um pouquinho. Infelizmente, seus olhos grandes e diferentes não ajudavam muito nesse quesito. Ela ainda passou alguns minutinhos ali dentro, até ter certeza que estava bem para sair.

A ex-Hyuuga saiu do banheiro, dessa vez com o queixo erguido, e nada a preparou para o que veio a seguir: havia tantos cartazes de desaparecidos colados nas paredes, com rostos e nomes diferentes, que ela perdeu completamente o fôlego. Olhou para cada um deles, sentindo o sangue sumir do seu rosto.

Por que tanta gente?

Por que todas eram crianças?

Aquilo não podia ser normal.

Não era normal.

DIA 07

Os lábios dela se abriram em um "o" mudo quando o clímax finalmente veio de maneira intensa. Hinata fechou os olhos com força ao sentir sua intimidade pulsar em volta do membro ainda rígido de Naruto em um orgasmo arrebatador.

— Olhe pra mim, Hime — ele pediu carinhosamente e segurou as duas mãos dela acima da cabeça para apreciar a obra de arte que sua esposa era.

— Naruto-kun — ela gemeu, ainda imersa no céu extraordinário cheio de tantas estrelas. As pérolas brilhantes encontraram as safiras sem nenhum receio, totalmente entregue.

Ele se moveu sobre ela com mais força mais um par de vezes antes de também chegar ao ápice e se derramar dentro dela em um grunhido primitivo. Naruto desabou em cima dela, ofegante, e Hinata passou os dedos pelo cabeço dele, molhado de suor, enquanto encontrava a própria respiração. Ficaram parados ali por alguns minutos, apenas apreciando o silêncio e a companhia do outro.

— Eu estou com sede — ela anunciou, manhosa.

Ele deu uma risada baixa e levantou a cabeça para olhá-la só mais um pouquinho. Ela retribuiu, um sorriso preguiçoso desenhado em seus lábios carnudos e inchados pelos beijos dele.

— Já entendi, Hime. — Inclinou-se para beijá-la mais uma vez antes de se levantar. — Já volto. Vê se não dorme, hein?

— Vou tentar — Hinata resmungou, claramente sonolenta.

Naruto não se importou com a própria nudez; foi ao banheiro primeiro e depois apenas caminhou em direção a cozinha e se espreguiçou assim que alcançou a geladeira. Desde que tinha chegado ali, uma semana atrás, ele se pegava impressionado com a escuridão que habitava ali; o único poste que chegava a iluminar por perto, tinha parado de funcionar fazia uns dois dias. Então, a única luz em todo o cômodo, foi a da geladeira aberta.

Procurou pela garrafa de água e o pedaço de doce caseiro — que Hinata comprou mais cedo naquele dia —, porque sabia que ela adorava beliscar algo depois que eles faziam amor. Foi nesse interim, que o Uzumaki ouviu o som baixo de uma risada infantil.

Isso foi mais do que o suficiente para que ele olhasse por cima dos ombros para trás, procurando por alguma coisa. Deveria estar ouvindo coisas, porque não tinha sentido nenhum ter uma criança por perto naquele horário. Ele e Hinata já tinham andado ao redor por tempo o suficiente para saber que os vizinhos mais próximos ficavam a pelo menos dois quilômetros de distância.

A risada ecoou novamente, dessa vez, mais alta.

— Mas que merd... — interrompeu-se e largou a garrafa d'água em cima do balcão e fechou a geladeira.

Ele andou até o interruptor de luz e ligou em seguida, para em seguida se aproximar de uma das janelas que ficava na direção em que tinha escutado a risada, e afastar a cortina cor de creme para o lado e espiar do lado de fora. Como o esperado, não havia muito além da escuridão, e tudo que ele conseguia enxergar, era os galhos altos da floresta sombria mais alguns metros a frente, balançando violentamente.

Achou tudo muito esquisito, porque somente aquelas árvores que estavam sendo afetadas pela ventania, o resto parecia tão quieto e calmo. Naruto apertou os olhos, tentando enxergar mais além.

— Que coisa mais esquisita — murmurou para si mesmo. — É melhor eu voltar pra cama, tô certo!

Ignorando o fato que tinha escutado uma risada minutos antes e a ventania esquisita, ele pegou a garrafa d'água outra vez, procurou pelo doce rapidamente, e voltou para os braços da mulher que ele amava.

DIA 17

A chuva forte e inesperada foi mais do que o suficiente para manter Hinata e Naruto em casa. Ali, eles não tinham um bom acesso à internet e o sinal da televisão era bem ruim, a maioria dos canais simplesmente não funcionavam. Então, não restou muito o que se fazer além de editar e organizar o material de trabalho que eles tinham reunido até aquele momento.

Os cartazes de desaparecidos tinham capturado uma atenção especial de Hinata, e, por causa disso, desde aquele dia, ela tinha aprofundado seus estudos nessa área. Ela queria respostas para o sumiço incomum de tantas crianças por aquela área, dos casos, havia apenas três ou quatro adultos desaparecidos.

Precisava de uma explicação para aquilo.

Só que tudo ficou bem difícil, desde que as famílias das vítimas simplesmente se mudaram dali e ninguém sabia do paradeiro delas. Hinata se sentia em um beco sem saída, e era frustrante demais nadar tanto para morrer na praia. O garoto chamado Bolt não saía da sua cabeça; e embora não o conhecesse, havia algo nos olhos dele que despertou algo intenso nela, como se ela devesse algo para ele.

Hinata mordeu a ponta da caneta, olhando para os papéis espalhados pelo chão de forma demorada, pensando em uma maneira de conectar os desaparecimentos, sem muito sucesso. Observou Naruto se levantar do sofá e deixar o notebook de lado, para colocar um pouco mais de lenha na lareira; fazia um frio gostoso e ela apreciou o gesto dele em um agradecimento silencioso.

No caminho de volta para o sofá, Naruto parou quando os dois escutaram batidas na porta. Não era muito comum receber visita por ali, a única pessoa que tinha ido ali, foi o caseiro para garantir que tudo estava bem, e isso tinha sido há uma semana mais ou menos.

— Quem será? — ele perguntou em voz baixa.

— É melhor abrir logo, está chovendo tanto, pode ser alguém precisando de ajuda — ela murmurou no mesmo tom que ele.

Naruto apenas balançou a cabeça em concordância e foi abrir a porta. Deu de cara com uma mulher completamente ensopada. Ela tinha o cabelo escuro e seus olhos eram de um castanho-avermelhado incrível; era apenas alguns centímetros mais baixa do que ele, mas com certeza, era mais velha. Já devia ter por volta de quarenta anos.

— Obrigada por abrir a porta. — Os lábios dela estavam azuis e tremiam de frio. Ela abraçava o próprio corpo na falha tentativa de se esquentar. — Podem me deixar entrar? Só um pouco, até a chuva diminuir.

— É claro. — A voz de Hinata se sobressaiu, ela já tinha levantado e se aproximado do marido. O russo dela era quase perfeito. — Você deve estar morrendo de frio, por favor, entre.

Desconfiado, Naruto deu espaço para que a desconhecida entrasse. Hinata a guiou para perto da lareira e a esposa não precisou dizer nada para que ele fosse até o banheiro e procurasse por uma toalha limpa e oferecesse para a estranha.

— Muito obrigada — ela agradeceu ao pegar o pano seco das mãos dele. — Meu nome é Kurenai, fiquei presa na chuva enquanto ia pra casa. Vocês não são daqui, estou errada?

— Não somos — Naruto respondeu. Diferente de Hinata, ele não era fluente em russo, então às vezes saia um pouco enrolado demais. Mas a prática levava a perfeição... — Você mora por aqui?

— Não tão perto, moro no fim do vilarejo, mas vim procurar uma ovelha desgarrada. — Ela pareceu profundamente chateada, e isso continuou evidente quando ela acrescentou em um tom baixo: — Mas por essas bandas, eu já devia saber que seria impossível... A pobrezinha já deve estar morta.

Hinata, que tinha ido preparar um chá quente, franziu o cenho, achando a escolha de palavras esquisita. Ao se aproximar com a xícara fumegante, perguntou:

— Como assim "por essas bandas"? — Naruto também esperou pela resposta.

— Ah... — De repente, Kurenai se ajeitou e engoliu em seco. Claramente, estava incomodada. — Vocês não sabem. — Vendo o silêncio dos dois, ela continuou, apreensiva: — As pessoas não vêm para esse lado da cidade, porque é perigoso. As nossas crianças vivem sumindo por aqui, ninguém as encontra, nunca mais. Baba Yaga mata quem entrar na Floresta da Morte procurando por elas.

— Baba... — o Uzumaki começou.

— Yaga? — Hinata completou. — Vocês acreditam nessa lenda?

— Não é uma lenda — Kurenai afirmou com convicção e os olhos dela passearam brevemente pelos folhetos espalhados pelo chão, apenas alguns metros de distância. — Ela é real. Todas essas crianças sumiram depois de entrar na floresta. Ela consegue sentir o cheiro de vocês. Não entrem naquele lugar, nunca. Dizem que ela não mata as crianças, pega elas para fingir que são filhos ou netos dela. Mas ela come os adultos...

Naruto e Hinata se entreolharam.

A chuva já tinha diminuído quando Kurenai foi embora, eles não tocaram mais no assunto até que a mulher partisse. A noite chegou e trouxe com ela uma esplêndida lua cheia, o que afastou o breu assustador que tomava conta das noites naquele lugar. Depois de tomar um banho quente e ter uma refeição razoavelmente agradável, o casal deitou para dormir.

Com as luzes apagadas e as cortinas abertas, apenas o luar iluminava o quarto. Naruto procurou a mão dela, tateando com cuidado o colchão, até encontrá-la. Sabia que Hinata não dormia ainda, por conta da sua respiração agitada.

— Você está com medo do que a tal de Kurenai disse? — Naruto quis saber.

— Eu não sei, Naruto. Dizem que são só lendas, mas e se for verdade? Esses desaparecimentos sem explicação, que não conectam com nada... — Hinata ponderou, a hesitação na voz dela era facilmente notável. — Nós entramos na floresta. E se algo acontecer com a gente, meu bem?

— Você quer ir embora? — ele perguntou e a Uzumaki sabia que não era um questionamento da boca pra fora. Se ela respondesse "sim", eles iriam embora sem nenhuma discussão. — Podemos ir assim que amanhecer.

— Você quer ir? — ela também quis saber.

Um momento de silêncio e Hinata sentiu-o entrelaçar os dedos com mais força nos seus.

— Acho que é melhor. Admito que não estou me sentindo bem com essa história também. Desde que chegamos aqui, coisas esquisitas ficam acontecendo. Mais de uma vez, eu fiquei escutando risadas... De criança.

— Por Deus, Naruto! Por que você não me falou nada? — Com a mão livre, ela acariciou as bochechas dele de modo cuidadoso.

— Não queria te assustar.

— Às vezes eu sinto que tem alguém nos observando. — Um arrepio desagradável percorreu o corpo dela. — É uma sensação muito ruim.

— Você deveria ter me falado isso também, Hime. Seja lá o que tenha lá fora, não é seguro ficarmos aqui, vamos embora — decretou.

— Então vamos dormir, para arrumar as coisas o mais cedo possível. É melhor a gente ficar longe desse lugar — ela confessou, agora, realmente com medo.

DIA 18

Hinata foi a primeira a acordar, Naruto tinha o sono bem mais pesado que o dela, por isso, ele continuou dormindo diante do estranho barulho de passos extremamente pesados. Sonolenta, ela se sentou na cama ainda desnorteada; no começo, ainda achando que não passava de um sonho esquisito. Só que, segundos depois, ela voltou a escutar o som de algo se movendo.

— Naruto-kun, acorda! — Balançou-o devagar para não assustá-lo. Ele despertou devagar e abriu os olhos, encarando-a diretamente. — Meu bem, acorda.

— O que foi, Hina? — perguntou, grogue. Mas não foi preciso que ela respondesse, já que no segundo seguinte, outro barulho de passo. Entretanto, dessa vez, o estrondo foi maior, seguido de um leve tremor. Isso o despertou por inteiro em um segundo. — Terremoto?

— Eu não sei — Hinata respondeu. Cada centímetro do seu corpo a alertava sobre algo estar terrivelmente errado.

Naruto se levantou da cama e se aproximou da janela em passos lentos. A luz do luar iluminava quase tudo lá fora, e ele procurou a origem do som. Os passos eram estrondosos, como se um gigante estivesse andando ao redor deles; também eram muito lentos, o que tornava difícil saber exatamente o que era.

Uma certeza os dois tinham: não era humano.

— Naruto-kun, é melhor você se afastar da... Aaaah! — ela gritou quando finalmente algo entrou em seu campo de visão.

O Uzumaki se afastou imediatamente da janela, cambaleando para trás. Havia duas pernas gigantescas de galinha paradas bem ali na frente deles. Uma das pernas estava levantada, as garras envergadas com unhas pontudas de um jeito ameaçador; eram tão altas quanto as enormes árvores da "Floresta da Morte". Acima delas, uma casa decrépita, caindo aos pedaços, mas extremamente sombria.

O vidro da janela se estilhaçou em milhares de pedaços e o cheiro de carne apodrecendo invadiu todo o ambiente.

— Corre, Hinata! — Naruto segurou a esposa pela mão e saiu a arrastando porta fora. — Vamos, amor, vamos!

Cambaleante, ela o seguiu, completamente aterrorizada. Aquilo não podia ser real, não era verdade! Lendas só deviam ser lendas, nada mais!

Os dois foram pra fora do chalé, deixando tudo para trás. Os passos animalescos vieram atrás deles em um ritmo muito mais rápido e nenhum deles se atreveu a olhar para trás enquanto corriam noite afora, sem destino. No desespero do momento, adentraram a estrada de terra, a mesma que tinha os levado para a floresta da morte, quando chegaram ali.

É inútil fugir... — Vozes infantis soavam pelo ar. — É impossível fugir. Baba Yaga vai te pegar... — cantarolavam.

Ela parou de forma abrupta e foi a primeira vez que Naruto olhou para trás. Hinata estava paralisada, parecendo ver algo muito além dele. Ele olhou para a mesma direção que ela e arregalou os olhos ao ver uma fileira de crianças parada no meio da clareira, iluminada pela lua.

— Baba Yaga vai te pegar! Baba Yaga vai te pegar! — repetiam em coro. — Não adianta fugir, Baba Yaga vai te pegar!

— Hinata, Hinata — Naruto chamou, sem olhar para ela, mas apertou sua mão com mais força. Não houve nenhum som por parte dela. — Vamos correr, não olhe para elas, Hinata.

Baba Yaga vai te pegar, vai te pegar.

Não adianta fugir.

Ela vai te pegar.

Naruto olhou para trás e não encontrou a esposa. Não era a mão dela que segurava, era uma mão velha, em decomposição. Encontrou o olhar abrasador, o nariz grande, os dentes podres. Era uma coisa de pelo menos dois metros de altura. Com horror, Naruto viu o sangue escorrer do que deveria ser a boca dela, mais do que isso, havia uma mão...

A mão de Hinata. A aliança estava ali, do grande amor da sua vida. O que tinha acontecido? Como...? Não tinha explicação. Ela estava morta?

Baba Yaga sorriu, os dentes amarelados e apodrecidos sendo iluminados pela lua, havia vestígios de carne presos em sua gengiva sangrenta.

— Te peguei! 

✱ NOTAS FINAIS

Eu queria ter feito um final super sangrento e cheio de detalhes, mas não deu tempo. :( Eu estava LITERALMENTE correndo contra o tempo. Quem sabe eu faça uma versão estendida, pra explicar melhor o que aconteceu nesse final, HEHEHEHE.

Espero que tenham gostado, cuidado com a Baba Yaga aí, que ela vai pegar vocês, kappa.

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