CAPÍTULO 22 - MISTÉRIOS DE EDREDOM

As primeiras luzes da manhã a despertaram. O som dos pássaros e o cheiro do orvalho reforçavam a noite passada ao ar livre. Babi sentiu os ombros reclamarem da posição torta no chão duro, mas estranhamente não tinha frio.

Com espanto, viu-se abraçada a um edredom em vez do vestido azul, como se lembrava. A roupa desaparecera e, ao seu lado, Taehyung estava sentado imóvel, observando-a.

— Interessante escolha de onde dormir, Barbie. — sorriu-lhe.

— Interessante é você estar aí parado me olhando, na real, diria sinistro. — respondeu, esfregando os olhos. — O que você tá fazendo aqui?

— Eu é que pergunto, o que você tá fazendo aí no chão?

— Yuna e eu brigamos... Não quero sair daqui sem me acertar com ela. — disse com o queixo trêmulo, anunciando o choro iminente e focando-se apenas no problema maior. Não deixaria o beijo de Jin e Ivy a afetar.

Com ternura, Tae segurou suas mãos. Aquele pequeno conforto lhe aqueceu o coração. Uma lágrima escorreu, fazendo-a recolher as mãos com pressa para enxugá-la.

— Você quer falar sobre isso? — ele perguntou.

— Ontem a gente tava brincando e eu a convenci a fazer uma coisa que pensei ser divertida pra todo mundo, mas pelo visto ela não achou graça e agora me odeia. — choramingou.

— Ela disse que te odeia?

— Não, mas...

— Sabe, do meu aprendizado, vivendo com seis caras, eu diria que essas brigas vêm e vão. Dá um tempo, vocês logo se acertam. — disse, acariciando-lhe a cabeça. — Eu ia meditar um pouco. Você quer experimentar? — convidou-a.

Sentaram-se frente a frente com as pernas cruzadas e a coluna ereta. A voz grave e suave de Tae conduziu Babi a um estado de calma, longe das suas angústias, focando na respiração e no som dos pássaros. Com os olhos fechados, sentiram o sol subir e a luz se intensificar, a manhã avançava indicando ser hora de voltar á realidade que os rodeava na varanda. Leve e renovada, ela o agradeceu com um abraço.

— Obrigada, Tae, de coração. Nunca vou esquecer o apoio que você está me dando. Agradeço pelo cobertor também. Por sinal, onde você meteu o vestido?

Taehyung tinha uma expressão confusa. Recebeu os agradecimentos de bom grado, mas não era o autor de todos aqueles feitos. Inspirado pela natureza ao redor, levantou cedo para uma caminhada ao alvorecer e a encontrou ali, aninhada ao edredom e sem nenhum vestido à vista.

Procurou por todos os cantos. Teria Yuna lhe trazido o edredom e guardado o vestido? Ou Olívia? Não! Esta estava fora de questão, apagada no quarto. E se uma raposa o tivesse levado? Oh, não!

A estranha linha de pensamentos foi interrompida pela porta se abrindo. Yuna, com as suas habituais calças camufladas, surgiu em silêncio. Tae a cumprimentou e voltou para sua caminhada, deixando-as a sós.

— Eu ouvi vocês... — Yuna começou torcendo os dedos. — Eu não te odeio, Babi, se tem alguém que odeio aqui sou eu mesma. Não foi culpa sua e eu me diverti, sim. Muito. Não devia ter estourado daquele jeito. Mas ainda não sei como encarar o Suga.

— Eu ajudo! Eu ajudo! Me desculpa também pela insensibilidade. É claro que pra você é diferente se vestir daquele jeito. Eu não me liguei. Me perdoa.

Abraçaram-se entre pedidos de desculpas. Enquanto isso, na varanda de um dos chalés mais a frente, do outro lado da piscina, Jin sorriu servindo-se de café. Levou um susto com a aproximação furtiva de Taehyung.

— Foi você, não foi? — Tae perguntou farejando a xícara.

— Eu o quê? — respondeu, servindo-se de uma nova dose.

— Quem levou o cobertor. — soprou o café recebido, encarando-o de lado.

— Não sei do que você tá falando. — Jin desconversou.

As orelhas vermelhas como um tomate do hyung confirmavam por ele, deixando Tae satisfeito. De longe, viram Babi entregar o edredom para Yuna e sair correndo em direção à estufa. Jin fez menção em segui-la, mas desistiu. Cada movimento dele sendo seguido com atenção pelo amigo.

Tae quis perguntar se Jin gostava da produtora, mas desconfiava que a resposta seria não, mesmo se estivesse loucamente apaixonado. Se tinha algo que Jin fazia bem era disfarçar os sentimentos ao se sentir acossado.

*******

Na estufa, por entre os cabides, o vestido foi encontrado pendurado dentro do plástico junto às peças usadas na noite anterior. Um anjo! Só podia ser obra de um anjo! Babi quis abraçar e beijar a divina criatura, mas por mais curiosa que estivesse não tinha tempo de procurá-lo.

Arrumou-se em um instante, sob o olhar desconfiado de Sora. Acordar sozinha e longe da festa deixou a figurinista um tanto de mau-humor.

— Você lembra, né? O seu contrato tá em jogo.

— Eu já disse! — Babi exclamou enquanto prendia os cabelos apressada. — Dormi em frente ao quarto da Yuna.

— Isso não faz sentido nenhum! Quem foi? Fala? O Doyun? O Tae? Não foi o Jin, foi? Não me diga que o Jaewoo? — disparou finalizando com um ar surpreendido.

A paciência de Babi já estava no limite quando deu um adeusinho da porta e encerrou a conversa.

— Fala com a Yuna, se você não acredita.

Por mais emoções vividas naquela manhã, sua primeira responsabilidade do dia ainda estava longe de ser cumprida. Chegou ao chalé de Jimin pronta para mais uma sessão de sacudidas. No entanto, ao abrir as cortinas, algo soou estranho.

Primeiro, estava tudo arrumado. Segundo, roupas desconhecidas pendiam na cômoda. Terceiro, ouviu um grunhido diferente vindo do centro do rocambole de edredom. Conferiu os pés e, sim, havia dois pares despontando dos lençóis.

Levou as mãos à boca. Ai, ai, ai, claro que a Ivy não foi a única a tentar a sorte ontem. Recuou aos poucos até tropeçar em um tênis com estrelas douradas. Não quis acreditar. Pegou um deles na mão para conferir os cadarços. Eram aqueles que conhecia bem.

— Oliiii....

Uma mão a calou de repente, interrompendo seu chamado pela coreógrafa. Jin sinalizava com a cabeça para saírem dali.

— Você sabia disso? — cochichou alarmada.

Jimin e Olívia despertaram assustados com a movimentação. Ela escondendo o corpo nu sob os lençóis, ele tentando balbuciar algo ininteligível. Os quatro se encararam confusos e Babi voltou a chamar a atenção da amiga.

— Oli!! O que você tá fazendo, sua louca?

— Por que não? Você devia aproveitar e fazer o mesmo com o Doyun. — respondeu encostando o rosto no ombro de Jimin.

— O quê??? — gritou.

Babi queria matá-la, como Olívia foi capaz de soltar aquilo na situação em que se encontrava. Jin a impediu de avançar para a cama, a carregando pela cintura e a arrastando para fora do quarto.

— Tá todo mundo acordado, né? Seu trabalho está feito!

Soltou-a na entrada, mas ao tocar no chão ela tentou voltar para dentro. Ele suspirou abrindo a porta ao lado e puxou-a para o próprio quarto.

— Por que você tá tão nervosa com isso? Não é nada do outro mundo. — ele disse rindo, enquanto fechava a porta atrás de si.

— Como não? Eu pensei que era uma das modelos, mas a Olívia? Ela pode ser demitida por isso! — respondeu tentando ultrapassá-lo.

— Quem disse?

— Como assim? — a staff parou de súbito.

— Quem disse que ela pode perder o emprego? — ele perguntou pondo as mãos na cintura.

— Humm.. O senso comum do kpop, a Sora, os nossos contratos. Os contratos, caramba! — explicou gesticulando com exagero.

Jin riu tanto que precisou sentar. Com um risinho de canto, adotou uma postura professoral, deixando-a mais irritada.

— Existe uma cláusula no contrato, sim. Não sei como está em inglês, mas diz respeito a assédio sexual. Temos penalidades graves contra assédio. Porém, não existe nada impedindo duas pessoas de se gostarem e ficarem juntas. — concluiu com um olhar enigmático.

A feição de Babi era pura surpresa. Ainda em choque, procurou pelo seu contrato nos arquivos do celular. A tradução da cláusula era muito vaga e dava a entender ser qualquer tipo de envolvimento.

— Além disso, a Sora só podia estar zoando você. Ela não perde uma oportunidade de fazer charme pra mim. E você sabe muito bem disso. — ele continuou.

Babi se sentiu estúpida. Não só havia interpretado mal o contrato, mas também tinha se convencido que os rumores sobre o mercado do kpop eram verdadeiros sem nunca ter questionado ninguém sobre a veracidade do assunto.

Ele ainda frisou o fato de eles poderem namorar. Porém os sete preferiam manter segredo sobre seus relacionamentos por causa do zumzumzum da mídia e da reação dos fãs.

— Além disso, você conhece a nossa agenda. Quem pode aguentar se envolver com um de nós? — disse cabisbaixo. — Bem, até teve alguém, mas quem sabe no que isso vai dar agora...

Chin-Sun! Ele só podia estar falando dela. Tencionou perguntar sobre o relacionamento dele com a antiga staff, confirmar ao menos se este boato era real, mas foi surpreendida pela sugestão que se seguiu.

— Portanto, não existe nada impedindo você de se envolver com o Taehyung. Ou com o Doyun, se ouvi bem por aí.

Os olhos dela o fuzilaram. Ele próprio estava chateado com aquilo. Cada vez que ouvia uma daquelas fofocas, sentia o sangue ferver e, ao tocar no assunto, não pôde deixar de trazê-las à tona.

Com o orgulho ferido, ela apenas desejava atacá-lo de volta. Como se atrevia a questioná-la de coisas inexistentes quando ele esteve aos beijos com Ivy? Agora que sabia não haver nada os impedindo de ficar com quem quisessem, sentiu-se enojada pela ideia de estar no mesmo local onde pouco antes Jin provavelmente dormiu com a modelo.

— E como você passou a noite, hein? Bem mal acompanhado, pelo que percebi ontem e por essas olheiras aí. — disse se levantando para sair.

— O que você está insinuando?

— Eu vi, Seokjin! Ninguém me contou. — disse avançando para a porta. — E eu ainda fiquei sem sobremesa por causa disso!

Fechou a porta com estrondo. No caminho de volta encontrou Yuna trazendo o edredom usado por Babi.

— Ah, você tá aqui. — Yuna comentou surpresa.

— O que você tá fazendo?

— Vou devolver o edredom do Jin. Você saiu com tanta pressa... Nem consegui dizer que foi ele quem te cobriu e levou o vestido ontem. Ele ainda passou um bom tempo tentando te tirar dali, mas você não acordava nem se movia. — explicou.

Babi viu de longe Jin receber o cobertor e os agradecimentos de Yuna. Em seu peito, o remorso pesava e a confusão de sentimentos crescia.


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Oi gente!!

Ai, que a Babi se resolveu com a Yuna e, logo em seguida, foi brigar justo com o Jin! Mal ela sabia que ele não merecia nada dessa fúria. Agora vamos ser se ela coloca esse coração em ordem.

ps: Alguém aí curtindo o casal Oli e Jimin?  Eu adoro, hehe.

Se está gostando, não se esqueça de deixar a sua estrelinha! Eu vou adorar saber sua opinião, palpites e etc.

Beijo grande e até o próximo capítulo.

Ana Laura Cruz

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