Fortes batidas na porta acordaram Jimin. Suga e Hobi entraram no quarto sem cerimônias, vestidos com seus pijamas, trazendo bebidas e petiscos.

— O que vocês querem? — disse bocejando. — Vão dormir!

— Com todo o dorama* aí do lado? — Hobi agarrou um copo e o encostou à parede.

Suga serviu as bebidas e sentou no chão acomodado ao enorme urso de pelúcia. Explicou rapidamente para o confuso Jimin o que se passava no chalé ao lado com direito a transmissão ao vivo. Como a live foi encerrada, ponto para Babi, mas os dois continuavam discutindo com a máquina ligada, ponto para Jin, vieram ver até onde isso ia.

— Ssshhhh! Ele desligou a máquina. — J-Hope anunciou.

Os três se encostaram à parede em meio aos dois cômodos, mas só ouviram murmúrios e a gargalhada de Jin.

— E se a gente for lá fora na porta? — Jimin sugeriu.

— Meio arriscado... — Suga reprovou — Que tal a varanda do fundo?

Saltaram e se agacharam por trás da cortina a tempo de ver Jin ter o braço torcido e perder a máquina de barbear para Babi. Viram-no reclamar de dor, massagear o cotovelo e avançar em um salto derrubando-a na cama. Contorcendo-se em cócegas, Babi tentou abafar a gargalhada. Jimin fez menção de voltar para seu quarto, mas Hobi o segurou buscando a aprovação de Suga, que apenas deu de ombros.

— Para, para, por favor! — Babi pediu com lágrimas nos olhos de tanto rir. — O que você pensa que tá fazendo?

— Derrubando as suas defesas pra poder fazer algo que eu queria há muito tempo.

Ela o observou a sério pela primeira vez desde que chegara ali. O pijama azul com estampa de ovelhas e o cabelo desigual lhe davam um ar ridículo, difícil de ignorar, mas todo o resto também não passava despercebido. As mãos a percorrer as suas costelas e pescoço. O peso dele sobre si. Os lábios carnudos a arfar tão próximo que podia sentir o ar fluir.

Babi sentiu um arrepio percorrer o corpo, parando de se contorcer, de repente animada com o que viria a seguir. Ao senti-la ceder, Jin ajoelhou ao lado da cama.

— Me perdoa, Passarinho. Eu te devo esse pedido de desculpas já faz tempo.Tem sido mais fácil acreditar no pior das pessoas, mas eu não devia ter agido mal com você sem comprovar o que tinha acontecido de verdade. — disse com o olhar culpado.

Aquelas desculpas haviam sido perdoadas muito antes. A caixinha de macarons encontrada em seu quarto já havia sido encarada como tal, mas ouvir o pedido com todas as letras era, sem sombra de dúvidas, bem melhor.

— Tá tudo bem. Pra ser honesta, eu pensaria o mesmo no seu lugar. — confessou.

— Amigos? — ele ofereceu-lhe o mindinho.

— Amigos! — concordou um pouco desapontada com o rumo da conversa.

Repreendendo-se em silêncio ao perceber por onde as suas fantasias a conduziam, forçou-se a lembrar de motivos para evitá-las. Deixou-os inundar seus pensamentos, se aquilo desse pro torto seria mau para a sua carreira, os boatos dele com a Chin-Sun, não queria deixá-los pior, ou se meter no relacionamento alheio, mas ele sequer existia? O contrato não permitia. Isso! O contrato não permitia!

Saiu dos seus devaneios quando ele deitou ao seu lado.

— Hum, acho melhor a gente levantar, né? — Babi declarou.

— Ué, você não queria "voltar pra cama"? Aqui estamos. - brincou antes de indagar — E que história foi aquela de me chamar de hyung? Ao menos fala direito!

— Mas como é então? — falou se afastando.

— Mulheres chamam homens mais velhos de oppa. — explicou. — E você tem a minha idade, né?

— Hyung é só pra homens? Sério? Fica como? Jin-oppa?

— Aaaahhh, que esquisito. Nunca mais me chama assim. — cobriu os ouvidos com os travesseiros.

— Oppaaaa!! Oppa, oppa!! — se pôs de joelhos tentando lhe arrancar os travesseiros do rosto. — Então fazemos assim, você para com essa brincadeira de mau gosto de ameaçar raspar a cabeça e eu nunca mais digo Jin-oppa. — disse a última parte de forma melosa.

— Não é pra tanto! Além disso, não era pra eu estar no exército agora? Então porque não usar um visual mais de acordo?

Ela suspirou, cansada. Não parecia que ganharia aquele impasse com argumentos.

— Quer saber? Que tal uma aposta? Sugere um jogo aí? — disse se levantando, mas foi puxada de volta — Você é muito abusado, garoto.

Jin sussurrou algo no ouvido de Babi e um súbito silêncio atraiu ainda mais os três curiosos na varanda. Hobi arriscou olhar para além da cortina e viu os dois deitados, Jin com o rosto afundado no cangote da staff, que se pôs de pé, se afastando devagar do hyung.

— Abusada é você que invadiu meu quarto e até agora não me fez uma proposta decente pra me convencer a manter esta injúria. — ele refutou com uma voz sedutora apontando para o cabelo.

Ela mordeu os lábios e fez uma careta desaprovadora. Os três idols pareciam disputar o prêmio de olhos mais arregalados. No quesito queixos caídos não houve competição, o vencedor era Hobi. Séria, Babi cruzou os braços.

— Você se acha muito sexy, né?

— Eu não acho, eu sei. — ele se levantou se aproximando para encará-la de perto. — Olha bem para esta obra-prima.

— Aah, Você é bonito sim, muito lindo, pra falar a verdade. Mas sexy? Não, não, não. — disse o empurrando lentamente com a mão espalmada em seu peito até encostá-lo à porta da varanda. — Sabe quem é sexy?

— Quem? — engoliu em seco.

— O Jimin.

Jimin deixou escapar um suspiro de surpresa abafado em um instante pelas mãos de Suga. Tenso, Hobi fechou os olhos, mas os dois dentro do quarto não pareciam tê-los ouvido. Um baque na porta deixou-os em alerta. Jin gemeu e gargalhou mais uma vez, mas a risada não durou muito tempo. Os três perceberam o motivo quando encararam as largas costas dele e as pequenas mãos de Babi pressionarem o vidro.

— O Tae, o Hobi... Mas você, com esse pijama de vovô? — ela disse com desdém.

Babi acariciou de leve a gola do pijama do cantor, antes de desabotoar o primeiro botão. Suspirou observando a pele clara e os músculos definidos recém revelados. Abriu mais um antes de subir nas pontas dos pés, roçando o nariz pelo alvo pescoço à sua frente, o fazendo estremecer. Ao sentir o hálito quente em sua orelha, Jin viu-se vítima do próprio jogo.

— Já deu, né? — ela disse baixinho, observando-o corar.

Jin soltou a respiração que havia prendido sem perceber. Precisou de um instante para se recompor. Agora, mais do que tudo, apenas desejava tocá-la e sentir o sabor dos lábios delicados a lhe sussurrar ao ouvido. No entanto, como combinado, abriu a porta com um movimento brusco e deixou os três bisbilhoteiros caírem para dentro do quarto.

— Gostaram do show? — Babi declarou brincalhona.

Jimin ainda tentou se explicar, mas foi interrompido pelo hyung, que os empurrou para dentro e declarou com um ar maléfico.

— Agora sim, vamos às negociações.

*******

Babi começou o dia muito irritada. Depois de embarcar na onda para enganar o trio de xeretas, pensou que estariam quites. Mas a conversa para evitar o novo visual ainda foi demorada e acabou envolvendo todos os Bangtan Boys Magia presentes e um jogo estúpido de cartas criado por eles.

Depois da décima rodada sem vencedores e 4 garrafas de champanhe esvaziadas com louvor, Suga levantou a ideia dos dois lados cederem um pouquinho. Jin poderia ter um corte de cabelo mais curto e Babi teria que oferecer algo especial em troca. Mas havia uma pegadinha.

— O que todos nós podemos querer, mas só a Barbie é capaz de oferecer? — Suga girou lentamente encarando um a um na roda. Tinha um sorriso de canto, como se aguardasse o momento certo para soltar a sua grande fala.

— Se o cabelo é meu, por que tem que ser algo pra todos? — Jin levantou a voz.

— Porque vocês nos enganaram! — os três disseram em coro.

— E vocês nos espionaram! — ela retrucou.

A discussão iniciada por dois sóbrios insistentes, se encerrou com cinco bêbados teimosos. Jin não rasparia a cabeça, mas reduziria o corte e Babi, encorajada pelas borbulhas do champanhe, aceitou prontamente se apresentar para o grupo ao fim das gravações do videoclipe.

Agora, em sã consciência, ela se arrependia sem reservas do acordo. Mas ao menos tinha algum tempo para se preparar e seriam só eles. Já havia cantado na frente de Suga e Jin. Era possível.

Na verdade, nem sequer tinha como se concentrar no assunto. Pela primeira vez, algo a perturbava mais do que seu medo do palco. Como se o cheiro de Jin tivesse se impregnado em sua pele, não conseguia afastar a imagem do colo nu à sua frente e a vontade de continuar a despi-lo ainda fervilhava nas pontas dos dedos.

Pelo escarcéu feito por ele para anunciar a continuação das negociações, havia ficado claro para ela que ele não tinha sentido nada com a cena quente criada pelos dois. Afinal, Seokjin era um bom ator. Envergonhou-se por cair na própria armadilha.

Sentiu-se agradecida pelos próximos dias serem de gravação de videoclipe, assim enquanto filmavam poderia evitar as piadinhas que pareciam não ter fim. Hobi e Jimin sempre ao vê-la passar, alternavam-se entre cantar uma música de Rihanna e perguntar quem estava mais sexy. Até RM fez uma pose desabotoando o casaco à sua frente, perguntando qual nota lhe dava.

A manhã passou com ela sendo alvo de chacota. Aquele dia parecia não ter fim. Isto, até a van com as modelos para o videoclipe chegar. De repente, foi como se Babi se tornasse invisível.

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Glossário:

Dorama - novelas/séries dramáticas coreanas. Também conhecidas como kdrama internacionalmente.

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Oi gente!!

Esses dois acham que enganam alguém com essa ceninha, mas todo mundo sabe que estão loucos um pelo outro! Mas calma, minha gente, já vamos resolver este assunto logo, logo. Aguarde e confie 😉

Se está gostando, não se esqueça de deixar a sua estrelinha! Eu vou adorar saber sua opinião, palpites e etc.

Beijo grande e até o próximo capítulo.

Ana Laura Cruz