CAPÍTULO 18 - BEM-VINDOS
Taehyung pisou fundo para ultrapassar a van. Cheio de entusiasmo, passou buzinando pelo transporte dos colegas e gritando uhus. De uma das janelas surgiu um dedo do meio, provavelmente de J-Hope, mas com fortes possibilidades de pertencer a Jungkook.
Suga riu deitado no banco de trás, mexendo no celular. No carona, Babi pediu silêncio aos dois seguindo a sua conversa ao telefone.
— Oui, oui, merci beaucoup*. — Desligou a chamada com um ar satisfeito. — Pronto, Senhor Yoongi, teremos instrumentos para você se divertir quando chegarmos lá.
— Uhuuu!! — Suga imitou Tae. — Obrigado, Senhorita Barbie, é sempre bom contar com o seu apoio para os negócios prosperarem.
Ele recebeu uma careta em resposta. Dirigiam-se para onde passariam os próximos dias filmando o novo videoclipe. Tae havia insistido em assumir o volante e, assim, Pierre ganhou um dia de folga. Ela sorriu ao vê-lo ligar o rádio e começar a cantar, todo animado.
O croissant recém tirado da mochila levou uma mordida, mas não foi suficiente para roubar a atenção dela da lista de contatos. Isto até se sentir observada. Os olhos astutos de Taehyung encaravam-na pelo espelho.
— O que foi? Presta atenção na estrada.
Ele assentiu, mas passado uns segundos lá estavam os olhos no espelho outra vez. Como faróis em alto mar, iam e vinham a acompanhar cada movimento dela. Era fácil perceber o que estava acontecendo.
— Você quer? — ela ofereceu o croissant.
— Não, obrigado. — negou, mas continuou a encarar a comida.
Entre a estrada, o croissant e a lista de nomes, a única pessoa realmente concentrada dentro do carro era Yoongi com seu celular. Babi deu mais uma mordida, fazendo Tae salivar. Foi a última. Estendeu o doce até a boca dele, que o abocanhou de uma vez, provocando-lhe risos.
No rádio, a voz inconfundível da Rihanna indicava que um clássico moderno começava a tocar. Ela adorava aquela música com Coldplay e não estava sozinha. Tae aumentou o som e acompanhou a primeira parte da canção com um largo sorriso. Babi sentiu-se inundada por aquela alegria tão inusitada. Abriu os braços e cantou, sentindo o sabor do vento adentrar pela janela e se divertindo como nunca.
No fim da música, os dois pareciam duas crianças. Taehyung era só elogios à desenvoltura dela que o havia pego de surpresa, já ela sentia-se leve e descansada. Nenhum dos dois percebeu Suga com a câmera na mão, filmando a performance.
Não demorou para chegarem ao destino, uma famosa vinícola na região de Champagne. Mal saíram do carro e a van, com o restante do grupo, despontou pelo portão com os idols pendurados nas janelas, batucando na carroceria e gritando a plenos pulmões.
— You stole my star, la, la, la, la, la, la, la!!!
Jungkook e Jimin saltaram do veículo quase ainda em movimento, cheios de perguntas e elogios, cutucando Jin para também dizer alguma coisa, mas ele parecia desconfortável. Babi só entendeu o que acontecia quando Suga lhe mostrou o vídeo, sentindo o coração disparar com o pânico crescente.
Enquanto eram recebidos pelos funcionários do hotel e o caos do grande grupo organizando-se entre malas e cartões-chave acontecia, Jin aproximou-se de Babi, tocando-lhe de leve no braço.
— Você está bem? — sussurrou.
O toque a trouxe de volta a si. Acenou que sim e se concentrou nos preparativos. Buscou as chaves, as distribuindo entre o grupo. Ao entregar a de Jin, lhe dirigiu um sorriso afetuoso, tranquilizando-o.
Com um terreno extenso, a vinícola se mostrou um sopro de ar fresco para a equipe já cansada de andar por longos corredores de hotéis. Ainda mais tendo em conta o inesperado calor previsto para os próximos dias.
Ficaram hospedados em chalés. Artistas de um lado, staffs do outro, separados pela área da piscina e o restaurante. Com um spa, estábulos, um grande salão e uma estufa fria. Além da vasta plantação de uvas a perder de vista, a área era perfeita para os diferentes cenários hedônicos do videoclipe. Ainda havia trilhas ao redor da propriedade, as quais Babi não via a hora de percorrer.
Mal deixou suas coisas no quarto, Jungkook apareceu saltitando sobre os tênis de corrida.
Percorreram os trilhos mais próximos, acompanhados de um segurança. Agora, não havia desculpas, todos os movimentos dos membros eram monitorados de perto e as saídas solo estavam proibidas, para desespero de J-Hope.
Na volta, ao se aproximarem do portão, viram um dos carros sair com RM, Jin e Sora sentados nos bancos dos passageiros. Uma combinação curiosa, na opinião de Babi.
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Sora entrou no quarto sorrindo de orelha a orelha.
— Como foi? — Babi perguntou escovando os dentes à porta do banheiro.
— Ótimo! Finalmente tivemos um tempinho a sós. — suspirou.
— A sós? O Namjoon não foi junto?
— Ele dormiu o caminho todo e o motorista não conta, né? — respondeu escondendo o rosto entre as mãos.
— Onde vocês foram?
— Fazer compras... Ah, ele disse que ainda hoje vai fazer uma live especial com o que comprou. Mas o assunto era segredo, tô super curiosa.
Ela não dividia o mesmo interesse em assistir Seokjin jantando noodles e voltou para o banheiro para acabar de se preparar para dormir.
— Ai, meu Deus! — Sora exclamou.
Babi pôs apenas a cabeça para fora do banheiro. Sora tinha os olhos arregalados e o queixo caído, chamando-a vigorosamente para se aproximar. Na pequena tela do celular, Jin prendia uma toalha ao redor do pescoço e preparava uma máquina de barbear.
— O que ele tá fazendo? — ela perguntou, puxando o celular para mais perto.
— Ele diz que vai raspar a cabeça.
A produtora saiu correndo pela porta, deixando Sora com uma forte sensação de dejá vu. Saltou os degraus da varanda vasculhando os cartões dos quartos que tinha na pochete e aguardando que Jaewoo atendesse o celular.
— Alô, você tá vendo? Tô quase lá. Sim. Sim. O que eu faço?
Impedí-lo a qualquer custo. Jaewoo não pôs limite às negociações, ela poderia ceder a todos os caprichos de Jin, contanto que ele não ficasse careca nos próximos minutos e ela não aparecesse na transmissão.
Abriu a porta com estrondo, causando um susto no cantor, que gritou e tremeu, derrubando a máquina.
— O que você pensa estar fazendo? — ela perguntou ofegante.
— Eu que pergunto. Quem deixou você entrar no meu quarto desse jeito? Ou melhor, quem te deu a chave?
— Você achou mesmo que eu ia andar só com a do Jimin? — mostrou-lhe o bloco de cartões de diferentes quartos.
Babi avançou em direção à máquina caída no chão, parando ao ver que a transmissão — apontada para o fundo do quarto, onde ficava a varanda — continuava ativada e o objeto aparecia no enquadramento. Jin apanhou-o e voltou a sentar em frente ao telefone.
— Desliga a live, por favor. — ela pediu, baixando a voz e se posicionando no limite do quadro.
— Por que eu faria isso?
— Sabemos bem que o fandom não vai gostar nada de ver uma mulher no seu quarto... E tenho ordens de impedir que você continue essa palhaçada. — continuou sussurrando.
— Você vai me atacar? — ele sorriu em desafio.
— Duvida que eu consiga? — revidou, avançando um passo.
Jin cerrou os punhos a chamando para a briga. Ele parecia um personagem de esquete de comédia com uma toalha amarrada ao pescoço sobre o pijama azul, o cabelo molhado com o corte desigual emoldurando o rosto de forma esquisita. Nada ameaçador.
— Mas isso não te impediria de armar esse circo de novo e eu tenho mais o que fazer do que ficar te vigiando. — ela suspirou pondo as mãos à cintura.
Ele ligou novamente o instrumento elétrico se dirigindo à câmera. Falava rápido. Ela mal conseguia acompanhar as expressões dele mudando sem parar. Devia estar explicando para os fãs que alguém da equipe estava ali. Porém não gostou nada do tom usado por ele.
— Ei! Você não tava todo cheio de dedos comigo? O que aconteceu pra agora estar se achando assim? — perguntou, cruzando os braços.
— Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. O meu cabelo não tem nada a ver com esse outro assunto. — respondeu abafando o microfone e depois voltou a se dirigir à câmera fazendo uma piada.
Babi sentiu o sangue ferver com o escárnio que ele transmitia ao falar para o telefone. Respirou fundo e com a voz mais melosa que conseguiu reproduzir, chamou alto.
— Huuummm, Jin-hyung... Quanto ainda vai demorar? Vem logo pra cama!
O sorriso debochado de Jin desapareceu e o print da sua expressão atordoada viralizou entre os fãs em questão de minutos.
A live foi encerrada entre sorrisos amarelos e pedidos de desculpas pela interrupção abrupta, rendendo muitas especulações na internet sobre o que seria a causa de tamanho assombro.
— Tá bom assim? — ele perguntou entre dentes.
— Tá ótimo. Boa noite! — se despediu.
Saindo do quarto, ouviu a máquina ser ligada novamente. Na mesma pisada, voltou para encontrar Seokjin no banheiro, prestes a arrancar o pouco que se salvou da franja.
— Não!! — ela gritou e ele parou com um risinho desafiador. — Eu não tenho nem tempo nem energia pra continuar com isso, então diz logo o que você quer.
Jin a encarou, arrancando a toalha do pescoço. Conduziu-a gentilmente para dentro do quarto fechando a porta atrás de si.
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Glossário:
Oui, oui, merci beaucoup - "Sim, Sim muito obrigada" em francês.
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Oi gente!!
Olha só que coincidência engraçada deste capítulo (escrito já há bastante tempo) sair justo quando o Coldplay acabou de fazer história no Rock in Rio, né? Eu não estive lá, mas pelos vídeos que vi, bateu uma invejinha do bem 😅
E se vocês acharam que esses rapazes iam estar muito traumatizados para deixar de criancices, estavam muito enganados, hehe.
Se está gostando, não se esqueça de deixar a sua estrelinha! Eu vou adorar saber sua opinião, palpites e etc.
Beijo grande e até o próximo capítulo.
Ana Laura Cruz
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